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Reinaldo Coutinho

 

Ceará:

O misterioso Açude Velho dos Caboclos

Construção antiga para conter água em períodos de seca no interior

do Ceará é considerada pré-histórica e não tem datação certa.

  

Por Reinaldo Coutinho*

De Teresina-PI

Para Via Fanzine

13/11/2013

 

Esta é a parede principal do velho açude de origem desconhecida. As imagens mostradas neste trabalho foram

tomadas com câmera simples, faz mais de 30 anos, mas são registros fieis dessa antiga construção desconhecida.

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Em junho do ano de 1983, quando fazíamos um estudo geológico nos sertões de Tauá, em plena caatinga do Ceará, descobrimos um interessante monumento pré-histórico. Quando estávamos repousando numa sombreada varanda de uma casa de uma propriedade rural, espichado numa rede de tucum, perguntamos aos sertanejos que nos acolhiam se não conheciam algum letreiro, ou seja, rocha com inscrições rupestres.

 

Disseram que não, mas que sabiam de um açude feito pelos fenícios. Isso foi muito surpreendente para nós. Referência a fenícios, no meio daquelas pessoas simples, totalmente alienadas à mídia? Naquela época, só as ondas de rádio ligavam aqueles sertanejos ao resto do mundo. Mas, porque que eles pensavam que seriam fenícios? Perguntamos, disfarçando a surpresa e demonstrando propositalmente pouco interesse, como poderiam saber que o açude foi construído pelos fenícios. Responderam que ouviram isso dos seus avós. Nem mesmo sabiam o que eram fenícios. E aquilo passava por tradição de pai para filho. Talvez, valesse a pena dar uma olhada... Um açude feito pelos fenícios em plena caatinga cearense...

 

Num período de folga, pedimos aos solícitos cearenses que nos levassem até o local. Antes de descrever o achado, vamos analisar o nome da construção: Açude Velho dos Caboclos. Por “cabôco” (caboclo), o sertanejo nordestino chama não a si próprio, mas aos antigos indígenas que habitaram a região. Quando querem se referir a algum vestígio arqueológico, como restos de cerâmicas ou pinturas rupestres, dizem que... É coisa dos “cabôcos”.

 

O dito misterioso açude fica a uns 12 km ao norte de Tauá, próximo do lugarejo chamado Cruzeta, e dois quilômetros da BR-020. Está situado em lugar de fácil acesso chamado Bom Jesus, ao lado da sede de uma propriedade rural, em plena caatinga cearense de Tauá. Hoje deve ser mais fácil ainda chegar até lá.

 

Detalhe da parede principal do Açude Velho dos Caboclos.

 

Trata-se de um pequeno açude, que represa as águas de um riacho que corta o local. Na época não havia água alguma. Os blocos do paredão principal são seguramente trabalhados, invariavelmente retangulares, constituídos de multivariados tipos de rochas metamórficas, comuns na região. O paredão é incrivelmente retilíneo. Parece que, embora reduzidas as suas proporções, quem o construiu era um perito em açudes.

 

Os blocos foram trabalhados a cinzel, de modo a se encaixarem perfeitamente entre si. Em alguns pontos, nem se consegue introduzir uma lâmina de faca entre as peças. Em algumas frestas, foram colocados fragmentos rochosos, de maneira que não ficou parte alguma sem ser vedada.

   

O outro lado do paredão do açude é ainda bem mais talhado. As rochas foram cortadas lisas e retas, e encaixam-se perfeitamente. A espessura do paredão tem aproximadamente dois metros.

 

Um aterro que se encontra ao lado do açude pode ser de origem artificial ou até natural, porém, parece que é aproveitado para represar as águas do açude, seco na época que o visitamos.

 

Imagem dos blocos rochosos do açude.

 

Não pudemos realizar uma pesquisa mais profunda dada a exiguidade de nosso tempo naquela época. Mas conversamos com os moradores das redondezas e todos diziam que os seus avós e até bisavós, já falavam sobre o açude de maneira misteriosa. Indagamos sempre se não foram os escravos os construtores e todos responderam que se assim fossem, eles saberiam.

 

De onde surgiu a notícia dos fenícios, ignoramos. Os sertanejos não sabem explicar. Teria sido construído por moradores pré-cabralianos para se prevenirem do castigo da estiagem ou para se lavar algum tipo de minério (ouro, talvez) das redondezas?

 

No retorno da cidade de Fortaleza procuramos nos inteirar se havia alguma bibliografia a respeito. Achamos uma pequena e lacônica nota sobre o assunto, escrito por um historiador tradicionalista. Fazia referência não apenas ao Açude Velho dos Caboclos, mas a vários outros dos sertões cearenses.

 

Detalhe do encaixe das pedras.

 

Ora, esperávamos ler naquela nota que os açudes eram obras modernas, feitas por escravos ou colonos sertanejos. Pensávamos que não poderíamos esperar outra coisa dos estudiosos ortodoxos e avessos a mistérios.

 

Qual não foi a nossa surpresa. Se não me falha a memória, a referência era feita pelo grande historiador cearense Thomaz Pompeu Sobrinho (1880-1977). Infelizmente não possuímos mais o estudo. Mas lembramos perfeitamente que as notas diziam com naturalidade que os açudes eram PRÉ-HISTÓRICOS, e que teriam sido construídos pelos indígenas para se prevenirem das estiagens.

 

Ora, mas segundo própria arqueologia tradicionalista, os nossos indígenas eram nômades e não construíam obras de pedra. Um açude, mesmo modesto, implica em sedentarismo e numa organização social mais complexa.

 

Contudo, não conseguimos saber onde se localizavam os outros açudes supostamente relacionados.

 

O certo é que a sua construção é um mistério, prudentemente silenciado pelas autoridades catedráticas do passado, que não desejavam se envolver às explicações que não seriam capazes de fornecer publicamente.

 

* Reinaldo Coutinho é geólogo, pesquisador, e correspondente de Via Fanzine no Estado do Piauí.

   - Contato com o autor: sobral469@hotmail.com.

 

- Imagens: Reinaldo Coutinho.

 

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