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Arqueolologia

 

Santa Luzia-MG:

Gustavo Villa lança livro arqueológico

Tendo como cenário a velha Santa Luzia, historiador mineiro revisita detalhes da Batalha de Santa Luzia mesclando antigas memórias e seu conhecimento astronômico em favor de antigos fatos locais.

 

Da Redação*

Via Fanzine

10/07/2019

 

 

Obra de Gustavo Villa aborda detalhes e particularidades da velha Santa Luzia.  

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O autor

 

Gustavo Villa se formou em História pela PUC-Minas com extensão em Pedagogia Waldorf pela UNB. O interesse pelas ciências humanas, contudo, não suprimiu a paixão nutrida desde a infância pela Astronomia.

 

Em função disso, percorreu nos últimos dez anos, quatorze países da América, realizando um estudo transdisciplinar sobre a história da astronomia pré-colombiana, visitando centenas de sítios arqueológicos e entrevistando remanescentes dos povos originários, principalmente no México.

 

Em 2015, firmou uma parceria com o Grupo de Pesquisas Gaia, do Museu de Ciências Naturais da PUC-Minas, que resultou na exposição de fotografias de sua autoria: A Astronomia nas pinturas rupestres em Minas Gerais.

 

Ainda em 2015, com o apoio do Consulado do México, participou da elaboração e realização do Festival Día de los Muertos Brasil para a divulgação da cultura nativa ancestral deste país.

 

No mesmo ano, em parceria com o Parque Estadual do Sumidouro, lançou a exposição Antropoformas com fotografias que retratam a figura humana nas pinturas rupestres do médio rio das Velhas, ainda em exibição no Museu Peter Lund.

 

Em 2016, o autor apresentou no festival de cinema Cinecipó, o documentário “O que as pedras contam...”, a respeito das suas pesquisas no campo da Arqueo-astronomia¹ na região da Serra do Cipó. Desde então tem publicado artigos sobre o tema, além de administrar um canal de divulgação da Arqueoastronomia no YouTube.

 

No ano seguinte, participou da realização do I Festival de Outono das Américas que reuniu músicos de todo o continente em dois dias de apresentações no teatro Bradesco.

 

Em 2018, dirigiu o curta-metragem “A Sociedade da Torre do Relógio”, uma visão subjetiva acerca do cotidiano das gerações de abnegados luzienses que mantém, há quase um século, o funcionamento do relógio da Igreja Matriz de Santa Luzia.

 

Atualmente, Gustavo Villa está investindo no projeto Horizonte de eventos da Batalha de Santa Luzia que pretende resgatar e valorizar o patrimônio arqueológico diretamente ligado a este episódio da história do Brasil.

 

Além da presente publicação, o projeto incluirá ações de educação patrimonial através de parcerias com educadores do município, tendo como público alvo os estudantes das redes públicas e particulares de Santa Luzia.

 

"Acredito que a relevância desta publicação resida principalmente na ausência de um levantamento sistemático das localizações dos sítios arqueológicos ligados à Batalha de Santa Luzia", Gustavo Villa, sobre seu recente livro.

 

A Batalha de Santa Luzia**

 

A Batalha de Santa Luzia ocorreu ao longo de agosto de 1842, sendo um dos episódios que compõem a história das revoltas liberais de 1842. Um fato importante que marcou a história da cidade de Santa Luzia, Minas Gerais, foi a Revolução Liberal de 1842. O casarão, que abriga hoje a Casa da Cultura, antigo Solar Teixeira da Costa, foi o quartel-general dos revolucionários e ainda guarda as marcas de balas em suas janelas. A batalha final foi travada no Muro de Pedras, entre as tropas do revolucionário Teófilo Benedito Ottoni e do governista Barão de Caxias.

 

Na Província de Minas Gerais, a revolta irrompeu a 10 de junho de 1842 em Barbacena, escolhida como sede do governo revolucionário. Foi aclamado como presidente interino da Província José Feliciano Pinto Coelho da Cunha (depois barão de Cocais). Em 4 de julho, em Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), as forças legais foram batidas pelos revoltosos comandados pelo Cel. Antônio Nunes Galvão. Os revoltosos receberam novas adesões notadamente de Santa Luzia, Santa Quitéria, Santa Bárbara, Itabira, Caeté e Sabará. A notícia da derrota dos revoltosos paulistas colocou os mineiros em desacordo sobre atacar Ouro Preto.

 

Caxias, nomeado comandante do exército pacificador, emprega a mesma estratégia utilizada em São Paulo, tomar a capital o mais rápido possível, o que ocorre em 6 de agosto de 1842.

 

Os revoltosos saem vencedores em Lagoa Santa, sob a liderança de Teófilo Otoni. Entretanto Caxias reúne suas forças e resolve atacar Santa Luzia, divide seu exército em três colunas, uma comandada por seu irmão José Joaquim de Lima e Silva Sobrinho, outra por ele mesmo e a terceira pelo tenente-coronel Ataídes. Entretanto, devido ao desconhecimento do terreno, Caxias é atacado pelos revoltosos, consegue resistir, e com a chegada da coluna de seu irmão, consegue batê-los em 20 de agosto. Com isso acaba a revolta na província.

 

Os vencidos, entre os quais se encontravam Teófilo Ottoni e Camilo Maria Ferreira Armond (conde de Prados), foram enviados para a prisão em Ouro Preto e Barbacena.

 

Horizonte de eventos da Batalha de Santa Luzia

  

Sobre o seu recente livro, “Horizonte de eventos da Batalha de Santa Luzia”, afirma o autor, “Na infância, percorri incontáveis vezes o trajeto que levava da minha casa na Rua do Serro ao Grupo Escolar Modestino Gonçalves, onde cursei o ensino básico. No caminho, juntava algumas mamonas num lote vago para eventuais batalhas de brincadeira e em seguida encontrava a Dona Altina, sempre sorridente na janela, cumprimentando os transeuntes. No fim da ladeira, às vezes erguia a cabeça diante daquele altíssimo sobrado da esquina que me fazia perceber a minha pequenez e finalmente, depois de uma longa caminhada (no tempo sonhador de uma criança) chegava a escola, onde as professoras contavam muitas histórias sobre uma famosa guerra que acontecera no passado, tendo como palco as ruas e casas que circundavam o meu mundo conhecido”.

 

Revistando suas memórias, prossegue o autor, “Absorto nas distrações da infância, confesso que não me preocupava em decorar os nomes pomposos dos participantes e nem a sequência dos eventos, contudo o tema, pelo terror de alguns detalhes nunca saiu da minha cabeça. Os moradores da cidade, mais de cem anos depois, ainda contavam sobre tiros de canhão, combates terríveis, tropas passando na Rua do Serro onde eu morava e etc. De todas estas cenas chocantes, houve uma que alcançou um certo destaque na minha memória: a história do terrível destino do soldado que morreu dentro do gavetão da Matriz. Algumas vezes, nos devaneios da infância, me pegava imaginando a angústia daquele ser humano tentando inutilmente abrir a gaveta, até o último suspiro desesperado naquele claustrofóbico caixão em que foi se meter”.

 

Sobre o que levou a escrever o atual livro, destaca Gustavo Villa, “A primeira motivação para escrever este livro foi, portanto, o fato deste assunto permear os meus pensamentos desde a infância, alimentando o meu subconsciente de uma maneira quase onírica. Quando me formei em História, no ano 2000, passei a focar a minha atenção na arqueologia do período Neolítico, no entanto, sempre mantive o interesse pela história do lugar onde cresci. A ideia do livro surgiu há cerca de um ano quando comecei a trabalhar em um levantamento genealógico da minha família. Durante esse tempo, montei um acervo de fontes primárias e verifiquei que alguns dos meus ascendentes diretos atuaram nos setores militar e político na região da Comarca do Rio das Velhas em meados do século 19. Aos poucos, fui percebendo a participação destes ancestrais como protagonistas dos eventos ligados à Batalha de Santa Luzia. Um deles, o meu sextavô, o Tenente-Coronel José de Oliveira Campos foi uma das dez lideranças detidas no arraial. O famoso Teófilo Ottoni e outras lideranças do movimento foram presos na casa deste meu antepassado na Rua Direita e arrastados numa degradante procissão até Ouro Preto, a Capital da Província. A partir de então, tomei a decisão de escrever o livro, ao perceber que a história que permeava meus pensamentos desde a infância, estava intimamente ligada à minha própria história. Da mesma forma, estes eventos se conectam a todas as famílias que se estabeleceram em Santa Luzia a partir do século 19”.

 

Sobre o teor da publicação, ele afirma, “Acredito que a relevância desta publicação resida principalmente na ausência de um levantamento sistemático das localizações dos sítios arqueológicos ligados à Batalha de Santa Luzia. Fato que dificultava a compreensão espacial dos movimentos do combate.   A metodologia que utilizei nesta pesquisa, trouxe da minha experiência de mais de uma década trabalhando com a Arqueoastronomia, através da qual revelei alinhamentos de sítios neolíticos na serra do Cipó, em um contexto que seguia a trajetória do Sol. A localização dos sítios arqueológicos da Batalha de Santa Luzia segue outra dinâmica espacial, contudo sempre esteve descrita nas três principais fontes da época que formam a base documental deste livro, são elas: o livro do Cônego Antônio Marinho, que participou dos eventos, a Ordem do Dia redigida por Caxias logo após os combates e a planta do arraial  de Santa Luzia, incrivelmente acurada, produzida em curtíssimo tempo pelo engenheiro Heinrich Wilhelm Ferdinand Halfeld, veterano da Batalha de Waterloo, por encomendada do Barão de Caxias para o desenvolvimento da estratégia a ser adotada nos combates. Halfeld legou aos Luzienses um documento de importância inestimável, com informações valiosas sobre a topografia, hidrografia e da zona urbana de Santa Luzia com a localização precisa dos sítios. A partir da confrontação destes três documentos com softwares de geoposicionamento, aliada a intensa pesquisa de campo, desenvolvi um Atlas da Batalha que será reproduzido na terceira parte do livro. De fato, a precisão das localizações é que define a relevância desta publicação, uma vez que só havia esboços esquemáticos do conflito até então. Recomendo, antes da leitura, um estudo do Atlas no final do livro para melhor compreensão espacial da narrativa dos eventos. Ao longo do texto, o leitor notará a repetição da sigla SA (Sítio Arqueológico) destacando a localização destes espaços, que no caso de dúvida pode ser consultada no Atlas”.

 

Sobre o conteúdo, afirma Villa, “Além do conteúdo arqueológico, a primeira parte do livro apresenta as implicações sociais dos conflitos na Comarca do Rio das Velhas, trazendo informações relevantes sobre as pessoas que viviam nas imediações do arraial em 1842, com a descrição de nomes e em alguns casos uma pequena biografia desses agentes da história; alguns protagonistas, outros coadjuvantes. Para facilitar a compreensão dos graus de parentesco entre os personagens, adicionei uma tabela nos anexos do livro com as seguintes legendas: T (tetravós), P (pentavós) e S (sextavós)   tendo como referência o autor. As letras A, B, C, D indicam a ascendência dos personagens com relação aos meus quatro avós: Iraci Soares (A), Levy Fernandes (B), e Conceição Diniz (C). O avô materno Hermano Villa não entra na relação, pois nesta época seus ascendentes viviam na Itália. Os anexos são, portanto, ferramentas para a melhor compreensão da diversidade de lugares e pessoas descritos ao longo da narrativa e merecem uma leitura preliminar. Nas páginas que se seguem, o leitor tomará conhecimento de biografias até então inéditas e novas descobertas sobre o tempo e o espaço da Batalha de Santa Luzia”.

 

Sinopse da contra capa

 

Horizonte de eventos é um conceito da física que descreve a dinâmica espaço-temporal na região extremamente instável que circunda um buraco negro. Naquele território onde a invencível atração gravitacional anula qualquer tentativa de resistência em direção contrária, existe um ponto sem retorno a partir do qual o fim se torna inevitável.                                                                       

 

Como astrônomo amador, o historiador Gustavo Villa pegou emprestado das ciências exatas um termo para definir a situação social na Comarca do Rio das Velhas entre os dias 7 de julho e 20 de agosto de 1842.Uma vez que a Batalha de Santa Luzia marcou o fim de uma série de embates armados que teve início na região do rio das Mortes, podemos considerar o dia 7 de Julho, com a tomada de Caeté pelos Liberais, como uma data chave que assinala um ponto sem retorno até o confronto final. 

 

Desta opinião não comungava o Presidente interino da Província José Feliciano Pinto Coelho da Cunha que até as últimas horas do dia 19 de agosto tentou com todas as suas forças convencer os seus companheiros Luzias a firmarem um acordo com o Barão de Caxias que havia prometido anistia aos que desistissem de lutar. Inúteis foram as suas tentativas de convencimento uma vez que Teófilo Ottoni e o seu grupo próximo já haviam preparado militarmente o arraial às margens do rio das Velhas para o que viria a ser o combate final e não abdicariam jamais das suas convicções.

 

A partir da confrontação de fontes primárias com o legado da tradição oral luziense, o autor buscou reconstituir o cenário arqueológico da Batalha de Santa Luzia, definindo com precisão as localizações que outrora permaneciam em um território geográfico quase abstrato em virtude da falta de pesquisas sistemáticas.                          

 

No contexto bibliográfico até então produzido sobre a batalha de Santa Luzia, esta publicação pode ser encarada como um primeiro passo para um projeto arqueológico inédito, que resgate das entranhas da terra, as informações tragadas da superfície pela ação inexorável do tempo.

 

* Com informações e imagens da Produção/Gustavo Villas.

** Informações de fontes na Internet.

  

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