Goiás

 

Brasil Central:  

De volta aos mistérios arqueológicos de Paraúna

Há ali formações rochosas de grandes proporções, cortes perfeitos e alinhamentos, como se tivessem sido ajustados por uma ação deliberada e uma intenção específica.

 

  Por J. A. FONSECA*

De Itaúna-MG

Março/2014

 

Esse autor ao lado de uma das estruturas de pedra em Paraúna.

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O interior do Brasil desvela ainda pormenores no campo da pesquisa arqueológica que levantam questionamentos sobre o passado desta terra e, a despeito das negativas de muitos pesquisadores de que não há nada de estranho a ser estudado, muitos mistérios ainda surgem e insistem em permanecer sem explicação. É certo que achamos compreensível que os estudos arqueológicos tenham como referência os princípios da ciência e das teorias fundamentadas por especialistas, porém, quando algo se destaca com ênfase, mesmo contrariando certos princípios já consolidados, é nosso pensamento que deveriam ser reconsiderados e analisados com cuidado.  

 

Existem muitos achados arqueológicos em toda a face da Terra que permanecem inexplicáveis e os museus estão cheios destas peças desafiadoras da argúcia humana, aguardando por um estudo mais condizente com a sua realidade e estranheza. Também no Brasil existem muitos mistérios a serem esclarecidos.

 

Os monumentos pétreos encontrados em uma vasta região de Paraúna, a nosso ver, se enquadram neste contexto de elementos misteriosos que se relacionam com o passado mais antigo destas terras brasilis e que anseiam por uma explicação mais próxima de sua realidade. É certo que existirão ali estruturas geológicas que estejam relacionadas ao trabalho milenar e ininterrupto da própria natureza, que carrega a excepcional faculdade de esculpir formas curiosas e muito tentadoras para nos conduzir a especulações outras sobre a sua real procedência. No entanto, existem também outras, em grande profusão, que mostram situações de elevado grau de complexidade e que dão indicações de que, por maior perfeição que a natureza possa atuar, não poderiam estar relacionadas a estruturas oriundas de trabalhos geológicos contínuos, sem a interferência do homem.

  

Enigmático monumento pétreo da serra das Galés. Poder-se-ia

dizer que se trata apenas de uma formação natural?

  

Acreditamos que o ceticismo que permeia as mentes dos observadores em relação a estes fenômenos que guardam decisivamente características naturais, talvez seja decorrente desta força impingida por estes últimos, os naturais, mas julgamos que os princípios da ciência têm que sobrepor a estes termos preconceituosos e admitir que numa mesma região podem muito bem conviver resquícios de obra humana já muito desgastada pelo tempo e trabalhos consolidados pela própria natureza. O esforço humano poderia até mesmo ter-se utilizado de modelos exibidos pelas forças eólicas e pela água em seu trabalho milenar para o desenvolvimento de suas próprias construções, facilitando a sua execução.

 

Quando chegamos aos belíssimos monumentos esculpidos na serra das Galés, por exemplo, nos encantamos com as suas formas estruturais e multivariadas e pensamos, logo de início, que a natureza teria feito um grandioso trabalho ali. Esta é a forma mais simples de explicarmos aquilo que está diante de nós e que nos desafia. Mas, se examinarmos suas colossais estruturas pétreas, vamos notar que em todo aquele conjunto existe algo parecido com praças, ruas e paredões interligados numa aparente demolição caótica, como se fora uma cidade abandonada, após um grande cataclismo, mesmo que venhamos considerar tal hipótese somente para uma parte deste seu magnífico conjunto pétreo. 

 

 

Detalhe do monumento pétreo retro-apresentado.

  

Mais um detalhe do estranho monumento pétreo da serra das Galés.

 

Há ali formações rochosas de grandes proporções, cortes perfeitos e alinhamentos, como se tivessem sido ajustados por uma ação deliberada e uma intenção específica. Num caso como estes, por exemplo, deveríamos também supor que nada de interesse arqueológico existiria no local, só porque a maioria das figuras e estruturas em torno se parecem com formações naturais, como muitas delas o são, de fato?  A serra das Gales é um conjunto exuberante de formas esculpidas pela força da natureza e isto é algo que pode ser percebido pelos especialistas. Entretanto, não poderiam também ser encontrados ali pormenores indicativos de que a região teria sido habitat de povos desconhecidos de nosso passado mais longínquo?

 

É nosso pensamento que uma coisa se mistura à outra e um ponto que deveríamos refletir sobre estas formações ‘naturais’ no Brasil (não somente em Paraúna) é que elas podem ser vistas em todo o território brasileiro, mas se acham agrupadas apenas em algumas regiões específicas. Não nos parece estranho que a natureza tenha caprichos extravagantes como estes, uma vez que há conjuntos pétreos em toda a extensão do nosso país e que ela tenha ‘preferido’ trabalhar em apenas em alguns destes, ao seu bel prazer? Poderia isto ser explicado de alguma maneira?

 

Portanto, perguntamos: há um enigma em Paraúna? Achamos que sim e que este precisa ser estudado com muita atenção.

 

 

A tartaruga de pedra mencionada por Alódio Tovar.

 

Prestando-se atenção nas suas estruturas colossais, percebe-se com facilidade formações pétreas com características antropomorfas e zoomorfas e o número destas constatações é surpreendentemente grande e variado, levando-nos a pensar sobre tão grande vulto de coincidências produzidas por este metamorfismo da natureza.

 

O pesquisador Alódio Tovar considera que o que existe em Paraúna tem valor arqueológico, porque em inúmeras visitas que ele fez na região, desde os idos de 1974, e após registrar muitas imagens e anotar informações relevantes, concluiu que teria ocorrido a presença humana nas proximidades da serra dos Caiapós, onde se assentam estes colossais resquícios de antanho. Disse que “este caráter mágico/naturalista das Galés não elimina, todavia, a possibilidade do sítio encerrar em alguns de seus blocos, aspectos que sugerem a presença da mão humana, dando acabamento a algumas de suas particularidades.” E cita o caso da “tartaruga de pedra” que pensa estar relacionada a mitos pré-históricos de sentido religioso, pois que o culto deste animal tem caráter universal.

 

 

Poder-se-ia dizer que se tratam de ruínas de antigas construções?

 

Neste sentido havemos de concordar com Alódio Tovar, pois como já dissemos, no local onde se estabelece o conjunto das Galés vamos encontrar estruturas muito bem organizadas, apesar de estarem em ruínas, mostrando fortes elementos que indicam uma possível manipulação de pedras em alguns de seus conjuntos.

 

Nestes lugares encontramos formações com blocos monumentais, retilíneos, cortados e ajustados de forma inteligente, conduzindo-nos a pensar que poderiam tratar-se mesmo de construções planejadas e executadas por povos mais antigos. Se, dentre as dezenas de formações rochosas existem muitas daquelas que poderiam ter sido construídas pela ação do vento e da água, pode-se dizer que existem também outras, em menor proporção, que estariam relacionadas a uma ação deliberada do ser humano, face a estas suas características peculiares e perceptíveis por quem delas venha aproximar-se.

 

Pergunta-se: por que ambas estas hipóteses não poderiam conviver numa mesma região? Acreditamos que uma análise mais acurada de suas formas monumentais poderia confirmar ou não a possibilidade desta assertiva.

 

 

Paredão pétreo da cidadela da serra da Arnica.

 

No caso da Muralha de Pedra do vale da serra da Portaria, Alódio Tovar afirma que a despeito de pensamentos em contrário, ela foi definitivamente considerada como sendo de origem artificial. Segundo ele, no ano de 1977 ela foi examinada por geólogos e que estes declararam que tal condição era taxativa, considerando-se que os blocos de pedra-ferro que a compõem se encontram assentados regularmente e que muitos deles apresentam sua simetria de cristalização em vertical e outros a apresentam em horizontal. Isto não seria possível se ela fosse uma formação natural. Além disto, observaram que muitos dos cortes de encaixes dos blocos mostravam resquícios de que teriam sido produzidos por mãos humanas e ainda, que havia pedras de outras características utilizadas na sua construção. Algo que também chamou a atenção na estrutura na muralha é que ela apresenta uma proporcionalidade média regular em sua largura, de cerca de 1,10 m. Alódio Tovar afirma que ela mantém o seu trecho mais intacto próximo do vale da serra da Portaria, de onde ela parece iniciar-se e seguir na direção do vale da serra dos Caiapós.   

 

Portanto, diante de tantas evidências é de se acreditar que este grande monumento seja parte de antigas construções executas por povos antigos do Brasil e seria de bom tom que viessem a ser incluídas no rol faz preocupações dos estudiosos em arqueologia e fossem desenvolvidos estudos mais aprofundados para a constatação do que já foi analisado e a sua inclusão no contexto arqueológico nacional.                        

 

A serra da Portaria constitui-se de outro mistério na região, pois, voltando a citar Alódio Tovar que percorreu toda aquela região inúmeras vezes e que também esteve por lá em muitas visitas, ela possui grandes janelões lacrados e em uma destas, que se encontra aberta, deixa ver uma extensa galeria cavada em seu interior.  Encontrou este pesquisador na parte sul de sua grande estrutura pétrea alguns blocos de pedra simétricos e signos gravados na rocha. Um deles está escavado profundamente na pedra e assemelha-se a uma bússola, segundo disse, e um outro, próximo dali, encontra-se pintado com uma espécie de tinta esbranquiçada, mostrando uma figura desconhecida (ver ilustrações no artigo anterior).

  

Mais um detalhe das edificações na serra da Arnica.

 

 

Grandes blocos de pedra na fortaleza da serra da Arnica.

  

Algumas característica serra da Arnica, que já apresentamos anteriormente, não deixam dúvidas de que suas estruturas venham tratar-se de resquícios de uma antiga construção, oriunda de antigos povos do Brasil. Na consolidação da idéia que nos move a acreditar que esta região de Paraúna, a do conjunto pétreo da serra da Arnica, possui muitos mistérios arqueológicos a serem desvelados e que estas estejam ligadas a ruínas de uma cidadela ou fortaleza milenar, incluímos mais algumas fotografias deste local inusitado, esquecido no interior de nosso país, para ilustrar e fortalecer nossa hipótese a este respeito.

 

Aí já vimos figuras zoomorfas e antropomorfas esculpidas e paredes colossais, além de estruturas de grande porte trabalhadas por mãos humanas. O fato de estas “construções líticas” destoarem do conceito tradicional de que os antigos habitantes destas terras eram constituídos de grupos de caçadores-coletores que habitavam em cavernas, grutas e abrigos, não nos concede o direto de isolá-las do contexto histórico de nosso país, nem ignorá-las por causa de sua estranheza.

 

Ao contrário, pensamos, deveriam ser incluídas no rol das preocupações dos estudiosos arqueológicos e analisadas criteriosamente e onde quer que manifestações como estas venham surgir, que sejam tratadas com igual consideração para que assim possamos delimitar uma nova realidade no estudo do passado do Brasil e saber que tipo de gente foi esta que andou por estas paragens em tempos não cogitados por nossa história.

  

Um detalhe do contraforte do lado direito da cidadela da serra da Arnica.

 

Diante disto, só nos resta afirmar que o complexo paraunense constitui-se de um enigma que deve ser tratado com atenção e ainda que, o que aqui estamos mostrando trata-se de uma pequena amostra do que poderia ser descoberto ali em estudos mais aprofundados. Além disto, destacamos que a estrutura da grande muralha, a serra da Portaria, os monumentos da serra das Galés e as construções líticas da serra da Arnica encontram-se num contexto de proximidade que muito bem podem fazer com que estejam interligadas de alguma maneira, como se se tratassem de partes de um único quebra-cabeças arqueológico. 

 

A Muralha e a serra da Portaria ficam a cerca de 13 km da serra das Galés e a serra da Arnica dista cerca de uns 30 km dali. Entre elas poderiam ser encontradas outras evidências de relevante importância arqueológica que, se tratadas com a devida seriedade, estariam prestes a desvelar significativas comprovações históricas de um passado desconhecido de nossa terra e de um povo desaparecido há milênios. 

 

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e  realizado incursões em diversas regiões do Brasil  com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotografias: J. A. Fonseca.

 

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Esta matéria foi composta com exclusividade para Via Fanzine©.

 

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