Brasil Antigo

 

Vestígios:

Houve uma escrita primitiva no Brasil? - PARTE 3

Dentre os registros em pedra vamos encontrar uma variedade de motivos e, muito mais do que isto, além de desenhos de figuras zoomorfas, antropomorfas, sóis, cometas e objetos desconhecidos, outras manifestações que se assemelham a caracteres de uma escrita.

 

  Por J. A. FONSECA*

De Itaúna-MG

Novembro/2015

jafonseca1@hotmail.com

 

Detalhes de uma das estranhas inscrições encontradas em Poxoréo - MT.

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A questão das inscrições rupestres brasileiras que se assemelham a uma escrita é uma realidade que não pode ser contestada e não deveria ser tratada com menosprezo pelos estudiosos arqueológicos, uma vez que não se tratam de casos raros, achados aqui e acolá, mas incisivamente encontrados de norte a sul de nosso país. Além disto, muitos desses registros antigos impressionam pelo seu caráter de coesão, pois se mostram agrupados de forma coerente em conjuntos expressivos e consistentes, nada indicando neles que venham tratar-se de rabiscos desconexos e sem uma intenção predeterminada.

 

Neste trabalho estamos mostrando mais alguns destes registros e fazendo comparações, identificando as características notórias que fazem com que se aproximem de traços utilizados em escritas regulares e continuamos também os expondo em relação aos estranhos signos descobertos em Glozel (França) e ainda não traduzidos ou identificada a sua origem específica, apesar de muitos de seus caracteres assemelharem-se aos de alfabetos já conhecidos pelos historiadores.

 

Neste propósito, é nosso pensamento que a questão destas antigas inscrições é algo que não pode ser explicado por vias simplórias ou justificado sem um aprofundamento de pesquisas, ou mesmo tentarem-se agrupar todas estas “grafias” em um mesmo conglomerado de eventos para explicações intelectivas, considerando-se que muitas destas apresentam uma grande variedade de caracteres muito bem elaborados e com elevado grau de sofisticação, como já vimos anteriormente, e que queremos dar continuidade na sua demonstração.   

 

Tal posicionamento não confirma o fato de que grupos de civilizações como a dos fenícios, hebreus, gregos, hititas, etc., como defendem muitos estudiosos do passado destas terras brasilis, possam ter vindo até nós, mesmo que venhamos encontrar signos semelhantes aos dos alfabetos destes povos gravados nas pedras. Existem possibilidades aventadas, mas se considerarmos que estes caracteres instalados em nossas terras podem alcançar uma idade muito remota, anterior mesmo ao período da existência dessas civilizações, ou seja, além de 6000 anos, quando nenhuma dessas sequer existia, tal hipótese torna-se superada nos casos dos caracteres de conotações notadamente mais antigos.

 

Temos em mente que uma boa parte destas itacoatiaras (pedras pintadas) brasileiras tem muito a dizer sobre o passado destes antigos rincões da América e que seus signos guardam algum tipo de conhecimento ou informação numa linguagem velada, ainda não compreendida pelos seus estudiosos. Entretanto, pensa este autor que algumas destas inscrições que muito se assemelham a letras de alfabetos já conhecidos, notadamente o fenício, o grego, o hebraico, etc., possam ter sido até mesmo produzidas por alguns desses povos que possam ter aqui chegado, por razões que desconhecemos ou por estarem perdidos em suas incursões pelo oceano no tempo de suas grandes navegações. Casos como estes, porém, não seriam em grande escala e estariam localizados mais acentuadamente nas regiões litorâneas, onde mais facilmente esses povos poderiam ter-se adentrado.

 

Temos, porquanto, uma infinidade de registros líticos que não se enquadram neste propósito e são a sua maioria, encontrando-se estes no interior da Amazônia, às margens de rios e em locais de difícil acesso, no nordeste brasileiro, nas regiões do centro oeste, sudeste e sul do Brasil, onde a possibilidade de aproximação de navegantes desviados de suas rotas seria mais rara de acontecer, além de que, muitas delas se acham bem distantes do litoral. Tudo isto sem mencionar as “ruínas” de construções em pedra que são também encontradas nestes locais e em muitos outros pelo interior do Brasil.

 

 

Inscrições milenares da Pedra do Ingá - PB.

 

Nesta exposição queremos destacar alguns documentos líticos e históricos que nos conduzem a pensar sobre uma possível escrita no Brasil antigo. Começaremos com a Pedra do Ingá, na Paraíba, que a nosso ver trata-se de um livro de pedra cujo conteúdo está escrito numa linguagem ideográfica antiga e está para ser decifrada pelos estudiosos. Quem a conhece, por mais que queira evitar um lapso de perplexidade e interrogação, não o consegue, e não pode ajustá-la junto das demais demonstrações de ‘arte’ rupestre que há em toda a região e também em todo o território brasileiro. Estamos falando de um extenso bloco de pedra com cerca de 24 metros de comprimento e 3 metros de altura, com uma sequência magnífica de signos justapostos e interligados como numa escrita regular, trabalhada em baixo relevo, primoroso acabamento e uma extensa variedade de figuras desconhecidas e complexas, fator este que intriga os estudiosos que sentem-se impotentes diante de tão grandioso mistério, apesar de alguns alimentarem a tendência de que estas tenham sido insculpidas por homens primitivos nômades ou indígenas.

 

Já me detive sobre as reproduções de seu painel monolítico inúmeras vezes e também já a vi de muito perto. Em todos estes momentos que a tenho observado não consigo descobrir nada que possa conduzir a uma pista para o seu entendimento, além de que nossa perspectiva quanto à sua existência em local tão ermo, se desvanece como as nuvens, desafiando nossa inteligência. O que pensar de tudo isto senão imaginar ter havido mesmo uma cultura antiga no Brasil e, da mesma forma, e consequentemente, uma língua primitiva que teria se perdido nas sombras dos séculos? Veja quadro comparativo destes signos com os de Glozel.

 

Quadro de alguns caracteres de Glozel comparados aos da Pedra do Ingá.

 

Atribuir a sua feitura a povos recentes, nômades e sem cultura suficiente para produzir tão delicados, quanto intrigantes conteúdos simbólicos não é, sob o nosso enfoque, uma saída honrosa diante do inexplicável de tais registros e da sua presença na região, ao mesmo tempo em que obriga-nos assim a permanecer ocultando o seu mistério e fazer com que perdure incógnita a sua provável mensagem.

 

Há muito mais a ser dito sobre a Pedra do Ingá do que temos visto ocasionalmente. Seu conteúdo precisa ser estudado com perspicácia e vontade, mas sem medo de ousar e fora das convencionais explicações que a classificam entre os demais achados arqueológicos de conotações mais simples e notadamente produzidas por mãos inábeis e sem maiores perspectivas de preservação de conhecimento ou se expressão artística.           

 

Um ponto que seria importante também reportar neste estudo é o que trata do diário do cel. Fawcett, já bastante conhecido no Brasil. Existem nele diversas tabelas de alfabetos antigos e comparações elaboradas pelo coronel, constando, inclusive, alguns caracteres semelhantes a letras, encontrados em cerâmicas brasileiras. Em uma destas tabelas podemos ver um alfabeto Atlante, segundo os estudos do coronel, no qual, curiosamente vamos encontrar diversos signos que se assemelham aos achados no Brasil e, por estranho que possa parecer, também se equiparam alguns destes aos caracteres de Glozel, que estamos abordando neste trabalho. Também podem ser vistos signos muito parecidos na estatueta de basalto que conduzia consigo. Ver quadros demonstrativos abaixo:

 

Quadro de alguns caracteres de Glozel e signos brasileiros comparados aos do alfabeto Atlante do cel. Fawcett.

 

Quadro de alguns caracteres da Estatueta de Basalto do cel. Fawcett, comparados aos signos brasileiros e de Glozel.

 

O cel. Fawcett procurava uma cidade perdida no interior do Brasil e, certamente, também procurava por uma língua primitiva falada por seus antigos habitantes. Daí, e segundo suas pesquisas, até onde podemos perceber e diante das informações deixadas em seu diário, depreende-se que ele teria encontrado um elo entre certos signos brasileiros e a ‘escrita perdida’ do povo Atlanteano, do qual, supomos, restarem reminiscências em terras brasileiras, como ele supunha. A nosso ver esta escrita antiga poderia estar relacionada aos próprios povos Tupis e à sua língua, esta rica demais em elementos estruturais que só poderiam estar ligados a uma língua anterior, mais perfeita e mais consolidada, para persistir em meio tão hostil e por tanto tempo. 

 

É de se estranhar que os signos utilizados pelo cel. Fawcett em sua tabela de signos alfabéticos Atlanteanos, tenham tantos caracteres semelhantes aos que se encontram gravados em ‘Itacoatiaras’ brasileiras, nos mais variados rincões desta terra, mas especialmente, no norte e no nordeste do país.

 

É igualmente estranho que as ‘letras’ de Glozel sejam tão comuns em suas semelhanças com muitas das que podem ser vistas nas inscrições lapidares do Brasil remoto e que, apesar de o cel. Fawcett não ter destas tido conhecimento, supomos, uma vez que foram descobertas em 1924, tenha elaborado mapas com alfabetos antigos e com um suposto alfabeto dos Atlantes, onde podem ser vistos signos tão parecidos com os descobertos na França.

 

Poderíamos estar diante de uma questão assaz impertinente, mas o que dizer se ela se torna flagrantemente reveladora por conter tantos elementos tão parecidos entre si? O silabário de Glozel, os caracteres brasileiros e o alfabeto misterioso do cel. Fawcett, não poderiam todos estar relacionados a uma mesma origem? Penso que devemos pensar sobre isto.   

 

Outro documento que nos traz profundas reflexões é o que se refere à ‘estela de ouro’ no excepcional museu que o padre Carlos Crespi ostentava em sua casa em Cuenca, no Equador. Esta é uma surpreendente prova (dentre outras) de que o povo antigo que habitou por aquelas paragens possuía uma escrita sofisticada. Quando o pesquisador Erich Von Daniken o visitou, no início da década de 1970, o padre Crespi mostrou-lhe uma estela (coluna) de ouro maciço com 52 cm de comprimento, 14 cm de largura e 4 cm de espessura (ver desenho anexo), que continha amalgamado em uma de suas faces 56 caracteres semelhantes a uma escrita ou alfabeto antigo, quando se dizia que nem os maias nem os incas conheciam qualquer forma de registro desta natureza.

 

Mais espantoso ainda se torna este fato inusitado quando vamos comparar os símbolos gráficos amalgamados nesta coluna e encontramos neles grande semelhança com muitos dos signos que este autor anotou em suas pesquisas sobre as inscrições rupestres do Brasil. E ainda mais espantoso fica a questão, quando se pode notar também que nos caracteres de Glozel (França) vamos encontrar muitas semelhanças com estas inusitadas “letras” incaicas.

 

Coluna de ouro Inca com seus 56 caracteres desconhecidos.

 

Quadro com alguns caracteres da coluna Inca, comprados aos signos brasileiros e de Glozel.

 

Mais uma vez ficam perguntas a serem respondidas, porque não podemos atribuir ao mero acaso tantas coincidências em tantos documentos históricos. Torna-se importante, portanto, que se estenda a dedicação em estudos aprofundados nesta rica simbologia, dentre outras, e uma identificação mais precisa sobre a língua falada pelos povos atlantes que, apesar de ainda contestados, terão sua presença confirmada algum dia diante da pesquisa.

 

Nosso propósito de estarmos sempre relacionando as semelhanças encontradas nos signos registrados nas itacoatiaras brasileiras aos de outros documentos históricos é para mostrar que estes não se tratam de algo aleatório ou raro no Brasil, mas encontram-se em toda a parte, e ao relacioná-los aos achados de Glozel e aos demais, queremos identificar a ancestralidade destes símbolos registrados em muitos lugares e que, por isto, levantam firme baluarte na defesa de que venham tratar-se mesmo de uma simbologia de caráter universal.    

 

Diante de semelhanças marcantes como as dos signos encontrados no Brasil, não poderíamos nos calar e, sem querer forçar situações, expor tais semelhanças em estudos como este que estamos fazendo e a outros que já publicamos neste site.

 

Havendo tantas semelhanças nos alfabetos de línguas variadas, como já demonstramos em tabelas anteriores e nas deste artigo, comparando-as entre si e aos caracteres de Glozel, seria possível acreditar que todos esses signos e aqueles que são encontrados no Brasil tenham se originado de uma língua geral, falada na Terra antes dos acontecimentos narrados na lenda da Torre de Babel? E que esta língua geral poderia ter sido falada pelos povos atlantes, cujos remanescentes (a nosso ver) podem ainda ser encontrados na América do Sul, entre os remanescentes silvícolas brasileiros que aqui foram encontrados na época do descobrimento, a língua tupi?        

 

O que pensar ainda se não vamos encontrar apenas semelhanças nos signos desses alfabetos, mas também semelhanças em certas palavras desses povos, em diversas regiões e que, inexplicavelmente ou estranhamente, venham apresentar a mesma grafia, a mesma pronúncia e o mesmo significado?

 

Negar simplesmente uma outra hipótese, não seria querer acreditar em coincidências demais? Não seria fechar os olhos e o entendimento para uma outra realidade que se lança fortemente diante de nós e implora por uma explicação mais adequada ou por uma melhor compreensão?

 

Acreditamos que as lendas contam parte da história da humanidade, onde quer que ela seja narrada, guardando acontecimentos antigos de forma alegórica e deformada pelo tempo e pelas suas narrações sucessivas, pois há em todas elas uma incrível coincidência nos relatos, quer estejam eles sendo contados no extremo oriente ou no extremo ocidente.  

    

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e  realizado incursões em diversas regiões do Brasil  com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotografia e ilustrações: J. A. Fonseca.

 

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