Teogonia
Brasil Antigo: Teogonia Rupestre do Brasil – Parte 2 A ideia de que possa ter havido em nosso país uma antiga escrita é também algo de caráter controverso, porém ricamente demonstrada na ‘arte’ rupestre do Brasil por meio de seus inúmeros caracteres impressos na rocha em muitos lugares e perfeitamente observáveis.
Por J. A. FONSECA* De Itaúna/MG março - 2022
Símbolos teogônicos no Lajedo JK – Goiás. - Clique aqui para ler a parte 1 dessa matéria.
Nesta segunda parte estamos abordando a questão dos signos teogônicos relacionados aos mitos milenares dos povos da Terra e sua relação com as revelações esotéricas de HPB (Helena P. Blavatsky) e com a tradição dos payésmbya-guarani. Com sua simbologia iniciática, a nosso ver, esses últimos teriam herdado estes símbolos de povos bem mais antigos do Brasil e teriam gravado em pedra as figuras mais representativas desse conhecimento transcendental. Por isto, quando falamos dos enigmas rupestres brasilienses estamos nos referindo a estes casos mais complexos e de difícil explicação, tanto em relação à sua feitura quanto ao seu conteúdo, por tratar-se de ‘arte’ inusitada e pouco compreensível sob a ótica moderna, principalmente se desejamos atribuir a sua ideação e execução a homens rudes, moradores de cavernas ou moradias simplórias, de vida simples e ausente de criatividade.
A ideia de que possa ter havido em nosso país uma antiga escrita é também algo de caráter controverso, porém ricamente demonstrada na ‘arte’ rupestre do Brasil por meio de seus inúmeros caracteres impressos na rocha em muitos lugares e perfeitamente observáveis. O escritor Domingos Magarinos (Epiága), já citado anteriormente, afirmou que “a escrita pré-histórica do Brasil foi cosmogônica e teogônica. O sacerdote, o Karahyba, o payé, representou por este processo os primeiros símbolos dos astros, das energias por eles irradiadas e dos fenômenos que produziam ou pareciam produzir no mundo e na humanidade.”
Em seu livro “Muito antes de 1.500” o citado autor escreveu sobre as tribos principais do Brasil: “Já positivei, em vários trabalhos anteriores, que os tupis-guaranis de 1.500 não eram como supuseram os invasores lusitanos, um povo primitivo, no início de sua evolução; eram, ao contrário, como Von Martius percebeu e assinalou, um povo antiquíssimo, nas últimas etapas de sua evolução. Um povo que, depois de atingir o apogeu de uma cultura e de uma civilização, idênticas ou semelhantes às dos maias ou dos quíchuas, em consequência de fenômenos cósmicos e biológicos, sociológicos e patogênicos, abalos físicos e psíquicos, baixou, como baixaram, e baixarão outros povos da Europa, ao perigeu de incontestável decadência, a selvageria a que se referem os missionários e os conquistadores que se ocuparam do assunto.”
Por isto a nossa visão envolve tanto uma escrita primitiva, quanto uma simbologia transcendente e torna-se mister que façamos uma breve comparação entre as concepções teogônicas dos (deuses e semideuses) destas populações ameríndias, especialmente, a dos tupis-guaranis com as de muitos povos como os hindus, egípcios, gregos, romanos, além de outros para assinalar semelhanças importantes nestas culturas milenares dos chamados Velho Mundo e Novo Mundo. Inicialmente, podemos dizer que Tupan, a Temível Divindade dos povos do Brasil tem sua origem nos termos tu (ruído, barulho, estrondo) e pan(bater, malhar, trabalhar), significando o barulho que é produzido por quem trabalha. Tupan é então o batedor, o malhador, o trabalhador e pode ser comparado com o Divino Ferreiro das concepções teogônicas do oriente e da Europa. Pode ser então equiparado a Júpiter, Vulcano, Thor, Tubal-Caim, Tescatlipoca, das culturas greco-romanas, germano-escandinavas, hebraicas e mexicanas, deuses da água, do fogo e do céu. Ara e Rá dos tupis também pode ser comparado ao Teo, o Poder Criador dos atlantes, dos maias e dos quechuas. Era também a representação da Luz Criadora e do Raio Destruidor. Trata-se do Diaus-Pitar dos hindus, Aton-Rá dos egípcios, Zeus dos gregos, Júpiter dos romanos. Guaracy é o sol dos tupis (o Fogo Mãe). Para os hindus é Indra, para os egípcios é Osíris, para os gregos Phebo (o Brilhante), para os romanos Apolo, etc. Yacy é a lua dos ameríndios e Amytaba para os hindus, Ísis para os egípcios, Artemisa para os gregos, Diana para os romanos, etc. Mboi-tatá é o gênio do fogo dos tupis e salamandra entre a maioria dos povos da Ásia, Europa e África. Yara é o gênio das águas, como as ondinas o são para aqueles povos. Angaturama é o espírito protetor e Anhangaíba é o gênio do mau, assim como os Devas e os Asuras da Índia, Hemanubis e Thyphon do Egito, etc. Temos também o Tao da antiga tradição chinesa como Agente criador de todas as coisas, do qual veio o Um, deste o Dois, do Dois o Três e do Três surgiram todas as coisas.
Assim, quando percebemos que esta rica manifestação rupestre pode ser vista sob a ótica teogônica, nosso pensamento se volta para a questão das antigas tradições da Terra e voa até as épocas mais remotas de nossa história, perdidas nas sombras obscuras do tempo. Vamos então perquirir o nosso discernimento e concordar que existe mesmo uma forte conexão entre esta simbologia rupestre do Brasil e estas outras, dando destaque também à antiga tradição do AyvuRapyta dos povos guaranis, em relação com o tradicional conteúdo esotérico universal, conforme mostraremos a seguir.
Temos aqui um quadro, no qual foram destacados cinco grupos de símbolos ligados a esta temática que estamos abordando neste trabalho:
1. Símbolos relacionados à Tradição Secreta das Idades, desvelados por H. P. Blavatsky em suas obras;
2. Símbolos que foram utilizados em antigos alfabetos da Terra;
3. Símbolos ligados à antiga tradição Mbya-guarani – AyvuRapyta;
4. Símbolos encontrados na antiga ‘escrita’ das tabuinhas de Glozel – França;
5. Símbolos gravados em diversas itacoatiaras do Brasil.
Comparando-os podemos ver que se trata de uma mesma simbologia que poderia estar relacionada a uma espécie de manifestação de caráter teogônico, anotando que no caso do segundo e do quarto grupos, estes símbolos teriam sido utilizados para representar valores fonéticos por causa da sua importância para aqueles povos que os aplicaram em sua linguagem. Diante disto, não seria lícito alegar em nossos argumentos que estes venham tratar-se verdadeiramente de antigos símbolos teogônicos preservados na linguagem por esses povos de antanho?
Iniciaremos com a revelação da Doutrina Secreta das Idades feita por Helena P. Blavatsky, em sua obra magna, onde em seu primeiro volume sobre a Cosmogênese, ela faz a descrição dos signos sagrados da antiga tradição dos mestres de outrora. Ela conta que teve em suas mãos um manuscrito muito antigo, constituído de folhas de palma, que mostrava figuras diversas que sintetizavam a criação do Universo, o Criador e os Criadores, segundo esta antiga tradição.
Estes símbolos que representam os antigos conceitos esotéricos dos Mestres da Terra passaram então a ser conhecidos com o advento da obra colossal que foi escrita pela citada autora, “A Doutrina Secreta”, em seis volumes e editada pela primeira vez no ano de 1891. É no mínimo curioso observar, que os símbolos que ela descreve ao estudar nos livros sagrados do oriente venham assemelhar-se absurdamente àqueles que se acham gravados em diversas regiões do Brasil e constam das demais outras referências que fazem parte deste estudo, dando indicações de que esta antiga simbologia era também conhecida desses outros povos que a registrou em seus alfabetos e em outros ‘documentos’ de outrora.
Esta secreta simbologia cosmogônica e teogônica original que ela teve acesso e que foi citada em sua obra,foi assim representada comentada:
Na primeira página havia um disco branco destacando-se num fundo totalmente negro. Este símbolo representava o Cosmos na Eternidade, antes do despertar da Energia Criadora, ainda em repouso. Na segunda página havia um disco com um ponto no centro que representava a primeira diferenciação, o Germe na Raiz, ou seja, o Espaço Potencial que começa a atuar no Espaço Abstrato. O terceiro disco mostra uma linha dividindo-o em duas metades, Espírito e Matéria, e como o símbolo da Mãe-Natureza, que envolve todas as coisas. O quarto disco com uma cruz representa o começo da vida humana no plano material, que é concretizada na terceira Raça-Raiz. É o símbolo da cruz do mundo, a realização do Plano Divino. A cruz de braços iguais isolada, sem o disco, vem representar a ‘descida’ humana na matéria e simboliza o começo da Quarta Raça-Raiz. Temos assim uma breve exposição da Doutrina Esotérica a respeito da Criação por meio dos sinais acima grafados que, como se pode ver, encontram-se relacionados às civilizações e crenças em toda a face da Terra, assim como também se acham representados em muitos lugares e no interior das selvas e nos sertões das misteriosas e milenares terras brasilienses.
Como exemplo disto podemos citar representações gráficas desta simbologia encontradas em diversas regiões, desde a desconhecia pedra disforme do Araguaia, localizada em Barra do Garças, MT, passando por sua rica expressão no Lajedo JK, em Goiás, e viajando até o litoral de Santa Catarina, onde esta simbologia encontra-se ricamente registrada, além de muitas outras regiões onde elas se acham gravadas de forma mais esparsa. Como compreender isto? Que Itacoatiaras (pedras riscadas) venham ser encontradas em toda a parte, em plena floresta e em rincões desertos, trazendo insculpido em seu dorso os mesmos signos teogônicos das antigas tradições e de todos estes que estamos estudando, sem que seus autores possam ter tido conhecimento destas coisas?
É nosso pensamento que seria importante que viéssemos acentuar nosso grau de atenção em direção a estes portentosos registros rupestres que estamos apresentando, por causa de sua elevada estranheza, se não quisermos optar por continuar a ignorá-los como provas contundentes de um passado desconhecido para o Brasil ou acreditar que venham tratar-se apenas de elementos ocasionais ou aleatórios na criação ‘artística’ do homem antigo destas terras. Estas inúmeras demonstrações de ‘arte’ simbólica em muitos lugares e sua universalidade comprovam que não podem ser considerados apenas como sendo um evento banal na vida desses povos como, às vezes, se quer fazer transparecer.
Estamos vendo que estes símbolos ligados ao conhecimento esotérico de antigas tradições se mostram também gravados nas milenares pedras, grutas e lajedos de nosso país, sendo que muitos deles acham-se isolados ou em conjunto com outros símbolos, alguns dos quais mantêm ligações entre si. Assim, pelo grau de intensidade com que estes acham-se representados em todos os lugares, não podemos concordar com a ideia de que estes não venham eles estar ligados às antigas tradições de nosso planeta e até mesmo que nossos antepassados viessem desconhecer o sentido desta rica simbologia.
Mesmo no Brasil vemos que uma simbologia muito semelhante é também encontrada na antiga tradição dos povos indígenas Mbya-guarani e em sua milenar mensagem guardada pelos decanos da tribo. Tal mistério foi ricamente desvelado pelo pajé Kaká Werá Jecupé em seu livro Tupã Tenondé, onde ele fala sobre uma antiga linguagem secreta desses povos, preservada pelos anciães da tribo e que relata a criação do Universo, da Terra e do Homem, e os seus Criadores.
O primeiro estudioso a escrever sobre esta antiga tradição foi o pesquisador da cultura guarani, o paraguaio León Kandogan que, depois de ter vivido muitos anos na tribo, foi-lhe confiado pelos pajés o segredo da tradição oral guarani, o AyvuRapyta (os fundamentos da linguagem humana). O trabalho de Kandogan foi publicado em 1953 pela Universidade de São Paulo.
Kaká WeráJecupé seguiu os caminhos de Kandogan e também a ele foi confiado o segredo da tradição oral dos Mbya-guarani, que foi publicada em seu livro acima citado. Vejamos a seguir a descrição resumida dos segredos cosmogônicos e teogônicos desta antiga tradição e a simbologia a ela atribuída pelo escritor WeráJecupé. Segundo ele o símbolo milenar que representa o Grande Mistério, Namandu, é um circulo com um ponto no centro. Na sua descrição feita na linguagem original relata: “Nãnde Ru Pa-paTenondéguere rã ombo-jerapytuymagui”, que traduziu da seguinte maneira: “Nosso Pai Primeiro criou-se por si mesmo na Vazia Noite iniciada.” A Vazia Noite iniciada aqui mencionada poderia, por analogia, estar simbolizada pelo círculo puro que é representado na doutrina esotérica de HPB, retro-apresentada.
Nãnde Ru Pa-paTenondé, nosso Pai Primeiro, é representado pelo círculo com um ponto no centro, símbolo teogônico que é encontrado em muitas regiões do Brasil e tem também caráter universal, uma vez que pode ser visto em muitas manifestações de antigos povos, conforme mostra o quadro acima. A tradição Mbyá-guarani considera que o símbolo milenar de um círculo dentro de outro circulo maior trata-se da primeira manifestação do Imanifestado, o Fogo-Mãe, o Dois, com o significado de Kuaracy.
No esoterismo este aspecto da Criação é representado pelo círculo dividido por um diâmetro e representa o Pai-Mãe, Espírito-Matéria, a dualidade manifestando-se no Universo criado. Em seguida, vem o terceiro símbolo que é grafado por meio de dois círculos concêntricos e um ponto no centro e representa a divindade Tupan e o desdobramento do Todo. Este aspecto teogônico é simbolizado na tradição esotérica por um círculo com uma cruz no seu interior e identifica o Terceiro Logos, a Ideação Cósmica, que representa, em verdade, as sete cruzes mundanais com seus respectivos círculos.
A antiga tradição guarani contada no AyvuRapita descreve a seguir a representação do Mundo Material, o Quatro, a Terra, que vem simbolizada pelo símbolo dos três círculos concêntricos, Nande Cy. Este símbolo, assim como todos os demais são também encontrados no Brasil, além de outro que mostra três círculos concêntricos com um ponto no centro, em algumas localidades pesquisadas.
Baseado na tradição, Kaká Werá Jecupérelata em seguida a criação da Terra, dizendo: “os Seres Trovões estabelecem almas espirituais nas quatro direções e agora recebem a responsabilidade de gerarem palavras almas (os seres humanos), tonalidades de sua essência, para encarnarem na Terra”, dando início à criação das raças humanas.
Símbolos da tradição Mbyá-guarani.
É importante mencionar que a cruz encontra-se gravada em diversas modalidades e em muitas regiões no interior do Brasil, tendo sido causa de surpresa para os missionários cristãos que aqui chegaram, ao ponto de imaginarem que a figura mítica de Sumé dos povos brasilienses teria sido, em verdade, uma referência o apóstolo São Tomé que teria vindo também para estas terras pregar o ensinamento de Cristo.
Neste contexto seria importante falar também sobre o enigmático silabário de Glozel, encontrado na França, que é constituído de estranhos caracteres gravados em tabuinhas de cerâmica e que aí foram encontradas, por simples acaso, juntamente com outros objetos arqueológicos.
Escrita de Glozel e exemplares das tabuinhas com sua enigmática simbologia.
Tal fato ocorreu em 1924, numa aldeia de Allier chamada de Glozel, próximo a Vichy, quando Emile Fradin e seu avô trabalhavam na lavra do campo de sua propriedade. Numa cavidade aberta na terra, entre alguns tijolos ajustados, o jovem encontrou diversos objetos e inúmeras tabuinhas de cerâmica com uma infinidade de símbolos gravados. Algum tempo depois, o Dr. Morlet, médico natural de Vichy e apaixonado por arqueologia, notificado a respeito, fez uma visita ao local e analisou a descoberta. Impressionado com os achados o Dr. Morlet publicou logo a seguir, juntamente com Emile, o descobridor, um documento sobre a descoberta que, na época, chegou a se constituir de mais de dois mil objetos variados.
Dentre os resíduos ósseos encontrados, os de natureza humana foram considerados como sendo provenientes de uma raça primitiva de intensa musculatura e desconhecida dos pesquisadores, por causa de sua antiguidade e compleição dos ossos. Entre os ossos de natureza animal, foram encontrados objetos fabricados através dos mesmos como, por exemplo, uma espécie de punhal, um pingente, uma peça semelhante a um arpão e ainda outras peças. Também foram encontrados objetos em pedra como machados e calhaus rolados com figuras e signos gravados.
Símbolos complexos na misteriosa ‘escrita’ de Glozel.
Vários artefatos de cerâmica também faziam parte da descoberta, tais como vasos, ídolos e tabuinhas com inscrições. Algumas das figuras parecidas com ídolos exibiam inscrições semelhantes às das tabuinhas. Hoje, subsistem apenas cerca de quarenta destas tabuinhas de argila com as inscrições misteriosas, que foram se quebrando no processo de retirada e manuseio por diversas pessoas. Esta fantástica descoberta casual no campo de Duranthon estudada e classificada pelo Dr. Morlet foi, posteriormente, por ele organizada por grupo de inscrições reunindo-as num silabário constituído por 116 signos.
As tabuinhas que ainda subsistiram (cerca de quarenta delas) medem, em geral, por volta de 15 x 20 cm e 3 ou 4 cm de espessura e trazem gravadas uma grande quantidade de signos, como numa escrita regular.Nenhuma delas ofereceu condições para que pudessem ser decifradas até o presente momento. Alguns dos signos semelhantes às letras latinas A, C, F, H, K, T, X, U, V, W, Y e Z, aparecem de forma constante em todas elas e os demais signos parecem compor com estes uma espécie de sequência de texto que poderiam levar a algum significado.
Note-se que dentre os caracteres alfabéticos encontrados nas tabuinhas vê-se também os símbolos teogônicos que ora estudamos e que fazem parte das antigas tradições e das manifestações de ‘arte’ nas itacoatiaras brasileiras, com grande incidência em determinados locais, fortalecendo nossa percepção de que esta simbologia teve, objetivamente, relação profunda com esses povos antigos da Terra.
Já que estamos explanando sobre os símbolos teogônicos no Brasil e no mundo, seria útil que incluíssemos também os estudos do pesquisador James Churchward, que em seu livro “O Continente Perdido de Mu” afirmou que escritos milenares comprovam a existência de um grande continente e de uma grande civilização desaparecida no Oceano Pacífico há cerca de 12 mil anos. Segundo ele este continente teria sido anterior a todas as civilizações conhecidas desde a Índia, a Pérsia, Babilônia, Egito, Grécia antiga e Caldeia, do qual, estas herdaram seus alfabetos, sua escrita e sua cultura. Relata Churchward que, ao se contatar com um padre arqueólogo na Índia e falar-lhe sobre seus estudos, este lhe teria mostrado inúmeras tabuinhas de terracota, empoeiradas e cheias de inscrições muito antigas. Com o auxílio do guardião deste inestimável tesouro ele as teria traduzido e suas revelações estavam relacionadas com o antigo Continente de Mu. Segundo suas conclusões, os primeiros colonos desse continente desaparecido estabeleceram-se na Índia.
Churchward fez também um estudo aprofundado em inscrições rupestres de antigas civilizações na América do Norte, destacando os estados de Nevada, Oregon, Arizona, Novo México, etc. Desenvolveu também estudos em diversas tábuas de pedra com inscrições que foram desenterradas por WilliamNiven, mineralogista e arqueólogo escocês que viveu nos EUA, quando de suas viagens no México, onde teria feito também escavações. Segundo se sabe, Niven teria descoberto aí mais de cem tabuletas de andesita com inscrições indecifráveis em diversas regiões do país.
Para Churchward, o grande império de Mu teria submergido há 12.000 anos e os índios norte-americanos seriam povos remanescentes desse continente desaparecido. Sob este enfoque, poderíamos dizer que todas as três Américas teriam recebido remanescentes desses povos mais antigos, inclusive, o Brasil, considerando-se que a vasta simbologia desses antigos povos encontra-se também gravada em registros rupestres em diversas localidades brasileiras.
Churchwarddisse que encontrou fragmentos em muitos lugares que teriam se originado da Mãe-Pátria Mu, que teria desaparecido sob as águas. Em suas pesquisas afirmou ter traduzido muitos de seus significados, chegando até mesmo a estabelecer um alfabeto desse povo milenar que disse estar relacionado a um silabário hierático. Os símbolos mais frequentes que encontrou são os seguintes:
Churchwarddisse que uma das mais importantes descobertas arqueológicas feitas na América do Norte se deve ao prof. R. W. Gilder de Nebraska, que teria provado que o homem vivera ali, em estado civilizado, durante a Era Terciária. Constatou este pesquisador que as grutas que existem em grande quantidade naquela região são, em verdade, habitações subterrâneas onde esta raça primitiva teria vivido. Segundo ele, este povo desapareceu completamente da face da Terra. Com o passar do tempo estas grutas teriam sido cobertas pela terra trazida por movimentações naturais, deixando no local apenas depressões nas montanhas, que passaram a ser usadas como covis de bisões.
O pesquisador dos signos secretos de Mu afirmou também que a América do Sul detém um dos mais ricos domínios arqueológicos do mundo, contrariando as declarações oficiais dos arqueólogos europeus. Neste sentido, gostaríamos de acrescentar a nossa convicção de que especialmente no Brasil, que acolhe uma grande extensão de terra proveniente de antigos continentes, é o local onde poderiam ser encontrados os mais remotos resquícios arqueológicos de raças milenares que viveram em nosso planeta.
Um outro ponto importante que foi citado por Churchward é a sua menção ao antigo livro chinês, o Tao Te King chinês, escrito pelo sábio Lao Tse, onde ele encontra uma descrição que leva a uma simbologia de natureza idêntica aestas que estamos estudando. Assim,poderíamos, pois acrescentar ao texto os símbolos sagrados da criação, como os que constam nas antigas tradições da Terra, nos registros arqueológicos e no alfabeto perdido de Mu, mostrando a sua interação com o que representa esta simbologia milenar em muitos seguimentos da cultura e dos povos da Terra. Vejamos o que diz o Tao te King:
É, portanto, nosso pensamento que a arqueologia, como um todo precisaria rever suas teorias a respeito do aparecimento do homem na Terra, do tempo em que ele encontra-se aqui presente e de sua evolução até os dias de hoje. Os autores Christopher Knight e Robert Lomas levantam esta questão em seu livro “A Máquina de Uriel” e citam o lorde Renfrew, professor de arqueologia na Universidade de Cambridge que afirma que muitos arqueólogos de todos os lugares têm concluído que grande parte da pré-história, de conformidade com o que é descrita, tornou-se inadequada e que parte dela não corresponde à realidade. Segundo ele, a pré-história relatada nos livros e defendida por muitos pesquisadores se baseia em teorias que não podem mais manter-se de pé, por causa das novas descobertas que têm sido feitas em toda a parte, propondo até mesmo um novo paradigma que possa sustentar um novo seguimento para os estudos dos arqueólogos.
Acreditamos, pois que também as antigas inscrições nas pedras haverão de ter algum significado importante, especialmente quando se tratam de figuras incompreensíveis e complexas para o nosso momento, tendo sido gravadas com cuidados especiais e uma espécie de planejamento prévio, demonstrando assim a intenção de preservar alguma coisa importante. Muitos povos civilizados também fizeram isto nas suas manifestações de arte e de escrita, como é o caso dos hieróglifos egípcios, hititas, mesopotâmicos e muitos povos da Ásia. Quanto à questão dos desenhos cuidadosos feitos em cerâmicas pode-se até mesmo atribuí-los a intenções exclusivas de embelezamento das peças e estética, mas é importante observar que muitas destas figuras decorativas possuem também estreita ligação com esta simbologia milenar e delas poderiam ter-se originado.
Com convicção, pode-se dizer então que teria ocorrido no Brasil alguma coisa importante no seu passado mais longínquo, pois além das inúmeras inscrições de caráter desconhecido e excessivamente sofisticadas que podem ser encontrados em todo o seu território, há ainda os antigos resíduos de construções megalíticas em algumas de suas regiões mais centrais e as famosas cerâmicas.
Não nos poderia estranhar, portanto a existência de uma rica simbologia teogônica em nosso país, pois sabe-se ainda que estas terras tratam-se de regiões muito primitivas e que, certamente, guardam consigo muitos milhares de anos de existência e muita história desconhecida não percebida por nossa realidade atual.É, pois natural que não tenhamos ainda nenhuma certeza de quem poderia ter produzido tudo isto,ainda que tenhamos dificuldades de aceitar que possam ter existido povos muito antigos no Brasil, mesmo que venhamos encontrar inúmeros registros em toda a parte e que algumas de nossas culturas indígenas guardam resquícios cerâmicos com uma simbologia oculta e incompreensível para o nosso entendimento moderno. Raras são as tradições que falam destas coisas, como é o caso da Mbya-guarani, sobrando apenas algumas lendas contadas pelos silvícolas brasilianos que falam de um passado longínquo e de um tempo mitológico, que o passar das eras foi, aos poucos, deformando e tornando irreconhecíveis.
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* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com
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Esta matéria foi composta com exclusividade para Via Fanzine©.
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