Brasil Antigo

 

Peruaçu:

Um enigma arqueológico no interior do Brasil

A resistência em aceitar coisas novas ou em admitir outras possibilidades é o que nos impede de andar mais longe e descobrir novos horizontes, que costumam sempre surgir diante de nós quando nos propomos perseverar na busca incansável do conhecimento. 

 

 Reportagem de J. A. FONSECA*

Do Vale do Peruaçu/MG

Julho/2019

jafonseca1@hotmail.com

 

Belíssimo painel pintado na Lapa dos Desenhos.

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Depois de examinarmos um pouco mais profundamente a rica simbologia do Vale do Peruaçu, em relação aos cinco sítios que visitamos, decidimos que deveríamos comentar um pouco mais a respeito de seus múltiplos mistérios. Diante do que se acha gravado nas pedras, sua multiplicidade de cores e elementos gráficos, símbolos e objetos desconhecidos, não seria demais voltar à sua temática numa tentativa de compreendê-la, especialmente, em relação à sua época e àqueles que teriam sido os seus autores.

 

Sabemos que é muito comum nós nos cercarmos de certas ‘proteções’ intelectivas, quando nos deparamos com circunstâncias como estas e encontramos coisas estranhas em nossas pesquisas e observações. Neste campo arqueológico, especialmente, diante do mistério e da complexidade encontrada, é comum nos colocamos num estado de indecisão permanente, mesmo que tenhamos utilizado de teorias para apoiar as explicações que procuram justificar aquilo que foi observado.

 

Isto ocorre também em outros aspectos das pesquisas ligadas ao conhecimento humano a que nos propomos fazer, quando nossos pensamentos, quase sempre, elevam-se como defensores impertinentes de nossas ideias preferidas, sem querer, às vezes, pensar em outras possibilidades que possam existir diante da realidade presente. Tal atitude de defesa voluntária tem muito mais de uma carga objetiva de receio de que nossas propostas possam estar distantes da verdade, do que do grau de incerteza que sempre imiscui-se em nossos experimentos, pensamentos e perspectivas, os quais poderiam, ao contrário do que imaginamos, conduzir-nos a caminhos mais condizentes com a realidade, considerando-se que nossa percepção das coisas é sempre incompleta.

 

A resistência em aceitar coisas novas ou em admitir outras possibilidades é o que nos impede de andar mais longe e descobrir novos horizontes, que costumam sempre surgir diante de nós quando nos propomos perseverar na busca incansável do conhecimento e da veracidade dos fatos que o tempo ocultou. Mas, não é fácil criar novas perspectivas, considerando-se que a penumbra que envolve o nosso passado permite-nos alcançar pouca visibilidade desse tempo mais remoto.

 

Painel com figuras enigmáticas na Lapa do Índio.

 

No Vale do Peruaçu nós nos encontramos meio que perdidos neste corredor de suspeitas e de questionamentos persistentes e por mais que queiramos definir uma meta de raciocínio lógico diante de determinadas ‘expressões artísticas’ que vemos diante de nós, não o conseguimos fazer. Não é exagerado este nosso sentimento, uma vez que impressões de espanto podem ser notadas em qualquer pessoa minimamente atenciosa, que ali se põe diante daquelas inúmeras figuras misteriosas que se mostram aos olhos de todos, desafiando a lógica das coisas e até mesmo a agudeza de nosso discernimento.

É de se destacar que tal procedimento não ocorre com todo o tipo de manifestações rupestres que são encontradas em toda a parte, as quais são notoriamente reconhecidas como ‘arte’ primitiva, produzida por pessoas comuns. Ocorre, especialmente, em relação a determinados registros, como já mencionamos, os quais não acontecem com raridade ou mesmo esporadicamente, como seria de se esperar, mas apresentam-se de forma constante em muitas regiões do Brasil. Por esta razão é que temos nos voltado com ênfase nas magníficas inscrições do Vale do Peruaçu.

 

Já demonstramos em artigos anteriores algumas destas fantásticas representações de mistério e sua estranheza se mostra ainda mais patente, quando nossa percepção se volta para as variadas manifestações de caráter comum que se acham gravadas em torno, apontando para uma causa não identificável que poderia ter ocasionado a produção daquelas estranhezas e os elementos de que ela compõe. Neste nosso novo artigo queremos voltar à rica simbologia do Peruaçu e apresentar novos apontamentos ali observados e colocá-los sob a ótica dos leitores para que possam atentar para certos detalhes que se acham representados nestes magníficos painéis líticos.

 

Conjunto de figuras emblemáticas na Lapa do Janelão.

 

É aí que nos vem novamente a questão que envolve os seus autores. Quem teriam sido esses povos que produziram tantas coisas misteriosas? Percebe-se que em grande parte dos registros incluem-se preocupações em ‘relatar’ algo importante, pois vemos figuras abstratas ou desconhecidas misturadas com figuras de animais e algumas humanas (e que podem ter origem diferente), tendo ainda presente a forte intermediação de signos semelhantes e letras alfabéticas.

 

Antes de conhecer o Peruaçu via que algo de excepcional havia acontecido ali, diante das fotografias divulgadas sobre região e que tive acesso. Com a minha ida até lá percebi que este algo excepcional tornou-se também em algo estranho e misterioso, diante do eu vi e fotografei nos sítios que visitei. Concluí que um manto enigmático continua encobrindo aquela região no interior do Brasil, fazendo coro com muitas outras que tive o cuidado de visitar e documentar, mostrando que existe alguma coisa que ainda insiste em ocultar-se nas sombras de nosso passado mais distante.

 

Nos artigos que escrevemos falamos do Vale e de suas peculiaridades e apresentamos elementos descritivos de símbolos e figuras desconhecidas e também tabelas comparativas de sinais semelhantes a signos alfabéticos. Há, pois, uma complexidade estranha nos registros rupestres da região (considerando-se apenas os locais que visitamos) e tal dificuldade, a nosso ver, exige atenção pormenorizada. Neste novo artigo queremos mostrar alguns registros diferenciados que precisariam ser desmembrados e analisados sob uma ótica mais aberta, pois apresentam dados estranhos para nós e que não poderiam ser muito comuns em comunidades que morassem em cavernas e que, por isto mesmo, não deveriam ser dotadas de elevado grau de inteligência.

 

Corte retilíneo próximo da base do rochedo na Lapa dos Desenhos.

 

Picoteamentos na base do rochedo de caráter mais simples – Lapa dos Desenhos.

 

Existem muitas coisas, no mínimo, estranhas nas inscrições rupestres do Vale do Peruaçu. Examinando-as mais acuradamente podemos identificar muitas destas estranhezas e questionar a sua realidade inusitada. É deveras perturbador nos colocarmos diante de um painel lítico, como os muitos que existem nesta região e presenciar imagens absolutamente desconhecidas e complexas, signos alfabéticos e letras do alfabeto latino, gravados em estilo bem elaborado e em profusão, agrupados em conjuntos de conteúdo abstrato e de difícil compreensão.

 

Em contraposição e mais ao pé do elevado maciço pétreo, como já dissemos, é que vamos encontrar as gravações mais simples representando animais, quase sempre gravados de forma comum e perfeitamente identificados com o pensamento de autores primitivos, moradores de cavernas que, de fato, as poderiam ter produzido. E isto, torna mais complexo o nosso entendimento em relação àquelas outras citadas acima, quando procuramos compará-las (uma vez que se acham num mesmo espaço), e percebemos que seria impossível fazê-lo.

 

Aquelas outras, gravadas regularmente em locais mais elevados e dotadas de grau de dificuldade bem maior (incomparavelmente maior) diferem excepcionalmente destas mais simples encontradas mais embaixo e jamais poderíamos admitir que pudessem ser produzidas por pessoas de sentimentos, cultura e evolução semelhantes. Não poderiam ser, pois a diferença entre elas salta aos olhos e não pode ser explicada comodamente.

 

Estas ‘artes’ referidas são muito diferentes entre si e percebe-se que o grau de dificuldade daquelas que se acham gravadas em locais de acesso mais difícil são também de qualidades gráficas bem mais aprimoradas. Até mesmo no que se refere a reprodução de aves, por exemplo, temos algumas figuras belíssimas, que foram feitas com maior esmero e maior percepção artística.

Estamos destacando ambos os casos e mostrando alguns aspectos das observações feitas nestes conjuntos rupestres do Peruaçu. Não é nosso objetivo criticar os estudos arqueológicos que já foram feitos e que são de grande relevância no estudo da história do Brasil e na preservação destas regiões, mas apenas acrescentar elementos importantes e mostrar que algo mais poderia ter acontecido no passado destas terras milenares e que povos diferentes teriam de ter estado presentes neste local, o que pode ser identificado por meio de sua ‘arte’. Que povos seriam esses que também se mostraram presentes no Peruaçu?

 

 

Só a titulo informativo queremos citar que existem outros mistérios não explicados no Brasil relativo à sua gente e à sua ‘arte’ e cultura. No seu aspecto de produção cerâmica, por exemplo, temos grupos que não conheciam esta técnica, enquanto que, outros, na sua maioria, produziam peças cerâmicas simples para o uso corrente. Os grupos tupis e guaranis produziam um ripo de cerâmica mais bem elaborada e até mesmo decorada em muitos casos. Porém, alguns outros grupos da região norte somente, como os Marajoara (especialmente), Cunani, Mirancangüera, Maracá e Tapajó, produziam cerâmicas diferenciadas, de excepcional qualidade e com decorações absolutamente incomparáveis, como também, riquíssimas na sua simbologia, graciosamente pintada ou esculpida em sua complexa produção.

 

Como explicar coisas assim entre povos de regiões não muito distantes ou que, supostamente teriam se originado de um mesmo grupo étnico? Tudo isto, sem nos estendermos nos casos dos ídolos de pedra tapajoaras e os muiraquitãs, temas já abordados pelo autor em outros artigos neste site.

 

 

Da mesma forma levamos nosso pensamento a tecer especulações sobre a questão da ‘arte’ lítica pré-histórica do Brasil, uma vez que esta também vem mostrando variações importantes na sua idealização e na sua produção, nas diversas regiões deste vasto território brasileiro. No caso do Peruaçu que estamos vendo agora, é notória a presença de uma ‘arte’ diferenciada que não poderia ter sido executada por pessoas de pensamentos e caracteres equiparáveis.  

 

Podemos encontrar assim, signos tipo alfabéticos em grande quantidade gravados nas pedras. Muitos são caracteristicamente latinos e foram gravados em estilos variados, alguns de forma mais simples e outros de forma mais rebuscada ou mesmo de forma estilizada. Destacamos uma quantidade expressiva destes nos sítios visitados por nós e pudemos notar que, em sua maioria, estes não foram gravados de forma isolada no painel que fazem parte, mas parecem estar integrados com outras figuras ou signos desconhecidos.

 

Apresentamos nos quadros que anexamos a este trabalho alguns destes signos latinos para ilustrar a nossa afirmativa, apesar de que levantamos diversos deles em todos os painéis líticos.

 

Todas estas coisas reunidas levam-nos a questionar que seus autores não poderiam ser as mesmas pessoas, nem mesmo que poderiam ter sido ligadas a grupos que pensavam da mesma maneira. Seus conteúdos e sua feitura são claramente diferenciados. As épocas de sua execução também podem ter sido muito diferentes.

 

Conjunto enigmático na Lapa do Caboclo, reforçado pelo autor à direita.

 

Vemos também superposições de gravações e pinturas, e isto leva-nos a pensar que momentos específicos determinaram estas diferentes de manifestações, levando-nos a questionar também as discrepâncias no conteúdo das mesmas, que identificam as que são de caráter mais nobre das que são mais comuns.

 

As figuras representando letras são notáveis e os conjuntos que a maioria delas pertence, também. A grande quantidade de letras latinas encontradas junto com outros signos demonstra um sentido lógico no conjunto a que elas pertencem e não nos parecem tratarem-se de figuras aleatórias, pintadas aqui e ali. Veja-se nas ilustrações que elas não se tratam de casos isolados e esporádicos, mas são frequentes e bem delineadas.

 

Próximo à base do colosso pétreo da Lapa dos Desenhos podemos ver também um corte retilíneo na pedra percorrendo uma longa distância e que se assemelha a um assentamento artificial. Porém, o fato desta marca excepcionalmente retilínea estar ali presente e em face da grandiosidade do monumento em que se encontra (de mais de 100 m de altura), esta condição de artificialidade, seria praticamente impossível. Mas, é curioso observar este assentamento.

 

No magnífico painel da Lapa dos Desenhos, que chega a alcançar cerca de dez metros de altura no seu ponto máximo, encontrei também algo inusitado e, por que não dizer, estranhíssimo. À esquerda do painel, logo acima de uma inscrição que se parece com uma letra ‘Jota’ de grandes proporções, existe um desenho, também bem significativo em suas dimensões, que nos deixou perplexo. Por meio do ‘zoom’ na fotografia verificando detalhes nos símbolos gravados neste painel foi que o encontrei.

 

Causou-me profunda estranheza este conjunto de figuras geométricas, pois é comum nós encontrarmos triângulos, quadrados e círculos nas manifestações da ‘arte’ rupestre no Brasil de forma isolada, mas não desta forma, em um conjunto organizado e estruturalmente bem definido como este, com o intuito de mostrar claramente uma mensagem mística. Ele possui cerca de 1,5 m em todo o seu contexto e é constituído de um triângulo maior no alto com um outro triângulo menor no seu centro. A figura triangular está iluminada, pois podemos ver raios de luz projetando-se em sua volta. Desde o topo do triângulo desce uma linha que o divide em dois, passa pelo triângulo menor no centro e segue descendo, fazendo uma ligação da sua parte inferior a uma figura com a forma de uma meia-lua. Logo mais embaixo, temos um quadrado, ao lado de um outro triângulo e além dele um símbolo que se assemelha a letra ‘E’. Todas estas figuras da parte inferior se acham ligadas entre si por linhas. O triângulo também parece estar iluminado, uma vez que possui raios em sua volta como o superior. No seu interior pode-se ver também uma figura que se assemelha a uma meia-lua.

 

Seus traços são retilíneos e parecem terem sido gravados por meio de incisão na pedra e notoriamente mostram ser posteriores à pintura rupestre que se acha gravada próximo deles, porque seus traços a sobrepõem. Seja quem for que tenha traçado estas figuras naquele lugar íngreme do Peruaçu, teria de ter conhecimentos de cunho esotérico ou religioso e um motivo muito especial para fazê-lo e que pudesse exprimir com tamanha expressividade um conjunto como este de elevado teor místico e de difícil execução, considerando-se, neste caso, a altura considerável que elas foram gravadas. Segundo nossas estimativas, a figura inferior encontra-se a cerca de seis metros do chão em seu conjunto geométrico e o triângulo iluminado superior a cerca de sete metros.

 

Estranhas figuras triangulares (riscadas em branco) na Lapa dos Desenhos à esquerda.

 

 

Diante destas estranhezas, presentes em um mesmo contexto no Peruaçu, não poderíamos silenciar. É nosso objetivo, pois mostrar que além de manifestações espontâneas de homens primitivos nestas pedras milenares, temos outros ‘trabalhos’ líticos que mostram elementos de conotações bem mais complexas, as quais precisam atrair maior atenção e serem destacados no seu estudo e na busca do seu entendimento. É provável que em muitos outros sítios do Vale do Peruaçu também venhamos encontrar estes tipos de manifestações pouco comuns e que apresentem conotações não compatíveis entre os demais, situação que pode ser percebida também em diversas outras regiões do Brasil. Com o nosso trabalho pretendemos levantar estes novos interesses na pesquisa da antiga simbologia de povos antigos que aqui estiveram presentes, numa tentativa de compreender melhor a nossa própria história mais remota, gravada em parte e de forma misteriosa, nas pedras milenares deste nosso país.

 

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotografias: J. A. Fonseca.

 

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