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A grandiosidade do Vale do Peruaçu - PARTE 4

Em nossas experiências em diversos estados do Brasil conhecendo sítios arqueológicos importantes, não tínhamos visto ainda nada igual ou semelhante, principalmente, no tocante à beleza e grandiosidade do que presenciávamos.

  

 Reportagem de J. A. FONSECA*

Do Vale do Peruaçu/MG

Maio/2019

jafonseca1@hotmail.com

 

Inscrições da Lapa do Janelão.

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O autor arqueológico C. W. Ceram (pseudônimo do escritor e jornalista alemão Kurt Wilhelm Marck) comenta que a Enciclopédia Britânica diz que “a arqueologia é, ao mesmo tempo, uma ciência e uma arte”, mas que esta definição está incompleta, porque além desta “ser uma ciência e arte”, ela é também uma “aventura de espírito e de ação.” Concordamos com ele integralmente, pois em nossos encontros com o passado do Brasil em suas ricas demonstrações de ‘arte’ primitiva nas pedras, nos envolvemos fortemente com este propósito, misto de ação e espírito, diante dos mistérios com os quais nos deparamos.

 

E quando nos encontramos com estes registros antiquíssimos, não conseguimos identificar barreiras que possam dividir a arqueologia e a história, pois ambas se confundem nos seus ideais de pesquisa e nos seus objetivos, sabendo que existem verdadeiros ‘buracos negros’ na trajetória da raça humana, representados nos seus portentos arquitetônicos ainda incompreensíveis, no campo da engenharia e das técnicas empregadas nas antigas construções, e no campo da própria arqueologia, onde misteriosos vestígios também se mostram com grande evidência.

 

Não se pode negar que existem em toda a parte, determinadas estruturas muito complexas e descobertas têm sido feitas que mostram nos resquícios de antigas civilizações verdadeiros tesouros intelectuais, que procedem de longa data. Isto leva-nos a pensar que o nosso planeta já teria sido palco de uma grande história em passado bem distante e que o que temos hoje refletem apenas sombras esparsas e ruínas de um tempo desconhecido, que continua causando forte impressão nos dias de hoje.

 

Da mesma forma podemos falar das inscrições rupestres que são encontradas em todo o planeta, onde encontramos uma grande quantidade delas portando conteúdos sofisticados e inexplicáveis, de conotação incomum e que fogem de qualquer raciocínio lógico para o seu razoável entendimento, mesmo que nos esforcemos para isto.

 

É certo que muitas destas inscrições tratam-se de representações mais comuns e que podem ser explicadas como decorrentes de um a espécie de ‘arte’ primitiva do homem daquele tempo, desprovido de técnicas adequadas ou de condições mentais e emocionais para produzir algo de maior envergadura. Muitas e muitas outras, porém, de maior contexto intrínseco, não podem ser enquadradas neste propósito igualitário de classificação e estudo perante estas mais simples, e teriam de ser vistas também sob o mesmo enfoque das ‘construções’ extravagantes que nossos antepassados nos deixaram. 

 

Assim, na continuidade do exame das inscrições rupestres do Vale do Peruaçu, queremos relembrar o posicionamento da arqueóloga Annette Emperaire que teria considerado que a chamada ‘arte rupestre’ parecia ser o campo mais fácil do estudo da arqueologia, mas que se tratava, em verdade, do seu aspecto mais complexo e que por isto, poderiam conduzir ao cometimento dos maiores equívocos na sua interpretação.

 

Inscrições na Lapa do Caboclo (à esquerda) e na Lapa dos Desenhos (à direita). Próximas uma da outra e com estilos muito diferentes.

 

Percebe-se que esta posição é, essencialmente verdadeira, porque especialmente neste caso do Vale do Peruaçu (para não falar dos demais outros) e que estamos estudando, ocorrem fatores de difícil explicação como, por exemplo, os variados estilos gravados em pedra que se acham em lugares muito próximos uns dos outros e também a excepcional altura que muitos destes símbolos foram gravados, com traços retilíneos e belo acabamento. Percebe-se ainda uma grande diferença nas inscrições que foram produzidas mais embaixo, especialmente na base dos elevados monumentos pétreos e que apresentam, regularmente, conotações mais simples. Estas abordam, quase sempre, uma temática mais usual, como traços justapostos, plantas, figuras zoomorfas e algumas poucas antropomorfas, diferentes das muitas outras que estamos dando destaque neste trabalho.

 

Sob o nosso ponto de vista, a grandiosidade e a sofisticação do Vale do Peruaçu precisariam receber um foco maior de atenção por parte dos pesquisadores, em face da sua excepcional reserva de registros arqueológicos, agrupados em conjuntos complexos e de elevado valor simbólico e artístico. Além disto, seus sítios ou Lapas exuberantes estimulam-nos a pensar que venham tratar-se de guardiões de segredos que remontam a um tempo desconhecido, fato que pode ser atribuído à sua intrincada simbologia e à variedade de manifestações existentes em um mesmo espaço territorial.

 

Pode-se ver, com perplexidade, que a cerca de 800 ou a 1000 metros que separam um abrigo do outro, seus conteúdos se mostram tão diferenciados e seus estilos tão divergentes que não podemos, em uma análise rápida, encontrar explicações consistentes sobre seus conteúdos e como isto poderia ter acontecido. Neste sentido, seus registros levam-nos a arguir se poderiam estes terem sido desenvolvidos por povos muito diferentes entre si, com ideais e inteligência diferenciados e objetivos também. Por estarem agrupados em um mesmo local, com pouca distância entre eles, a explicação deste fenômeno se torna ainda mais difícil de ser consolidada. Temos notícia de que em todo o Parque existem cerca de 60 sítios arqueológicos e visitamos apenas cinco deles, onde se podem constatar diferenças marcantes em sua contextura artística e na sua complexa simbologia. O que dizer dos demais sítios e de seus registros milenares?

 

De fato, torna-se uma tarefa não muito simples atribuir autores para estes registros que se mostram com elevado grau de dificuldade na sua criação, elaboração e expressividade, que são atribuídas a determinadas figuras, de caráter desconhecido, que guardam também um elevado nível de complexidade. Ademais, temos aqui reunidos imensos painéis líticos que desafiam a nossa inteligência, diante de nossas inúmeras tentativas para decifrá-los ou pelo menos vir a compreender a razão de sua vasta simbologia, unidas a figuras que guardam, também, elevado grau de estranheza. Isto ocorre porque em nossa análise objetiva, vêm-nos à mente como seu criador, a figura de um homem primitivo, morador de cavernas e com pouquíssimos conhecimentos intelectuais, e ainda, fortemente envolvido por seus inúmeros temores produzidos pelos fenômenos da natureza e pela própria vida restrita, com suas parcas necessidades.

 

Diante destes painéis gigantes e de rara beleza estética e complexidade gráfica, não podemos admitir, interiormente, que homens incultos como esses idealizados por nós mesmos e moradores de cavernas insalubres, teriam de ser os seus autores. Torna-se, portanto, difícil concatenar um raciocínio lógico para todas estas coisas inexplicáveis que vemos diante de nós e que nos causam forte impressão.                

 

Figuras desconhecidas encontradas na Lapa dos Desenhos.

 

Em um de seus artigos sobre pinturas e gravuras da ‘arte’ rupestre brasileira, o jornalista com especialização em ciências, Marcos Pivetta, comenta que o etnólogo alemão Theodor Koch-Grünberg em uma obra publicada em 1907, disse que as inscrições que ele viu às margens do rio Negro era resultado apenas do ócio indígena e que estas não queriam dizer nada. Depois de muitos anos de pesquisas e observações realizadas por grupos, pessoas e profissionais da área sobre os inúmeros registros rupestres no Brasil, que são extremamente fartos e variados, muitos deles de rara beleza e mistério, alimentamos a expectativa de que não haja mais ninguém que pense desta maneira e as possa ver, ao contrário, sob um enfoque mais abrangente e de maior profundidade histórica, em face do elevado grau de conteúdo e criatividade que muitas delas apresentam.

 

Figuras desconhecidas encontradas nas Lapas do Caboclo, o Índio e do Boquete.

 

É fato notório que esta pretensa ‘arte’ indígena se mostra dividida em estilos diferentes, mostrando que ela possui origens não comuns e variações importantes na sua concepção e na sua execução. Temos, por exemplo, os registros gravados nas bases dos imensos paredões pétreos, em pedras e abrigos que são de fácil produção e representam sempre animais, pessoas, e objetos de uso corriqueiro aos seus produtores. Temos um outro grupo que são bem mais elaborados e reproduzem figuras e signos desconcertantes, muitos dos quais não podem ser identificados nos dias atuais, além de que mostram uma grande quantidade de signos semelhantes a alfabetos, alguns agrupados e outros esparsos. E temos ainda um terceiro grupo que por sua incontestável diferença, não faz coro com nenhum dos registros acima referendados e que não podem ser classificados de maneira simplória, uma vez que, notadamente, tratam-se de ‘trabalhos’ de difícil execução e são regularmente carregados de complexa simbologia em suas figuras e signos retratados, como é o caso da Pedra do Ingá, por exemplo.  

 

Marcos Pivetta comenta também que é difícil nominar os autores destas variadas inscrições e que a presença de dois estilos num mesmo sítio arqueológico levanta uma questão: teria sido obra de grupos distintos, com habilidades diferentes, em um mesmo local e em épocas diferenciadas em um passado do Brasil?  O próprio arqueólogo André Prous se manifesta a este respeito e argumenta que “uma tradição pode ser a expressão de uma etnia, mas também de várias”.

 

Como temos mostrado, o Vale do Peruaçu é uma região muito rica nesta variedade de manifestações e torna-se, por isto, cercado de enigmas. Seria, pois, importante nos estendermos um pouco mais nestas questões incomuns no seguimento deste estudo, certos de que o estamos fazendo na expectativa de levantar um interesse maior das pessoas para o nosso passado, que permanece encoberto pela bruma do tempo e do mistério. 

 

Na Lapa do Boquete foi encontrada uma pedra enterrada em baixa profundidade, que possui inúmeros riscos em seu dorso, alguns dos quais, relativamente profundos. São incisões retilíneas e não nos parecem terem sido produzidas por uma ação de cortes sucessivos para gravação na rocha, mas executados de uma só vez, num único ato, pois não mostram sinais de desvios no corte, que podem ocorrer no caso de uma segunda ou terceira tentativa para aprofundar um mesmo corte.

 

Também não nos parecem tratar-se de picoteamento como os que podem ser vistos em Montalvânia, por exemplo. Como se trata de uma pedra resistente a cortes que não poderiam ter sido feitos por meio de objetos mais simples, fica a questão: como estas incisões teriam sido produzidas?

 

Inscrições semelhantes na Lapa do Boquete – Peruaçu – MG (à esquerda) e em Poxoréo – Mato Grosso (á direita), inclusive nos cortes retilíneos.

 

Outra questão que foi observada é referente a uma figura que fica na parte inferior direita deste conjunto pétreo. Apesar de estar em posição invertida, assemelha-se, de forma surpreendente, com uma que foi encontrada pelo autor na cidade de Poxoréo, em Mato Grosso e, portanto, bem distante de dali. A figura é simples, mas o que é inexplicável é que em ambas, as suas incisões parecem terem sido cortadas de uma única vez, como se pode ver nas ilustrações, ou seja, os cortes são precisos, retilíneos, e possuem maior profundidade no centro dos mesmos, deixando, inclusive, escapar prolongamentos no encontro os cortes, na parte superior da figura (em Poxoréo) e inferior (na Lapa do Boquete), detalhe que não deveria ocorrer se estas incisões tivessem sido feitas por meio de cortes manuais ou com objetos rudimentares. A própria linearidade dos cortes (vide fotografias) indica precisão no manuseio do instrumento de corte e em se tratando de uma rocha (em ambos os casos) nota-se que não poderia este tratar-se de uma ferramenta rudimentar.

 

Outro detalhe que pôde ser observado é que no fundo da gruta onde esta pedra foi encontrada enterrada, juntamente com uma ossada humana (segundo nos relatou o nosso guia Célio), acha-se gravada uma sequência de signos que lembram uma forma de escrita. Há figuras que poderiam levar-nos a pensar tratarem-se de representações de figuras humanoides ou zoomorfas, porém, o seu agrupamento em si, permite-nos admitir também que pudessem tratar-se de um conjunto de caracteres semelhantes aos de uma escrita ou de um composto de elementos simbólicos que viessem descrever ideias específicas. 

 

Inscrições na parede do fundo da gruta onde foi localizada a pedra citada.

 

Duas referências marcantes como estas, encontradas num mesmo local, inspira-nos a pensar em algo mais além, no lugar de lhes atribuirmos somente o conceito de achado arqueológico relativo a uma obra primitiva produzida aleatoriamente por homens sem discernimento. No caso específico da pedra riscada, acima citada, fica a dúvida em relação à sua feitura, considerando-se que, na hipótese aventada, seu executor ou executores não deveriam possuir instrumentos adequados para fazê-lo, da forma como ela se encontra gravada, mostrando cortes retilíneos e cortados com precisão, conforme pode ser visto nas ilustrações fotográficas.     

 

Outro local que também chamou fortemente a nossa atenção é chamada Lapa dos Desenhos. Ela é muito especial, porque tem grande destaque na quantidade e na qualidade dos registros rupestres que ela acumula, mostrando-os em agrupamentos belamente constituídos e a alturas consideráveis, revelando um elevado teor de dificuldade e sofisticação na sua execução.

 

Em toda a extensão deste conjunto rupestre ele exibe uma vasta simbologia em suas inscrições, destacando riqueza nos elementos gravados e cuidados na determinação dos componentes de cada agrupamento lítico, constituído de figuras variadas e desconhecidas, e de difícil identificação. O painel que chamamos de principal, alcança cerca de dez metros de altura na sua parte mais alta e é exuberante, possuindo ainda elementos gráficos agrupados e harmoniosos, como se representando uma linguagem própria, construindo um conjunto de grande beleza e mistério. Seus registros exercem grande proeminência sobre os demais, como se pretendessem dar ênfase ao seu conteúdo desconhecido e enigmático. (ver foto)

 

O conjunto rupestre mais importante no imenso paredão pétreo da Lapa dos Desenhos. Sua parte mais alta alcança cerca de dez metros de altura.

 

É fato, que alguns de seus componentes teriam sido destruídos pelo tempo e alguns deles se acham bem desgastados, pois se encontram expostos à luz, ao sol e à chuva, na laje verticalizada onde se acham gravados, apesar de que, mesmo assim continuam mostrando a sua grandiosidade, beleza e mistério. Este autor procurou reproduzir as figuras da parte superior e inferior deste painel o mais fiel possível (ver foto) e percebeu que antigos elementos do mesmo já se acham quase imperceptíveis, mas mesmo assim possuem o seu elevado grau de sofisticação.

 

Considerando-se todo o conjunto lítico da Lapa dos Desenhos, encontramos muitos elementos estranhos e os destacamos em um quadro à parte (ver ilustração), mostrando a sua real estranheza diante das figuras mais comuns que ele contém e que se acham ligados à própria natureza, às plantas, a pessoas e animais. Observando o quadro das figuras desconhecidas encontradas nesta Lapa, por mais que queiramos nos esforçar para compreender o seu significado, tal tentativa torna-se infrutífera e em nossa mente nada vem ao nosso alcance como sugestão para explicar tais simbolismos, ou mesmo o que poderia ter instruído as mentes de seus idealizadores para executarem estas figuras enigmáticas.

 

É nosso pensamento que não basta dizermos apenas que estas magníficas obras de arte tratam-se de trabalhos do homem primitivo que habitou estas terras. Alguém, em passado remoto do Brasil, terá que ter feito isto. A questão que se apresenta é que esta ‘arte’ apresenta elementos estranhos demais para terem sido concebidas por mentes não muito afeitas aos princípios da criatividade e do conhecimento, essencialmente necessários para a sua execução com êxito e beleza estética. E é isto o que temos diante de nós: uma bela e rica demonstração de arte e domínio de um conhecimento suspeitamente perdido.

 

O fato de estarem gravadas em paredões pétreos, grutas e cavernas não as transformam obrigatoriamente em obras produzidas por homens que ali teriam vivido ou passado por ali. A sofisticação de muitos destes registros gritam alto em nossos ouvidos que não poderiam ser. E além do mais, muitos destes trabalhos (como os desta Lapa, por exemplo) se mostram, inegavelmente, incomparáveis a muitos outros que vamos encontrar gravados na própria base deste rochedo, ou a manifestações semelhantes a estes últimos em todo o Brasil e que representam quase sempre mãos carimbadas, riscos na parede, reprodução de pequenos animais e aves, etc., as quais possuem, notadamente, características muito menos relevantes.

 

Na Lapa do Caboclo muitas das figuras gravadas na pedra nos surpreendem e seu estilo difere das demais outras Lapas que mencionamos neste artigo. Suas figuras seguem um formato mais geométrico, mostrando elementos carregados de detalhes e acabamento mais complexo. São figuras de tamanho significativo, em sua grande parte, e muitas delas mostram semelhanças com letras do alfabeto latino e estão gravadas de forma a chamar a atenção, e para serem percebidas à longa distância.

 

 

Também nesta Lapa vamos encontrar representações enigmáticas, desenhos que mostram aspectos diferentes em seu contexto, e até mesmo conteúdos inusitados. Reunimos também algumas destas figuras desconhecidas e as reproduzimos no quadro que segue anexo a este artigo, demonstrando a sua real incompatibilidade com o seu provável executor, o homem primitivo. Neste sentido podemos ver também figuras estranhas na Lapa do Índio e na Lapa do Boquete, que nos deixam também pensativos sobre o seu verdadeiro significado ou o que pretenderam os seus autores representar.

 

Já mencionamos que nos esplêndidos painéis das Lapas que visitamos, existem ainda diversos sinais que se assemelham a signos de alfabetos antigos. Para isto fizemos um levantamento dos mesmos e elaboramos uma tabela que incluímos neste trabalho. Nela podemos ver a grande intensidade destes signos encontrados em todas as Lapas que visitamos, podendo se notar uma maior concentração destes na Lapa dos Desenhos. Em face de sua grande quantidade, alguns dos quais se mostram de forma mais agrupada, julgamos que deveríamos mencioná-los neste trabalho e fortalecer o nosso pensamento de que venham tratar-se mesmo de resquícios de uma escrita muito antiga.  

 

Em muitos outros ‘casos’ analisados no Brasil, havíamo-nos referido ao silabário de Glozel, encontrado na França e fizemos comparações com os signos ali encontrados. Vimos que no Vale do Peruaçu esta possibilidade é também, significativa e como nesta região eles também se mostram presentes, julgamos importante mencioná-los. Este achado europeu foi de grande relevância no estudo da arqueologia e no entendimento das culturas que teriam vivido em nosso planeta em passado remoto.

 

Um exemplar das tabuinhas do silabário de Glozel.

 

Este estranho silabário foi encontrado em 1924, numa aldeia de Allier chamada de Glozel, próximo a Vichy, em diversas peças arqueológicas, especialmente cerâmicas, além de ossadas humanas e de animais, e objetos em pedra, por Emile Fradin e seu avô, quando eles trabalhavam na lavra do campo de sua propriedade. O jovem recolheu todos os objetos que encontrou e levou-os para sua casa e algum tempo depois, o Dr. Morlet, médico natural de Vichy e apaixonado por arqueologia, ao ser notificado a respeito, fez uma visita ao local e analisou a incrível descoberta.

 

Dentre os resíduos ósseos encontrados, os de natureza humana foram considerados como sendo provenientes de uma raça primitiva de intensa musculatura e desconhecida dos pesquisadores, por causa de sua antiguidade e compleição dos ossos. Vários artefatos de cerâmica também faziam parte da descoberta, tais como vasos, ídolos e tabuinhas com inscrições, que foram estudadas pelo Dr. Morlet, sendo, posteriormente, por ele organizada, classificando suas inscrições em um silabário que se constituiu de 116 signos.

 

 

Quadro com alguns caracteres de Glozel (França) comparados com signos encontrados no Vale do Peruaçu.

 

Após transcorridos todo este tempo, muitas pesquisas e controvérsias surgiram. As tabuinhas que subsistiram (cerca de quarenta delas), especialmente, medindo, em geral, por volta de 15 x 20 cm e 3 ou 4 cm de espessura, trazem gravadas uma grande quantidade de signos, como numa escrita regular (ver ilustrações). Alguns dos signos assemelham-se fortemente às letras latinas A, C, F, H, K, T, X, U, V, W, Y e Z, que aparecem de forma repetitiva em todas elas; os demais signos catalogados parecem compor com estes últimos uma espécie de sequência de texto, que poderiam conduzir a algum significado, como ocorre numa escrita regular.

 

O Dr. Morlet chegou a elaborar também um estudo sobre alguns signos alfabetiformes encontrados em grutas nas localidades de Montespan, Rochebertier, Moutcombroux, Lascaux, Lê Cluzel, Puyravel, Chez-Guerrier, Pedra Frisgiada, El Pendo, Gambeta, Alvão, etc., na França, Portugal, Espanha, Córsega e Romênia, os quais possuem também certa semelhança com alguns dos signos encontrados em Glozel, como os que destacamos abaixo:

 

 

 

A citação do achado de Glozel não deixa de ser relevante neste estudo, porque encontramos nos seus signos semelhanças marcantes com os que foram encontrados, em grande quantidade, gravados em diversas regiões do Brasil. Neste caso específico do Peruaçu, diríamos que Glozel encontrou também um elevado padrão de identidade e podemos constatá-lo através do quadro que anexamos ao presente estudo, destacando-os em cada um dos sítios visitados por nós.  

 

Neste momento só podemos mostrar as semelhanças marcantes que existem entre estes signos de cunho alfabético e de relevante importância, pois não temos ainda meios para levar mais longe a nossa suspeita de que ambos se tratem de uma escrita primitiva. Mas, pensamos que trata-se de algo, no mínimo, perturbador, quando podemos encontrar tantos elementos conciliatórios nos sinais de Glozel e nas enigmáticas inscrições rupestres brasileiras e, consequentemente, também nas do Vale do Peruaçu.

 

Quando nos deparamos com este tipo de acontecimento, sabemos que deverá existir algo de maior vulto oculto por trás destes registros formidáveis, que poderá a qualquer tempo desvelar a sua transcendente roupagem e se mostrar com maior visibilidade perante os estudiosos. O progresso nas novas perspectivas estudos e o avanço dos meios tecnológicos, certamente, muito contribuirão para abrir novas ‘frestas’ no meio deste imenso cipoal de mistério e mostrar o que ele oculta em seu cerne. Enquanto isto, cabe-nos não ignorar que algo de maior significância possa existir neste mundo de eventos que envolve a antiga e desconhecida história do Brasil, que tem demonstrado a cada descoberta um novo mistério a ser desbravado e conhecido.

 

* J.A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil com o intuito de melhor compreender seus mistérios milenares. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail: jafonseca1@hotmail.com.

 

- Fotografias: J. A. Fonseca e Margarete Fonseca.

 

- Ilustrações: J. A. Fonseca.

 

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