Símbolos no Brasil

 

Antigas gravações:

A rica Simbologia Rupestre do Brasil - Parte 1

Em muitos outros artigos abordamos esta estimulante temática dos símbolos brasilienses que se acham contidos nos variados tipos de inscrições rupestres aqui manifestadas, cujas características induzem-nos a pensar que não venham se tratar simplesmente de passatempo ou de rabiscos inconscientes dos homens primitivos de nossa terra.

 

Por J. A. FONSECA*

De Itaúna/MG

julho/agosto - 2022

jafonseca1@hotmail.com

 

 

Inscrições na Lapa do Boquete – Vale do Peruaçu – MG.

 

Há uma simbologia ricamente manifestada junto das antigas inscrições rupestres do Brasil. Elas podem ser observadas em inúmeras itacoatiaras (pedras pintadas) gravadas em todo o território brasileiro, como também em grutas ou cavernas, paredões pétreos e ainda na encantadora arte cerâmica de antigos povos da Amazônia. Sua incidência é muito forte e a qualidade de muitas dessas representações é surpreendente e cheia de mistérios e questões que ainda não foram respondidas.

 

Em muitos outros artigos abordamos esta estimulante temática dos símbolos brasilienses que se acham contidos nos variados tipos de inscrições rupestres aqui manifestadas, cujas características induzem-nos a pensar que não venham se tratar simplesmente de passatempo ou de rabiscos inconscientes dos homens primitivos de nossa terra.

 

Os mistérios ligados aos símbolos gravados nos diversificados murais e em pedra, como também em objetos cerâmicos variados sempre despertaram a curiosidade deste autor. Assim, seu interesse veio estender-se, consequentemente, sobre os registros rupestres encontrados em outras regiões do Brasil, por causa da sua intensidade e variedade de expressões, bem como carregando características muitas vezes inusitadas e de difícil explicação.

 

Este posicionamento do autor não deixa de causar um certo desconforto, pois que, em geral, é praxe concluir-se que deveríamos aceitar apenas uma espécie de morador antigo para estas terras, cujos membros não passavam de nativos ociosos e ignorantes, vivendo seminus e cheios de crendices, dotados de raríssima habilidade artística e de caráter sempre aleatória. Esta posição não nos permite explicar o grau elevado do conteúdo e da execução de muitos casos destes registros e em cerâmicas que são encontradas especialmente na Amazônia, onde vamos constatar uma inexplicável presença de arte excepcional e complexa, e uma simbologia de caráter universal.

 

É importante dizer que os atuais remanescentes silvícolas de nosso tempo não escondem de ninguém que os registros rupestres encontrados em suas terras não têm qualquer relação com seus antepassados e que tais procedimentos são muito antigos e não estariam incluídos no contexto de suas tradições, até mesmo as mais remotas. Chegam até mesmo a considera-las como sendo sagradas, pois remontam a uma idade que eles não sabem expressar ou compreender.

 

Ao nos deparamos com muitos desses aspectos mais sofisticados do Brasil remoto e que se afloram com certa arrogância por toda a parte, multiplicam-se imediatamente diante de nós muitas outras perspectivas e ficamos até mesmo convencidos de que tais características culturais não poderiam jamais estar relacionadas a esses povos que costumamos chamar de brasileiros natos, por causa de suas conotações peculiares, distantes da vida natural em que viviam e das próprias tradições que se esforçavam para manterem-se intactas.

 

Nativo brasileiro remanescente dos antigos grupos que viviam no Brasil na época da sua descoberta.

 

É nossa percepção que se torna necessário traçar uma linha divisória entre aquilo que chamaríamos de achados arqueológicos, inclusive os trabalhos de ‘arte’ rupestre que estejam relacionados a povos primitivos no Brasil, ou mesmo antepassados silvícolas, e entre os demais outros já mencionados e que são, notadamente, de natureza superior, pois que sugerem estarem ligados a grupos mais diferenciados. Estes se destacam dos demais com grande força e muitas vezes costumam apresentar caracteres que mostram uma forma de escrita, enquanto que outros mostram figuras enigmáticas, muito complexas e bem elaboradas. Estas últimas distanciam-se grandemente das citadas manifestações ocasionais, cuja temática quase sempre aborda acontecimentos da vida cotidiana das pessoas, como figuras humanas e de animais, riscos, mãos carimbadas, etc., sem muita precisão ou cuidados especiais na sua elaboração.  

 

Mesmo que queiramos impulsionar a nossa boa vontade no sentido de querer aceitar que estas segundas manifestações, mais comuns, possam estar relacionadas às demais outras de caráter mais sofisticado e de conteúdo mais denso e inteligente, não o conseguiríamos, a menos que fechássemos os olhos para os detalhes gritantes que estas demonstram efusivamente possuir, para não citar o seu elevado grau de dificuldade mostrado na sua idealização e execução, que não seriam permitidas a um ‘artista’ de pouco discernimento. 

 

Queremos, assim, abordar neste novo artigo algumas destas diferenças marcantes encontradas nas inscrições rupestres que se acham gravadas em todo o território brasileiro, desde as mais simples, as medianas e as mais complexas, mostrando estas diferenças e deixando claro que os povos que executaram as obras de ‘arte’ mais corriqueiras não poderiam ter sido os mesmos que executaram estas outras, mais complexas.  Em muitos outros países vamos encontrar também representações deste tipo, carregadas de símbolos e figuras enigmáticas interligadas entre si, como se se tratassem de um contexto único, uma espécie de descrição de algo relevante para aquele grupo de homens que os idealizaram.  

 

Entendemos, que muito do que se acha gravado nestas pedras milenares do Brasil venham tratar-se de ‘relatos’ ou de conhecimentos antigos que esses povos tentaram preservar, porque apoiando-se nas representações mais complexas vamos encontrar símbolos de caráter universal e traçados semelhantes a caracteres alfabéticos antigos e modernos.

 

Neste sentido, pode-se depreender a extensão da dificuldade que envolve o processo de se decifrar e compreender esta grande incidência de símbolos que se acham presentes na antiga ‘arte’ rupestre atribuída a nossos remotos predecessores e os fatores que envolvem a sua própria existência.

 

Quando nossa mente se propõe ultrapassar, como um ‘sonho’, o limiar que separa o convencionalismo acadêmico de uma outra possibilidade, podemos ousar perceber que existe algo ainda maior inserido nestas petrogravuras do que apenas simples manifestações de homens ignorantes e medrosos, pois vamos encontrar diferenças importantes nesta ‘arte’ que é de caráter mais simples em relação às mais sofisticadas e de conteúdo e execução mais cuidadosa e complexa. Deparamos então com um sustentáculo firme para este ‘sonho’ que ultrapassa o convencionalismo por ousar ver elementos inexplicáveis em uma grande quantidade de representações rupestres e nos monumentos pétreos gigantescos que se mostram em toda a parte.

 

 

Acreditamos estar próximo o dia em que muitos destes portentosos enigmas venham ter seus mistérios desvelados e que as “setas de fogo” que orientam seus signos secretos venham desvelar esta outra realidade, simbolicamente criptografada em diversas partes do Brasil e do mundo, como se fossem um monumental quebra-cabeças pré-histórico, aguardando por um decifrador de mistérios experiente.

 

Hoje, uma visão como esta classificar-se-ia ainda como algo de caráter puramente fantasioso ou de pouca probabilidade, apesar de que certos achados continuam enigmáticos e indecifráveis, desafiando a perspicácia, a técnica e o conhecimento dos estudiosos contemporâneos.

 

Temos uma infinidade de inscrições rupestres no Brasil que podem ser identificadas com este grupo que se apresenta de forma mais enigmática e mais complexa.

 

Tendo por base as observações feitas por este autor ‘in loco’ em muitas localidades brasileiras, este vem concluindo que esta rica simbologia contida em sua ‘arte’, mais bem elaborada, seria de pleno conhecimento de seus autores e que, portanto, estas não poderiam ter sido grafadas de forma aleatória ou inconsciente, dada a quantidade destas representações e de seus agrupamentos bem delineados, com a utilização de símbolos diversificados que, em grande parte, possuem caráter universal.  

 

É inegável que muitas destas manifestações rupestres possuem muitos elementos sofisticados que fogem ao entendimento do estudioso e o impressionam. A própria ciência avança no sentido do conhecimento das coisas e descobre sempre novos elementos que trazem o progresso e o discernimento para coisas desconhecidas ou pouco conhecidas no decorrer dos tempos. Assim também haverá de ocorrer com o estudo da arqueologia, esperamos, e com os demais outros estudos que mostram o desenvolvimento humano em diferentes etapas da vida na Terra.

 

Como já foi dito, no Brasil também podem ser encontradas muitas destas inscrições misteriosas e locais especialmente inexplicáveis, que bem poderiam estar relacionadas com as lendas de nosso antigo povo brasiliense. Dentre os muitos destes lugares incomuns, podemos citar os seguintes: a Pedra da Gávea, no Rio de Janeiro, com sua esfinge e suas inscrições fenícias; a cidade de São Tomé das Letras, no sul de Minas Gerais, com suas grutas e inscrições misteriosas e indecifráveis; as grutas de Montalvânia, no norte de Minas Gerais, com seu misterioso acervo em baixo relevo e pinturas rupestres; o Vale do Peruaçu, também no norte de Minas Gerais com suas grutas e cavernas exuberantes e excepcionais painéis líticos de elevado simbolismo gráfico e execução impecável; a Serra do Roncador, no Mato Grosso, com suas evidências milenares e enigmas a serem também decifrados. Podemos citar ainda, o complexo das Sete Cidades do Piauí, onde se podem ver ruínas de origem antiquíssima e suas milhares de inscrições enigmáticas; o complexo de Vila Velha, no estado do Paraná, Itacueretaba, na terminologia Tupi ou cidade extinta de pedra, com seus maciços pétreos de rara beleza e mistério; a região de Caiapônia no interior do estado de Goiás com suas misteriosas inscrições em pedra e as enigmáticas ruínas de Paraúna, além de muitas outras no estado do Amazonas, Pará, Tocantins, Ceará, Bahia e outros estados brasileiros, especialmente do nordeste do Brasil.

 

Fato curioso, é que em todas estas regiões seus moradores fazem relatos sobre acontecimentos não muito comuns que são aí percebidos, além de falarem de sua beleza natural e de sua atração inexplicável. Falam sobre a presença de fenômenos luminosos, manifestações de natureza desconhecida, indicam a presença de verdadeiros “monumentos” pétreos inexplicáveis, de grandes muralhas, como a indicar ruínas de uma fortaleza construída por mãos humanas, além de marcas de outras construções milenares, estranhos magnetismos, inscrições sempre incompreendidas, altares e espaços semelhantes a templos.

 

Na elaboração deste trabalho o autor não desconhece a tese de que as lendas e as crenças demarcam campos de compreensão bem distintos com a chamada realidade, e isto é algo que não se pretende debater. Por outro lado, pensa que também não se pode ignorar por completo estes mitos milenares, porque a riqueza de seus conteúdos, mesmo que deformados com o correr dos tempos é surpreendente. Além do mais já se constatou que a lenda ressurgiu com grande força e tornou-se realidade, mostrando a sua real possibilidade de ser constatável, como é o caso clássico da cidade lendária de Tróia, dada como ficção e descoberta pela persistência e argúcia do arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.

 

Algo que não pode passar despercebido é que existem quantidades incalculáveis de figuras desconhecidas e de caracteres tipo alfabéticos gravados em pedras em todas as regiões do Brasil e este fator vem impulsionar-nos a pensar, que possam estar estes signos relacionados a um conhecimento perdido ou a um tipo de escrita primitiva dos tempos mais remotos do Brasil. Este assunto já foi tratado em outros artigos por este autor, mas este pensa que nunca é demais falar sobre o mesmo quando a oportunidade o permite.

 

Assim, não nos parece que estes grafismos variados possam tratar-se apenas de trabalho inconsciente de seus autores, mas que, ao contrário, venham estar relacionados a uma espécie de desejo de ‘escrever’ algo, combinando sua escrita com figuras justapostas para justificar a ampliar o seu conteúdo. Queremos mostrar que se trata, porém, de alguma coisa ‘sui generis’ poder encontrar ‘letras’ como estas gravadas em rochas por todo o Brasil com intensa manifestação, sendo que em alguns casos sua presença nos deixa bastante desconcertados e sem uma explicação convincente, algo deveras inusitado que mereceria, a nosso ver, uma análise bem mais aprofundada por parte dos estudiosos.    

 

Nossa pesquisa não alcança a pretensão de decifrar os signos encontrados em nossa terra, e em muitos outros lugares, pois que se trata de uma tarefa muito extensa e de elevado grau de dificuldade. Porém, podem elas serem destacadas e mostradas em seus inúmeros casos no Brasil, onde se podem ver agrupamentos coesos de signos justapostos ou isolados e perceber que muitos deles se repetem em muitas localidades, formando misteriosos ideogramas ou representando desenhos enigmáticos e símbolos incompreensíveis.

 

Por isto, questionamos em nosso trabalho a hipótese de que a criação desses símbolos não poderia ter sido feita de forma aleatória pelo homem primitivo destas terras ao pretender representar suas ideias, porque estes guardam qualificações muito coincidentes com as que podem ser encontradas em muitos outros lugares, inclusive em outros países, como iremos demonstrar. Em nossas observações sugerimos que poderia haver um silabário oculto registrado junto das inscrições rupestres em todas as regiões do Brasil, dada a intensidade de signos que são encontrados nestas manifestações de ‘arte’ dos antigos habitantes de nossa terra.

 

Para ilustração elaboramos um quadro não muito extenso de alguns caracteres alfabéticos de civilizações mais antigas e os comparamos com alguns dos símbolos encontrados em Glozel (França) e no Brasil. Pode-se ver que existem mesmo muitas semelhanças entre eles e, somente isto, mereceria uma maior atenção e uma verificação mais aprofundada.

 

 

Comentamos a seguir as origens dos signos alfabéticos que utilizamos nesta comparação.

 

Os alfabetos, fenício antigo, fenício recente, aramaico, semítico antigo e hebraico antigo são muito semelhantes entre si. Sabe-se que o sistema de escrita fenício evoluiu do protocananita por volta do século XI a. C. e que o fenício é uma língua semítica que foi consolidada numa escrita consonântica constituída por 22 caracteres. Diz-se que a língua fenícia pode ser chamada de semítico ocidental por causa de sua semelhança com a língua hebraica.

 

O etrusco foi uma escrita desenvolvida por um povo que teria vivido no sul da Itália a partir do alfabeto grego antigo. Os povos etruscos aprenderam a escrever com os gregos desta região itálica e ao desenvolverem algumas alterações no alfabeto grego criaram seu próprio alfabeto. O grego antigo foi um primeiro sistema de escrita a mostrar símbolos para sons consonânticos e vocálicos individuais. Havia pelo menos quatro tipos de alfabetos gregos na antiguidade que depois foram unificados num único sistema alfabético.

 

O osco era uma das várias línguas faladas na Itália antiga de origem indo-europeia. Era originária do alfabeto etrusco e acabou sendo absorvida totalmente pelo latim que passou a ser falado e escrito em toda a Itália.

 

O copta foi uma escrita que teve sua origem na língua grega. Com a decadência do egípcio demótico esta foi suplantada pelo copta que, entretanto, conservou caracteres importantes da escrita demótica do Egito.

 

O tifinagh se constituía de um sistema de escrita utilizado pelos povos Tuaregues que viviam no norte da África e se dedicavam à prática do pastoreio. Teve origem numa escrita da Líbia da antiguidade.

 

O lício foi uma escrita desenvolvida por volta do século V a. C. no sudoeste da Ásia Menor pelos povos da região. Derivou-se do alfabeto grego e foi utilizada nos séculos V e IV a. C.

 

A escrita rúnica, que foi desenvolvida pelos povos germânicos com suas linhas verticais e diagonais retilíneas se dispõem numa ordem alfabética que os estudiosos chamam de “futhark”, nome este que está relacionado às seis primeiras letras deste alfabeto. Seus símbolos se basearam em letras do alfabeto latino e grego, exceção feita às letras “u” e “o”. As runas foram usadas pelos vários povos germânicos na Europa desde o século III e eram frequentemente registradas em metal, pedra ou madeira.

 

Os egípcios desenvolveram um alfabeto constituído de 24 letras que era, porém, composto somente por consoantes e totalmente hieroglífico. Por volta do ano de 200 a. C. quando Meroe se tornou a nova capital do Egito, este povo acabou por desenvolver uma escrita própria. Assim surgiu um alfabeto meroítico com caracteres hieroglíficos e demóticos que até nos dias de hoje não possui uma interpretação completa e indiscutível.

 

Os sinais gublíticos teve origem nos centros culturais mais antigos da Fenícia. O nome gublítico foi cunhado pelo estudioso Anton Jirku, de Bonn, que desenvolveu estudos sobre a antiga cultura de Byblos ou Gubla, de origem Fenícia. Algum tempo depois Edouard Dhorme concluiu que a escrita de Byblos era silábica, o que acabou gerando uma lista de sinais gublíticos, da qual, retiramos alguns dos signos para compará-los aos encontrados no Brasil.

 

Queremos fazer um destaque especial aos caracteres de origem hitita por causa de seu caráter ideográfico e sua semelhança com as figuras moldadas na inigualável Pedra do Ingá, na Paraíba. É preciso destacar que a cidade de Karkemich tornou-se em sua época o centro do poderio hitita na Síria do Norte, localizando-se às margens do rio Eufrates. Segundo os pesquisadores a escrita hitita teria se originado da escrita cuneiforme e egípcia, uma vez que ali se acham inclusos grande incidência de hieróglifos, se bem que não delineados com tanta arte e beleza quanto aos egípcios.

 

Para os linguistas a escrita hitita era de caráter essencialmente ideográfica, mas que se diferenciava da egípcia pela apresentação de seus ícones. Enquanto o egípcio, dizem eles, escrevia utilizando padrões bem definidos, preocupando-se mais com seu aspecto artístico do que formal, o hitita se preocupava mais com o seu aspecto de comunicação e menos com sua aparência.

 

A linguagem hieroglífica hitita já era utilizada por este povo desde o chamado Antigo Império, há cerca de 1600 – 1470 a. C., ao lado da escrita que era chamada de cuneiforme. As inscrições de Karkemich mostram este tipo de escrita regular que muito se assemelha com as insculturas encontradas na citada pedra paraibana do Ingá, conforme ilustramos no quadro abaixo.

 

Quadro comparativo de inscrições de caráter ideográfico, de Karkemich (Anatólia) e da Pedra do Ingá (Paraíba), feitos por este autor.

 

Os caracteres de Glozel (França) foram descobertos em 1924 e encontravam-se gravados em objetos de cerâmica, de pedra e também em calhaus rolados, mostrando uma grande variedade de símbolos como se fora uma escrita primitiva. Eles não foram ainda decifrados e assemelham-se também com os demais caracteres alfabéticos apresentados no quadro comparativo acima e a muitos dos que foram encontrados no Brasil.

 

Poderíamos dizer que é provável que tenha havido uma escrita genuinamente brasileira que se acha perdida nos registros rupestres gravados de norte a sul de nosso país? Pensamos que sim.

 

Para efeito de comparação com as escritas mais antigas que mostramos acima destacamos alguns “trechos” de inscrições rupestres brasileiras que nos levantam dúvidas sobre a sua incisiva presença em nossas terras e que sustentam a nossa hipótese de que venham tratar-se de signos alfabéticos deliberadamente produzidos, ou seja, grafados nos moldes de uma escrita regular, como é usualmente aceita. Percebe-se que os casos não são fortuitos e que se acham gravados de norte a sul do país com forte destaque nas regiões norte e nordeste.

 

A notória semelhança dos caracteres brasileiros com os de outros povos deixa-nos a suspeita de que estes tenham tido qualquer tipo de relacionamento entre si e não podem os estudiosos desconsiderá-los em suas pesquisas ou simplesmente apontar conclusões apressadas de que se tratem apenas de simples coincidência ou de rabiscos inconscientes.

 

Pode-se notar que alguns destes “textos” líticos apresentam também caracteres semelhantes a letras do alfabeto latino, enquanto que outros, mais complexos, mostram algo como se fosse uma escrita cursiva, com a utilização de signos alfabéticos e sinais assemelhados a ideogramas.

 

Dentre as inúmeras manifestações primitivas encontradas em diversas regiões do Brasil, selecionamos algumas ilustrações que foram destacadas desta vasta ‘arte’ rupestre presente nos seus variados painéis líticos e grafadas de forma variada, mas incompreensível, em muitos casos, como veremos a seguir.

 

Inscrições gravadas no morro do Canta Galo, em São Thomé das Letras, MG e copiadas pelo pesquisador Oriental Luiz Noronha, residente nesta cidade e constantes em seu livro ‘São Thomé das Letras e o Mundo Subterrâneo’, reproduzidas por este autor.

 

Inscrições semelhantes a uma escrita encontradas no local denominado Vale dos Mestres III, em Canindé de São Francisco – Sergipe. Poderíamos acreditar que elas tenham sido produzidas de forma aleatória, sem uma intenção clara de transmitir uma ideia?

 

Inscrições sequenciais encontradas na Gruta do Índio, no Vale do Peruaçu, município de Januária, MG, em pesquisa realizada por Joaquim Perfeito e, posteriormente constatadas por este autor.

 

Inscrições no Sitio da Grota Funda, em Carnaúba dos Dantas, sertão do Seridó, Rio Grande do Norte anotadas e ilustradas pelo pesquisador José de Azevedo Dantas na década de 1920 e reproduzidas por este autor.

 

Reprodução da parte central das inscrições na Pedra do Ingá, na Paraíba, feita por este autor a partir de fotografias. Poderia se negar que elas viessem tratar-se de figuras previamente organizadas e produzidas com critério ou que poderiam estar relacionadas a um tipo de escrita ideográfica?

 

 

Reprodução da parte central da pedra da Retumba ou de Picuí, na Paraíba, registrada pelo engenheiro paraibano Francisco Retumba. Seu conteúdo é complexo e indecifrável, poderia estar relacionado a registros cosmogônicos, planetas, estrelas e constelações, além de conter caracteres que se assemelham a uma provável escrita.

 

 

A misteriosa pedra do mapa descoberta na cidade de Três Barras, em Santa Catarina, que consta do livro do pesquisador Luiz Galdino ‘Os Incas no Brasil’. Poderia se dizer que estas inscrições seriam registros aleatórios e sem nexo? 

 

 

A chamada pedra escrita, localizada em São Geraldo do Araguaia na bacia dos rios Araguaia e Tocantins – Pará. O que dizer da simbologia enigmática desta pedra?

 

Inscrições encontradas pelo pesquisador amazonense Bernardo Ramos, no rio Sangay, pequeno afluente do rio Urubu, no estado do Amazonas. Segundo se sabe estas ‘escritas’ não podem mais ser encontradas, pois ou estariam submersas ou teriam sido destruídas.

 

 

No estado do Pará foram também encontradas diversas figuras de conteúdo estranho, como veremos a seguir. Acima: Gravações no estreito São Félix do Xingu, Pará. Abaixo: Gravuras na ilha de São Gonçalo, São Félix do Xingu, Pará.

 

 

 

Inscrições na Cachoeira do São Nicolau, Rio Erepecuru, município de Oriximiná, Pará.

 

 Além destas mostras de escrita no Brasil, dentre muitas, queremos destacar também as inscrições que guardam profundas semelhanças com letras latinas e surpreendem pelo seu talhe e cuidados na sua feitura. Algumas destas são especialmente rebuscadas, mas não deixam de guardar semelhança com as letras de alfabetos conhecidos. Vejamos alguns exemplos:

Gravura encontrada na ilha Belo Horizonte, Rio Xingu, Altamira, Pará.

 

Cachoeira do Itamaracá, Anapu, Pará.

 

Inscrições encontradas numa galeria subterrânea entre as cidades de Urubici e Bom Retiro, Santa Catarina, reproduzidas pelo autor de ilustração contida no livro ‘Os Incas no Brasil’ de Luiz Galdino.

 

Inscrições na Lapa do Caboclo (à esquerda) e na Lapa dos Desenhos (à direita). Em ambas podem-se ver reproduções de letras latinas junto de figuras não muito convencionais.

 

São inúmeros os registros enigmáticos que podem ser encontrados na misteriosa ‘arte’ rupestre do Brasil, mas expusemos neste artigo apenas alguns exemplares desta sofisticada manifestação lítica para corroborar esta nossa discussão sobre o seu elevado grau de estranheza.

 

Na segunda parte deste estudo vamos continuar expondo muitas destas estranhas figuras gravadas em pedra em nosso país, mostrando a sua realidade surpreendente ao lado de caracteres como estes que acabamos de comentar e faremos algumas comparações com inscrições e figuras semelhantes existentes em muitas outras regiões do nosso planeta, quando apresentaremos muitas de suas semelhanças e curiosidades.

 

- Aguarde a Parte 2 dessa matéria.

 

* J. A. Fonseca é economista, aposentado, espiritualista, conferencista, pesquisador e escritor, e tem-se aprofundado no estudo da arqueologia brasileira e realizado incursões em diversas regiões do Brasil. É articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA. E-mail jafonseca1@hotmail.com

 

 

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