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Energia

 

 

Apagões:

Reincidência de blecautes não tem resposta

Nossa primeira experiência com os apagões foi registrada em 1984,

de lá para cá, as interrupções foram se tornando cada vez mais frequentes.

 

Por Marimel*

De Aracajú/SE

Para Via Fanzine

15/10/2012

 

Apesar do substancioso histórico de blecautes somente em 2012,

o governo afirma que investimentos e manutenções estão sendo feitos.

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Piques no fornecimento de energia

 

Há cerca de dois meses o Brasil está sofrendo com a interrupção no fornecimento de energia elétrica em várias de suas regiões. As ocorrências dos blecautes, popularmente chamados de “apagões”, intensificaram-se nesse mês de outubro, tornando-se praticamente eventos diários em algumas localidades.

 

Os prejuízos para a população são imensuráveis, ultrapassando a questão de ordem financeira e promovendo, também, o fechamento de escolas, cancelamentos de cirurgias, colapso em sistemas de abastecimento de água e caos no trânsito.

 

A história nos mostra que já tivemos problemas com a interrupção no abastecimento de energia em outras ocasiões. Nossa primeira experiência com os apagões foi registrada em 1984. Naquele ano foram atingidos pelo blecaute os Estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso do Sul. A causa teria sido um incêndio na subestação de Jaguará.

 

Em 1985, um apagão atingiu todos os Estados das regiões Sul e Sudeste. A causa teria sido sobrecarga do sistema de São Roque, São Paulo. Em 1990, grande parte do território brasileiro foi atingida por um blecaute. Nessa ocasião, causa não foi divulgada.

 

Entre julho de 2001 e setembro de 2002, o Brasil passou por uma crise no setor de energia elétrica, provocada pela ausência de chuvas e falta de investimento no setor. As causas foram os baixos níveis de água nas represas, impossibilitando a geração de energia e criando a maior crise no setor, chamada de “Crise do Apagão”. A chance de ocorrer apagões no país era real e batia às nossas portas, quando enfrentamos um racionamento energético elaborado às pressas pelo governo.

 

Em 2005 a ameaça se concretizou. Um apagão atingiu dois Estados da região Sudeste, o Espírito Santo e o Rio de Janeiro. Esse evento se repetiu em 2007, atingindo esses dois mesmos Estados. As causas alegadas foram problemas de geração em Furnas.

 

Em 2009, o blecaute atingiu 18 Estados brasileiros das regiões Sudeste, Sul, Norte, Nordeste e Centro-0este. Este foi o maior apagão da história. A causa teria sido o desligamento da usina hidroelétrica de Itaipu.

 

Em 2011 foi a vez da região Nordeste. Os Estados de Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte sofreram blecautes. As causas teriam sido problemas na rede de transmissão.

 

Imagem tomada no bairro Belvedere mostra a capital mineira

apagada durante o último blecaute nesse mês de outubro.

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Histórico de 2012

 

No dia 22/09 de 2012, o blecaute atingiu 11 Estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Segundo a ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico), a pane ocorreu devido a um curto circuito em um transformador de uma subestação do Maranhão.

 

No dia 25/09, o blecaute ocorrido no sudoeste de Goiás, deixou mais de 100 mil pessoas sem energia e foi causa da morte de 213 porcos em uma granja da região. Antes disso, no final de agosto, Goiás já havia sofrido problemas com blecautes, que deixaram 90% do Estado às escuras. A causa do problema, segundo a ONS, foi o rompimento dos cabos de transmissão entre Furnas e a subestação Goiânia Leste. Neste incidente, a causa foi atribuída às chuvas e fortes ventos que atingiram a região.

 

Na primeira semana desse mês de outubro, tivemos três apagões a níveis regionais e municipais por dois dias consecutivos e em diferentes regiões do Brasil. O primeiro ocorreu no dia 03/10, afetando as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e os Estados de Rondônia e Acre. Segundo informações oficiais, o blecaute foi gerado por uma pane na subestação da usina de Itaipu. O Diretor Geral de Itaipu, Jorge Samek, informou que equipamento nenhum está imune às falhas, “Não estamos imunes a falhas. Nenhum sistema elétrico do mundo está imune a perturbações”, afirmou.

 

No dia seguinte, 04/10, um apagão atingiu 80% do Distrito Federal. O funcionamento administrativo dos órgãos governamentais no Planalto e Esplanada dos Ministérios, só foi possível mediante a utilização de geradores. Curiosamente, esse apagão ocorreu durante a reunião emergencial entre o Ministro de Minas e Energia, dirigentes da ONS e membros do Conselho para Monitoramento do Sistema Elétrico. A reunião discutiria, justamente, sobre os blecautes anteriores. 

 

Com o abastecimento de energia elétrica restabelecido no Distrito Federal, foi a vez de Minas Gerais sofrer com um blecaute. Dessa vez, um defeito numa subestação deixou 16 bairros às escuras na região da Pampulha. Até o fechamento desse artigo, a CEMIG, responsável pela distribuição de energia no Estado não explicou sobre as causas do apagão.

 

Hidrelétricas respondem pela maior demanda de geração de energia no Brasil.

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Ministro vê normalidade

 

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, após esses últimos blecautes, rebateu as críticas ao setor elétrico nacional, descartando a falta de investimento no setor, “nunca se investiu no setor elétrico do país como agora”, disse. O ministro informou que foram investidos R$ 41 bilhões em oito anos e que nos próximos 10 anos serão investidos mais R$ 388 bilhões. Segundo ele, as manutenções estão em dia, mas que os defeitos acontecem.

 

O país possui 100 mil quilômetros de linhas de transmissão e Lobão é favorável a construção de quatro usinas nucleares no país. Para ele, a tecnologia nuclear “não constitui risco nenhum”. Ele informou que há um projeto para a construção de mais usinas nucleares, sendo, duas na região Nordeste e duas na região Sudeste.

 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, no mês de setembro, Nelson Leite, presidente da Associação de Distribuidores de Energia Elétrica, informou que há um investimento de R$ 11 bilhões por ano no setor de distribuição.

 

Encerrou-se no dia 30 de setembro, a consulta pública ao Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), para o período de 2012 a 2021. O PDE prevê um investimento de R$ 1 trilhão para os próximos 10 anos no setor energético.

 

Altino Ventura, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Estratégico do Ministério de Minas e Energia, informou que 80% da expansão do país no setor elétrico, estão baseados em energia hidroelétrica, eólica e biomassa (uso de matéria orgânica na geração de energia) e que para isso será necessário o investimento da ordem de 2,6% do PIB.

 

Origens das interrupções

 

Com tantos investimentos no setor, fiscalização e manutenção constante dos equipamentos, não há uma justificativa plausível para tantos eventos de interrupção na transmissão de energia elétrica no país. A pergunta é: o que estaria provocando estes apagões e por que, em 2012, tais ocorrências tiveram um significativo aumento superior a 300% em relação aos anos anteriores?

 

Enquanto os órgãos competentes ainda não conseguem fornecer uma resposta concisa quanto às interrupções na distribuição da energia elétrica, seria conveniente deixarmos sempre algumas velinhas em casa para o caso de um novo apagão.

 

Mas se não é a falta de investimento ou a ineficiência da manutenção do setor elétrico, como afirmam as nossas autoridades da área, o que estaria causando os apagões? Estaríamos prestes a presenciarmos um novo Evento Carrington, 153 anos após o episódio?

 

* Marimel é pesquisadora, articulista e editora do blog Dinâmica da Evolução.

 

 - Referências: Ministério das Minas e Energia e informações das agências.

 

- Revisão: Carlos Abreu.

 

- Imagens: Jamille Sad-EM e Divulgação.

 

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