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Clima Espacial
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Influências externas: Tempestades solares e apagões energéticos Ultimamente, um dos assuntos mais comentados na Internet, é a atividade solar, que pode atingir diversos sistemas elétrico-eletrônicos em todo planeta.
Por Marimel* De Aracajú/SE Para Via Fanzine 29/10/2012
ATUALIZADO & REVISADO
Fortes descargas de tempestades solares têm atingido a Terra e podem causar graves transtornos sem aviso prévio. Destacamos aqui parte de um conhecido histórico onde as descargas solares geraram caos e prejuízos em décadas passadas. Leia também: Reincidência de blecautes não tem resposta - exclusivo Nordeste tem apagão não esclarecido Ministro Lobão não garante fim de apagões Setor elétrico: capitalismo sem risco Energia nuclear: O exemplo da Alemanha Modelo energético: Nuclear em desuso
Evento Carrington
Em setembro de 1859, a Terra passou pela maior tempestade geomagnética já registrada pela história da humanidade, a qual causou falhas no principal serviço de comunicação da época, o telegrafo. Foi quando ocorreu o Evento Carrington, como ficou conhecido, em homenagem ao astrônomo amador inglês, Richard Carrington, especialista em manchas solares. Ele observou as manchas através de seu telescópio, e assim percebeu a anômala hiperatividade solar, até então nunca registrada.
Em questões de segundos, enquanto Carrington foi à procura de alguém que compartilhasse com ele aquela grande descoberta, como testemunha ocular, as gigantescas manchas enfraqueceram consideravelmente transformando-se em simplórios pontos na superfície solar. Frustrações à parte, durante a madrugada, e antes mesmo do sol nascer, os céus apresentavam auroras boreais jamais vistas em tão baixas latitudes.
O evento das auroras foi presenciado por quase totalidade da América do Norte e até em algumas regiões da América Central, como Cuba e Havaí. O sistema de telegrafia entrou em colapso, as comunicações foram interrompidas, os operadores do telegrafo sofreram choques elétricos, mesmo estando com os equipamentos desligados e com suas baterias desconectadas; papeis entraram em combustão, incendiando-se.
Eventos semelhantes
No ano de 1972, uma nova tempestade eletromagnética provocou interrupções nas comunicações por telefone a longa distância no estado de Illinois, na Região Centro-oeste dos EUA. Em 1989, um evento semelhante causou a interrupção do fornecimento de energia elétrica no Canadá, precisamente em Quebec. Na ocasião, transformadores de alta potência derreteram devido à tempestade externa. Já em 2005, um novo evento interrompeu por 10 minutos as comunicações por satélite via GPS, o Sistema de Posicionamento Global.
Registros da detecção do Evento Carrington, ocorrido em 1859: a maior tempestade solar já registrada atingiu a Terra.
Sistemas GPS
Faço minhas as palavras de Louis J. Lanzerotti, membro da equipe técnica da Bell Laboratories e editor da revista Clima Espacial, quando disse “Eu não gostaria de estar num avião comercial que está sendo guiado para pouso por GPS ou em um navio sendo atracado por GPS durante esses 10 minutos”. Lanzerotti, há 35 anos, vem alertando a comunidade científica sobre o evento Carrigton, os flares (explosões solares) e o seu impacto sobre os sistemas elétricos e de telecomunicações, entretanto, não estão dando a importância merecida ao assunto.
Lanzerotti defende a tese de que, com a evolução tecnológica, criamos uma forte dependência quando integramos esses equipamentos ao nosso cotidiano e nos tornamos muito mais vulneráveis aos eventos solares. Telefonia celular, GPS, sistemas elétricos e rede de computadores poderiam entrar em pane, caso uma super tempestade solar ocorra repentinamente, causando uma catástrofe global, pois esse evento poderia fritar nossos satélites e demais equipamentos eletroeletrônicos. E, caso algo do tipo ocorra, poderia demorar meses ou até anos para refazer o atual sistemas de comunicação e transmissão de dados via satélite.
Portanto, a ocorrência de um evento semelhante ao Carrington nos dias atuais seria catastrófica para a humanidade. Haveria um colapso no sistema elétrico a nível global e completo caos no atendimento hospitalar. Nesse caso, cirurgias, tratamentos oncológicos, renais, exames de imagens e laboratoriais não poderiam ser executados. Os serviços de água e esgoto seriam comprometidos nas cidades, devido à dependência de energia elétrica para o funcionamento das bombas d’água, sucção, comprometendo a distribuição. O transporte coletivo e de cargas estaria totalmente inoperante, pois até mesmo para se abastecer um veículo, dependemos da energia elétrica para o funcionamento das bombas de combustíveis. Sem considerarmos o comprometimento dos serviços de metrôs e de elevadores residenciais e comerciais, além dos danos incalculáveis a toda a cadeia industrial.
Ultimamente, um dos assuntos mais comentados na Internet, é a atividade solar. O sol apresenta períodos de maior ou menor atividade, e esses períodos são classificados como CICLOS SOLARES, durando aproximadamente 11 anos. Quando o sol entra em seu ciclo máximo, há um aumento quantitativo das manchas solares, e quanto maior o número de manchas, maior o número de erupções solares, explosões ou flares que podem refletir sobre a Terra. Essas explosões ocorrem devido à mudança repentina no campo magnético do sol. Quando ocorre uma explosão solar, partículas de prótons e elétrons são ejetadas e viajam por todo o nosso sistema planetário, impulsionadas pelo vento solar. O vento solar pode arrastar tudo que encontrar pela frente, poeiras de planetas, gases, raios cósmico. Durante a explosão solar, há também a ejeção de massa coronal ou CME, que consiste em bolhas de plasma, lançadas no espaço, podendo superar a velocidade de 500km/s.
Transformador 'torrado' por influências magnéticas externas em 1989 na cidade canadense de Quebec.
Classificações
As erupções solares são classificadas de acordo com a intensidade de seu brilho em Raio X:
Classe C: São pequenas explosões e não afetam o nosso planeta.
Classe M: São de média intensidade e podem causar blecautes em radiocomunicação que afetam diretamente as regiões polares.
Classe X: São explosões intensas que podem provocar blecautes de radiopropagação e colapso do sistema de abastecimento de energia elétrica.
Após o flare, as partículas podem levar até três dias para atingir a Terra. Quando as partículas ejetadas chocam-se com a magnetosfera (manto de proteção), causando as tempestades geomagnéticas, há nesse momento o espetáculo das auroras boreais e austrais. Quanto maior a explosão, mais intensas são as auroras.
Cientistas da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), durante a reunião anual em 2011, fizeram um alerta quanto aos prejuízos que uma super explosão solar poderia causar a toda humanidade. Toda esta preocupação está voltada para o ano de 2013, quando ocorrerá o referido pico máximo das tempestades solares.
Jim Hoke, diretor do Centro de Meteorologia Espacial dos EUA informou que as fortes explosões poderiam induzir correntes elétricas ao sistema de distribuição de energia, sobrecarregando todo o sistema elétrico causando um colapso: “No começo, a radiação eletromagnética ionizaria a camada mais externa da atmosfera, o que afetaria a atividade dos satélites dos GPS – nesse caso, o sistema pararia de funcionar. As interferências nos satélites de GPS poderiam acarretar não só problemas de localização como também inutilizar as maquininhas de cartão de crédito, que se utilizam do sistema. Vinte minutos após a tempestade, uma descarga de prótons chegaria aos polos e ao equador terrestre, o que pode danificar seriamente os satélites de comunicação. E, finalmente, 20 a 30 horas depois do evento inicial, um jato de átomos ionizados (conhecidos como plasma) causaria um reluzente efeito de auroras boreais, podendo alcançar até a latitude do México. Mas, também, poderiam induzir correntes elétricas em oleodutos e cabos de alta tensão, sobrecarregando o sistema elétrico ao ponto do colapso.”, concluiu o cientista, em entrevista aos jornalistas.
Auroras: partículas ionizadas se chocam contra a atmosfera terrestre.
Agências governamentais têm discutido quais medidas preventivas deveriam adotar para evitar maiores prejuízos. A Suécia, já iniciou tais preparativos, montando um plano de contingência que vai desde a implantação de capacitores nas redes elétricas a paradas estratégicas nos serviços de telecomunicações.
A diretora da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA, Jane Lubchenco, disse que “o importante é não entrar em pânico”, mas devemos ter cautela. Na primeira quinzena de fevereiro de 2011, foi registrada pela NASA, a maior explosão solar dos últimos quatro anos e, como consequência, as companhias aéreas tiveram que mudar de rota, saindo das regiões polares, por conta dos riscos aos sistemas de comunicação por rádio que poderiam não funcionar. Jane Lubchenco concluiu, dizendo que, “Como vamos ter mais e mais eventos do tipo, e eles serão cada vez mais variados, as palavras chaves são prevenção e preparação”.
Em agosto de 2012, esse alerta foi enfatizado pela Academia Nacional de Ciências dos EUA. Seus cientistas estimam que há um risco em 7% de ocorrer uma grande tempestade solar em 2013 e, por isso, as agências governamentais estão preparando os EUA para esse evento. Não se pode menosprezar os 7% de risco mediante os prejuízos que podem chegar a US$ 2 trilhões para uma economia que está capengando.
Ao fazer essa pesquisa, me deparei com um ponto de interrogação: órgãos governamentais do hemisfério norte estão se preparando para enfrentar o máximo solar em 2013, entretanto, não temos informações sobre o posicionamento do governo brasileiro diante deste risco. Afinal, existe a anomalia do Atlântico Sul atuando defronte à costa brasileira. Desta maneira, cabe a pergunta à nossa autoridades: o Brasil não estaria também em risco, no caso da ocorrência de um forte evento com efeitos catastróficos em todo o Planeta Terra?
Por segurança, irei reforçar o meu estoque de velas...
* Marimel é pesquisadora, articulista convidada por Via Fanzine. Esta matéria foi composta originalmente em 2012 e revisada/atualizada em 10 de outubro de 2018.
- Revisão: Carlos Abreu/Pepe Chaves.
- Imagens: Arquivo da autora/Divulgação.
Referências:
Ministério das Minas e Energia e informações das agências. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempestade_geomagn%C3%A9tica http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm http://www.apolo11.com/atividade_solar.php http://astro.if.ufrgs.br/esol/esol.htm http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2008/06may_carringtonflare/
Leia também: Reincidência de blecautes não tem resposta - exclusivo Nordeste tem apagão não esclarecido Ministro Lobão não garante fim de apagões Setor elétrico: capitalismo sem risco Energia nuclear: O exemplo da Alemanha Modelo energético: Nuclear em desuso
- Produção: Pepe Chaves
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