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 Folclore Brasileiro

 

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Folclore brasileiro:

Cabeça-De-Cuia, Monstro ou ET?

Esta é uma lenda genuinamente piauiense, embora se achem nela algumas semelhanças

 com outros entes misteriosos. Assim, a maioria esmagadora das pessoas de outros

estados do Brasil não conhece a personagem folclórica nem a tragédia de sua vida.

  

Por Reinaldo Coutinho

De Terezina-PI

Para Via Fanzine 

Set-2009

 

Capa do livro de Reinaldo Coutinho

 

Há um bairro em Teresina, capital do Estado do Piauí, localizado no encontro das águas do rio Parnaíba com o rio Poti. Trata-se do Poti Velho. Foi o primeiro núcleo populacional da cidade de Teresina. E foi lá que tudo se passou.

 

Parece que a lenda, ou o que quer que a formatou, ocorreu por volta de 18h. O então lugarejo era uma vila de pescadores. Ali vivia também um pescador de nome Crispin e sua velha mãe.

 

Após uma pescaria fracassada, Crispim foi repreendido por sua mãe. Não trouxera peixe e a única coisa que havia para o almoço seria um "corredor" de boi (um fêmur). Irritado, Crispim se descontrolou e retirou o "corredor" da panela quente, e com ele, arrebentou a cabeça de sua mãe.

 

Agonizante no chão, a velha lhe proferiu uma maldição: se transformaria num monstro aquático, solitário e agressivo. Só desencantaria após devorar sete "Marias virgens"...

 

Crispim caiu na real e lamentou o matricídio. Então se transmudou no ente aquático que passou a ser conhecido como Cabeça-de-Cuia: corpinho raquítico, pele lodosa e cabeção ovóide. Passou a viver no encontro das águas dos rios Parnaíba e Poti.

 

Virou as canoas de seus antigos companheiros e depois os matou afogados. Assusta as lavadeiras e banhistas. Antigamente, muita gente não banhava no local, por medo do duende.

 

O bairro Poti velho, onde abunda a argila, é um centro cerâmico com centenas de oficinas, que produzem jarros, potes, filtros, decorações, estatuetas, etc, muito visitado por turistas. Como os turistas não conhecem a imagem do Cabeça-de-Cuia, ao ver suas estatuetas, dizem uníssonos: É o ET!

 

No nosso estudo descobrimos, entre outras coisas, que o Cabeça-de-Cuia, embora seja um ente aquático, é também um ser ígneo, ou seja, ligado ao fogo. Às vezes aparece como uma luz misteriosa deslizando no rio.

 

Achamos reflexos também afastados do Poti Velho, inclusive no Delta do Parnaíba. Mas, quanto mais nos afastamos de Teresina, o Cabeça-de-Cuia vai perdendo suas características originais.

 

Também achamos alguma relação entre o nosso duende e o Caipora. E ainda em relação a seres folclóricos de Portugal. O que seria o nosso Cabeça-de-Cuia? Um simples mito? Uma alegoria? Um ET? Um ser criptozóico?

 

O certo é que, dizem os maliciosos, até hoje o Cabeça-de-Cuia procura sete "Marias virgens" para desencantar...

 

* Reinaldo Coutinho é geólogo, autor, pesquisador de Lendas e Folclore em Teresina-PI. É colaborador de Via Fanzine.

 

*  *  *

 

Lampião:

O rei do cangaço

O reino de Lampião durou de 1914 a 1938. Atraiu muitos jagunços e coiteiros

de todo o Nordeste numa época crítica, sem muitas opções de trabalho.

Por Gustavo DOURADO*

De Brasília-DF

Para Via Fanzine

Lampião e  Maria Bonita: verdadeiros mitos do

sertão brasileiro. A dupla é hoje destaque em

portais e jornais de todo o mundo.

Lampião nasceu das contradições e conflitos da terra, da violência do campo imposta pelos coronéis latifundiários, políticos corruptos e do clero aliado da aristocracia sertaneja e da burguesia litorânea. Eternizou-se como mito da cultura popular. Virou lenda no Brasil de Sul a Norte, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Influenciou a música popular nordestina.  Apimentou os acordes de Luiz Gonzaga e de centenas de sanfoneiros, violeiros, repentistas e cordelistas. Seu sangue corre nas veias do xaxado (dança dos gangaceiros), no xote, no baião e no forró.

É Lamp, é Lamp, é Lamp. É Lamp é Lampião. Seu nome é Virgulino, o apelido é Lampião”. Este é o hino consagrado ao rei do cangaço pelo Brasil. Um canto que eclode nas caatingas, no agreste, no Raso da Catarina, na Serra do Apodi, nos cariris, Serra Talhada, tabuleiros, lugares por onde passou o célebre cangaceiro.

 

'Aos 23 anos, após o assassinato do pai, Lampião tornou-se cangaceiro.

Levou consigo os irmãos Ezequiel, Antônio e Livino'

Virgulino Ferreira da Silva nasceu em Vila Bela, atual Serra Talhada – alto sertão pernambucano – no ano de 1897. Ano trágico do massacre de Canudos, onde foram assassinados milhares de camponeses. Da estirpe de Antônio Conselheiro, o famoso beato e líder político-religioso que inspirou Os Sertões, obra-prima de Euclides da Cunha, Lampião foi cangaceiro, uma categoria acima de jagunço. Com ele, muitos jagunços – vassalos dos coronéis – ascenderam à posição de cangaceiro que era símbolo de independência e individualidade. O soldo do cangaceiro dependia do que se conseguia em saques, seqüestros, assaltos a fazendas e cidades. Lampião era generoso e bom pagador. Franqueava aos cabras do bando ações individuais que rendiam alguma remuneração.

O reino de Lampião durou de 1914 a 1938. Atraiu muitos jagunços e coiteiros de todo o Nordeste numa época crítica, sem muitas opções de trabalho. Calcula-se que seu grupo tinha em torno de 120 membros.

Lampião viveu todos os conflitos de seu tempo quando o sítio de seu pai, José Ferreira, em Vila Bela, foi invadido pelo fazendeiro João Nogueira e seus capangas. Invadiram as terras dos Ferreiras, cortaram orelhas dos animais. Fizeram emboscadas e trapaças, em 1911. Os Ferreiras fugiram para um sítio no interior de Alagoas e se desentenderam com o subdelegado da região que invadiu o local e matou o pai de Lampião.

'A caçada a Lampião e seu bando terminou no dia 12 de agosto de 1938.

O cangaceiro foi morto aos 40 anos, a 3 quilômetros do Rio São Francisco,

na grota da fazenda Angico'

Aos 23 anos, após o assassinato do pai, Lampião tornou-se cangaceiro. Levou consigo os irmãos Ezequiel, Antônio e Livino. O apelido de Lampião foi dado pelos homens do bando de Sinhô Pereira que iniciou o jovem Virgulino no cangaço. Reza a lenda que Virgulino atirava muito bem e que o seu fuzil parecia iluminado. Atribui-se a ele a frase: “Meu fuzil não nega fogo”. A frase foi retrucada por outro cangaceiro que disse: Então não é fuzil, é lampião”. O apelido pegou e virou mito no sertão de Deus-dará. Lampião herdou o comando do bando de Sinhô Pereira aos 25 anos. A partir de 1926 algumas mulheres foram incorporadas ao bando. Lampião conheceu Maria Bonita em 1929, então mulher de um sapateiro. Fez a corte à bela Maria que abandonou o marido e optou pelo cangaço.

A caçada a Lampião e seu bando terminou no dia 12 de agosto de 1938. O cangaceiro foi morto aos 40 anos, a 3 quilômetros do Rio São Francisco, na grota da fazenda Angico. Época em que o rei do cangaço estava distraído, preocupado com a sua Maria Bonita que vivia o drama da tuberculose. A tropa do tenente João Bezerra recebeu o serviço do coiteiro de Lampião Pedro de Cândido que, segundo consta, teria levado bebida envenenada para os cangaceiros. Não houve luta. Os homens estavam bêbados e dormentes. Onze cangaceiros foram mortos, incluindo Lampião e Maria Bonita. Vinte e quatro cangaceiros fugiram pelo sertão. Acabou-se, aí, o reinado de Lampião. Mas a lenda continua.

* Gustavo Dourado é escritor baiano radicado em Brasília/DF.

- Visite o seu site: www.gustavodourado.com.br

 

- Imagens:

www.blasderobles.com/ Varia/Kircher/Atoz.htm

www.militantehp.hpg.ig.com.br/ julga6.htm

 

 

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