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Pancrácio Fidélis

Apresentação 

 

Nota do editor de VF:

Crônicas e narrativas de Pancrácio Fidélis

 

No ano em que comemoramos o "debut" de Via Fanzine, temos a honra de apresentar ao mundo, um dos mais incríveis conterrâneos desse jornal: Pancrácio Fidelis. Este é o pseudônimo do intrépido jornalista, cronista e escritor Péricles Gomide Júnior. Nascido, criado e falecido em Itaúna-MG, o conhecido “Peri” se tornou um dos mais típicos itaunenses de toda a história do município. Seus trejeitos, bons jeitos e estilos de moço aculturado, além de suas refinadas doses de sarcasmo e cinismo, construíram sua marca registrada. O “Pancrácio” não era um crítico ao sistema vigente, tampouco, aos costumes e manias dos mineiros naqueles meados do século 20, mas sim, um requintado gozador de tudo isso.

 

E nossa proposta aqui, é resgatar parte de sua obra, atualizando-a à linguagem portuguesa e publicando em ordem aleatória alguns capítulos de seu livro “Crônicas e narrativas de Pancrácio Fidelis” (Belo Horizonte, 1961, 210 págs.). O livro reúne algumas crônicas ('encheções' de linguiça, segundo o autor) escritas em épocas distintas e veiculadas pela imprensa itaunense na década de 1950. Devemos publicar nessa página dedicada ao Pancrácio Fidelis, periodicamente, todas ou muitas dessas crônicas, a partir de então.

 

Esperto na caneta (ou melhor, na velha máquina de escrever) e, sobretudo, no raciocínio, o autor é um “inspirado na natureza humana”, que apresenta algumas notáveis situações únicas, vividas pelo povo santanense naquela distante década de 1950. Quase todas as divertidas crônicas que integram o livro “Crônicas e narrativas de Pancrácio Fidelis” foram publicadas anteriormente em algumas edições do jornal de seu irmão, Sebastião Nogueira Gomide, o conhecido jornalista Piu, editor e diretor da Folha do Oeste, o mais tradicional jornal itaunense, fundado nos anos de 1940 e que circulou por algumas décadas em Itaúna.

 

O talentoso Peri, encarnando o contador de causos, Pancrácio - dono de uma língua afiada - faz questão de destacar que as “arrumações” apresentadas no livro, bem como seus “personagens”, são todos verdadeiros, com a exceção do conturbado “Tio Tonico” – além disso, muitos deles são figuras conhecidas por toda Itaúna até nos dias de hoje. Alguns desses “personagens verídicos” ainda estão vivos e, certamente, poderão atestar a honestidade dos absurdos apresentados no trabalho desse destacado escritor itaunense.

 

Se a internet fosse coisa dos tempos de Pancrácio Fidélis, ou melhor, se ele fosse dos tempos da internet, certamente, estaria por aqui agora, se deliciando com esta página digital e se gabando: "Ainda bem que tem uns poucos que reconhecem o verdadeiro valor do Pancrácio". Mas se ele pudesse conversar conosco agora pelo MSN, certamente agradeceria por externar sua a arte a milhares de outros conterrâneos e pessoas de todo o mundo. Arrisco a dizer que, certamente, ele assim exclamaria, 50 anos depois de suas crônicas: "Esse negócio de internet é uma coisa muito importante! No meu tempo, a mais avançada tecnologia para a comunicação impressa, consistia em linotipos enferrujados. Ainda bem que inventaram isso a tempo de preservar o meu cartaz, adquirido em anos de enchimento de linguiça na Folha do Oeste". É,  o tempo passa, mas o Fidélis não. Está aí, novo em folha - digital, é claro. "Que trem chique, sô!".

 

Mas, como veremos aqui, ao longo dos próximos dias e meses, Pancrácio nos descreve coisas que acontecem unicamente em Itaúna, cidade empoeirada do Centro-oeste mineiro naqueles meados do século passado. São efemérides inusitadas, ímpares, únicas e tudo mais que puder redundar em autênticas e curiosas. Como por exemplo, em "A vingança do piloto", onde conta sobre o dia em que Itaúna parou, porque um aeronauta louco fazia acrobacias sobre a cabeça de todo mundo. O palco principal do espetáculo foi a praça da matriz. O fato colocou itaunenses em polvorosa, gerando carreiras, tombos, comentários e xingamentos mil ao (quase) kamikaze de Lagoa Santa.

 

Também conta quando seu tio Tonico, debaixo de forte temporal jogava uma partida de futebol de guarda-chuva estendido em campo. Brigou com o seu técnico e foi expulso pelo juiz, ao se recusar a deixar o instrumento anti-chuva dentro das quatro linhas. Após muita recusa e confusões, Tonico deixou o campo blasfemando nomes feios e desafiando a todos os presentes a provar pra ele, onde está no regulamento ou estatutos do futebol que um jogador não possa jogar de guarda-chuva!

 

Ele também mistura adrenalina com humor, e obtém um ótimo resultado, quando narra o aperto vivido, ao ser obrigado pela empresa que trabalhava, a embarcar num avião teco-teco "caindo aos pedaços", para viajar de Itaúna até Catalão, no interior de Goiás. Isso, em 1954!

 

Pancrácio também relembra em sua crônica "A ressuscitada", do dia em que uma senhora defunta ressuscitou, sob os olhos incrédulos da população, inclusive, do Dr. Guaracy (que está aí para confirmar), que ajudava na recepção do corpo, vindo de um hospital de fora.

 

É, nem Freud explica certas ocorrências itaunenses...  Mas o Fidélis explica! E sobram explicações para tudo o que havia de divertido e até de ridículo numa cidade do interior mineiro naquela época: a Rádio Clube, o boi Marmelo, o Coca-Cola Society, os velhos carnavais, os seresteiros, a paixão pelo futebol, a igreja, as festas e até uma onça às soltas que, faminta, caminhou no centro da cidade em plena procissão, disposta a devorar o primeiro cidadão - ou cidadã - que encontrasse pela frente... E por aí vai, sô...

 

Mas, como este mundo é pequeno (Itaúna que o diga!), curiosamente, numa dessas engraçadas e ímpares passagens narradas por Peri, intitulada “Tio Tonico”, figura o meu querido avô materno, José Mendes, que por muitos anos foi instrumentista e entusiasta da Banda de Música de Itaúna - ao lado do “polêmico” Tonico, tio do Peri, como se verá.

 

Gostaria de homenagear postumamente o Péricles e o Vô Mendes, iniciando a nossa série com esta divertida crônica, do jeito que o Pancrácio Fidelis gosta: de trás para frente. “Tio Tonico” é justamente a última crônica de seu livro, e das poucas que não foi publicada pela Folha do Oeste.

 

E sejam bem-vindos à saudosa e poeirenta Itaúna dos anos 50.

 

Pepe Chaves

Editor - Via Fanzine

www.viafanzine.jor.br

 

Ler crônicas

 

'Eu afirmo, sempre, que Itaúna é o lugar mais divertido do mundo.

Asseguro, com a mais absoluta sinceridade que me envaideço quando

declaro onde nasci e me orgulho, infinitamente, desta terra'.

Péricles Gomide Júnior

 

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