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Artigos

Modelo energético:

Nuclear em desuso

O plano japonês apresentado é semelhante ao da Alemanha, primeira nação

industrializada que comprometeu desligar todos os seus 17 reatores até 2022.

 

Por Heitor Scalambrini Costa*

De Recife-PE

Para Via Fanzine

21/09/2012

  

Setembro de 2012 ficará marcado na história pelos anúncios feitos pelos governos japonês e francês, a respeito da decisão de se afastarem da energia nuclear, responsável pelos piores pesadelos da humanidade. Esta tomada de posição tem um significado especial, visto que estes países, até então defensores desta fonte energética, têm em suas matrizes a maior participação mundial da nucleoeletricidade. Depois da histórica decisão do governo alemão em abandonar em definitivo a energia nuclear, agora são os governos do Japão e da França que vão rever os planos relativos ao uso do nuclear.

 

O Japão anunciou que irá abrir mão da energia nuclear ao longo das próximas três décadas. Esta decisão, tomada após um encontro ministerial (14/09), indica o abandono de tal fonte energética na "década de 2030". Esta posição governamental foi tomada após o desastre de Fukushima que abalou a confiança da população na segurança dos reatores nucleares. O plano japonês apresentado é semelhante ao da Alemanha, primeira nação industrializada que comprometeu desligar todos os seus 17 reatores até 2022. Sem dúvida para o Japão, a tarefa é complexa visto que 1/3 da eletricidade gerada no país é proveniente dos 50 reatores instalados em seu território.

 

Ainda sobre a decisão do governo japonês existem criticas por não ter sido especificado, quando exatamente a meta seria alcançada, já que a decisão agora tomada não seria obrigatória para governos futuros. O que significa em principio, que uma nova administração poderia reverter os planos. Todavia, analistas afirmam que dificilmente esta mudança de rumo ocorreria pelo alto engajamento e conscientização dos japonese(a)s, demonstrada em recente pesquisa de opinião, onde mais da metade da população se diz favorável ao fim do uso do nuclear no país. Também houve criticas sobre o porque deste calendário ser tão dilatado, já que o país chegou a desligar 48 dos reatores depois do desastre de Fukushima, e poderia, com o aumento da participação das fontes renováveis e com um ambicioso programa de eficientização energética, atingir a meta num prazo menor. Todavia, mesmo com estas ressalvas, a decisão anunciada aponta para um novo rumo na questão energética japonesa e mundial.

 

Já na França, em recente conferencia realizada (14 e 15/9) sobre questões ambientais, em Paris, o presidente, François Hollande, cumprindo promessa de campanha, declarou que está engajado na transição energética, baseada em dois princípios: eficiência e fontes renováveis; e que planeja reduzir a dependência do país da energia nuclear, hoje correspondendo a 75% da matriz energética, para 50% até 2025.

 

Sem ter metas conclusivas para o abandono definitivo da energia nuclear no seu território, sem duvida a decisão do governo francês é histórica e extremamente positiva, visto que até então, discutir a questão nuclear na França era tabu. Para aqueles defensores desta tecnologia que sempre mencionavam o estado francês como referencia de uma experiência exitosa na área nuclear, fica ai uma derrota de grandes proporções. Sem dúvida, a França rever sua posição, mesmo diante das dificuldades, da complexidade do problema e das contradições existentes, é indispensável para um mundo de amanhã sem nuclear.

 

Somados a Áustria, Bélgica, Suíça, Itália (decisão plebiscitaria, onde mais de 90% da população votou contrário à instalação de novos reatores nucleares em seu território) que reviram os planos de instalação de novas usinas, e decidiram se distanciar da energia nuclear; agora a Alemanha, o Japão e a França tomaram decisões semelhantes.

 

Diante deste contexto internacional fica aqui uma pergunta que não quer calar: porque então o governo brasileiro insiste em planejar a construção de usinas nucleares? Com a palavra as “autoridades energéticas”.

 

* Heitor Scalambrini Costa é professor Universidade Federal de Pernambuco.

 

- Visite a página do Movimento Ecosocialista de Pernambuco:

   http://www.mespe.com.br/

 

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Alerta:

Um apelo aos arquitetos e afins (sobre as árvores)

A questão que eu quero tratar aqui, mais como um desabafo, é da ausência

e até da eliminação das árvores na maior parte dos projetos arquitetônicos desenvolvidos.

 

Gabriel Bertran

Para Treesforever

27/02/2012

 

Em grande parte das postagens deste blog, foram tratadas questões ambientais de ordem nacional e até mundial. Claro que nunca devemos nos esquecer da emergência em que o Planeta se encontra, a qual se deve, sem dúvida, à magnitude dos problemas. Da mesma forma, é óbvio que os grandes problemas resultam de uma série de pequenos impactos, em escala local, em todas as atividades humanas. Portanto o "agir localmente, pensar globalmente" nunca esteve tão em voga como nestes tempos de sustentabilidade.

 

Eu poderia debater aqui neste tópico - como já fiz em outros - aspectos da arquitetura sustentável. Sabe-se que este ainda não é, digamos assim, um "tipo" de arquitetura propriamente dito e sequer bem definido. Está em formação, até o momento não passa de um apanhado de sistemas construtivos e formas de projetar os quais, sendo mais ou menos utilizados, transformam uma construção em sustentável (ou não).

 

Na verdade a questão que eu quero tratar aqui, mais como um desabafo, é da ausência e até da eliminação das árvores na maior parte dos projetos arquitetônicos desenvolvidos (e executados) hoje em dia no Brasil. Ressalva-se que não quero aqui criticar o trabalho dos colegas, longe disso. Sei que muitas vezes este desprezo quase generalizado pela arborização decorre de falta de visão ou de costume e até influência de clientes mal orientados.  Sei que há exceções e parabenizo os profissionais e clientes que valorizam a arborização.

 

 Também não quero afirmar que o plantio e a preservação das árvores, por si só, definam uma arquitetura sustentável. A sustentabilidade é um conjunto de fatores. Nem quero comprovar cientificamente que o plantio de árvores em nossas cidades vá diminuir o aquecimento global. Sei que encontrarei diversos opositores neste quesito, os quais afirmam que as árvores não mudam em nada nosso clima global. Podem até não amenizar as mudanças climáticas a nível mundial (embora EU acredite que elas ajudem sim), mas é no microclima das cidades que seu papel é mais fortemente percebido. Querem um exemplo prático? As tempestades de verão quando atingem a grande São Paulo (o que não é incomum) são muito mais violentas, causando problemas ainda maiores, nas regiões menos arborizadas da metrópole, como é o caso da Zona Leste. Além de ser a área mais povoada, é a mais extensa e tamanha extensão é, em sua maioria, concretada e asfaltada. O que ocorre é que a maior concentração de calor causada por esta imensa faixa de concreto aumenta a intensidade das tempestades sobre este local. Ao mesmo tempo, a ausência de árvores faz com que a água chegue mais rapidamente ao solo. E este solo, por ser totalmente impermeabilizado, não dá vazão à tromba d´água. Isso leva às enchentes catastróficas, com perdas humanas e materiais significativas. Ninguém fez o cálculo ainda, mas é imenso o prejuízo pago (financeiro e emocional) pela população que não planta árvores! Está aí uma das provas (práticas) do quanto as árvores são importantes para nossas cidades, para nosso povo.

 

 Eu comentei acima um problema de magnitude relativamente grande, que envolve grandes áreas da maior metrópole brasileira. Mas e no nível micro? São inúmeras as vantagens das árvores no dia a dia das pessoas. Elas aumentam a nossa qualidade de vida, proporcionando uma paisagem mais aprazível, agradável aos olhos e a todos os sentidos de um modo geral, visto o microclima do local onde as casas estão localizadas ser muito mais equilibrado, agradável. É só experimentar caminhar, neste verão tropical brasileiro, por uma rua sem árvores e por outra com. A diferença é sensível. Num horário em que estejamos a 30 graus de temperatura ambiente, sob as árvores o alívio chega a até 10 graus a menos, permitindo elas que caminhemos a agradáveis 20 graus célsius! Por aí vemos a falta de caridade consigo mesmo e também com as outras pessoas quando um morador corta a árvore em frente a sua residência: está ele ao mesmo tempo se privando de um clima melhor e ainda por cima condenando todos os pedestres que ali passam a um calor insuportável! O pior é que esta é uma atitude cada vez mais comuns de norte a sul do Brasil. Atitude execrável, que deveria ser severamente punida pelas prefeituras. Mas estas são coniventes, em sua maioria.

 

 Continuando com as vantagens das árvores para a população em geral, já foi falado da diminuição da velocidade das águas que chegam ao solo nas tempestades. Podemos também citar a regulação, além da temperatura, da umidade relativa do ar, fator importantíssimos nestes tempos de mudanças climáticas em que, além das tempestades fortíssimas, temos tido períodos prolongados de seca inclusive no verão. Não se pode esquecer também da purificação do ar, da beleza das flores, da atração dos pássaros, da barreira contra ventos que elas formam, da fertilização da terra. Enfim, são inúmeros benefícios que elas nos trazem.

 

Alguns alegam os perigos de quedas de galhos sobre a rede elétrica e sobre veículos estacionados. Realmente isto ocorre, porém o plantio de espécies adequadas, com galhos fortes e feita a manutenção periódica (podas técnicas, corretamente supervisionadas), bem como as inspeções dos técnicos da prefeitura, estes transtornos são evitados. Vale dizer que já passou da hora de nossas cidades terem fiação elétrica enterrada. Ela é muito mais segura tanto do ponto de vista da arborização quanto de outros riscos que os fios expostos causam. E a beleza de não termos aquele emaranhado de fios poluindo visualmente as ruas é incalculável. Além de tudo, deixam as árvores em paz. Existem países mais pobres que o Brasil que já adotaram esta solução para a distribuição de energia, telefonia, etc. Por que aqui ainda não?

 

Por todos estes diversos fatores é que me entristece cada vez mais os arquitetos, engenheiros e construtoras da atualidade não contemplarem a arborização em seus projetos. Em cada imóvel que é reformado a primeira coisa que se faz é, de forma deliberada e ignorante, cortar todas as árvores. E no caso de construções novas, então.. se no terreno existem árvores, elas raramente são poupadas. Após finalizada a nova casa (ou edifício), não se planta nada além de arbustos baixos (em muitos deles corremos o risco de tropeçar, de tão baixos) ou palmeiras importadas da Indonésia ou outra localidade asiática (sendo que o Brasil é um dos países mais diversos neste tipo de planta). Vale aqui abrir um parênteses: eu não sou contra as palmeiras, definitivamente. Elas até estão em extinção em nossa mata atlântica, devido à extração criminosa do palmito. Mas as palmeiras devem ser plantadas em um contexto, em conjunto com outras árvores nativas do Brasil. Não apenas palmeiras isoladas, como é bastante comum. Nos novos empreendimentos imobiliários parece haver uma "ditadura das palmeiras". Elas sozinhas não proporcionam quase nenhuma sombra e os pássaros não conseguem viver nelas. É necessário resgatar a biodiversidade inclusive em nossos jardins e calçadas, combinando diversas espécies de árvores, arbustos, etc.

 

Não se sabe se essa tal "moda" de jardins desprovidos de árvores e erroneamente chamados de "limpos" (e horríveis, diga-se de passagem) é passageira. Espero que seja, porque estão enfeiando por demais nossas ruas, avenidas, estradas. Vale dizer que nos bairros das cidades norte-americanas as árvores são regra, e não exceção. Ao abrir-se novos loteamentos uma das primeiras providências, junto com a pavimentação, é o plantio de árvores. Assim deveria ser aqui no Brasil. E as leis para sua preservação deveriam ser mais rígidas, bem como os incentivos à preservação das existentes (como isenção de IPTU, por exemplo) tinham que ser amplamente divulgadas e utilizadas. Inclusive deveriam propor nas câmaras leis para preservação dos "meios de quadra". São redutos do verde, amplamente arborizados, resquícios dos quintais de antigamente, que muitas vezes estão presentes em áreas densamente povoadas. Os construtoras simplesmente ignoram isto, construindo em toda a superfície possível, eliminando esta biodiversidade tão importante em nossas cidades. Conseguimos construir muito (até aumentando o potencial construtivo), preservando o verde.

 

 Não é somente nos parques que o verde precisa estar presente. Temos sim carência de parques em nossas cidades e eles são importantíssimos como áreas de lazer e convívio. Basta ver como ficam cheios de famílias aos domingos! Então por que ao invés dos parques estarem na cidade, a cidade não passa a estar dentro do parque? Pensem nisso arquitetos e construtores, antes de projetarem relegando o verde ao segundo plano. Vamos colocar as árvores como prioridade. Vamos lançar a moda dos "jardins biodiversos"! Comentem e divulguem essa ideia. Formemos uma corrente em prol de mais árvores em nossas casas,  edifícios, condomínios, empresas, indústrias, ruas, avenidas, estradas, etc.

 

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Divirta-se:

É Carnaval no Brasil

Há quem diga que o ano começa no Brasil só depois do Carnaval e com o fim do horário de verão.

 

Por Pepe Chaves

De Belo Horizonte

Para Via Fanzine

17/02/2012

 

Nesse momento, em que “aperto as malas” para mais uma estadia de descanso em Itaúna, o clima de carnaval toma conta de todo o país. Na própria Itaúna, a prefeitura promove o anunciado mais longo carnaval da história.

 

Outras cidades da região também entram no clima, como Pará de Minas, Divinópolis, Mateus Leme e Bonfim, onde ocorre o tradicional e ímpar carnaval a cavalo.

 

Na capital, a animação vai rolar em diversos locais públicos também nos mais tradicionais clubes mineiros.

 

Já fui informado que o trânsito para a saída de BH está horrível, como sempre, com pioras nesses períodos de feriado.

 

Enquanto muitos buscam as baladas carnavalescas, outros preferem a paz de paisagens litorâneas paradisíacas e desérticas, ou interior das matas, buscando as cachoeiras, sombra e água fresca.

 

Há quem diga que o ano começa no Brasil só depois do Carnaval e com o fim do horário de verão. Se for verdade, é bom recarregar as baterias, pois este é um ano de eventos relevantes, como as Olimpíadas e as eleições, prometendo muitas emoções, até dezembro voltar!

 

Distantes dos antigos carnavais, nessa época ‘hi-tech’, há fantasias para todos os gostos. Até mesmo para aqueles que desejam ficar longe do som das cuícas, tamborins e baterias para somente descansar das turbulências mundanas atuais.

 

Temos um longo feriado pela frente e estamos num país em que a liberdade nos dá plenas condições de vivenciá-lo como bem entendemos. Nada melhor que isso...

 

Ótimo feriado pra você!

 

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Tribos urbanas:

Mensageiro do ódio

Diga-se de passagem, que o conceito de classe social varia na concepção

de vários sociólogos e não cabe num pequeno artigo aprofundar o tema.

 

 Por Maria Lúcia Victor Barbosa*

De Londrina-PR

06/05/2011

 

O brutal atentado ocorrido em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos mostrou ao mundo de modo ampliado uma das faces mais temidas da violência: o terrorismo. Ao susto e à dor provocados pelo covarde ataque às Torres do World Trade Center e ao prédio do Pentágono, no qual centenas de norte-americanos e estrangeiros, entre os quais, quatro brasileiros morreram de modo pavoroso, seguiram-se intensamente, pelo menos no período imediato ao hediondo ataque, o medo e a insegurança. Justamente sobre esses dois sentimentos, o terror lança tentáculos para produzir a dominação sobre suas vítimas.

 

Viver com medo é tornar-se escravo e foi esta escravidão psicológica que o monstruoso Osama Bin Laden, misto de fanático e psicopata, prometeu aos Estados Unidos por ele chamado de “Grande Satã”. O profeta do caos alardeou que faria chover aviões sobre aquele país e volta e meia, para escarnecer dos norte-americanos que durante quase dez anos o procuraram em vão, tornou-se o mensageiro do ódio através de mensagens gravadas em áudio e divulgadas, principalmente, pela rede de TV Al-Jazeera.

 

Em algum lugar que não se sabia onde a figura sinistra do criador do Al-Qaeda (a base) em 1988, sobreviveu por muito tempo depois do atentado de 11 de setembro de 2001, lembrando que o terror significa a tensa espera de um inimigo que ataca sem se fazer anunciar e em lugares inesperados.

 

O milionário saudita, que na expressão de Giles Lapouge era “a quintessência do islamismo mais enlouquecido”, foi responsável por inúmeros atentados e pela morte de centenas de pessoas inocentes Entre seus seguidores estavam Jihadistas islâmicos, mujahedins (jihadistas de origem iraniana), terroristas radicais antissemitas, o que significa que sua guerra santa era também contra os judeus, alago que faz lembrar a figura também abjeta do iraniano Ahmadinejad cuja meta é destruir Israel.

 

A recente morte de Bin Laden, em 1º de maio, numa operação espetacular do governo norte-americano livrou, portanto, o mundo de um desses monstros que de quando em quando assombram a humanidade. Mas, se nos Estados Unidos houve alívio e euforia, entre os fundamentalistas islâmicos houve choro e ranger de dentes.

 

Manifestações de veneração, admiração e carinho pelo genocida Bin Laden não faltaram também entre antiamericanos, antissemitas e esquerdistas de todo mundo. Logo apareceram defensores dos direitos humanos que não foram vistos quando despencaram as Torres Gêmeas em Nova York. E há os que se apiedaram do pobre terrorista, como se numa guerra os que tombam não soubem que nela estão para matar ou morrer. Na mesma linha de defesa do criminoso e crítica aos Estados Unidos é dito que esse país invadiu o Paquistão. Ora, o Paquistão é aliado do governo norte-americano para combate ao terrorismo e para isto recebe milhões de dólares. Portanto, se alguém falhou foi o governo paquistanês, pois Bin Laden morou por longo tempo na cidade paquistanesa de Abbottabad, quase dentro de um quartel general.

 

Na América Latina, onde os Estados Unidos são também odiados, houve curiosas manifestações.  Na Argentina dois homens de nome Musa Isa e Santiago Torres expressaram através de jornal seus profundos pêsames à família do terrorista. No Brasil, um vereador gaito da cidade de Anápolis (Goiás) pediu na Câmara um minuto de silêncio em homenagem ao companheiro Bin Laden. Só falta pedir a canonização de Bin Laden juntamente com Hitler.

 

Discute-se muito no momento se com a morte do líder globalizado e símbolo máximo do Al Qaeda haverá ou não revanches ensandecidas de seus seguidores contra os Estados Unidos e outros países. Provavelmente haverá, pois existem franquias da rede terrorista no Norte da África e no Oriente Médio. E outros grupos como o Lashkar-i-Taiba ou o Taleban continuarão a matar os que considerem como infiéis. Ao mesmo tempo, se é certo que Bin Laden não exercia mais o comando operacional do Al-Qaeda, sendo da organização figura mitológica e inspiradora, outros na hierarquia podem dar sequência aos atos de terror. De qualquer modo, a morte do líder deve ter causado grande dano psicológico aos seus seguidores, em que pese sua lembrança maligna continuar a influenciar os que são recrutados em nome da ideologia que veta ódio ao ocidente e da fé fundamentalista islâmica.

 

O Brasil, país da impunidade e da moralidade frouxa, tem predileção por bandidos, pois aqui se abrigam desde o terrorista italiano Cesare Battisti até membros das Farc. Para piorar e conforme reportagem da Veja de 6 de abril deste ano, “a Polícia Federal tem provas de que Al Qaeda e outras quatro organizações extremistas usam o país para divulgar propaganda, planejar atendados, financiar operações e aliciar militantes”. Desconheço se o governo brasileiro desmentiu a reportagem ou tomou providências.

 

Na tragédia da escola de Realengo, no Rio de janeiro, quando um ex-aluno matou doze adolescentes, a causa do ato tresloucado foi atribuída a mente perturbada do rapaz e no péssimo exemplo que vem dos Estados Unidos. Curiosamente, Wellington de Oliveira sonhava jogar um avião contra o Cristo Redentor para relembrar os aviões que foram atirados nas Torres Gêmeas em Nova York. Em uma das fichas da escola quando era estudante, ele escreveu que sua religião era mulçumana. Em anotações encontradas na sua bolsa havia o relato de que passava umas quatro horas por dia lendo o Alcorão e que meditava sobre o atentado de 2001. Finalmente, pede em carta um ritual de sepultamento que lembra ritos mulçumanos. Nada disso foi levado em conta para explicar sua atitude.

O presidente Barack Obama agiu certíssimo, mas seria bom que desse uma prova contundente de que o mundo está mais arejado sem o mensageiro ódio. Caso contrário, Bim Laden ficará tão vivo quando Elvis que não morreu.

 

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com

 

- Leia outros artigos de Maria Lucia Victor Barbosa:

   http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/artigos2.htm

  http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/artigos.htm

 

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Tribos urbanas:

Classe C: um fato crítico

Diga-se de passagem, que o conceito de classe social varia na concepção

de vários sociólogos e não cabe num pequeno artigo aprofundar o tema.

 

 Por Maria Lúcia Victor Barbosa*

De Londrina-PR

20/04/2011

 

Um fato crítico em ciência significa um fato que prende a atenção e, que por isso, precisa ser explicado. A classe média baixa ou C tornou-se um fato crítico por alguns motivos. Entre eles é preciso explicar que a ascensão de parcela da classe baixa ou D à classe C, tem sido usada pelo governo petista como feito unicamente seu, mas, principalmente, como ato redentor de Lula da Silva, o salvador da pátria.

 

Todavia, a política distributivista que proporcionou a mobilidade social ascendente de uma parcela de brasileiros foi um processo desencadeado no governo de Fernando Henrique Cardoso. Prosseguiu no governo Lula com o apelo constante ao consumismo facilitado em suaves prestações e caridades oficiais.

 

Fundamentalmente, porém, a melhoria do nível de vida da população brasileira como um todo foi impulsionada pelo Plano Real de FHC, que domou a inflação e estabilizou a economia. Sem isso seria impossível grandes mudanças na pirâmide social.

 

Recentemente a classe C tornou-se de novo fato crítico a merecer explicação. Isso se deu quando o ex-presidente FHC, em artigo para uma revista, sugeriu ao seu partido, o PSDB e aliados, investir na classe C na medida em que o PT domina os movimentos sociais e o “povão”.

 

Bastou a palavra “povão”, muito usada pela esquerda, para os petistas e o populista Lula erguerem as bandeiras, rufarem os tambores e caírem de pau em cima de FHC, como é de seu costume. Lula, que parece desenvolver um sentimento doentio de inferioridade com relação ao tucano, aproveitou a deixa para espalhar que FHC e o PSDB detestam pobres. Nada a ver, é claro. FHC apenas pensou politicamente, pois as classes médias A, B e C constituem a maioria ou, aproximadamente, 52% da população brasileira. Só na classe C estão aproximadamente 38,8% dos brasileiros com carências e aspirações de várias espécies, portanto, um espaço especial para o trabalho dos políticos.

 

Diga-se de passagem, que o conceito de classe social varia na concepção de vários sociólogos e não cabe num pequeno artigo aprofundar o tema. Para para citar uma definição escolho a do sociólogo Max Weber, segundo o qual “classes são agregados de indivíduos que têm as mesmas oportunidades de adquirir mercadorias e exibem o mesmo padrão de vida”. Acrescento que classes sociais, em que pese o mundo massificado em que vivemos, possuem comportamentos, valores e atitudes diferenciados que possibilitam distingui-las.

 

A parcela da classe C que emergiu da classe D, não pode deixar também de apresentar características de psicologia coletiva que a faz subserviente em relação aos que estão em posição superior, mantendo no fundo a aspiração de ser igual ou ter o mesmo padrão de vida das classes mais altas. Afinal, o ser humano sempre quer ter mais de forma insaciável, inclusive, prestígio. Mas, para alcançar o status mais elevado os indivíduos da classe C teriam que ultrapassar sua origem familiar, casamento, história profissional e instrução. Isso é possível para alguns ou para muitos indivíduos, mas, dependendo das circunstâncias econômicas, a mobilidade pode ser ascendente ou descendente. Do jeito que a inflação segue descontrolada, dos mecanismos governamentais que desesperadamente tentam contê-la penalizando os que já se acostumaram com as facilidades do crédito, não é difícil que parcela da classe C retorne à classe D ou até à mais baixa classe E.

 

Observe-se ainda, que nem todos os que pertencem à classe C chegarão como num passe de mágica a professores universitários, profissionais liberais, funcionários públicos, altos cargos burocráticos ou políticos como os “colarinhos brancos” das classes médias A e B. Entretanto, não só as dádivas caídas dos céus estatais e a ampliação da burocracia, mas os empregos propiciados pela iniciativa privada e a multiplicidade de novas funções geradas pelo avanço da tecnologia e pelos meios de comunicação da sociedade globalizada, possibilitaram a parcela da classe D ascender e integrar a classe C que, frise-se, já existia e apenas se tornou mais numerosa.

 

Lembremos também que a Educação chegou a um nível tão baixo de qualidade, que há falta de mão-de-obra mais especializada e sofisticada, estando os grandes empresários obrigados a importar profissionais do exterior. Num extremo oposto, faltam operários da construção civil porque o segmento da classe D, que ascendeu à classe C, já não aceita o trabalho pesado e mal remunerado dos que constroem os cada vez mais numerosos edifícios nas metrópoles e nas cidades de porte médio.

 

Duas características marcam também todas as classes sociais: o individualismo e a indiferença política. Apenas em épocas de campanha algum interesse aparece. Concentra-se em determinado ou determinados candidatos com potencial carismático ou demagógico, capazes de propiciar vantagens individuais. Nenhuma ideologia ou questões de princípios estão presentes nas campanhas onde as propostas dos postulantes aos cargos públicos quase não se distinguem e os partidos são meros clubes de interesses.

 

Finalizando concordo com o pensamento de C. Wright Mills em sua obra “White Collar”, adaptando-o a nossa realidade:

 

As posições particulares como indivíduos de nossas classes médias é que determinam a direção para onde elas se encaminham. Mas seus indivíduos não sabem para onde ir. Por isso vacilam, confusos e hesitantes em suas opiniões, desordenados e descontínuos em suas ações. Formam um coro medroso demais para protestar, histérico demais em suas manifestações de aprovação. Constituem uma retaguarda. Estão à venda no mercado político e qualquer um que pareça bastante confiável tem probabilidade de comprá-las.

 

* Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.

mlucia@sercomtel.com.br

www.maluvibar.blogspot.com

 

- Leia outros artigos de Maria Lucia Victor Barbosa:

   http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/artigos2.htm

  http://www.viafanzine.jor.br/site_vf/pag/1/artigos.htm

 

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Reflexões:

Jesus e deus

Em verdade vos digo, o mail que recebi não era sobre isso, e sim sobre Jesus.

Perguntava como eu podia desacreditar na existência dele.

 

Por Beto Canales

De Porto Alegre-RS

Para Via Fanzine

 

As pessoas confundem as coisas. E eu, como não sou uma ameba (embora, às vezes, me porte como uma), também confundo. Então, aos esclarecimentos, já que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

 

Depois da polêmica na recusa de algumas empresas de ônibus de Porto Alegre em divulgar uma campanha de ateus, muito bem bolada, por sinal, recebi um mail questionando minha posição. Sou ateu convicto, sabe-se, e não gosto de religião. Seja ela qual for. Na minha humilde opinião, todas elas, sem exceções, fazem mais mal do que bem. Nossa maltratada civilização seria bem mais desenvolvida e viveria com muito mais paz se elas não existissem. Mas, convenhamos, elas existem e vieram para ficar. Fazer o quê? Nada. Essa é a questão. Eu não acredito em deuses, em nenhum deles, e não pretendo convencer ninguém para desacreditar também. Na página da ATEA - Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, em uma sessão de perguntas e respostas, tem uma passagem interessante. A pergunta é "o que prega o ateísmo?" "Nada", diz a resposta. Eu uso esse exemplo para simplificar o que chamaria de respeito.

 

 Minha posição tem a mesma forma e a mesma consistência que a de um crente. Eu tenho o mesmo direito que o mais ardoroso beato. Entretanto, seguidamente vejo estampados anúncios coloridos em favor dessa ou daquela crença. Propaganda de festas para santos, reuniões e espetáculos para aqueles que creem e tantas outras manifestações, inclusive de programas de TV em horário nobre. Bem, se partirmos da questão básica que trata de direitos iguais para todos, se eles podem "propagandear" seus feitos e seus herois, por que eu não posso divulgar que não acredito em nada disso?

 

Sabendo-se que a intenção da maioria desses anúncios é aumentar o "rebanho" (e também as doações, em alguns casos), não seria ainda mais grave, comparando com a intenção dos ateus, que não é de convencer ninguém, nem pregar nada?

 

Mas, em verdade vos digo, o mail que recebi não era sobre isso, e sim sobre Jesus. Perguntava como eu podia desacreditar na existência dele. Aí o engano. É claro que o sujeito que nós chamamos de Jesus existiu. Isso é um fato historicamente comprovado. Evidente que as façanhas a ele atribuídas não ocorreram conforme ditam os livros de "convencimento" coletivos, mas, algumas passagens de sua vida realmente fazem parte da nossa história. Melhor nem transpor para os dias de hoje, como exemplo, um sujeito tendo um ataque de fúria agredindo camelôs. Ou as verdadeiras "viagens" proferidas a cada discurso, e, pior ainda, o complexo de grandeza evidente em dezenas de ações e falas.

 

Mas, deixa eu esclarecer de uma vez por todas, que é a minha intenção desde o começo: Jesus existiu e foi uma "figura" muito peculiar, que nos dias de hoje apodreceria em um manicômio como "louco varrido". O dito pai dele, o fictício, o irreal (não o que transou com a Maria), não existiu, não existe e não existirá.

 

Então, independente de crenças ou opiniões, desejo a todos um feliz natal, da mesma forma que desejaria também um feliz dia no índio ou dia da árvore.

 

E nenhum raio caiu sobre minha cabeça!

 

Já que é assim, feliz 2011 também.

 

* Beto Canales é editor do blog Cinema e bobagens.

 

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Wikileaks:

Direito à informação e defesa nacional

‘Nossos diplomatas não são ativos de inteligência’

P.J. Crowley – Porta voz do Departamento de Estado dos EUA.

 

Por Higor N. Jorge*

De Santa Fé do Sul-SP

Para Via Fanzine

 

  

I – INTRODUÇÃO

 

Espionagem, sabotagem, infiltração, comprometimento, compartimentação de conhecimentos sensíveis, recrutamento, dissimulação, história cobertura, estratégia, manipulação, serviço secreto, cyberterrorismo, guerra de informações, diplomacia, segurança nacional, contra-inteligência, classificação de documentos sigilosos e outros tantos termos são utilizados geralmente por órgãos de inteligência para caracterizar a sua atividade fim, que é a produção de conhecimentos sensíveis para subsidiar a tomada de decisão pelos governantes do país.

 

Neste sentido, uma das características destes órgãos é a confidencialidade de sua atuação e dos seus documentos, ou seja, permanecem distantes dos cidadãos comuns porque não são divulgados.

  

II – WIKILEAKS

 

Há algum tempo estes termos passaram a ser utilizados com maior frequência em razão da divulgação no site da organização WikiLeaks de milhões de informações e documentos considerados sigilosos.

 

Inicialmente o site teve o domínio wikileaks.org, mas atualmente tem sido alterado constantemente, conforme extraído do twitter dos seus organizadores (twitter.com/wikileaks).

 

O WikiLeaks é uma organização transnacional, sem fins lucrativos, sediada na Suécia que disponibiliza na internet dados, informações, documentos, vídeos e fotos confidenciais, oriundas de governos ou grandes corporações.

 

De acordo com o exposto no site a organização é composta por jornalistas credenciados, programadores de softwares, engenheiros de rede e matemáticos de diversos países, cuja identidade é preservada por intermédio da utilização do software Tor, que é utilizado na difusão dos dados e informações sigilosos.

 

O site é coordenado pelo jornalista e cyberativista Julian Assange que atualmente é procurado pelo governo da Suécia em razão de crimes que teria cometido no referido país.

 

Abaixo consta uma imagem do site WikiLeaks:

  

III – WIKILEAKS E OS ESTADOS UNIDOS

 

Em abril de 2010, um vídeo chamado “Assassinato Colateral” (Collateral Murder) despertou a atenção mundial, pois mostrava militares norteamericanos em um helicóptero promovendo a execução de civis desarmados em uma rua do Iraque, sem qualquer indicação que fossem terroristas.

 

No mês de julho, o site publicou um conjunto de documentos denominados “Diários da Guerra Afegã” (Afghan War Diary) que descrevem a ação de grupos militares norteamericanos e aliados, que promoviam ações contra talibãs e chefes da Al Qaeda e que também produziam a morte de milhares de civis.

 

Em outubro foram divulgados os “Registros da Guerra do Iraque” (Iraq War Logs) com informações sobre torturas contra terroristas presos e ataques contra civis no Iraque.

 

No final do mês de novembro passaram a publicar diversos telegramas sigilosos entre as embaixadas e o governo dos Estados Unidos.

 

A empresa Bahnhof, que hospedava o site na Suécia, passou a sofrer ataques virtuais e o site passou a ser hospedado pelo amazon.com. No início de dezembro o amazon.com deixou de hospedar o site em seus servidores e o seu domínio tem variado constantemente.

 

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon teria sido espionado. Consta que no mês de julho de 2009 foi solicitado que os diplomatas americanos informassem dados biométricos detalhados e informações técnicas (incluindo dados sobre cartões de crédito, DNA e senhas utilizadas nas comunicações) do secretário-geral e outras autoridades da ONU.

 

As informações divulgadas no site também indicam que líderes árabes como, por exemplo, o rei da Arábia Saudita, Abdullah Bin Abdul Aziz, pressionaram o governo americano para que bombardeasse o Irã.

 

IV – WIKILEAKS E O BRASIL

 

Em relação ao Brasil diversas comunicações foram obtidas. De acordo com os documentos disponibilizados no WikiLeaks o governo não aceitou receber prisioneiros suspeitos de terrorismo mantidos nas prisões de Guantánamo no ano de 2005.

 

Quanto a pane ocorrida no ano de 2009, no sistema de fornecimento de energia elétrica em grande parte do país, foi descartado que tenha ocorrido em razão de uma ação promovida por hackers.

 

Também há comunicações no sentido de que o governo norteamericano considera o Itamaraty adversário de seus pleitos e com tendências antiamericanas.

 

Os norteamericanos também demonstraram preocupação com grupos islâmicos supostamente extremistas que estariam instalados na área da tríplice fronteira (Porto Iguazu – Argentina, Cidade do Leste – Paraguai e Foz do Iguaçu - Brasil) e com a atuação da Polícia Federal teria realizado diversas prisões de pessoas envolvidas com o terrorismo islâmico, mas não teria lhes acusado pelo envolvimento com o terrorismo, apenas por outros crimes, para não amedrontar futuros turistas interessados em conhecer o país, nem “estigmatizar a comunidade muçulmana”.

  

V – AS CONSEQUÊNCIAS

 

Um dos reflexos da divulgação destes documentos é que os diplomatas provavelmente vão procurar evitar oferecer informações muitos detalhadas sobre os países em que estiverem desempenhando suas atribuições, com o receio que seus relatórios sejam divulgados.

 

Além disso, os diplomatas serão vistos pelas pessoas dos países em que estiverem instalados basicamente como meros agentes do serviço de inteligência dos países, de forma que será mantido certo distanciamento deles.

 

Os órgãos do governo que lidam com informações confidenciais vão passar a dar mais valor na segurança corporativa, que representa a adoção de medidas visando proteger os recursos humanos, a documentação, o material, os recursos da informática, as comunicações e as áreas e instalações das referidas instituições.

 

Neste sentido é possível prever uma maior preocupação com a limitação do acesso as informações sigilosas, de forma que terão acesso a elas apenas as pessoas que tiverem real necessidade de ter contato com as mesmas (princípio de compartimentação do conhecimento – conhecer apenas o que for necessário conhecer).

 

Outra medida que deverá ser aplicada diz respeito a impossibilitar o acesso às informações confidenciais no mesmo computador utilizado para acessar a internet, além do bloqueio de gravadores de CDs e DVDs e drivers USB para evitar a utilização de dispositivos portáteis de armazenamento, como por exemplo, pen drivers, etc.

 

Outra conseqüência do WikiLeaks é que fomentou a discussão sobre os limites da imprensa na divulgação de notícias que possam colocar a segurança do país em risco e até que ponto o cidadão tem o direito de ter acesso a informações confidenciais salvaguardadas pelo governo.

 

Alguns têm alegado que o direito à informação em um regime democrático é uma garantia de todas as pessoas e que os órgãos de comunicação devem fazer chegar ao público todo tipo de notícia, inclusive aquelas envolvendo informações sensíveis que possam ameaçar a soberania, a integridade territorial do país e as relações com outros países.

 

Outros possuem o entendimento que a liberdade de imprensa deve ser relativizada, que os meios de comunicação devem trabalhar com responsabilidade, de forma que não divulguem informações capazes de proporcionar prejuízos ao Estado. Segundo o entendimento destas pessoas a segurança nacional deveria prevalecer sobre os interesses de cada cidadão ter acesso a este tipo de informação.

  

VI – LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

 

No Brasil existem normas que tratam dos documentos sigilosos e não permitem que os mesmos sejam indevidamente divulgados.

 

O Decreto Nº 4.553/02 prevê a salvaguarda de dados, informações, documentos e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito da Administração Pública Federal.

 

Este Decreto considera sigiloso o dado ou informação cujo conhecimento irrestrito ou divulgação possa acarretar risco à segurança da sociedade e do Estado e também aqueles necessários ao resguardo da inviolabilidade da intimidade da vida privada, da honra e da imagem das pessoas (art. 2º do Decreto).

 

Os dados e informações sigilosos, de acordo com o seu artigo 5º, são classificados em ultra-secretos, secretos, confidenciais e reservados, em razão do seu teor ou dos seus elementos intrínsecos, sendo denominados:

 

- ultra-secretos: dados ou informações referentes à soberania e à integridade territorial nacionais, a planos e operações militares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico de interesse da defesa nacional e a programas econômicos, cujo conhecimento não-autorizado possa acarretar dano excepcionalmente grave à segurança da sociedade e do Estado;

 

- secretos: dados ou informações referentes a sistemas, instalações, programas, projetos, planos ou operações de interesse da defesa nacional, a assuntos diplomáticos e de inteligência e a planos ou detalhes, programas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não-autorizado possa acarretar dano grave à segurança da sociedade e do Estado;

 

- confidenciais: dados ou informações que, no interesse do Poder Executivo e das partes, devam ser de conhecimento restrito e cuja revelação não-autorizada possa frustrar seus objetivos ou acarretar dano à segurança da sociedade e do Estado;

 

- reservados: dados ou informações cuja revelação não-autorizada possa comprometer planos, operações ou objetivos neles previstos ou referidos.

 

Cabe destacar que a classificação destes documentos possui um prazo de duração contado a partir da data de sua produção. Conforme o artigo 7º os documentos ultra-secretos têm um prazo máximo de trinta anos, os secretos possuem um prazo máximo de vinte anos, os confidenciais têm um prazo máximo de dez anos e os reservados um prazo máximo de cinco anos.

 

O artigo 37, 1º prevê que “todo aquele que tiver conhecimento, nos termos deste Decreto, de assuntos sigilosos fica sujeito às sanções administrativas, civis e penais decorrentes da eventual divulgação dos mesmos” e o artigo 65 que “toda e qualquer pessoa que tome conhecimento de documento sigiloso, nos termos deste Decreto fica, automaticamente, responsável pela preservação do seu sigilo”.

 

O artigo 325 do Código Penal prevê que a divulgação de informações sigilosas pode ser enquadrada no crime de violação do sigilo funcional, que possui uma pena de 2 a 6 anos de reclusão e multa.

  

VII – CONCLUSÃO

 

O Estado tem a finalidade de promover o bem estar da população e agir sempre na mais restrita legalidade. A partir do momento que seus agentes ultrapassam este limite, a imprensa não apenas tem o direito, mas também o dever de agir, de denunciar e difundir em todos os meios disponíveis.

 

É uma constatação geral a necessidade dos órgãos de imprensa realizarem suas atividades na mais absoluta liberdade, imparcialidade e transparência, de forma que veiculem notícias independente dos interesses particulares que possam atingir.

 

Estas características são salutares para a democracia, contudo não é aceitável que uma atuação irresponsável de um órgão de comunicação, coloque em risco a vida das pessoas, a soberania do país ou a segurança nacional, pois devem ser salvaguardadas a qualquer custo.

 

Desta forma consideramos necessário que a imprensa respeite os prazos de não divulgação de informações classificadas como sigilosas, conforme dispõe o Decreto Nº 4.553/02, desde que as mesmas tenham relação com ações “lícitas” praticadas pelo Estado como medida adequada para a manutenção da segurança do Estado e de cada um dos cidadãos.

 

Neste contexto a divulgação de documentos sigilosos do governo, como a organização WikiLeaks tem promovido deve ser realizada apenas se respeitar os prazos previstos nas normas dos países envolvidos ou nos casos em que o Estado violar a Lei, sendo que nestes casos deve ser feita uma ampla divulgação para que não ocorram novamente e que estes casos sejam devidamente apurados.

 

VIII – BIBLIOGRAFIA

 

ANDREI NETTO. Vazamento de segredos no WikiLeaks obriga países a repensar a diplomacia. O Estado de S.Paulo.

<http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101205/not_imp649639,0.php>. Acesso em: 05 dez. 2010.

 

EÇA, Luiz. Wikleaks Desmascara a Guerra de Obama. Correio da Cidadania. Disponível em:

<http://www.aepet.org.br/site/noticias/pagina/181/WIK-LEAKS-DESMASCARA-A-GUERRA-DE-OBAMA>. Acesso em: 05 dez. 2010.

 

JORGE, Higor Vinicius Nogueira Jorge. et al. Considerações sobre a necessidade de integração entre os setores de inteligência policial no Brasil. In: Integração Nacional dos Setores de Inteligência Policial. 35 ed. São Paulo: ADPESP, 2007, p. 07-32.

 

MURTA, Andre. EUA expandiram espionagem direta, revelam telegramas vazados pelo WikiLeaks. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/841108-eua-expandiram-espionagem-direta-revelam-telegramas-vazados-pelo-wikileaks.shtml>. Acesso em: 06 dez. 2010.

 

NUNES, Letícia; THURLER, Larriza. Novo Vazamento revela segredos diplomáticos. Disponível em:

< http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=618MON001>. Acesso em: 04 dez. 2010.

 

WikiLeaks. Disponível em: <http://213.251.145.96>. Acesso em: 05 dez. 2010.

 

WikiLeaks e Islândia querem criar o paraíso da informação. Terra Tecnologia. Disponível em: <http://tecnologia.terra.com.br/noticias/0,,OI4631443-EI12884,00-WikiLeaks+e+Islandia+querem+criar+o+paraiso+da+informacao.html>. Acesso em: 05 dez. 2010.

 

* Higor Vinicius Nogueira Jorge é delegado de Polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário e tem feito palestras sobre segurança da informação, crimes cibernéticos, TI e drogas. Site: www.higorjorge.com.br Twitter: http://twitter.com/higorjorge.

 

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Lembranças de abril:

Esqueceram Getúlio Dorneles Vargas

O cronista vive de analisar os fatos e deles tirar alguma conseqüência jornalística.

 

Por Murilo Badaró*

De Belo Horizonte

Para Via Fanzine

 

Minha geração estudantil incorporou à sua memória a lembrança do dia 19 de abril dos idos de 1941/42/43, quando desfilava garbosa e altiva pelas avenidas da capital para homenagear o chefe do Estado Novo, cujo endeusamento era prática habitual no regime instalado a partir de 1937.

 

Chegando ao governo com o apoio das forças mineiras, escolhido chefe do governo provisório em 1930, foi eleito pelo Congresso para o período presidencial que tinha início em 1934 para, em 1937, golpear as instituições sob o fundamento do avanço comunista no Brasil.

 

Estou me lembrando de Getúlio Vargas por uma série de razões, especialmente pela circunstância de que no amplo noticiário desta semana, concentrado nas homenagens pelo cinqüentenário de Brasília e pelo primeiro quartel da morte de Tancredo, esqueceram de comentar que em abril também existia o dia 19, data do nascimento da mais importante figura histórica brasileira do século XX.

 

Como o dramático suicídio de Vargas ocorreu em agosto de 1954, já esmaecido pelo tempo e pela incrível capacidade da desmemoria nacional, no vasto painel dos fatos históricos apresentados pelo mês de abril, tal e qual o mês de agosto notável pelos infaustos acontecimentos que ensombraram a vida brasileira, pode ter ocorrido lapso aos comunicadores ao olvidarem da data de nascimento de Vargas.

 

Outros dirão que é preferível saudá-lo pela lei que criou a Petrobras. Outros se lembrarão de que foi de sua lavra a mais moderna legislação social daquele tempo, conquista que nem mesmo os mais ardentes inimigos de Vargas conseguem negar-lhe. Talvez a grande maioria prefira recordar o caudilho gaúcho no dia 24 de agosto, data em que segundo suas próprias palavras “deixava a vida para entrar na história”, gesto cuja dramaticidade tocou intensamente a alma nacional, a ponto de inverter tendência política que aparentava perdas para o suicida.

 

Talvez muitos tenham esquecido nas homenagens a Tancredo Neves, de que o mineiro foi Ministro da Justiça do governo Vargas e que o assistiu nos últimos e mais intensamente perturbadores daquele dia de agosto, episódio do qual certamente retirou exemplos de dignidade que lhe serviram como azimute durante o resto de sua vida.

 

Enfim, a ampla personalidade de Vargas, como homem ou como político, presta-se a inumeráveis especulações para que não fique esquecida a data de seu nascimento, antes nos tempos do fastígio do poder comemorado com fogos e clarinadas, hoje sequer lembrada pela natural imposição da natureza das coisas, que dão preferência ao culto de Tiradentes, marco histórico que baliza outros acontecimentos incorporados à memória nacional.

 

Seja como for, o cronista vive de analisar os fatos e deles tirar alguma conseqüência jornalística. É possível que muitos leitores ainda conservem vivas idiossincrasias herdadas do período Vargas. Mas ninguém negará a ele o lugar de honra que tem na história do Brasil. 

 

* Murilo Badaró é presidente da Academia Mineira de Letras.

 

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Costume enraizado:

Brincando de índio

Enquanto esse mesmo povo praticamente se enrabicha e morre de amores pelos seus mecenas,

pelo privilégio de utilizar cartões que dão direito inclusive ao estrambótico valor de 20 reais mensais,

os ditos cujos usufruem cartões corporativos sem limite, em hotéis, restaurantes...

 

Por Davi Castiel Menda*

De Gravataí-RS

Para Via Fanzine

 

Meus professores de história ensinavam que os índios foram utilizados pelos portugueses para carregar nossa madeira, principalmente o pau-brasil e, em troca, recebiam colares, espelhinhos e outras bugigangas do gênero. Ser presenteado com aqueles artefatos banais – porém bizarros, coloridos e chamativos - era uma verdadeira festa para aquele povo simples e ingênuo, e o engodo perdurou por muito tempo.

 

Já se passaram mais de 500 anos e, a exemplo do que aprendemos pela vida afora, a história se repete. Em plena era da informação e comunicação, os mais fortes, os mais poderosos, os detentores do poder, continuam distribuindo suas benesses, desta vez em troca da cumplicidade do silêncio e da resignação.

 

O povo é apresentado e presenteado a todo momento à uma gama de cartões que beiram o insólito e de uma absurdez atroz. É bolsa-família, bolsa-gás, bolsa-escola, bolsa-fome, bolsa-terrorismo, bolsa-qualquer-coisa, me surpreendendo que até hoje, os oportunistas de plantão, não terem concebido a criação da bolsa-futebol, o lado simbólico-circense do ópio do povo, dando direitos aos menos afortunados de freqüentar os estádios inteiramente de graça; talvez, quem sabe, numa segunda etapa, com direito a um lanchinho no intervalo dos jogos.

 

Enquanto esse mesmo povo praticamente se enrabicha e morre de amores pelos seus mecenas, pelo privilégio de utilizar cartões que dão direito inclusive ao estrambótico valor de 20 reais mensais, os ditos cujos usufruem cartões corporativos sem limite, em hotéis, restaurantes, viagens, et cetera, et cetera, atingindo ao final de cada mês um somatório de arrepiar, digno de um país rico (o que sabemos que não somos).

 

Os 310 ex-senadores e seus familiares pensionistas custam alguns milhões anualmente, ordenhados de tetas que, inexplicavelmente, jamais secam. Detalhe: para se tornar um ex-senador e ter direito a usar pelo resto da vida o sistema de saúde bancado pelos cofres públicos é preciso ocupar o cargo por apenas seis meses. Antes de 1995, a mordomia era ainda maior: bastava ao suplente assumir o cargo por apenas um dia! E por falar em senado, ao juntar suas valorizadíssimas notas de real na tentativa de passar um fim de semana agradável, lembre-se que a filha e o genro do atual presidente do senado foram pegos com 900 mil reais – história que até hoje não foi devidamente esclarecida – e que, segundo eles, seria “uns trocados para passar o fim de semana”.

 

Inexplicavelmente, o povo, deslumbrado, trepida de emoção com sua aposentadoria igual a um salário mínimo (não se preocupe: se você recebe um pouco mais, com o achatamento em curso, você ainda chega lá), e com o péssimo atendimento do sucateado serviço de saúde brasileiro. Nem vou falar da segurança! Não sei não, mas julgar o governo que aí está classificando-o como ótimo e bom, conforme pesquisas insistentemente publicadas na imprensa, me cheira a sadomasoquismo (tudo se espera e nada surpreende de um povo que dá 280 milhões de ligações telefônicas numa semana para votar no BBB).

 

Este mesmo povo, aquele referido em nosso hino (“de um povo heróico o brado retumbante”) tão cantado e decantado nos nossos estádios, perdeu o bonde da história: ele não sabe (ou não quer, entorpecido pelos cartões-manutenção-pobreza) mais se indignar. A última vez que se ouviu sua voz, se impondo, foi para derrubar o presidente Collor, o caçador de marajás, marajás esses que hoje seriam enquadrados como reles esmoleiros perto dos desmandos, escândalos e maracutaias atuais, sempre envolvendo os mesmos, que por certo serão reeleitos ad eternum per omnia saecula seculorum, mesmo que estejam brincando de índio com o povo. Lamentável.

 

* Davi Castiel Menda, 65 anos, é programador na área de matemática e reside em Gravataí-RS.

 -  Seus blogs são http://davicm.blog.terra.com.br e http://matematico.blog.terra.com.br

 

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