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Parentesco:
Pai nega ajuda a um filho
Sorte para André, sorte para a empresa. O brasileiro estava agradando demais. O gerente lhe revelou que, além de eficiente, ele demonstrava ter um ótimo relacionamento com as pessoas.
Por Sérgio Souza*
De Ibirité-MG
Para Via Fanzine
22/06/2025
O moço bateu à porta do pai. Contou-lhe de suas dificuldades. Ao final, pediu-lhe trezentos reais emprestados. Eis o que disse Jorge: "Não empresto não!".
O pai – vamos chamá-lo de Jorge – era caminhoneiro. Chegou a ter quatro caminhões. Depois vendeu-os e realizou seu maior sonho: comprou uma carreta. Com ela, ele trabalhava. Transportava até para outros estados. O dinheiro que ganhava ia aplicando em imóveis.
Seu filho, André, havia ido juntamente com seu primo trabalhar numa cidade próxima. Lá eles dividiam aluguel. Não tardou para que a empresa falisse, deixando todos os colaboradores desempregados. André foi gastando o pouco que tinha, fazendo ainda alguns bicos.
Outro dia, o moço bateu à porta do pai. Contou-lhe de suas dificuldades. Ao final, pediu-lhe trezentos reais emprestados. Eis o que disse Jorge: “Não empresto não! Você não vai pagar e eu vou ficar no prejuízo. Além do mais, a obrigação de pais para com filhos é até que eles completem dezoito anos. Você já tem vinte e três. Agora se vira!”
André saiu desconcertado, sem a mínima noção de como seria a sua vida já nos próximos dias...
Resolveu passar numa padaria para tomar um cafezinho. Viu sobre o balcão um jornal. Começou a lê-lo. Na terceira página, algo o impressionou: estava aberta uma seleção para graduados em Administração de Empresas. Tratava-se de uma grande atacadista. Dez vagas, para trabalhar em Barcelona. André possuía a exigida graduação. “Não vou perder esta oportunidade!” – pensou.
Foi ao local, entregou o currículo. Depois, fez os testes e... passou! Por sinal, foi até um tanto elogiado, porque, além daquela qualificação requerida, ele falava fluente o espanhol.
Partiu para a Espanha. (Tudo isso, sem contar nada a ninguém. Só mesmo o primo é quem sabia.)
Sorte para André, sorte para a empresa. O brasileiro estava agradando demais. O gerente lhe revelou que, além de eficiente, ele demonstrava ter um ótimo relacionamento com as pessoas.
Dentro de alguns meses, André se tornou chefe de seção. (E obtendo 20% de aumento no seu salário.) Por lá foi ficando.
Uns três anos depois, o gerente chegou a ele e falou: “André, estamos nas vésperas de Natal. Considerando os bons serviços que você presta à empresa, vamos te dar uma semana de folga para você visitar seus parentes e amigos. “Oh! Que presente! Vou viajar então. ¡Muchas gracias, señor!”
Logo que o avião estava pousando no Brasil, teve André um forte desejo de rever seu pai. Foi a primeira pessoa que pensou em visitar.
Chegou à casa do velho. O homem abriu-lhe a porta, sem fazer, contudo, festa à sua chegada. André contou da vontade que teve de lhe dar um abraço pela ocasião do Natal. O pai recebeu o abraço.
Em seguida, falou bruscamente: “Vamos! Diga logo o que você veio fazer aqui!” E André, meio assustado: “Pai, nada mais que desejar-lhe um feliz natal.” E o pai: “Não. Você não veio aqui só pra isso não. Você veio aqui foi pra pedir dinheiro emprestado. Eu te conheço...”
André, num misto de desapontamento e de vitória, respondeu: “Eu não viria pedir dinheiro emprestado, porque não estou precisando.” E o pai: “Ah, ganhou na loteria? Porque você é um vagabundo.”
André contou-lhe toda a sua história nestes últimos anos. Restou uma pergunta, que o pai lhe quis fazer: “E quanto você ganha lá por mês?” “7 mil”, informou André. “Então é pouco. 7 mil reais, num lugar onde o custo de vida é bem mais elevado, você não tem nada pra comemorar não.” E André, ainda com a humildade que sempre foi seu guia, explicou: “Só que lá não recebemos em reais. Eles nos pagam é em euros.” (Despediu-se e foi embora.)
Bem, eu estava fazendo a conta aqui. Suponhamos que o fato houvesse ocorrido hoje (20/06/2025). Se o euro está a 6.356, isso aí, vezes 7.000, dá 44.492 reais. Mesmo sendo na Europa, eu não acho esse valor um baixo salário não. E você, o que acha?
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Justiça: Um condutopata rodeado de generais Depois de tantas agressões à nossa República, à nossa democracia, ao STF; depois de planejarem atacar com o punhal verde e amarelo as nossas autoridades, o ministro Alexandre de Moraes não vai afrouxar.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 17/06/2025
Nesse vergonhoso banco dos réus, cada um conta a sua mentira. Todos ali querem parecer inocentes criancinhas.
Uma quadrilha diferente. Não a junina. Também as estrelas eram diferentes. Estas não cintilavam no céu, sim, nos ombros de capitão e generais. Ombros brilhantes, mentes opacas, mentes traiçoeiras. E quem está dançando nesta quadrilha são garbosos malfeitores.
Demorará um tempo para que o nosso honrado Exército de Caxias volte a ter status de uma corporação nobre, patriota, exemplar. Contudo, creio que com essa catarse produzida no banco dos réus - que tentaram o golpe de estado contra nosso país, nossa Pátria - um novo tempo virá. Que o povo brasileiro não seja mais tão enganado por líderes que se formaram sob o juramento de defender a Pátria, e que a apunhalam – com um punhal verde e amarelo, visando a benefícios próprios.
Nesse vergonhoso banco dos réus, cada um conta a sua mentira. Todos ali querem parecer inocentes criancinhas.
Aquela fidelidade, aquela união, aquele espírito corporativo ora se esfuma e vai para os ares. Alguém ali, para se defender, coloca, sem a mínima piedade, a carga sobre os ombros dos companheiros de farda. Sejamos realistas. O mentor de tudo isso, aquele que inventou a bomba que começa a estourar, foi nada mais nada menos que Bolsonaro. Ele era o principal interessado no golpe de estado, resultando em sua permanência no poder. Plano frustrado. E depois, já na frente de um juiz, aquele que era mito, referência, herói dos quadrinhos, se afrouxou. Pediu desculpa várias vezes e ainda se humilhou, convidando o Xandão para ser seu vice.
Isso irritou seus apoiadores, que nas redes sociais, vêm se mostrando bravos. Milhares deles já se declaram arrependidos de o terem apoiado.
Também o Exército está indignado com todos esses réus, que juram amar e defender a Pátria e se apresentam como insidiosos. Essa Força Armada está estudando as devidas punições, que podem ser a perda das patentes, dos salários, entre outras.
Permitam-nos fazer uma digressão. Um dos maiores psiquiatras forenses brasileiros é o doutor Guido Palomba. Ele se dedica a definir os perfis psicológicos dos criminosos. Ele analisa o comportamento condutopata de um indivíduo. A condutopatia é um desvio de personalidade; é uma deformidade que se desenvolve na pessoa desde o nascimento.
Os condutopatas ficam na zona fronteiriça que separa a loucura da normalidade. O Dr. Guido prefere o termo condutopata a psicopata, porque a doença está na conduta do indivíduo. Qual a grande diferença entre um condutopata e um doente mental verdadeiro? O doente mental verdadeiro rompe com a realidade; o condutopata não.
Ainda segundo o psiquiatra, o que distingue o indivíduo tido como normal do condutopata? O condutopata não tem empatia; nem sentimentos superiores de piedade, compaixão e altruísmo; e nem arrependimento pelo dano que causa. É uma pessoa tosca, maquiavélica, egoísta: só pensa naquilo que interessa a si próprio. Aqui está um vídeo elucidativo: clique aqui para ver.
Eu já estava associando tudo isso ao Bolsonaro. Nem foi preciso. Numa entrevista à TV Cultura, o mesmo Dr. Paloma foi claríssimo em enquadrar o ex-presidente a esse comportamento condutopata. Eis aqui o vídeo.
E esse doutor chama a atenção para o perigo de ter um condutopata no governo de uma nação.
Diante de tantos fatos e tantas considerações, resta-nos torcer para que os advogados de defesa de Bolsonaro não decidam valer-se de aludida patologia a fim de requererem uma prisão especial – numa casa de repouso ou mesmo em domicílio.
Mas creio que depois de tantas agressões à nossa República, à nossa democracia, ao STF; depois de planejarem atacar com o punhal verde e amarelo as nossas autoridades, o ministro Alexandre de Moraes não vai afrouxar para ele não. O mais rigoroso inverno para eles será na primavera de 2025.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Justiça: Bolsonaro cara a cara com a PF e com Xandão O STF, após ouvir testemunhas indicadas pelos réus na trama golpista, informou que os depoimentos só reforçam a culpabilidade desses réus.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 05/06/2025
A Polícia Federal já abriu investigação para apurar se o 03 está atuando para atrapalhar o andamento do processo que investiga uma trama golpista para manter o ex-presidente no poder.
A terra vai tremer. Dois grandes duelos. Dois grandes desafios.
O STF acaba de finalizar mais uma fase com os depoimentos das testemunhas arroladas na defesa dos membros da ORCRIM. Posteriormente, haverá a etapa de alegações da PGR e também das defesas dos membros.
O ministro Alexandre de Moraes determinou que na próxima semana os réus sejam ouvidos. Se necessário, poderá haver alguma acareação. Aí é que o bicho pega mesmo.
Falando no pai, a gente lembra do filho. O 03, Eduardo Bolsonaro, também terá muitas explicações a dar à Justiça. Quem também presta depoimento em inquérito que investiga Eduardo Bolsonaro é Lindberg Farias, líder do PT, que o denunciou.
A Polícia Federal já abriu investigação para apurar se o 03 está atuando para atrapalhar o andamento do processo que investiga uma trama golpista para manter o ex-presidente no poder. (Claro que está. Todo mundo sabe disso. Mas as autoridades têm de cumprir o protocolo.)
O STF, após ouvir testemunhas indicadas pelos réus na trama golpista, informou que os depoimentos só reforçam a culpabilidade desses réus.
Depoimentos do dia 9/06/2025, segunda-feira, aqui, em ordem alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Messias Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Neto.
Face ao que foi apurado até agora, concluiu-se que a oitiva dos réus será meramente protocolar.
O Eduardo Bolsonaro está prometendo ao Dr. Alexandre de Moraes que os EUA aplicarão sansões contra essa autoridade, exatamente no dia em que Bolsonaro estiver depondo na Polícia Federal. Tais sanções teriam o caráter de uma retaliação contra o ministro, por este ser causa de todo esse constrangimento a que o pai se expõe e pelas decisões que o ministro toma. Falácia pura! O causador de todo esse incômodo foi o próprio Jair, pelos crimes em série que cometeu. O Ministro está apenas trilhando o caminho da justiça e aplicando as leis, defendendo assim o povo brasileiro.
Em suma: o pai e o filho 03 não estão encontrando, de forma alguma, argumentos para rebater as apurações da PF, as acusações do Ministério Público e as decisões do STF contra eles. Sendo assim, vão tentando, como aquele que está se afogando num rio, abraçar-se a qualquer coisa que achem pela frente. E, quando não acham tal coisa, tentam inventá-la.
O depoimento na PF será para o Jair se explicar sobre o fato de ele estar custeando o filho dele nos EUA, com o objetivo de tentar sanções contra o Judiciário brasileiro, bem como sanções econômicas contra o Brasil.
Em suma: essa atitude de pai e filho é uma forma de amedrontar o STF – até mesmo a PF – julgando que os Estados Unidos detêm maior poder e, segundo a ilusão deles, capacidade para interferir no governo e no judiciário brasileiro. É ainda uma forma de obstrução de justiça, o que é considerado crime segundo o nosso ordenamento jurídico.
Poderíamos também dizer que pai e filho estão partindo para o tudo ou nada. Ou ainda, como diz o samba: “Quem não tem mais nada a perder só pode ganhar.”
Última data para os depoimentos dos réus: sexta-feira, 13. Dia cabalístico. Será que vai dar sorte ou azar para eles?
Expectativas no tocante ao depoimento do Jair na PF: uns acham que, dependendo do que acontecer, o ministro Alexandre de Moraes vai colocar nesse réu uma tornozeleira eletrônica; outros preveem que o ex-presidente terá seus bens confiscados, impedindo-o assim de custear as traições de seu filho nos States contra a Pátria brasileira; e há quem aposte que o chefe dessa ORCIM já fique preso pela Polícia Federal.
Aliás, existe até gente imaginando que o “imbrochável”, na véspera do depoimento, vá comer bastante camarão, para ter, mais uma vez, uma terrível dor de barriga e vá se esconder num hospital. Eu não gosto de analisar as coisas assim. No entanto, pelo histórico desse “mito”, essa é uma previsão que também não pode ser descartada.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Natureza animal: Sua voz se cala, mas seu corpo fala O importante é saber dosar, não se perder em excessos. Tendo isso em mente, construiremos uma mente sadia, unificada, seremos mais harmônicos e felizes.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 28/05/2025
Também nosso corpo é uma esfinge, um mistério. A todo momento, corpos se cruzam, expressando sua linguagem.
Nosso corpo é uma esfinge, uma criatura mítica com corpo de leão e cabeça humana (às vezes, também com asas de pássaro). Há vários tipos de esfinge: a grega, a egípcia, a assíria, todas tendo algo em comum. A que ora nos interessa tem peito de leão, abdômen de boi e cabeça de água.
Édipo, após matar seu pai – como estava previsto pela profecia de um oráculo – segue caminhando, querendo expiar esse seu horrendo ato. Encontra uma esfinge, com rosto de mulher. Ela lhe diz que, para ele se redimir, só se ele decifrar o seu segredo. De início, pensa Édipo que esse mistério estaria em seu sorriso enigmático.
A esfinge lhe faz uma pergunta: “Qual é o animal que de manhã tem quatro pés, à tarde tem dois e à noite tem três?” Ele responde: “É o homem. Na infância, ele anda de quatro; quando adulto, desloca-se com dois pés e na velhice, com três: seus dois mais a bengala.” A esfinge, vendo-se decifrada, pula num precipício e ali perece. E Édipo se torna redimido.
Também nosso corpo é uma esfinge, um mistério. A todo momento, corpos se cruzam, expressando sua linguagem. Vamos tentar decifrar pelo menos um pouquinho dessa esfinge?
Abdômen de boi. O boi, neste contexto, simboliza alimentação e sexo. Tórax de leão. O leão se refere ao lado emocional. Cabeça (e asas) de águia. A águia representa a parte intelectual, lógica, racional.
Suponhamos que alguém vê uma cozinheira chegando com um prato cheirando longe, uma delícia! A pessoa tem tendência a colocar a mão na barriga. Interpretando: o boi deu sinal. O boi está em destaque.
Outra situação: chega uma pessoa querendo briga com outra. Impulsivamente, ela estica o peito, às vezes até o aproximando do seu oponente. Sobressaiu-se o leão.
E você, que nesta hora está lendo esta crônica? Está em evidência em você a águia.
Um rapaz está ao balcão de um bar bebendo a sua cerveja. Passa uma garota atraente, ele coloca a mão no seu órgão genital. Qual dos animais prevaleceu? Claro que foi o boi.
Assim, pode-se dizer que alguém dado a muita comida, muita bebida – geralmente barrigudo – também muito excitado sexualmente é ‘tipo boi’.
Já aquela pessoa explosiva, impulsiva, ou até mesmo que quer resolver tudo na bala é ‘tipo leão’.
E enfim, alguém bastante intelectual, racional, que gosta de literatura, filosofia, informática, artes, que prefere resolver tudo com a razão, este é o tipo águia. (Ave que voa alto e enxerga longe.)
No nosso rosto, existem as subdivisões. A boca é o boi (alimentação e sexo); o nariz é o leão; os olhos, a águia. Vamos ao teste.
Alguém, quando vê chegando aquela comida saborosa, passa a língua nos lábios. Que animal prevaleceu? Acertou, né? O boi.
Sabendo da traição, a mulher traída chega com as ventas arreganhadas para brigar com a traidora. Nariz em destaque? Sobressaiu o leão.
E aquele nerd, que está lendo algo na tela do seu celular? Nessa hora, está prevalecendo a águia.
Vamos ver mais um caso interessante. Imaginemos um escritório. Sentada esticada numa cadeira (boi em destaque), está a secretária; acomodado à sua mesa, encontra-se o chefe. O noivo liga para ela, um pouco desconfiado com o amor dela por ele. E ela: “Que é isso! Estou te amando mais que nunca. Você é a pessoa da minha vida.” No entanto, a perna dela e o pé estão apontando totalmente para o chefe. Quem na verdade ela ama? Claro que é o chefe. (E o noivo tinha razão de desconfiar.)
Os objetos que se usam complementam atitudes corporais. Se chega uma amiga à nossa casa e não se desgruda dos objetos que ela vinha trazendo, então, ela não está à vontade.
Quando está quase terminando a última aula, vários alunos vão guardando os seus objetos e colocando suas mochilas a tiracolo. Nem precisaria dizer que eles estão ansiosos pelo fim da aula.
Para encerrar, qual o tipo que em nós deveria sobressair: boi, leão ou águia? Muitos hão de pensar que é o tipo águia. No entanto, o ideal é o equilíbrio dos três. Todos constituem partes de nós. É plenamente lícito que cada um reaja a estímulos nas mais diversas situações. O importante é saber dosar, não se perder em excessos. Tendo isso em mente, construiremos uma mente sadia, unificada, seremos mais harmônicos e felizes.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Música Popular Brasileira: O que era poesia, hoje é um produto comercial Pessoas ingênuas acreditam que tais produções são boas, porque tocam sem parar no rádio, nos canais de música da Web e na televisão. Tais ouvintes chegam a idolatrar seus intérpretes. Mal sabem que todo esse sucesso é fabricado por pesadas estratégias de marketing.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 19/05/2025
Adicionalmente, quantos desses capitalistas cantores se envolvem em esquemas de corrupções, dentro da política, e ainda cometem outros crimes, como vimos nos escândalos das bets?
A canção brasileira, que era bela ou inteligente - quando não ambas as coisas -, acabou se tornando um mero produto comercial. A música refina o espírito, educa. No entanto, o que vêm depositando em nossos ouvidos e mentes emburrece, deseduca. (Salvo raras exceções.)
Em 1977, a Rita Lee já provocava: “Ai, ai, meu Deus/O que foi que aconteceu/Com a música popular brasileira?” Na verdade, a Rainha do Rock discorria sobre a miscelânea de estilos, uns bem elaborados, outros nem tanto, porém, todos ocupando o seu espaço midiático. Era uma época ainda ingênua, perto do que apresenta o quadro musical das últimas décadas.
A música sertaneja, por exemplo, tinha poesia. Vamos relembrar:
“Eu fiz promessa/Pra que Deus mandasse chuva/Pra crescer a minha roça/E vingar a criação...” (Toada de João Pacífico e Raul Torres.)
“O carro de boi lá vai/Gemendo lá no estradão/Suas grandes rodas fazendo/Profundas marcas no chão/Vai levantando poeira/Poeira vermelha/Poeira do meu sertão...” (De Serafim Colombo Gomes e Luiz Bonan.)
O ECAD divulgou há pouco tempo que 70% das músicas ali registradas são sertanejas. Não aquela sertaneja de raiz, a qual tinha poesia. Sim, essa pseudossertaneja de hoje, que é paupérrima em letra, em melodia e harmonia. O apelo é rítmico. De regra, os cantores não cantam. Berram.
O funk, com suas letras agressivas, muitas vezes pornográficas, repletas de palavrões, também tem seu espaço comercial e midiático. A publicidade criou para ele o rótulo de “A voz da favela.” Eu, que também sou de origem humilde, amo muito o povo da favela. Por isso lhes desejo coisa melhor.
Pessoas ingênuas acreditam que tais produções são boas, porque tocam sem parar no rádio, nos canais de música da Web e na televisão. Tais ouvintes chegam a idolatrar seus intérpretes. Mal sabem que todo esse sucesso é fabricado por pesadas estratégias de marketing.
Aquela meia dúzia de cantores que ocupam o espaço midiático tenta barrar a entrada de outros. A própria Roberta Miranda conta que começou a ser bastante tocada numa emissora. Incomodado com a situação, um sertanejo foi lá, comprou a rádio e excluiu a cantora. Daquela hora em diante, só se tocavam produções desse sertanejo ou de seus parceiros.
Em São Paulo, um cantor comprou o mesmo horário em 70 emissoras. Alguém liga o rádio, ouve aquela música; não se interessa tanto, muda de estação; ouve de novo aquele troço; ele continua mudando; a praga continua tocando. Aí ele conclui: “Oh, devo prestar mais atenção a essa música. Ela deve ser boa, pois está tocando em todas as estações.”
O agro tem seu valor. Coloca alimentos em nossas mesas. Coloca o Brasil num patamar mais vantajoso na economia mundial. Mas tem seu lado de investir pesadamente na produção musical, criando produtores como a Agroplay, que busca fabricar artistas e músicas que exaltam o setor. Além de o agro e seus cantores acumularem um capital absurdo, ganham bastante força política.
Sabemos que no nosso Congresso existe a “bancada ruralista”. Trata-se de um grupo de parlamentares que defendem os interesses dos proprietários rurais. Eles se opõem a projetos que buscam reforma agrária e a regulamentação ambiental, e buscam a aprovação de leis que favoreçam o setor. (E o povo que se dane.)
Um bom número dessas músicas atuais faz apologias a bebidas, a drogas, a promiscuidades sexuais. Se elas vão deseducar a sociedade, isso pouco importa. O importante mesmo é dinheiro, fama e poder. Pior é que muitos consumidores dessas vulgaridades tomam aquilo como exemplo. Daí, agregam grosserias e vícios a suas vidas, retrocedendo, ao invés de evoluir.
Adicionalmente, quantos desses capitalistas cantores se envolvem em esquemas de corrupções, dentro da política, e ainda cometem outros crimes, como vimos nos escândalos das bets?
“Poetas, seresteiros, namorados, correi/É chegada a hora de escrever e cantar/Talvez as derradeiras noites de luar.” (Gilberto Gil.)
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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MEC & EaD: A educação a distância vai acabar no Brasil? Surpreendi-me, há um tempo, quando vi anunciados cursos de pós-graduação em três meses, sem TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Pior: vi ontem o anúncio de uma graduação, também em três meses. Onde estamos!
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 09/05/2025
E a coisa foi descambando por aí, até chegar a situações absurdas, que nem o povo nem o País merecem. Cursos jogados ao léu, com uma exígua estrutura para funcionar.
Sim. O MEC perdeu a paciência. E está mais do que certo. Aliás, já deveria ter perdido a calma há mais tempo.
A EaD (Educação a Distância) no Brasil vem se tornando, cada vez mais, uma vergonha.
A proposta inicial era louvável. Levar educação até o lar de pessoas que residem em áreas distantes dos grandes centros. Incluir donas de casa que têm crianças pequenas e por isso não se podem deslocar. Baratear o custo de uma graduação ou pós-graduação, uma vez que o professor, diferente do que ocorre em uma sala física, pode atender, de uma só vez, centenas ou milhares de estudantes.
Por todos esses motivos, a EaD se tornou mais democrática que a educação presencial. E seria a grande invenção para um país tão extenso quanto o nosso. Além do mais, todo progresso tecnológico é bem-vindo.
Tudo muito bonito, mas e na prática? Bem, devemos admitir que existem instituições muito bem estruturadas, as quais oferecem aos alunos um professorado de alto nível, uma metodologia bem cuidada, um material didático consistente, aliado a notáveis recursos didáticos: vídeos-aula, livros, apostilas, monitorias, chats, grupos, comunidades...
Quem dera que todas as instituições fossem assim! No entanto, é bom lembrar que essas são, com toda a justiça, mais caras. Isso inviabiliza o acesso de um bom número de pretendentes.
É nesse cenário que surgem os avarentos. Lançar um curso mais barato, porém, extraindo dele uma série de itens que garantiriam melhor qualidade. Assim, a faculdade atrairia mais alunos e faturaria mais.
E a coisa foi descambando por aí, até chegar a situações absurdas, que nem o povo nem o País merecem. Cursos jogados ao léu, com uma exígua estrutura para funcionar. O que importa é o dinheiro! E quantas faculdades, nessa modalidade, fecham suas portas no decorrer do curso, abandonando os alunos, que não concluem nem recebem seus diplomas!
Surpreendi-me, há um tempo, quando vi anunciados cursos de pós-graduação em três meses, sem TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). Pior: vi ontem o anúncio de uma graduação, também em três meses. Onde estamos! Uma graduação que, de regra, era concluída em quatro, cinco anos (excepcionalmente em três), agora concluída em um trimestre? Daria para fazer quatro desse tipo em um ano. Quem sabe até mais, fazendo-se duas no mesmo número de meses. Virou produto de consumo.
Se você fosse empresário(a), estivesse recrutando profissionais de nível superior para trabalhar em sua empresa, e chegasse um candidato, com uma graduação em três meses, você o admitiria? Eu não. Aliás, nem procuraria um profissional com uma formação precária como essa.
O MEC constatou que existem polos de EaD funcionando apenas em uma salinha alugada. Ou seja, a faculdade não oferece um laboratório, nem mesmo uma biblioteca. Encontrou-se um desses polos, que funcionava em um comodozinho, em cima de uma padaria. Nossos estudantes não merecem uma futilidade como essa!
Assim, foram surgindo milhares de cursos de graduação e pós-graduação no País. E a concorrência passou a ser acirrada. Por isso é que a maioria usa, como chamativo, o preço baixo e um reduzidíssimo tempo de conclusão. Detalhe: tais cursos são com frequência procurados por trabalhadores, incluindo professoras, que desejam apresentar seu diploma para ganharem um aumento salarial.
Outra consideração: uma legião de alunos de EaD opta por pagar a alguém que lhe faça os trabalhos. A maioria alega não ter tempo. Imoral da história: o que ocorre é uma compra de diploma. E os professores, os diretores, sabem disso? Claro que sabem. Mas acham até bom. O ideal para eles é que tudo seja o mais facilitado possível, a fim de que o aluno deixe lá o dinheiro e ainda recomende.
E então? A EaD vai mesmo acabar no Brasil?
Não. O MEC pretende é disciplinar este segmento. Fechar todas as faculdades que não atendam aos padrões de qualidade. E manter as qualificadas. Se isso realmente for implantado, parabéns ao MEC!
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Higiene corporal: Os vermes, esses desordeiros, esses bagunceiros Vermes podem estar nas frutas, verduras, ou em comidas de restaurantes, barracas e lanchonetes. Podem existir em canos que seguramos em lotações. Podem estar em mãos que tocamos.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 04/05/2025
“Dedicatória: Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas.” (Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.)
Como vimos, Machado de Assis dedicou essa sua notável obra a um determinado verme. Daí eu pensei: por que eu não dedicar uma crônica aos vermes em geral?
Os helmintos (nome mais chique para vermes), na ânsia de sobreviverem, prejudicam sobremodo um ser humano. E em certos casos podem até matar. Outros, como veremos, são por demais bagunceiros. Acho até que eles se divertem bastante, passando constrangimentos naqueles a quem escolhem como vítimas.
Para auxiliar-me nesta minha excêntrica jornada, precisei evocar a presença do conceituado médico, o Dr. Fernando Lemos, doravante constituído meu poderoso guia.
Vermes podem adentrar o pulmão, as vias biliares. Um verme pode perfurar o intestino. Já pensou?
Mas prepare-se! As cenas a seguir são chocantes. Pessoas nervosas ou muito sensíveis, melhor que parem a sua leitura por aqui.
Um moço procurou um doutor. Vinha apresentando uma certa queimação na bexiga e uma necessidade constante de urinar. O médico suspeitou logo de cistite, uma inflamação na bexiga, causada, geralmente, por bactérias.
Solicitou diversos exames, até que o absurdo foi revelado: constatou-se uma lombriga morta, calcificada dentro da bexiga do caboclo...
Mas como ela foi parar lá? Descobriu-se, numa entrevista cuidadosa e sigilosa, que o paciente fazia sexo anal na sua esposa, e sem preservativo. Ela estava contaminada por ascaris lumbricoides (lombrigas) e, no calor da emoção, durante o ato sexual, ele nem percebeu que havia uma lombriguinha saindo daquele ambiente fecal e entrando em sua bexiga. Acho que, de agora em diante, ele vai parar com essa besteira, vocês também não acham?
Outro caso chocante foi o de uma senhora. Deu nela uma forte vontade de defecar. Ela correu para o vaso e começou. Certa hora, notou que estava saindo de seu ânus uma enorme e temível “minhoca”.
Chamou depressa o marido. Ele foi puxando, puxando... O negócio não acabava mais. Resultado: era uma tênia de quatro metros! O médico foi averiguar a causa. Descobriu que ela e o marido comiam carne crua.
Agora, para aliviar, vai uma história muito romântica. No primeiro dia de namoro, um casal deu as mãos. Fizeram mútuas carícias, até que veio a hora mais emocionante: o beijo. Foram-se beijando com frenesi. E, num beijo mais prolongado, a menina notou algo diferente fazendo uma certa cosquinha em sua língua. (Ela pensou: “Nossa! Esse meu namorado sabe fazer cada coisa! ...”)
Pobre garota! Na verdade, estava era saindo da boca do apaixonado uma bruta lombriga. Acabou o romance! Acabou o namoro. É como diz uma linda canção italiana: “Al primo incontro già sta un adio.” Ele só pediu a ela, encarecidamente, que não espalhasse o fato, se não, ele jamais conseguiria arranjar uma outra namorada. E foi tratar-se, o mais urgente possível.
Citado médico nem costuma pedir exames. Ele argumenta que uma amostra, de certa área do intestino, pode não estar infestada, e outra sim. Ele então recomenda que cada pessoa tome um vermicida por ano. E quem trabalha em zona rural; se tem animais domésticos; ou ainda se come comida japonesa, a frequência deve ser de duas vezes por ano.
Vermes podem estar nas frutas, verduras, ou em comidas de restaurantes, barracas e lanchonetes. Podem existir em canos que seguramos em lotações. Podem estar em mãos que tocamos. (Muita gente não lava as mãos após ir ao banheiro, principalmente se usa banheiro público.)
Mas enfim, minha gente, temos que ter bastante higiene sim. Também não dá para viver tão confinado, não andando de metrô ou lotação; não frequentando lugares públicos e, o principal: negando a um amigo um aperto de mão. Alguém que age assim realmente se preserva contra uma série de vermes e bactérias. No entanto, fatalmente se tornará um melancólico antissocial e um paranoico.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Perigo à vista: Roleta-russa do sexo, ou palavras à juventude E a libertinagem acabou viralizando entre o público adolescente. Alguns veículos de comunicação já estão se reportando à roleta-russa do sexo. Para especialistas, essa é a "onda da vez", seguindo outros tipos de jogos perigosos.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 27/04/2025
Quer na família, quer na escola, o diálogo tem de ser franco. Os adolescentes devem ser orientados. Para isso, pais e professores têm de estar preparados e acompanhar a marcha da sociedade.
“A vida é uma roleta, gira, gira... E troca-se o prazer pelo sofrer...” (Música Roleta da Vida, de Heriberto Muraro e Osvaldo Santiago, intérprete: Carlos Galhardo.) Esta valsa já diz muito do que vamos abordar hoje.
Há vários tipos de roleta. Existe aquela dos cassinos. Existem as roletas on-line. O limite entre a diversão e a desgraça é tênue. Com frequência, alguém que entra num jogo por se divertir – ou acreditando que aquele é seu dia de sorte – pode viciar-se, aquilo se tornando um tormento, somente para si, ou extensivo à sua família. Equivale ao vício por uma droga.
Roleta-russa, ou montanha-russa, é também um brinquedo que causa bastante adrenalina nos parques de diversão.
Porém a coisa pode ir ficando mais perigosa. Por exemplo: há outro tipo de roleta-russa, em que os participantes colocam um cartucho em uma das câmaras de um revólver. O tambor dessa arma é girado e fechado, de modo que a localização do projétil seja desconhecida. Os partícipes apontam o revólver para suas cabeças e atiram, correndo o risco de morte, caso o projétil esteja na câmara engatilhada. Nota-se um total desprezo pela vida.
Contudo, às vezes aparece nos bailes funk uma roleta diferente: a roleta-russa do sexo. Neste jogo, cada garota se posiciona curvada sobre algum suporte, com as nádegas expostas. Um a um, os funkeiros vêm realizando sexo com elas, sem que elas distingam com quem estão copulando. (Aliás, nem querem saber.)
Adolescente de treze anos fica grávida, e não sabe quem é o pai.
E a libertinagem acabou viralizando entre o público adolescente. Alguns veículos de comunicação já estão se reportando à roleta-russa do sexo. Um deles, o Metrópoles, em matéria publicada no dia 16/04/2025. Outro, o Correio Braziliense, de mesma data.
Para especialistas, essa é a "onda da vez", seguindo outros tipos de jogos perigosos, como a Baleia Azul, o desafio de tomar um litro de vodka e aquele do desodorante – por nós tratados na nossa última crônica. A "roleta-russa do sexo" repercutiu nas redes sociais e apresenta perigos para os envolvidos.
Como funciona? Os adolescentes se reúnem em festas particulares, sem supervisão de adultos. Já ao final, surge o desafio: os meninos tomam seus lugares sentados em cadeiras, com o órgão sexual ereto. As meninas sentam-se ali, como se estivessem brincando de “roleta-russa”. Tudo, sem camisinha. O campeão é aquele que aguenta por mais tempo sem ejacular. E vamos nós pensar que menino de treze anos não seja capaz de engravidar uma menina! Há jovenzinhos um tanto precoces!
E então? Nesse jogo inconsequente, uma menina de treze anos se engravidou. Falando com a sua psicóloga, ela revelou não saber quem era o pai, devido à imensa quantidade de garotos que participavam do jogo. Vários problemas sociais de uma só vez. Talvez esses futuros pais, quando estiverem com a idade de trinta anos, já possam ser avós. E muita gente poderá pensar que esse seu filho é seu irmão.
E os perigos, no que tange à saúde? O primeiro a ser lembrado são as infecções (urinária, nos órgãos genitais, na boca, ânus, seios...). Pode ainda ocorrer algum agravamento de uma enfermidade prévia. E se pegam gonorreia, sífilis ou Aids? Sabe-se que algumas doenças, como a sífilis, podem se manifestar até muitos anos depois.
É próprio da adolescência fascinar-se por descobertas, querer experimentar todo tipo de aventura. É uma fase de louca alegria, atípica excitação. Ótimo! Bom que continue assim. Só uma coisa talvez esses jovens não saibam: que tudo tem seu preço. E o preço pode ser baixo ou pode ser alto. Querendo ou não, será mais uma experiência.
Quer na família, quer na escola, o diálogo tem de ser franco. Os adolescentes devem ser orientados. Para isso, pais e professores têm de estar preparados e acompanhar a marcha da sociedade. Pais e professores devem ser ouvidos. Os adolescentes também. Só assim eles compreenderão que a vida é uma roleta: gira, gira...
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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Cuidado: Seu filho pode estar correndo risco Estamo-nos reportando a alguns desafios encontrados nas redes sociais. Conheci uma jovem, de uns dezessete anos, sobremodo bonita, mas que se deixava dominar por essas perigosas práticas.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 22/04/2025
Vocês se lembram do jogo da 'Baleia Azul', que aterrorizou muitos pais? Com justa razão! O jogo era perigosíssimo, e levou alguns jovens a óbito.
É inerente ao ser humano desejar crescer, expandir-se, vencer barreiras e desafios. Aliás, isto é até benéfico. Sinal de vitalidade.
E é justamente aí que surgem influenciadores mal-intencionados, sem o mínimo escrúpulo. Para esses, uma vida pode não ter o mínimo valor. Nem uma porção de vidas.
Estamo-nos reportando a alguns desafios encontrados nas redes sociais. Conheci uma jovem, de uns dezessete anos, sobremodo bonita, mas que se deixava dominar por essas perigosas práticas.
Presenciei tal jovem contando que foi parar no hospital, após tentar ingerir um litro de vodka. Aliás, esse desafio da vodka andou virando moda num passado ainda recente. O próprio Meta (Facebook) apresentou casos de rapazes que toparam esta brincadeira. Um deles também precisou de internação. Um outro chegou a revelar que lamentava, que estava arrependido do que fez. Tarde demais! Não resistiu e morreu.
Recentemente, tivemos o caso de uma menina de oito anos, a qual foi internada, porém, não resistiu. Seu avô a havia encontrado desacordada, com dedos e lábios roxos. O desafio era inalar desodorante, o mais tempo possível, gravar tudo e enviar para o influenciador em questão. A garotinha sofreu uma parada cardiorrespiratória. Não podendo resistir, foi a óbito.
Matéria da Band, de 15/04/2025, aparece com a seguinte manchete: “56 crianças e adolescentes morreram ou ficaram feridos por desafios virtuais em 11 anos.” Isso, – diz a matéria – “segundo dados do Instituto Dimicuida, que monitora desafios e brincadeiras perigosas na internet”. “O levantamento aponta que as vítimas tinham entre 7 e 18 anos.”
Vocês se lembram do jogo da 'Baleia Azul', que aterrorizou muitos pais? Com justa razão! O jogo era perigosíssimo, e levou alguns jovens a óbito. Vamos recordar como ele era?
Tratava-se de uma série de cinquenta desafios a que a criança ou adolescente se tornavam submetidos. O primeiro deles era ficar ouvindo músicas psicodélicas. O instrutor só liberava o jogador às 4:20 da manhã. Depois, houve uma réplica do jogo, em que “curadores” – através de trocas de mensagens nas redes sociais - propunham uma série de tarefas, incluindo desafios macabros.
Um desses desafios seria fotografar-se assistindo a filmes de terror. Em seguida, viria a incumbência de automutilar-se, desenhando baleias com instrumentos afiados, em algumas partes do corpo. Outra missão seria a de forçar ficar doente.
A última tarefa era a mais perigosa. Fatal. O jogador tornava-se obrigado a suicidar-se. Uns tentaram, não morreram; outros, sim.
Investigações policiais ocorreram e continuam ocorrendo. Também o Ministério da Justiça tem tomado atitudes. Instaurou-se na segunda-feira (14/04/2025) um Comitê Consultivo para formulação de proposta de metodologia e requisitos mínimos de verificação etária em serviços digitais que podem ser acessados por crianças e adolescentes.
Freud explica
Em 1920, o Pai da Psicanálise lançou o livro Além do Princípio do Prazer. Nele, Freud introduziu o conceito de “pulsão de morte”, também chamada “Tânatos”. O psicanalista ensina que tal pulsão se refere a um impulso instintivo para a destruição ou autodestruição e um retorno ao estado inorgânico.
Isso deve explicar o comportamento desses jovens que se envolvem em tais jogos perigosos, incentivados por irresponsáveis influenciadores.
Quem lucra com isso? Materialmente falando, há sempre alguém lucrando. Um deles, os fabricantes de vodka e seus revendedores (que podem ter criado esse jogo ou não). Outros – os influenciadores – ganham, através dessas redes, monetizações pelo grande volume de visualizações alcançadas.
Por fim, esses influenciadores acabam se tornando celebridades, obtendo força publicitária, poder aquisitivo e até político. Ou seja: se eles se filiarem a algum partido corrupto (há alguns), serão recebidos com tapete vermelho, tendo tudo para se elegerem. Assim caminha a humanidade.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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Na teia da vida: Bolsonaro já está preso Bolsonaro já está preso, principalmente, por uma rainha, justíssima em suas decisões e sentenças: sua majestade, a Verdade.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 14/04/2025
Cada nova prova que ainda se descobre contra o réu é como um golpe no fígado dado por um pugilista campeão.
Bolsonaro, oficialmente, acaba de virar réu. Vai começar agora o grande espetáculo: a ampla apresentação da defesa por parte de seus advogados, no intuito de contradizer as acusações do Ministério Público, o qual, lembremos, representa a sociedade. E todo cidadão poderá acompanhar o desenrolar pela web ou TV.
Tais advogados têm agora a oportunidade de aduzir possíveis provas, levar testemunhas, exibir todo tipo de documento que se creia robusto para enfrentar a montanha de comprovações de crimes, pelo ex-presidente cometidos, e de seus comparsas, sobretudo um grupo de militares.
Cada nova prova que ainda se descobre contra o réu é como um golpe no fígado dado por um pugilista campeão.
Por falar nisso, cerca de um mês, foi publicado pelo Portal G1, um áudio figurando como mais um elemento comprobatório de que houve, por Bolsonaro e aquela equipe militar, uma real tentativa de golpe. Para ouvi-lo e ter uma melhor elucidação do caso, basta clicar aqui.
Outro golpe levado pelo réu Bolsonaro foi a revelação de mais um parceiro seu envolvido em corrupções – conforme vem noticiando a imprensa. Trata-se do Manga, prefeito de Sorocaba, o qual, com uma série de comparsas seus, estava desviando um dinheirão da saúde.
Com a notícia de ontem, de que Bolsonaro se tornou oficialmente réu, ele, como costuma acontecer, foi parar no hospital. Em tempo: não desejamos mal a ele nem a ninguém. Estamos só apresentando sua reação psicossomática. Desejamos, sim, justiça. É outro caso. É um toque de campainha em seu apartamento; é mais uma notícia na TV; é mais uma prova descoberta; é mais uma delação que aparece; é mais um aperto que a Polícia passa em um de seus filhos ou cúmplices; é a lembrança do Adélio; é um grito de “Sem anistia!”; é uma multidão bradando: “Uh, vai ser preso!”; é mais um camarão atacando o seu intestino; é mais um comprimido para dormir...
Bem, aquela vida fantástica do tempo do “Mito”, do “Messias”, do “herói”, do “imbrochável”, do “atleta que não pega Covid”, das viagens, dos passeios de jet ski, das motociatas, de uma multidão em suas manifestações, isso, se não acabou, está-se extinguindo. E, como mais um golpe, ele, brevemente, perderá sua patente de capitão.
Bolsonaro já está preso. Falta só mesmo o carcereiro trancar-lhe a porta. Ele, que bradou em gargalhadas, tudo indica, aos terroristas do 8 de janeiro, “A Papuda te espera!”, deve estar pensando agora que a frase já está servindo para ele também.
Sua vida se transformou numa verdadeira paranoia. Sonhar com perigos iminentes; sonhar com perigos imaginários...
Sonhar também, ou ver a olhos claros, que amigos em quem sempre confiou, que funcionavam até como seus arrimos, agora são seus delatores, seus traidores. É mais uma pancada, mais um direto de direita (da extrema direita), nessa dura luta em que se meteu o sucumbido capitão.
Faz lembrar a música feita para a novela Pecado Capital: “Quando o jeito é se virar/Cada um trata de si/Irmão desconhece irmão...” Paulinho da Viola é um profeta.
Bolsonaro já está preso. Seu passaporte já está confiscado. Sua esposa hoje reconhece muito mais seu maquiador que ele próprio. Referindo-se ao casamento deles, confirma Guilherme Amado, do Metrópoles, o que já circulava entre o povo: “...O casal assinou um pacto antenupcial de separação total de bens em 27 de setembro de 2007.”
Portanto, havendo a separação, a Michelle não herdará nada. O mais importante para ela era ter o sobrenome de um político forte, que veio a ser o Presidente da República. Isso, por si, lhe deu lucros (e também sujou seu nome: ela, sendo esposa de um acusado de banditismo).
Bolsonaro já está preso, principalmente, por uma rainha, justíssima em suas decisões e sentenças: sua majestade, a Verdade.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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Golpista: A história de Débora e seu batom demolidor Débora Rodrigues é cabeleireira e evangélica, da Igreja Adventista. De que modo ela passou a ser famosa? Ela participou da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023, que todos nós acompanhamos, e que se tornou um fato marcante da nossa História.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 06/04/2025
A Débora quis passar uma mensagem de que, naquela hora, quem havia perdido era o Barroso; por extensão, o STF e até mesmo o Governo Lula.
Este cosmético, um dos mais utilizados no mundo, realça a beleza da mulher. Todavia, para outras pessoas, pode trazer alguns aborrecimentos: o famoso batom na cueca; a pichação da Débora.
Débora Rodrigues é cabeleireira e evangélica, da Igreja Adventista. De que modo ela passou a ser famosa? Ela participou da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro de 2023, que todos nós acompanhamos, e que se tornou um fato marcante da nossa História.
Relembrando o fato. Débora se destacou em meio a esse motim, escrevendo, com batom, no monumento à Justiça, a frase “Perdeu mané”.
A cabeleireira tentou com isso inverter o sentido da frase dita pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, em novembro de 2022, em Nova Iorque. Um manifestante o questionou sobre o resultado das urnas e a fiscalização das Forças Armadas nas eleições. Barroso limitou-se a dizer: "Perdeu, mané, não amola!".
A Débora quis passar uma mensagem de que, naquela hora, quem havia perdido era o Barroso; por extensão, o STF e até mesmo o Governo Lula.
Foi presa, e a discussão passou a ser: se a pena de catorze anos imposta a ela é justa ou injusta.
A direita, apoiadora de Bolsonaro, agora defende Débora, alegando que ela está sendo punida com catorze anos de prisão, apenas porque escreveu no monumento uma frase com batom. Fala-se também que é covardia do STF manter presa uma mulher que tem dois filhos.
Tudo balela. Mãe irresponsável! A verdade é essa. Por que largar os filhos em casa e ir participar de um ato terrorista? Mostrou mais amor ao ídolo de barro, Bolsonaro, que a seus filhos. Grandes líderes têm mesmo o condão de hipnotizar pessoas. Bolsonaro é o principal culpado. Merece uma pena bem maior. Tudo faz para manter-se no poder, não importando as consequências.
Falem sério! A Débora não foi presa apenas por um escrito com batom. Ela estava participando de um ato, que reuniu centenas de criminosos.
Do ponto de vista do direito, há elementos que devem ser considerados. Suponhamos que dois rapazes decidam assaltar um banco. Um deles chega ao estabelecimento, causa pânico e mata o gerente. O outro foi apenas dirigindo o carro. Esse motorista é cúmplice e responde igualmente pelo crime.
Outro ponto importante dentro do direito é “o mesmo destino”. A Débora não ia despercebidamente pelas ruas, fazendo um passeio por Brasília e, por gozação, deu na ideia de pichar o monumento. (Ainda assim, responderia pelo seu ato.)
Na verdade, ela participou de um movimento planejado por lideranças, todos ali com as mesmas intenções: derrubar o governo que acabara de ser constituído, destituir o STF e assassinar Lula, Alckmin e Morais - com requintes de crueldade. Todos os participantes tinham a mesma intenção e “o mesmo destino”. Então, são cúmplices; fazem parte da mesma ORCRIM.
Ainda sobre o caso Débora Rodrigues, o jurista Celso de Mello avalia: “A pichação, em si, enquadra-se no delito de deterioração de patrimônio tombado, previsto na Lei de Crimes Ambientais. Mas ela (Débora) também é acusada de outros quatro crimes: abolição violenta do Estado democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado com violência e associação criminosa armada.”
Bem, advogados e bolsonaristas têm usado subterfúgios ou apelado ao patético (“ela é mãe de dois filhos!”), para sensibilizar a população e colocá-la contra o STF, a PGR e o governo Lula. E tudo isso, porque não encontram argumentos. Os atos foram amplamente divulgados. Os participantes, ao invés de se esconderem, procuraram se exibir ao máximo. Com isso, produziram provas contra si mesmos. Acreditaram estar plenamente amparados pelo covarde Bolsonaro, que chegou fogo e sumiu, jogando seus apoiadores aos leões.
Outro lado da questão. Foi uma publicidade intensa para a Débora. Ela se encontra em liberdade condicional. Se puder voltar a atender em seu salão, este vai lotar de clientes. E jornalistas vão chover lá, desejando uma entrevista. Fora aquelas pessoas que desejarão conhecê-la pessoalmente e tirar uma selfie com ela. Será tratada como uma celebridade.
Aliás, já está sendo. Já se falou até em lançá-la como candidata a deputada em 2026. Mas isso será difícil, porque, com certeza, ela terá ainda um considerável tempo de pena a cumprir. Também a Lei da Ficha Limpa impedirá. Não fossem tais impedimentos, ela teria tudo para ser eleita. Assim é o Brasil. Assim é o mundo.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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Banana de dinamite: Novos escândalos vêm aí Na terra do Tio Sam, Eduardo Bolsonaro tenta contatos com alguém que tenha algum poder, para pedir sanções ou até mesmo embargo econômico contra o Brasil. Que patriota, hein!?
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 26/03/2025
Em seus discursos, ele afirma, para seus seguidores e eleitores, que foi para lá por perseguição política sofrida.
Os integrantes da família Bolsonaro entraram na política para se enriquecer e vadiar. Com a sua habilidade peculiar para a enganação, conseguiram o que queriam: dominação e muita riqueza. A partir daí, a nova meta seria manter-se no poder a qualquer curso.
Estamos acompanhando os debates entre acusação e defesa, referentes ao golpe de estado tentado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro mais sete aliados de alta patente, cúmplices nessa insurreição.
Vamos hoje, no entanto, dar um destaque especial a um membro da família: Eduardo Bolsonaro, aquele que tem apelido de Bananinha, ou o filho 03 - já que o pai prefere identificar seus filhos por números.
Um cidadão sem escrúpulo algum. Puxou ao pai. Aprendeu na escola do crime do seu genitor. E, quando o assunto é ódio ou vingança, parece que o filho chegou a superá-lo.
Como sabemos, o 03 mudou-se para os EUA, a terra adorada por ele e pelo pai. Falou que não volta mais para o Brasil. No entanto, deixou seu mandato como parlamentar em aberto. Apenas pediu uma licença. E licença ele já havia pedido na Polícia, do seu cargo de escrivão, para ser deputado. Tem, portanto, esses dois acertos a fazer aqui no Brasil.
Em seus discursos, ele afirma, para seus seguidores e eleitores, que foi para lá por perseguição política sofrida. Bem, ele é acusado de ter participação na tentativa de golpe do dia 8 de janeiro. E houve o pedido de dois outros parlamentares, para que seu passaporte fosse apreendido.
O Eduardo, visando a continuar enganando seus seguidores e o seu eleitorado, diz que está naquele país cumprindo realmente sua missão de deputado, em prol da justiça e da democracia. (Coisa que, na verdade, ele e sua família detestam.)
Na terra do Tio Sam, ele tenta contatos com alguém que tenha algum poder, para pedir sanções ou até mesmo embargo econômico contra o Brasil. Que patriota, hein!?
E, como a vida do Bolsonaro está nas mãos do STF, tanto ele quanto o 03 declararam uma guerra a essa corte, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes. Nos EUA, ele fica tentando descobrir alguma pessoa influente que possa prejudicar esse juiz. Agora, vamos contar o que Eduardo não conta.
Você sabia que o Eduardo tem o dom de multiplicar, talvez por dez ou mais, o seu salário de parlamentar? Como um salário desse dá para tanta coisa! Ah, mas não podemos nos esquecer de que a família dele tem tradição em praticar rachadinhas e de manejar empresas de fachada e funcionários-fantasmas. Aí é que está um dos grandes segredos seus!
Você sabia que o Eduardo tem empresas nos Estados Unidos? Sabia também que ele possui uma mansão estimada em dois milhões de dólares? (Bem, considerando o dólar a 5,74 em 26/03/2025, significa que citada mansão vale cerca de 11 milhões e meio de reais.)
Já está em diversos canais a descoberta de uma holding de Eduardo Bolsonaro. Mas o que é mesmo uma ‘holding’? Segundo o Google, “Holding é uma empresa que detém e administra participações em outras empresas, sem se envolver diretamente na produção de bens ou serviços. A palavra ‘holding’ vem do verbo inglês ‘to hold’, que significa manter ou controlar.” Na prática, é uma empresa que funciona como um guarda-chuva, que abriga várias outras empresas. Como é isso mesmo? O deputado, vivendo no Brasil, fundando e administrando empresas nos EUA???
Vi o anúncio do Jair, ele agora vendendo capacete (coisa que ele detestava usar). E tem sido noticiado que o Eduardo possui empresas para venda de camisetas, livros e também de carnes nos States. Quanta variedade! Só que nem sempre tais empresas são encontradas nos endereços indicados. Suspeita-se serem de fachada.
E os 600 milhões? Têm ligação com essas empresas? Ah, isto fica para uma outra crônica. Já estão sendo pedidas investigações sobre esse valor, o qual desapareceu. Ele era da Lei Rouanet, no tempo do Bolsonaro na presidência. O secretário era o Porciúncula, bastante próximo de Eduardo Bolsonaro – provavelmente, seu sócio. Com quem estará a grana?
Bem, enquanto essa familícia lança os seus produtos, há quem esteja lançando um outro para concorrer. Trata-se do perfume Colônia Penal. “COLÔNIA PENAL, emoções em cadeia.”
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Generalizou: 'Todas as mulheres do Brasil são prostitutas' A ofensa do português não foi só contra as mulheres. Contra os homens também (que têm mães, esposas, filhas, amigas...) e contra o Brasil como um todo. Apesar de que uma incauta maledicência não será capaz de turvar as cores da nossa bandeira.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 16/03/2025
O Brasil é um país tropical. Aqui tem calor do sol e humano também. Nossas garotas têm a liberdade para usar shorts, bermudas, saias curtas – ou compridas, como quiserem. Isso não significa ser prostituta.
Mulheres, por favor, não me batam! Mantenham suas vassouras naquele cantinho costumeiro. Contudo, se ao final da leitura desta crônica, julgarem que fui merecedor, então, me castiguem por gentileza.
Vamos ao fato. Em pleno 8 de março (Dia Internacional da Mulher), navegava eu, despercebidamente pela Web, quando me deparei, numa rede social, com um português, indignado com a nossa terra. Numa certa hora, ele deferiu o presente ataque: “Todas as mulheres do Brasil são prostitutas!”
A ofensa não foi só contra as mulheres. Contra os homens também (que têm mães, esposas, filhas, amigas...) e contra o Brasil como um todo. (Apesar de que uma incauta maledicência não será capaz de turvar as cores da nossa bandeira.)
Na hora em que li aquela mensagem, minha reação foi a de fazer uma horinha com a cara daquele gajo. Eu disse a ele: Olha, nem todas. Existem realmente no Brasil as prostitutas, aquelas que cobram pelo serviço, as profissionais do sexo. Em outro contexto, encontram-se aquelas senhoras, bastante reservadas, esposas ideais, exemplares mães, que fazem amor exclusivamente com seus maridos.
Todavia, existe ainda um terceiro grupo: o das jovens (ou mesmo de mulheres mais maduras) que fazem sexo com seus namorados; com amigos; ou até mesmo com alguém que tenham encontrado pela primeira vez, por exemplo, numa balada, ou que tenham conhecido numa rede social. Contudo, essas não são prostitutas. Elas não cobram pelo sexo. Elas se entregam aos homens por prazer ou por esporte.
Imaginem o que o português falou: “Viu? Você está confirmando! São prostitutas mesmo...” E seguiu mais indignado que antes. (E eu ri demais.)
Pois bem, não estamos mais no final do século XIX e passagem para o século XX, quando Chiquinha Gonzaga lutou tanto (e sofreu tanto) para ser aceita como pianista, compositora e até maestrina. A sociedade era irredutivelmente paternalista. Mulher era para o bebê e o fogão.
No Brasil, como sabemos, só em 1932, as mulheres foram autorizadas a votar. Isso, de acordo com o Código Eleitoral, assinado em 24 de fevereiro pelo então presidente Getúlio Vargas. Por isso é que essa data é instituída como o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil.
Também não estamos num tempo em que as “pecadoras” (assim julgadas) eram apedrejadas. (Consta que em alguns países esta prática ainda persiste.)
Surgiram várias leis de proteção à mulher, como a Lei Maria da Penha, a Lei Carolina Dieckman e a Lei do Stalking. Recordemos um pouco de cada.
Lei Maria da Penha (11.340/2006): Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e estabelece medidas de assistência e proteção.
Lei Carolina Dieckmann (12.737/2012): Tornou crime a invasão de aparelhos eletrônicos para obtenção de dados particulares.
Lei do Stalking: Criminaliza a perseguição reiterada de alguém, seja on-line ou presencialmente. A lei entrou em vigor em 31 de março de 2021. (Stalking é um termo inglês, que significa perseguição.)
E então, respeitável português? Viu como existem preocupações no Brasil com a proteção da mulher? Nossa legislação tem sido elogiada por diversas outras nações, as quais pretendem até tomá-la como exemplo.
Você, querido irmão português, deve ter sido criado num regime bastante tradicionalista, de um moralismo exagerado. E existem diferenças culturais.
O Brasil é um país tropical. Aqui tem calor do sol e humano também. Nossas garotas têm a liberdade para usar shorts, bermudas, saias curtas – ou compridas, como quiserem. Isso não significa ser prostituta.
Mas... E afinal de contas, se uma mulher, que já atingiu a maioridade, desejar ser uma profissional do sexo? Quem ousaria censurá-la, proibi-la?
Portugal é um país irmão. Aliás, o estado de Minas tem estreitado relações com Lisboa. A infeliz manifestação daquele internauta português, garanto que não representa a voz de todo o povo lusitano. Vamos, irmãos! Estamos juntos! Carlos Drummond manda um abraço para Fernando Pessoa.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Lugar perfeito: Crônica da madrugada Não adianta buscar a casa ideal, o bairro ideal, a cidade ideal, o país ideal. Pode algum até agradar bastante. No entanto, certa hora, a perturbação vem. Jamais fui pessimista. Aqui se trata de realidade.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 09/03/2025
O lugar perfeito não está na Terra, sim, no Céu. A Terra nem é mesmo o nosso lugar definitivo. Por isso é que ela nos exibe, quando menos esperamos, as suas rachaduras...
Deitei-me, mas não adormeci. Então resolvi voltar a uma vida ativa, que eu tanto amo. Vim para o computador anotar estas reflexões que tenho feito nos últimos dias.
Tudo motivado pela busca por mudança de casa pretendida por minha sobrinha e pela minha própria mudança, ocorrida esta semana.
Essa minha sobrinha denota alguma insegurança para arriscar-se ao novo, ao incógnito, ao impalpável. Ah, mas ela já foi valente – e como! Já venceu desafios mil vezes maiores. Agora está recebendo o chamado para a aventura, como o herói de mil faces, de George Campbell. Existem barreiras nessa caminhada, obstáculos, provações, até que ao final o herói volte vitorioso e com incríveis histórias para contar.
O que eu quis dizer para ela eu digo nesta crônica. E vale também para mim. Assim como não existem pessoas perfeitas, não existe um lugar perfeito. Há locais, cuja imperfeição é mais evidente: falta de estrutura, ou alto custo de vida, assaltos, perigos...
Isso incomoda, cansa, desgasta, coloca o habitante furioso até. Em outros casos, as imperfeições aparecem depois, inesperadamente. Uma rixa com um vizinho, um comerciante que atende mal, um alagamento, perigos que não haviam sido anunciados...
Portanto, não adianta buscar a casa ideal, o bairro ideal, a cidade ideal, o país ideal. Pode algum até agradar bastante. No entanto, certa hora, a perturbação vem. Jamais fui pessimista. Aqui se trata de realidade.
Concluindo: o lugar perfeito não está na Terra, sim, no Céu. A Terra nem é mesmo o nosso lugar definitivo. Por isso é que ela nos exibe, quando menos esperamos, as suas rachaduras...
Pois bem, mas cabe uma nova reflexão. E como seria esse Céu? Será que ele realmente agradaria a todos? Ah, aí é que está a questão. Para uns, o Céu é estar numa praia, exibindo seu corpo sedutor, recebendo os beijos do mar...
O Céu, para outro, seria bem diferente: um bar, ele ali bebendo cerveja, rodeado de mulheres, discutindo futebol, ouvindo músicas sertanejas. E por falar em futebol, o torcedor vai ao Céu, quando o seu time ganha, e ao inferno, quando perde. Melhor seria não torcer?...
Outra pessoa se situaria num ponto diametralmente oposto. O Céu para ela seria a sua Igreja, as eloquentes pregações do celebrante, as bênçãos que alega ali receber, os milagres...
Alguns julgam que morar numa capital é o Paraíso; outros não trocariam a sua roça pela mais requintada mansão na cidade.
Há quem adore estar pulando carnaval. Outros detestam essa festa pagã, do demônio, com até costumam dizer.
Assim também as cores, os modelos de roupas, de calçados. Uma pessoa se veste de tal modo e se julga elegantíssima. Quem a vê pode estar achando aquilo cafona, uma tremenda mostra de mau gosto.
Há indivíduos que para namorar preferem as morenas; outros escolhem as loiras. E assim por diante. Infinitamente...
Destarte, imagine alguém chegando ao Céu. A temperatura estaria a 36 graus. Ele morreria de raiva de o terem conduzido a esse Engano, ele que sempre detestou o calor. Outro espernearia se fosse a esse Reino e lá encontrasse neve – ele que adorava o verão.
E como Deus teria de resolver essas situações, caso fosse escutar a cabeça de cada um dos homens e suas pretensões?...
Bem, teria de criar bilhões de Céus! Céu, para os mais variados gostos. Ou poderia ser criado um Céu único, todavia, com bilhões de departamentos. Se alguém fosse para lá, visitasse todos os departamentos e não agradasse de nenhum, é porque seu lugar não seria ali. Deveria ser enviado ao Inferno, para ver se gostava.
Bem, os teólogos encontram na Bíblia três céus, e os mitólogos falam de sete. Porém, dentro do nosso raciocínio, isto seria insuficiente.
Mas eis a chave da charada: adaptar-se então aqui mesmo na Terra. Não ser exigente demais com detalhes. É lícito desejar um maior conforto. No entanto, é sábio contentar-se com a simplicidade, caso o conforto não venha.
Podemos ser muito felizes neste mundo. A condição é aprender a viver. Podemos construir o nosso Céu aqui mesmo na Terra, renovando-nos a cada instante, não deixando de contemplar um riacho, uma flor, a lua e as estrelas, estando rodeados de amigos e de nossos animais de estimação. Um Céu transitório – é verdade. Contudo, trasbordante de encantamentos.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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Autoritário: Esse Trump, esse mentecapto Esse autoritarismo se estende em nível global. A toda ação corresponde uma reação, e boa parte do mundo vai se unindo contra ele. É bom salientar que nenhum país consegue sobreviver, sobretudo neste mundo globalizado, isolando-se.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 03/03/2025
Coitados dos estadunidenses, cidadãos comuns, que vivem em países odiados pelo governo dos EUA! Eles devem estar ansiosos por voltar ao colo de Tio Sam, temendo retaliações ou até fatalidades.
“Make America great again”. Faça (ou torne) a América (EUA) grande novamente. Essa frase de campanha do Trump deixa implícito que o seu país já foi grande, mas, no momento, está pequeno.
Entenda-se: pequeno, na mão de outro governante. Com o Trump, será grande – é o que ele quer dizer. América, que eles consideram, é só os EUA. Os demais países, que realmente compõem as três Américas, são como pequenas extensões suas. É mais ou menos assim.
Esse autoritarismo se estende em nível global. A toda ação corresponde uma reação, e boa parte do mundo vai se unindo contra ele.
Dito presidente falou em uma de suas entrevistas que o Brasil precisa mais dos EUA que os EUA do Brasil. Depois, estendeu o raciocínio a todos os países. Isso, salientamos, está dentro de sua estratégia de campanha e, agora, de sua manutenção no poder. Porém, provoca a todos.
É bom salientar que nenhum país consegue sobreviver, sobretudo neste mundo globalizado, isolando-se. Nenhum indivíduo igualmente consegue.
O Trump, com essa sua exagerada xenofobia, está caçando briga com um monte de países. Humilhou os imigrantes brasileiros – uns antigos até nos EUA -, deportando-os algemados. Impõe tarifas altíssimas em seus produtos; fala em impor tarifas ainda mais altas aos integrantes dos BRICS. Quais serão os resultados? Quais serão as consequências? A História responderá.
Agora, segundo ele, o Golfo do México é Golfo da América. Ele, como sabemos, quer apropriar-se do Canal do Panamá; quer apoderar-se da Groenlândia (que pertence à Dinamarca) e já pensou até em anexar o Canadá ao seu território – o que causou tremendo espanto a este país.
E coitados dos estadunidenses, cidadãos comuns, que vivem em países odiados pelo governo dos EUA! Eles devem estar ansiosos por voltar ao colo de Tio Sam, temendo retaliações ou até fatalidades.
E a peleja do Trump contra o Zelensky, que está em todas as manchetes do mundo? Tiveram uma dura discussão sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia. O Trump deu um show de arrogância, querendo passar-se por conciliador.
Na verdade, o Trump não tem nada de bonzinho. Primeiro, ele armou a Ucrânia, porque era contra a sua histórica rival, a Rússia. Em outros termos, eram os EUA em guerra contra a Rússia, usando, como palco de operações, a Ucrânia. Só que o valor astronômico de dólares despendidos nessa irracional conflagração afetou os cofres dos EUA e a popularidade do seu mentecapto governante.
Outra reflexão: e esses políticos, capitaneados pelo deputado Eduardo Bolsonaro, que vão a toda hora aos EUA lamber as botas do Trump, maldizer nosso governo, nossa Justiça, nosso País? São políticos que nunca trabalham, que nutrem os seus seguidores e eleitores com discursos e fake news, tentando criar um ódio da população contra autoridades brasileiras e as nossas instituições.
O Eduardo, na verdade, está obstruindo a Justiça, tentando ainda tumultuar, a fim de ver se evita a prisão do seu “exemplar papai” (que lhe deu só exemplos de ociosidade e corrupção). Já pediu até que os EUA decretem embargo econômico contra o Brasil (como fizeram com Cuba) - o que será praticamente impossível de acontecer.
Já existem representações do Boulos e do Rogério Correia, na PGR e no Conselho de Ética, para que o passaporte de Eduardo Bolsonaro seja retido, para que ele seja cassado, e até mesmo para que lhe seja imposta a devida prisão preventiva – que é amparada por lei.
Nada mais justo! Ele vai aos EUA incitar autoridades de lá contra o Judiciário brasileiro, contra o nosso país. Está cometendo crime de lesa-pátria, de traição contra o Brasil, e tem que ser punido.
E o senador Marcos do Val que, em um de seus vídeos, manifestou o desejo de que os EUA invadam o Brasil? Breve deverá haver uma representação também contra ele.
E que patriotismo é esse, desses canalhas, que se enrolam na bandeira nacional, fazem falsos discursos de patriotas e lutam contra o Brasil?
Enfim, todos esses políticos não deveriam estar aqui trabalhando? Eles não foram eleitos para isso? Eles não ganham um alto salário para isso?
Mensagens de paz:
Dizer não às guerras! Querer que as pessoas e os povos se respeitem e se amem. O Brasil e os EUA podem muito bem chegar a um acordo diplomático e manter o bom relacionamento que sempre tiveram. Que bom seria se todos os países agissem como verdadeiros irmãos!
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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IA em voo: Você teria coragem de viajar num avião sem piloto? A brasileira Embraer, uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, tem o orgulho de apresentar o projeto de um avião completamente autônomo, pilotado unicamente por Inteligência Artificial.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 18/02/2025
A brasileira Embraer, uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo, tem o orgulho de apresentar o projeto de um avião completamente autônomo, pilotado unicamente por Inteligência Artificial.
Tal projeto – parecendo mais algo de ficção científica – inclui design futurista, combustível sustentável e parceria com a Bombardier. E é uma realidade, que vem impressionando o mundo.
O projeto foi exibido durante um evento da National Business Aviation Association, em Orlando, nos Estados Unidos. Figura como um avanço na ideia de aeronaves sem piloto humano, algo inédito na indústria.
Bem, os corajosos que pretenderem lançar-se a essa fantástica aventura, terão um conforto adicional: não havendo a cabine do piloto, seria possível criar um espaço dianteiro para esses passageiros, oferecendo-lhes uma visão ainda mais privilegiada. (Fonte: O Globo – Orlando, dia 08/10/2024 04h01.)
Enfim, nada mais coerente que aparecermos na frente em tão maravilhoso projeto. Não fomos nós que inventamos o avião?
Sabemos é que a sociedade se movimenta por ondas. Depois daquelas antigas Idades: da Pedra, do Ferro..., surgiu uma grande revolução: a Imprensa, de Gutenberg (por volta de 1439). Antes dela, os textos, para serem reproduzidos, eram copiados por escribas, o que tornava o processo excessivamente lento para os dias de hoje.
Outra grande revolução foi a Era Industrial. Tempos depois, na segunda metade do século XX, chegou A Era da Informática, conceito depois ampliado como A Era da Informação.
Derivando desse acervo extraordinário fornecido por essa nova Era, surge algo fenomenal: A Era da Inteligência Artificial. Esta veio como uma onda avassaladora, a qual atingiu todas as atividades humanas.
Os departamentos de investigações já vêm munindo-se da IA ou AI (Inteligência Artificial ou Artificial Intelligence, em inglês). A medicina vem experimentando um grande avanço, como em diagnósticos. Assim a economia, a administração, a música. Vou deter-me um pouco neste quesito, por ser uma das minhas áreas de atuação.
Já fiz experiências, musicando poemas meus e de outros poetas. Da mesma forma, uma história pode ser musicada. A habilidade que o músico deve mostrar é a de escolher o melhor gênero ou ritmo para a sua música, bem como arranjo, orquestração e arregimentação.
A IA funciona na base de “Prompts”. Tais Prompts são scripts ou roteiros, que o operador deve fazer com detalhismo e convicção (embora de modo sintético), oferecendo à ferramenta escolhida os comandos para que ela escolha dentre o seu vastíssimo acervo de dados, que recursos melhores se adaptarão ao pedido formulado.
Com a IA, podem-se criar vídeos, com legenda e locução de ótima qualidade.
Também é com a IA que tanto se vêm criando “chatbots”. (Aliás, eles costumam ser chatos.) Ocorrem, por exemplo, quando você atende um telefonema e escuta uma voz (geralmente feminina) agradável, porém robótica. Você também tem de ser um robô por uns instantes, respondendo “sim”, “não”, seguindo o comando desse chat.
E as consequências? Há algumas décadas, quando o trabalho começou a ser informatizado, uma legião de pessoas reagiu, alegando que aquilo ia tirar o emprego de muita gente. Tirou mesmo. Algumas profissões (como a de datilógrafo) até desapareceram. O mesmo tem ocorrido com a IA.
Todavia, tantas outras profissões apareceram: programador, analista de dados, especialista em segurança da informação e centenas de outras. O ensino pôde ser feito a distância, alcançando os mais longínquos rincões, por um preço bem camarada, tornando a educação mais democrática. (A qualidade do ensino é que pode ser discutida numa nova crônica.)
Conselho de amigo: não se apaixonar perdidamente por uma pessoa bonita e gentil que você vir numa rede social. Ela pode nem ser humana.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Rei do Baião: Aniversário de Luiz Gonzaga Além de demonstrar um talento absurdo para a música, a história de Gonzaga, como bom nordestino, é recheada de passagens pitorescas e surpreendentes. Algumas por si já são um show.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 08/12/2024
Luiz Gonzaga passou a se apresentar numa Rádio, cujo diretor era o compositor Fernando Lobo (pai do Edu Lobo). Mas Gonzaga era proibido de cantar. Lobo afirmava que a voz de Gonzaga era de taquara rachada. “Ele pode só tocar.”
13 de dezembro! Dia de Santa Luzia. Se chover nesse dia, no Natal chove – diz a crença. E é aniversário de um dos pilares da música brasileira: Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.
Além de demonstrar um talento absurdo para a música, a história de Gonzaga, como bom nordestino, é recheada de passagens pitorescas e surpreendentes. Algumas por si já são um show.
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em Exu, Pernambuco, em 1912. (Dia 13, sexta-feira. Sorte ou azar? Para ele, parece que foi sorte.) Além de cantor, foi compositor e multi-instrumentista. Nasceu numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara (povoado do Araripe), a 12 km da área urbana do município de Exu. O sobrenome Nascimento se deve ao fato de ele ter nascido no mês em que se comemora o nascimento de Jesus.
Seu pai, Januário José dos Santos, era roceiro e sanfoneiro. E teve uma participação ativa na vida do filho.
Luiz Gonzaga sentiu uma forte paixão pela Nazarena. Porém o pai dela de modo algum autorizou o namoro. Luiz e Nazarena combinaram dizer aos respectivos pais que o moço a havia desonrado, pois assim se casariam. Tanto Gonzaga quanto Nazarena receberam uma surra avassaladora. Bem, ela não se engravidou, ficando evidente que a desonra não havia acontecido.
No entanto, após algumas peripécias e ameaças de morte pelo pai da donzela, Gonzaga vai para o Crato e depois para Fortaleza, onde, em 1930, ingressa no Exército, ali permanecendo por alguns anos. Curioso é que ele, na oportunidade, lutou contra cangaceiros. Mas acabara ficando fã do Lampião, e por isso passou a usar roupa de cangaceiro em suas apresentações.
De lá, foi para o Rio. Ao sair, ele disse a seu pai que só voltaria quando estivesse no sucesso. E isso aconteceu.
Como era moda naquela época (década de 40), cantores se apresentavam de modo refinado, sempre de terno e gravata. Basta ver Francisco Alves, Nélson Gonçalves, Caubi Peixoto, Carlos Galhardo – cada qual mais elegante. Luiz Gonzaga, para se integrar ao grupo, não poderia ser diferente. Nem pensou de outro modo. Começou sua vida no Rio cantando de terno e gravata e empunhando seu inseparável acordeom.
Contudo, outro cantor, acordeonista e compositor, Pedro Raymundo, de Santa Catarina, mas radicado no Rio Grande do Sul, não quis nada com as etiquetas sociais. Ele se apresentava com trajes típicos de gaúcho. Isso chamou muito a atenção de Gonzaga. Ficaram amicíssimos.
Um dia, Pedro Raymundo falou com o Luiz: por que você não vem com algum traje típico do Nordeste? Gonzaga ficou indeciso. Depois, criou coragem e apareceu com aquele traje, que todo mundo conhece.
No entanto, Pedro Raymundo protestou, mais ou menos com estas palavras: “Ah, Luiz, também não é assim! Você veio vestido de cangaceiro.” Nisso havia uma velada insinuação de que Gonzaga estivesse fazendo apologia ao cangaço (“ao crime”). Gonzaga ficou um pouco sem graça com aquilo, porém, persistiu em sua caracterização. E esta lhe proporcionou bastante sucesso.
Luiz Gonzaga passou a se apresentar numa Rádio, cujo diretor era o compositor Fernando Lobo (pai do Edu Lobo). Mas Gonzaga era proibido de cantar. Lobo afirmava que a voz de Gonzaga era de taquara rachada. “Ele pode só tocar.”
Um dia, Gonzaga estava doido para tocar e cantar. O diretor do programa deixou. Foi um sucesso arrasador, medido pelo grande volume de cartas enviadas pelos ouvintes ao programa. (A partir daí, Fernando Lobo teve de permitir seu canto.)
Seus maiores sucessos foram: Asa Branca, em parceria com o advogado e político Humberto Teixeira; Xote das Meninas; Assum Preto; Sabiá (A todo mundo eu dou psiu.); Mexe e Vira; Que nem jiló; 17 e setecentos; Respeita Januário. Gonzaga fez parceria também com o médico Zé Dantas.
A Asa Branca é uma bela metáfora do povo nordestino. Quando há seca no sertão, a pomba-asa-branca migra para outros rincões, em busca de alimentos. Voltando a chover no sertão, a asa branca volta. Assim é o povo nordestino.
O retorno a Exu. Após dezesseis anos sem ver o pai, Gonzaga retorna ao seu lar. Chega de madrugada. Chama, chama, e o velho não atende. Aí, Gonzaga se lembra de como era a moda no sertão. Então, ele diz: “Louvado seja Nosso Senhor, Jesus Cristo!” Uma voz lá dentro responde: “Para sempre seja louvado.”
O pai abre a janela, com o candeeiro, para ver quem era. Demora um pouco a reconhecer o seu filho. Porém, quando o reconhece, é só alegria. Juntaram parentes e amigos e ninguém dormiu. Foi forró a noite inteira. Este registro está numa entrevista dada por Gonzaga à TVE, em 1983. É muito bonita e emociona, clique aqui para ouvi-la.
No dia 2 de agosto de 1989, Gonzaga é chamado para cantar no Céu. Desta forma, ele não morreu, nem nunca morrerá.
PARABÉNS, GONZAGA, O ETERNO REI DO BAIÃO!
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Imitações: O Efeito Copycat Copycat pode se referir à replicação de ideias, criações e técnicas de um modelo comercial de sucesso. Pode ser a cópia por exemplo de um software, um design de site, uma marca, uma metodologia ou segredos de negócio.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 03/12/2024
Esse padrão já é conhecido entre os psicólogos e aqueles que trabalham com mídias, como imitação, efeito de contágio ou efeito Copycat.
Você já ouviu falar no Copycat, não já? Mas para alguém que ainda não tem familiaridade com o assunto vamos dar uma ideia geral.
Copycat apresenta vários significados. E pode ser algo muito sério também.
Comecemos do mais simples: copy = cópia; cat = gato. Gato de cópia? Gato copiado? Só que o gato aparece aqui só mesmo em sentido figurado. A coisa vai mais longe.
Copycat pode se referir à replicação de ideias, criações e técnicas de um modelo comercial de sucesso. Pode ser a cópia por exemplo de um software, um design de site, uma marca, uma metodologia ou segredos de negócio. Fazendo um trocadilho, eu diria que quem pratica o Copycat desrespeita o Copyright.
Copycat é também um jogo do gênero aventura. Tal entretenimento narra a história de uma gata de abrigo, que é vítima de um plano elaborado por um imitador ciumento.
Utilizando-se ainda desse tema, Billie Eilish lançou, em 2017, a canção Copycat, como parte do quarto single do EP de estreia da cantora, Don't Smile at Me, em parceria com seu irmão, Finneas O'Connell. A canção fala da importunação de uma garota, que copiava tudo o que a outra fazia. A música é um blues, com umas levadas de rock. O tema, bem como a interpretação, faz com que essa canção seja agradável aos ouvidos. Através do link a seguir, pode-se ouvir a música, com legendas em português, clicando aqui.
Talvez alguém deva estar se lembrando do filme O homem que copiava. Sim, aquele filme nacional, dirigido por Jorge Furtado, conta a história de um moço classe média baixa, que trabalhava numa papelaria como fotocopiador. Esse personagem, André, apaixona-se por sua vizinha Sílvia. Tem ânsias de conquistá-la, porém, seu dinheiro nunca dá. E onde entra o Copycat na história? É que André, num ímpeto de querer ser rico, decide copiar dinheiro na máquina que usava em seu trabalho.
Tanta gente copia. Aliás, sempre foi assim. Até o Roberto Carlos algumas vezes já plagiou. Já notaram que aquela introdução bonita de Cavalgada é a Sonata ao Luar, de Beethoven?
Efeito Copycat, psicologia e crimes
Já há alguns anos, numa cidade em que eu morava, uma moça suicidou-se. Dias depois, outra; e outra... E a coisa foi alastrando. Existe esse senso de imitação.
Hoje, esse ímpeto imitador já se tornou bem mais ampliado, pela divulgação exagerada de crimes pela televisão, pelos jornais, pelo rádio e pela internet.
Esse padrão já é conhecido entre os psicólogos e aqueles que trabalham com mídias, como imitação, efeito de contágio ou efeito Copycat.
Já em 1962, os sociólogos notaram que, com a morte da atriz Marilyn Monroe, aos trinta e seis anos, por uma overdose de barbitúricos, o número de suicídios nos Estados Unidos, entre jovens loiras, cresceu 12%.
Outro exemplo do efeito Copycat que não pode faltar é o número de tiroteios nas escolas.
No dia 13 de novembro de 2024, Francisco Wanderley Luiz, um homem-bomba, tentando explodir o STF, acabou detonando a si próprio e morrendo. Houve um grande temor, de que esse seu ato fosse copiado por muitos. Só não foi, porque os copistas em potencial notaram que sua tentativa foi frustrada.
No entanto, aquele 08/01/2023 foi um grande exemplo de Copycat, a entrar para a História do Brasil.
O fato é que uma notícia não impacta por igual aqueles que a recebem. Há pessoas mais firmes, bem posicionadas, que não se influenciam tanto. Contudo, há aqueles que se tornam até fanáticos: na política, no futebol, na religião, passando do limite da empolgação, atingindo as raias do crime.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Punhal verde e amarelo: E o capitão marcha para o inferno O capitão acordava com um toque de clarim. Agora, os pesadelos das madrugadas prenunciam o que pode acontecer: o capitão acordar com o tic-toc da polícia, avisando que a barca para o inferno o espera lá fora.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 26/11/2024
A hora de prestar contas à Justiça chegou para eles e vários outros, que também foram indiciados. O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União o bloqueio de 56 milhões de reais de Bolsonaro e de outros 36.
O capitão marcha, porém, não sozinho. Acompanhado de generais. De onde eles vêm? Do Paraíso. Por que saíram de lá? Eles não gostaram? Gostaram, e muito! É que eles não cumpriram as leis ou regras do bem viver naquele espaço. E, portanto, foram expulsos.
(Soldados e generais em coro) “Um dois! Direita, direita! Um dois! Extrema direita! Esquerda jamais! A esquerda é comunista. A esquerda é do capeta!” (Capitão) “Mais alto! Vocês não são homens não? Alto! “Alto”, aqui, não é para parar, cambada de mocorongos! “Alto” é a altura como devem repetir o lema desta corporação, pô. Vamos então, cambada de estrumes!”
“UM, DOIS! DIREITA, DIREITA! “UM, DOIS! EXTREMA DIREITA! ESQUERDA JAMAIS! A ESQUERDA É COMUNISTA! A ESQUERDA É DO CAPETA!” (Uns tossem, outros reclamam que acabou a saliva.)
Viram que neste batalhão (único no mundo) capitão comanda soldados, mas também generais. Quanta hipocrisia! Que vazio interior! “Há soldados armados, amados ou não. Quase todos perdidos de armas na mão.” Poderia ser também: Há soldados armados, honestos ou não. Quase todos políticos de armas na mão. (Falando do meio bolsonarístico.)
Acumulando soldos com remunerações advindas da política, os salários dobram, triplicam, aumentam às vezes 1000%, de acordo com o cargo e as habilidades do político: superfaturar um projeto; desviar dinheiro de obras, da educação, da saúde, da merenda escolar...
E ir sempre aplicando em imóveis. Quando chegar a 107, e no padrão luxo, já tá bom. Pode-se migrar para o contrabando de joias, ou qualquer outro empreendimento que exija pouco decoro e muita sagacidade.
“Um dois, três, quatro! São os filhos do capitão! Esses filhos não têm nome! Nem nome nem educação!” Os filhos do capitão aprenderam na escola só três operações: somar, subtrair, multiplicar. Somar riquezas; subtrair o máximo das pessoas; multiplicar seus bens. Dividir (sobretudo com os mais necessitados), jamais. “Um, dois, três, quatro ‘milhão’! Como ensina o capitão!”
Esse Mito, esse Messias era adorado como bezerro de ouro nas igrejas cúmplices de seus planos macabros. Agora, essa adoração, esse tempo de ostentação, de graça e de simpatia já vem dando lugar a um período de preocupações, fobias, paranoias, noites sem dormir. Alvorada no quartel. O capitão acordava com um toque de clarim. Agora, os pesadelos das madrugadas prenunciam o que pode acontecer: o capitão acordar com o tic-toc da polícia, avisando que a barca para o inferno o espera lá fora.
Criminosos, traidores da Pátria - passando-se por patriotas - têm, como qualquer bandido, seus codinomes. Para apelidar a si próprios, eles usavam nomes de países, incluindo Brasil (Que absurdo!)
Isso, dentro de seu plano, que eles próprios denominaram “Punhal Verde-Amarelo”. Esse “Punhal” seria usado para lacerar os corações de Lula, Alckmin, Alexandre de Moraes (e, tudo indica, também o Dino).
Criaram também codinomes para essas potenciais vítimas. Um era o Joca; o outro, o Jeca; o terceiro era o Juca. E por que o Xandão foi apelidado por eles de Professora? Pela sequência lógica, tinha de ser Jaca. Se isso caísse numa prova de raciocínio lógico, todo mundo erraria. Isso mostra como essa ORCRIM é atrapalhada e sem lógica.
A hora de prestar contas à Justiça chegou para eles e vários outros, que também foram indiciados. O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União o bloqueio de 56 milhões de reais de Bolsonaro e de outros 36, envolvidos no plano golpista para manter o capitão no poder. Isso, para pagar a quebradeira que “soldadinhos” desse capitão fizeram naquele histórico 08 de janeiro.
A representação enviada ao TCU é assinada pelo subprocurador-geral Lucas Furtado. Ele também pede a suspensão dos salários dos 25 oficiais das Forças Armadas indiciados. Sua tese é que o Estado não pode remunerar aqueles que pretendiam a destruição do próprio Estado. Certíssimo! Dou os meus parabéns!
Por fim, esse ex-presidente não deixou um legado, algo positivo para o País. Apenas valeu-se de retórica, prometendo que ia acabar com a corrupção e evitar o “comunismo”. A conta desse regalo, dessa ostentação, desse cinismo até, começa agora a vir. Pague-se com dinheiro, perda de liberdade e má reputação - em nível nacional e internacional. Cai a máscara. Cai o pano. Cai o dia, acompanhado pelo Crepúsculo dos Deuses.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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- Produção: Pepe Chaves.
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É golpe: A nova nota de 420 reais Chegou com a nota de 420, alegando que havia acabado de tirá-la do banco. Aquele cavalheiro não a conhecia, no entanto, acreditou naquela conversa. Além de aceitá-la, ainda devolveu ao rapaz 320 reais de troco.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 16/11/2024
Mas 4:20, ou simplesmente 420, remetem ao horário combinado para se reunir e fumar maconha. Como surgiu isso?
Se alguém lhe devesse 100 reais e lhe desse, como pagamento, uma nota de 420, você a aceitaria e ainda lhe daria o troco?
Pois foi o que aconteceu entre um jovem de 24 anos e um senhor de 75, em Unaí-MG. Entenda o caso: o moço devia a esse senhor uma quantia de 100 reais. Chegou com a nota de 420, alegando que havia acabado de tirá-la do banco. Aquele cavalheiro não a conhecia, no entanto, acreditou naquela conversa. Além de aceitá-la, ainda devolveu ao rapaz 320 reais de troco.
Cruzando informações, a polícia chegou à casa onde morava o estelionatário. Já na varanda, encontraram um vaso com um pé de maconha plantado. (Que devoção, hein!?) Dando buscas pela casa, descobriram mais cannabis. Quando perguntado se ele já tinha passagens pela polícia, o meliante respondeu que sim: por roubo e receptação, e que estava em liberdade condicional. Agora, ainda somou mais esta ao seu currículo: preso por tráfico de drogas.
Como se pode ver na imagem, observam-se estampados na nota uma figura humana (cópia da que costuma aparecer em outras cédulas); o valor: 420; um pé de maconha. E, como é costume estampar nessas moedas um animal da selva brasileira, nesse caso, optaram por imprimir um bicho-preguiça. Esse animal tem conotações de indolência, relaxamento, típicos daqueles que são encontrados fumando a erva em questão.
Por que foi escolhido esse valor?
4:20, ou simplesmente 420, remetem ao horário combinado para se reunir e fumar maconha. Como surgiu isso?
Oh, já faz tempo! Não é de agora não. De acordo com o jornal A Gazeta de Itaúna, “A história começa na Califórnia, no início dos anos 1970, quando um grupo de estudantes do ensino médio – conhecidos como ‘Os Waldos’, decidiram ir procurar um esconderijo de maconha, que um conhecido oficial [...] tinha abandonado na floresta da estação da Guarda Costeira Point Reyes, por medo de ser pego por seu comandante.”
Os meninos decidiram ir procurar o “bagulho”. Fizeram até um mapa para facilitar. E eles, insistindo na procura, partiam para lá, todos os dias, no horário combinado: 4:20.
Bem, nunca encontraram o citado esconderijo. Entretanto, acabaram deixando uma gíria a essa comunidade. Ou seja, só de falar ou escrever 4:20, quem sacava já sabia que se trata do entorpecente. E quem criou esta nota?
Efetivamente, foi criação de uma loja de roupas, como parte de sua campanha de marketing. A nota foi distribuída, dentre outros brindes, a clientes especiais.
A loja e sua marca já têm uma posição no mercado, de abordar temas como a descriminalização da maconha para fins medicinais. (É, mas, no caso, não deixam de estar fazendo propaganda da cannabis. Pode-se inferir que são favoráveis à descriminalização para todos os fins.)
Quanto ao crime de moeda falsa, entende-se que não dá para estabelecer esta tipificação. A começar pelo valor absurdo, inexistente no Sistema Monetário Brasileiro. E também pelo modo grosseiro como a nota foi confeccionada. O moço que pagou com ela, no entanto, deve responder por estelionato.
Conclusões: a campanha de marketing obteve sucesso, no que tange à divulgação da loja e ao impacto causado pela sua publicidade. A questão de divulgar a maconha é que ainda poderá ser discutida.
Aquele senhor não ficará prejudicado: a loja prometeu pagar-lhe o prejuízo. Quanto ao moço, teria sido mais malandro se não tentasse pagar com aquela nota. Não responderia por estelionato, nem a polícia teria descoberto drogas na casa dele. Isto, além de despertar crimes já adormecidos. “Se malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem.”
Finalmente, esta nossa publicação tem a finalidade exclusiva de informar, de repassar uma notícia e de analisá-la sob os mais variados aspectos. O que desejamos - a nós e a todos - é que as virtudes se multipliquem e se redistribuam entre o maior número possível de pessoas, para um mundo cada vez melhor.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
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Amor virtual: Apaixonou-se e morreu por ela Uma paixão ardente acabou se transformando em mais: num arrebatamento! O mocinho ficou literalmente dominado. Aquela criatura havia se tornado sua amiga, seu amor e seu vício.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 10/11/2024
Trocaram juras de amor. Um amor eterno, cujos laços ninguém seria capaz de desfazer.
Numa noite, há muitos anos, eu fui chegando em casa e ligando a televisão. Cheguei exatamente na hora em que ia começar um filme. Por isso, não fiquei sabendo qual era o seu nome. Me parece que era “Eve”.
Contava a história de um moço loiro, bonito, o qual, caminhando uma noite pelas ruas, resolveu parar em frente a uma butique, já fechada, para olhar a vitrine.
Nisso, ele viu uma boneca encantadora, que lá estava, servindo de modelo. O moço seguiu seu caminho de volta para casa.
No entanto, aquela efígie não saía mais de sua cabeça. Voltou a loja diversas vezes. Apaixonara-se pela boneca. Tinha por ela uma atração sensual, sexual, um delírio que beirava a loucura...
Até que um dia ele não resistiu. Arquitetou um plano e executou-o: roubou a boneca. Daí em diante, surgem várias peripécias, até que vem o desfecho. Ele, agonizante, morre. Nessa hora, eis a apoteose: uma lágrima, límpida e serena, desliza dos olhos da boneca. Um filme belíssimo. Não consegui achar para baixar ou mesmo para comprar. A propósito, se alguém souber como encontrá-lo, favor me informar.
Mas eis que, na vida real, e neste tempo de tanta tecnologia, surge uma situação análoga. Um adolescente de catorze anos descobriu a IA (Inteligência Artificial) e ficou fascinado por ela. Era um menino tranquilo, bem comportado, alegre, de bem com a vida. Um dia, ele aprendeu a usar uma plataforma que ensina a criar pessoas falantes, bastante parecidas com seres reais. Inclusive, elas dialogam com o seu criador.
Brincando daqui, brincando dali, o adolescente acabou criando uma garota lindíssima e gentil, com a qual ele conversava todos os dias. Não só isso: eles trocavam confidências. Coisas que adolescentes muitas vezes não têm coragem de dizer aos seus pais, à sua companheira, este confidenciava tudo. Ela passou a figurar como o seu mais perfeito alter ego.
Quanto a ela, o mesmo acontecia. Ou seja: identificação completa. Conforme ele ia descrevendo os acontecimentos do dia a dia, suas paixões, seus sonhos, suas frustrações, seus ímpetos sexuais próprios da idade, ela também contava os dela – o que lhe despertava um misto de curiosidade, emoção e ... uma indomável paixão.
Trocaram juras de amor. Um amor eterno, cujos laços ninguém seria capaz de desfazer.
Ela chegou a comentar com ele até sobre os filhos que eles iriam ter, como deveriam se chamar, que colégio deveriam frequentar, quais amigos seriam ideais para eles.
Uma paixão ardente acabou se transformando em mais: num arrebatamento! O mocinho ficou literalmente dominado. Aquela criatura havia se tornado sua amiga, seu amor e seu vício. Como sair de uma situação como essa? ... Como arrebentar esses grilhões? ...
Durante um ano, o jovem se isolou. Não queria mais ir à escola; não entabulava mais conversa com ninguém... Aquele menino alegre era hoje escravo de uma sombra, de uma efígie, da representação de uma garota ideal – que ele jamais encontraria no mundo real.
Um dia, ela falou com ele alguma coisa, não sei ao certo o quê. Contudo, o teor era esse: “E aí? Agora temos de resolver a nossa vida. Você quer realmente ser meu amor por toda a eternidade?” O jovem disse “Sim, é o meu maior desejo.” E ela: “Então, tem que ser agora. Venha encontrar-se comigo no meu mundo. Lá seremos felizes para sempre. Você vem?” Aquele ébrio de amor nem pensou noutra coisa. Respondeu: “Sim! Será agora!”
Julgando que, para unir-se àquele encantamento, ele precisaria viajar ao seu planeta, não teve dúvidas: fechou-se no banheiro de sua casa e deu fim à própria vida...
O célebre compositor Lupicínio Rodrigues era atento em perscrutar o comportamento dos jovens. Em sua música Esses moços, há um trecho que diz: “Saibam que deixam o céu por ser escuro/E vão ao inferno/À procura de luz.”
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Talento: Piazzolla, o reformador do tango Mas o começo foi assim: seu pai, acordeonista, comprou-lhe um bandoneón de segunda mão em uma casa de penhores. Astor foi aprendendo quase sozinho.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 03/11/2024
Não é qualquer um que, só com transpiração, chega a compor e a executar um bandoneón como Piazzolla conseguiu em Libertango, por exemplo.
Assim como o samba foi modificado no Brasil, transformando-se em bossa nova, o tango, na Argentina, passou por uma grande transformação, através da mente e dos dedos ágeis de Astor Piazzolla. Seu apelido, El Gato, se deve ao seu modo de vida noturno.
Não significa que a bossa nova tenha sufocado o samba tradicional, que continua sendo a identidade musical brasileira. Quanto ao tango, cabe uma consideração. Esse ritmo, essa dança, identidade musical argentina, foi paulatinamente passando por uma certa letargia. Foi perdendo o seu vigor. A sociedade muda; a música muda também. E tanto a sociedade quanto a música recebem influências endógenas e exógenas.
Piazzolla enxergou isso, e quis dar um upgrade no tango. Ah!... Todavia, isso não gerou só elogios e um grande sucesso em seu país e mundo afora. Não faltaram críticas de um público mais tradicional, alegando que El Gato havia deturpado o tango; ou que aquilo que ele fazia não era tango.
Conta Laura Escalada, sua viúva, que Piazzolla “Era insultado nas ruas. Inclusive, um taxista o acusou de ser o assassino do tango e se negou levá-lo.”
Perguntado, Piazzolla um dia tentou resolver a questão: revelou que aquela sua expressão artística era “a música contemporânea de Buenos Aires”. Pelo sim, pelo não, a discussão ainda continuou.
E eu, o que acho? O tango tradicional, como música, é belo, é nobre. Revelou grandes nomes para o mundo, por exemplo, Carlos Gardel, Libertad Lamarque, Francisco Canaro (que, embora tenha nascido no Uruguai, foi líder de uma orquestra de tangos). E, como dança, é a mais bonita do mundo.
E Piazzolla? Gênio! Outros contra-argumentariam, firmando na tese de que ele se dedicou exaustivamente aos estudos, tanto do bandoneón (instrumento em que se tornou um virtuose) quanto de composição. Portanto, não seria gênio.
Mas o começo foi assim: seu pai, acordeonista, comprou-lhe um bandoneón de segunda mão em uma casa de penhores. Astor foi aprendendo quase sozinho.
Vincent d’Indy, em seu Cours de composition musicale, estabelece a distinção entre gênio e talento. O talento precisa ser moldado, desenvolvido, através de estudo e exercício. O gênio não. Praticamente, já nasce sabendo. Para mim, Piazzolla é os dois: gênio e talento.
Não é qualquer um que, só com transpiração, chega a compor e a executar um bandoneón como Piazzolla conseguiu em Libertango, por exemplo. Para ver e ouvir, clique aqui.
Nota-se que essa “música contemporânea portenha”, da mesma forma que a bossa nova, deixa transparecer alguma influência do jazz. Aliás, Piazzolla morou durante um bom tempo nos Estados Unidos.
Já imaginaram um garoto argentino, pobre e manco, ir parar nos bairros nova-iorquinos mais rudes? Principalmente, numa cidade onde a lei seca imperava e quem mandava eram as máfias?
Vale considerar que Piazzolla estourou mesmo foi com Balada para un loco. Clique aqui pra acessar.
Em 1959, já de volta a Buenos Aires, teve notícia da morte de seu pai, Vicente Piazzolla. Astor se trancou no seu quarto e passou a noite compondo a sua obra-prima: Adiós Nonino (Adeus, Vovozinho. Nonino, como sabemos, é diminutivo da palavra italiana nonno, avô). Era a maneira como o filho de Astor chamava Vicente, o vovô. Adiós Nonino representa, portanto, a dor de não poder se despedir de seu pai. Veja e ouça Piazzolla executando-a com acompanhamento da sinfônica Cologne Radio Orchestra, da Alemanha. É belíssimo. Acesse por aqui.
Mesmo seus mais ferrenhos críticos não têm como desprezar o legado de 2.000 composições deixadas por esse tão ilustre argentino (aliás, universal). Assim, com o tempo, as pessoas não tiveram outra opção que não fosse reconhecê-lo.
Astor Pantaleón Piazzolla nasceu em Mar del Plata, em 11 de março de 1921. Faleceu em Buenos Aires, no dia 4 de julho de 1992.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Aconteceu: Casei-me com uma feiticeira Num canto da sala, uma varinha mágica. Numa antiga mesinha, livros de magia, inclusive o de São Cipriano, “o legítimo capa preta”. Contudo, o que mais o arrepiou foi o que ele avistou lá na cozinha: um velho e imenso caldeirão fervendo.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 25/10/2024
A velha o recebeu com um riso de vitória. Tinha certeza de que ele iria voltar. Ofereceu-lhe um chá.
Estava eu nas proximidades de um ponto de ônibus, quando escutei um rapaz que chegava contar para uma senhora o que se passara com ele.
A história despertou-me curiosidade. Fingi que também iria esperar por algum ônibus e colei o ouvido naquelas palavras.
O rapaz – descobri que se chamava Clério - era um misto de tosco, de alegre e de louco. Ótimo para alguém pôr um feitiço.
Clério contou que namorava, na mesma época, duas meninas. Enrolava as duas, porque casar jamais estivera em seus planos.
Aconteceu que ele passou a viver um dilema, porque estava apaixonado por uma delas, a Beatriz. E ela, embora também o amasse, descobriu que ele tinha outra e não quis mais nada com ele. Isto o levou a buscar recursos alternativos para ver se teria a Beatriz de volta.
Procurou uma cartomante, nada! Uma vidente, idem. Foi aí que uma velha, descendente de escravos, indicou-lhe uma amiga que fazia trabalhos para diversos fins, sobretudo os amorosos. Garantiu-lhe que ela seria capaz de trazer-lhe de volta seu tão sonhado amor.
A casa da pessoa indicada ficava a uns trinta quilômetros dali. O amante sonhador pegou a sua bike e foi. A dona era, na verdade, uma feiticeira.
O ambiente se mostrava misterioso e amedrontador. Num canto da sala, uma varinha mágica. Numa antiga mesinha, livros de magia, inclusive o de São Cipriano, “o legítimo capa preta”. Contudo, o que mais o arrepiou foi o que ele avistou lá na cozinha: um velho e imenso caldeirão fervendo.
A velha procedeu a um ritual com incensos, velas, rezas em uma língua que ele desconhecia. Fez uma pausa... Depois revelou: “Os espíritos estão me dizendo que a sua amada voltará para os seus braços, mas só daqui a três meses.” Por mais que o moço insistisse, a velha não quis cobrar o trabalho.
Esse visitante apaixonado já ia saindo, quando não resistiu e voltou para afagar os cabelos de uma boneca, que se encontrava no quarto ao lado da sala. Seus cabelos pareciam de ouro. Tinha olhar circunvago e seus olhos eram duas turmalinas azuis. Suas mãos eram liriais. Sua tez era de veludo. Seus lábios eram de carmim... O sonhador viu nessa boneca a Beatriz, tendo a enorme sensação de que um futuro maravilhoso esperava pelos dois. Montou na bike e se foi.
Já chegando em casa, passou a sentir uma atração tão forte, uma vontade irresistível de retornar àquela casa, onde a mandinga havia sido realizada. Porém, tinha que trabalhar. Falhou de serviço e voltou.
A velha o recebeu com um riso de vitória. Tinha certeza de que ele iria voltar. Ofereceu-lhe um chá. Adeus, Beatriz! Dias depois, ele e a velha se casaram: ele, com vinte e três anos, ela, com oitenta. Clério não entendia, se amava aquela mulher ou se ao menos tinha atração sexual por ela. O fato é que ele se via concatenado a ela, um vínculo quase indestrutível.
Ela o dominava. Dava-lhe casa e comida, em troca de sua juventude. Dinhero entrava todo dia. (Quem é que não experimenta algum infortúnio no amor?)
Hoje o moço teve saudade da boneca daquele quarto. Voltou lá. O que viu, no lugar dela, foi a imagem de uma senhora decrépita, olhos maus, sorriso sarcástico. Ele saiu assombrado. Minutos depois, ele entendeu que a feiticeira havia se transformado naquela linda boneca para seduzi-lo. Ao tocar aquele objeto, recebeu todo o feitiço ali depositado e destinado a ele. O moço ficou sem lugar naquela casa. Contudo, a velha dispunha de meios para o consolar, para mantê-lo cativo.
Passaram-se os três meses previstos por aquela bruxa. Ela, querendo bolar um castigo para esse infeliz, acabou escorregando e caindo de cabeça dentro daquele caldeirão de água fervendo. Foi o seu fim.
O moço saiu assustado daquele lugar, mas logo se sentindo completamente livre. Ao passar por uma pracinha, encontrou a Beatriz dos seus sonhos. Conversaram por um longo tempo. Entenderam-se bem e, já nos próximos dias, se casaram.
O que você acha? O casamento de Clério com Beatriz aconteceu por força do destino, ou foi devido ao trabalho que aquela feiticeira fez? Ou ainda: quem sabe o Clério aprendeu ali alguma magia e a praticou para conseguir sua união com a sua princesa encantada?
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Publicidade brasileira: Olivetto montou num Leão de Ouro e voou até o céu Washington Olivetto nasceu em São Paulo, no dia 29 de setembro de 1951. Curiosidade: era dia de São Gabriel Arcanjo, considerado padroeiro dos publicitários, porque esse Santo foi o escolhido para anunciar ao mundo que a Virgem Maria ia ser a mãe de Jesus.
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 19/10/2024
E foi assim que, no dia 13 de outubro de 2024, impelido por impiedosa pneumonia, Olivetto montou num leão de ouro e voou até o Céu. O Brasil agradece. O mundo agradece.
O Garoto Bombril. É sem dúvida o personagem mais famoso de Olivetto, em parceria com Petit. Na célebre interpretação do ator Mário Moreno, ficou no ar por cerca de quarenta anos, divertindo a gente, com aquele personagem delicado, muito alinhado às mulheres. Aliás, este comercial entrou para o Livro Guinness de Recordes, pelo tempo de permanência no ar. Um desses momentos pode ser lembrado clicando aqui.
Washington Olivetto nasceu em São Paulo, no dia 29 de setembro de 1951. Curiosidade: era dia de São Gabriel Arcanjo, considerado padroeiro dos publicitários, porque esse Santo foi o escolhido para anunciar ao mundo que a Virgem Maria ia ser a mãe de Jesus. (Talvez o primeiro anúncio da História.)
Olivetto, descendente de italianos. Seu pai era vendedor, o que acabou influenciando o filho. A carreira desse gênio começou de forma casual.
O pneu furado
Começo dos anos 70, Olivetto – dezenove anos, muito boy, cabeludo, roupas extravagantes, pés sem meias, tamancos holandeses - dirige o seu Karmann-Ghia vermelho por uma rua de São Paulo. De repente, nota que o pneu está furado. Bem, não havia celular naquela época. O jeito era encontrar alguma porta aberta em que ele pudesse pedir ajuda. Encontrou uma casinha modesta. Na entrada, uma placa: HGP Publicidade. O rapaz mudou de ideia instantaneamente.
Em vez de falar do pneu, solicitou emprego como publicitário. Mas..., vendo aquele moço todo fora dos padrões, o dono da agência, de início, recusou. Aí o Olivetto lançou essa tirada: “Só entrei aqui porque furou o pneu do meu carro na sua porta. Acho melhor o senhor me dar esse emprego, porque meu pneu não costuma furar duas vezes no mesmo lugar.” Ganhou o emprego. “Pode começar hoje mesmo como estagiário. Se der certo, a agência te contrata.” Foi o que disse o proprietário da empresa. (Olivetto era estudante de Comunicações, porém, pouco aparecia na escola.)
Depois de três meses, já havia produzido seu primeiro comercial para a empresa Deca, que conquistou o prêmio Leão de Bronze no Festival de Publicidade de Cannes.
A trajetória do nosso homenageado é ampla, passando também por diversas agências. Vamos citar apenas a principal: A W/Brasil, cujos proprietários eram Olivetto, Gabriel Zellmeister e Javier Llussat Ciuret. Tinha 105 funcionários.
Daí em diante, as premiações – incluindo os Leões, do respeitadíssimo Festival de Cannes - passaram a ser tão frequentes, que Olivetto criou algo conhecido por “lixeira”, onde ele depositou seus 902 prêmios. Era um recipiente de vidro, parecendo um aquário, de dois metros de altura. “Ali jazem 21 Leões (7 de ouro, 5 de prata, 9 de bronze), 9 discos (5 de ouro, 3 de prata, 1 de platina), 60 medalhas do ‘Prêmio Colunistas’, 31 delas, de ouro.”
O primeiro sutiã. “O primeiro sutiã a gente nunca esquece.”
Este comercial, feito para a empresa Valisère, ficou tão famoso, que chegou a receber mais de 3.000 adaptações. Uma delas, a de Pelé: “A primeira copa a gente nunca esquece.” O vídeo a seguir é interessantíssimo. Dê uma olhada clicando aqui, por favor.
O sequestro
Olivetto permaneceu, durante 53 dias, quase 1300 horas, num cubículo, com luzes acesas e música alta. “No momento em que é sequestrada, a pessoa se transforma em mercadoria.” Valores absurdos eram pedidos pelo resgate. A corja era composta por chilenos. Um dia, Olivetto, desesperado, conseguiu abrir uma fresta na parede e se pôs a gritar. Na casa contígua, morava uma jovem de 22 anos, carateca e quintanista de medicina. Ela estranhou os ruídos que ouvia. Grudou o ouvido na parede, mas não conseguiu captar. Foi aí que teve a ideia de lançar mão de um instrumento de trabalho, o estetoscópio. O instrumento registrou direitinho, que alguém estava aflito, pedindo socorro. Ela chamou a polícia.
Várias peripécias seguem a partir daí, até que ocorre a prisão dos sequestradores. Só que os notebooks apreendidos estavam protegidos por senha. O máximo que a Polícia conseguiu revelar, usando um programa de desencriptação, era que a senha tinha 8 dígitos. Depois de muito tentar, alguém teve uma ideia: “O que envolve muito esses chilenos?” “O futebol”, foi a resposta. Vamos então pensar no nome de um time chileno com 8 letras. Alguém logo lembrou: Colo-Colo. Bingo! Estava descoberta a senha. Digitada, apareceram na tela mais de 6 mil páginas de anotações sobre todo o desenrolar do sequestro.
Caras leitoras, caros leitores, o espaço aqui é reduzidíssimo para falar de tão grande personagem como Washington Olivetto e de sua agência, a W/Brasil. Quem quiser saber mais sobre o assunto pode ler o valioso livro Na toca dos leões, de Fernando Meireles, ed. Planeta, o qual apoiou em muito esta nossa pesquisa.
... E foi assim que, no dia 13 de outubro de 2024, impelido por impiedosa pneumonia, Olivetto montou num leão de ouro e voou até o Céu. O Brasil agradece. O mundo agradece.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves.
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Festa católica: Foguetes para Nossa Senhora O que se vê nitidamente é que as religiões evangélicas, com destaque para as neopentecostais, vêm crescendo exponencialmente. E por que o segmento evangélico cresceu mais que o católico nestas últimas décadas?
Por Sérgio Souza* De Ibirité-MG Para Via Fanzine 13/10/2024
A igreja é o espaço físico onde as pessoas vão se encontrar e em que o espírito de solidariedade e vivência comunitária possa acontecer.
Dia 12 de outubro. Dia de Nossa Senhora Aparecida. Ainda se ouvem escassos e melancólicos foguetes em louvor à Santa.
Em décadas passadas, era diferente. Minutos antes do meio-dia, já se instalava no ar aquele clima de festa, aquele cheiro de devoção. Gente soltando fogos, gente rezando, gente pedindo que gente sarasse, que gente ganhasse dinheiro, que gente se endireitasse... E – segundo os testemunhos – Nossa Senhora atendia tudo, com aquele benigno sorriso de magnânima mãe.
Entretanto, as coisas hoje estão mudadas. Os foguetes se tornaram mais escassos. Por quê? O povo tem perdido a fé? Não.
O que se vê nitidamente é que as religiões evangélicas, com destaque para as neopentecostais, vêm crescendo exponencialmente. E por que o segmento evangélico cresceu mais que o católico nestas últimas décadas? Vários fatores. Alguns, no entanto, são determinantes. O primeiro deles é o marketing, formando com a propaganda um todo único. E não é pouco não. O marketing é pesadíssimo!
É que algumas igrejas se tornaram empresas, até multinacionais, movidas pela avareza, que se expressa por meio de ambição financeira e de poder. E na religião católica não existe algo assim? Existe sim. Mas há outros fortes fatores a competir com a católica. Boa parte das citadas igrejas neopentecostais têm até meta financeira. Com um astronômico capital acumulado, fica fácil abrir novos templos e investir em propagandas de rádio, jornal, Web e TV.
O investimento de igrejas protestantes na compra de horários em canais de televisão para transmissão de cultos cresceu demais. Já houve quem dissesse que “a televisão atrai fiéis, enquanto o templo fideliza”.
“O presidente Jair Bolsonaro bateu o recorde de liberações de rádios comunitárias nesta década. Entre março e abril, ele enviou ao Congresso autorizações para o funcionamento de 440 estações comunitárias nos rincões e periferias do País [...] Muitos dos canais liberados por aquele governo têm indícios de atividades políticas.” (Correio Braziliense, 26/07/2020 15:32.)
Nos templos, sensacionalismos; quiméricos milagres (muitos deles, um verdadeiro teatro); falsas promessas, principalmente de enriquecimentos em pouquíssimo tempo (o que efetivamente não acontece). Tudo isso tem atraído uma multidão de aflitos esperançosos.
E quantas denominações há no Brasil, dentro desse segmento evangélico? Em caráter não oficial, já se falou em 35 mil, depois 50 e até 55 mil. Com essa variedade tão grande, o pretendente tem opções para seguir a denominação que quiser (melhor dizendo, que um parente ou amigo indica, impulsionado pela força midiática que está por detrás disto).
“De 17.033 templos evangélicos, em 1990, o Brasil passou a contar com 109.560, em 2019. Um aumento de 543%. Apenas em 2019, último ano do levantamento, 6.356 templos evangélicos foram abertos no Brasil — uma média de 17 por dia.” (Rone Carvalho, para a BBC).
O levantamento foi feito com base em dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) A pesquisa mostrou que o primeiro templo foi aberto em 1922. Em 1970, eram 864. Meio século depois, em 2019, havia quase 110 mil. (BBC.)
Uma projeção feita pelo demógrafo José Eustáquio Diniz Alves aponta que os evangélicos podem ultrapassar os católicos e ser maioria no Brasil na década de 2030. (BBC.)
Outro incentivo às igrejas é que elas são livres de impostos.
A linguagem simplificada é outro grande fator. Com isso, as pessoas tendem a entender, ou imaginam que entendem, o que parece difícil em outras igrejas. Isso também acaba por atrair pessoas mais jovens.
Enfim, a igreja é o espaço físico onde as pessoas vão se encontrar e em que o espírito de solidariedade e vivência comunitária possa acontecer. Muitos maridos não deixariam suas esposas sair para uma festa, um clube... Para ir a uma igreja, sim.
Por tudo isso, os fogos em louvor à Santa vêm diminuindo.
* Sérgio de Souza é professor, músico e articulista. É colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Divulgação.
- Produção: Pepe Chaves. |
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