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        Exclusivo: 
        
        
        Entrevista com L.S. Frenzel 
        
        
        Escritor 
        
        
          
        
        Por 
        Pepe Chaves* 
        
        Para
        Via 
        Fanzine 
        
        BH-31/01/2017 
        
        
          
        
          
        
        
        
        L.S. Frenzel e seu livro "Um mundo sem religião". 
        
        
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        Lucas Shimada Frenzel é paulistano, tem 24 anos tem formação superior em 
        Logística, cursando Mecânica pela FATEC-SP. Trabalha como programador de 
        Produção e nesta entrevista gentilmente nos concedida, ele nos fala um 
        pouco sobre o conteúdo de seu primeiro livro “Um mundo sem religião” (Ed. 
        Mil Palavras, São Paulo-SP, 2017), que aborda diversos 
        fatores da religiosidade e da falta desta. Neste seu trabalho, L.S. 
        Frenzel busca o elementar da religião, relacionando-a ao processamento 
        da psique humana. A religião estima somente o final, o prêmio, a 
        recompensa. O autor nos ensina que o pensamento espiritual deve 
        valorizar o processo de aprendizagem, a evolução, que consequentemente 
        muda a rede estrutural dos nossos pensamentos, tornando-os benéficos a 
        nós e ao mundo de forma espontânea, sem a necessidade do monitoramento e 
        o julgamento constante que a religião nos impõe. 
        
        
           
        
        
        
        Via Fanzine - Você tem uma religião? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Ao conversar com as pessoas sobre este tema, sempre me fazem esta 
        pergunta, pois como alguém poderia fazer tais questionamentos? Bem, não 
        possuo nenhuma religião, mas acredito em Deus. São coisas distintas. E 
        não é o deus cristão ou seja lá qual for, na minha visão Deus não é um 
        ser vivo ou sobrenatural como todos pensam, mas sim uma força criada por 
        nós mesmos que nos move a fazer o nosso melhor independente de haver um 
        paraíso (recompensa) ou inferno (castigo),  ou  carma, buscando fazer o 
        melhor apenas pela vontade de ajudar. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Qual é a principal proposta de seu livro "Um mundo sem 
        religião" e o que a sua leitura poderia mudar nas pessoas? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        A luz não pode ser falada, apenas vista. Posso escrever milhares de 
        livros sobre a “verdade”, mas somente trilhando o caminho individual da 
        espiritualidade cada um alcançara tal virtude. Deus valoriza o processo 
        e não a meta. As pessoas passam as vidas valorizando metas enquanto que 
        o mais importante é o processo, a meta é apenas consequência. E neste 
        livro, abordo o processo, acredito que qualquer pessoa, seja ela quem 
        for, utilizando a empatia e a razão como bases do pensamento sempre 
        chegarão à mesma conclusão. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - O que o motivou a escrever este livro, abordando a questão 
        da religiosidade? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Porque a religião valoriza somente a meta. Eu acredito que o ser humano 
        é capaz de amar e ajudar ao próximo independente de haver ou não um 
        Deus, Paraíso ou Inferno nos esperando conforme nossas ações. Esta 
        barganha espiritual que leva as pessoas a serem boas, não há problema 
        uma pessoa acreditar em Deus ou não, a espiritualidade deve ser trilhada 
        individualmente e não de modo grupal como as religiões pregam. A 
        religião nos ilude com todas as respostas, sendo que o importante é o 
        processo de evolução que nos força a colocar a razão e a empatia em 
        prática, tornando-nos melhores por vontade própria. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Como você vê a influência religiosa nos dias de hoje, seja 
        junto aos governos, políticos, artes, cultura e, enfim, na vida 
        cotidiana do homem atual? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Mesmo principio. “Não é a falta de Deus no coração” que leva o ser 
        humano a cometer atrocidades ou corrupção, é responsabilidade individual 
        do próprio ser humano. A diferença está nas consequências, por exemplo, 
        quando um político comete atos de corrupção, ele está trazendo 
        malefícios a terceiros, agora sim, um caso de responsabilidade grupal. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Para você, o que o deísmo poderia acrescentar de positivo 
        à humanidade? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Eu gosto muito da frase de Carl Sagan: “O primeiro pecado da humanidade 
        foi a fé, a primeira virtude foi a dúvida.” A dúvida nos coloca em 
        processo de evolução, enquanto que a fé é cega e ignorante. A fé inibe o 
        pensamento que é feito de questionamentos, e somente com pensamentos 
        evoluímos.  
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Muitas pessoas acreditam que foram salvas pela religião, 
        ao se entregaram a esta e serem conduzidas por padres, pastores e outros 
        mentores, no sentido de resgatar sua espiritualidade. Como você vê estes 
        casos? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Qual o maior objetivo das religiões? Elas dizem a “salvação de almas 
        perdidas”, mas na verdade é a aquisição de fiéis. Gosto desse 
        pensamento, “se existe um Diabo, a criação da religião foi uma grande 
        sacada”. Elas se aproveitam de pessoas que não possuem a aptidão 
        suficiente para “enxergar” o mundo, prometendo paraíso, bens materiais e 
        felicidade em troca da sua “alma” ou submissão às suas ordens, sendo que 
        a verdadeira felicidade está dentro das nossas mentes. As religiões 
        prometem respostas definitivas para nossas vidas, então por que temos 
        que passar o restante de nossas vidas frequentando seus templos? O 
        verdadeiro santuário é dentro das nossas mentes, Deus já nos deu tudo, a 
        oportunidade de viver e a capacidade de sonhar. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Hoje podemos dizer que a fé do homem está fragmentada em 
        milhares de religiões e crenças?  
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Conheço muitas pessoas religiosas e algumas até me convidam para cultos 
        ou reuniões. Apenas recuso, não dizendo o motivo. Porque qualquer 
        revolução de pensamentos que aconteça dentro de uma pessoa deve ser 
        gradativa e não radical. Estas pessoas vivem acreditando de corpo e alma 
        que estão fazendo o certo, isso para todos os inúmeros grupos 
        religiosos, cada um acreditando que está fazendo o certo. Na Matemática, 
        quando um argumento torna-se teorema fundamentado em preceitos lógicos, 
        não importa quem o disse, é verdadeiro ou falso, sendo a fé sempre 
        verdadeira. Não há problema em dizer “Eu não sei”. O foco do ser humano 
        está em questões não determinantes para criar um mundo melhor, como a 
        própria fé, sendo toda essa energia utilizada em preceitos cegos. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Como você vê os ensinamentos de Jesus dentro da religião 
        católica e mais tarde, o extravasamento destes para os cultos 
        protestantes, espíritas e outros também considerados de cunho cristão? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Tenho que admitir que fico triste porque todos olham para Jesus como 
        divindade e não como um homem que venceu as barreiras do tempo, sendo 
        exemplo que um ser humano pode se tornar realmente bom. Por que Jesus 
        falava por meio de parábolas? Para forçar as pessoas a pensarem, 
        questionarem sobre o dito e consequentemente evoluírem. Jesus era uma 
        pessoa fantástica, um homem que conseguia enxergar além do véu turvo 
        deste mundo. As pessoas se apegam a milagres como andar sobre as águas 
        ou a transformar água em vinho, quando o verdadeiro milagre foi um 
        pensamento criado pelo próprio Jesus de amar ao próximo como amamos a 
        nós mesmo. É um pensamento tão avançado e único que podemos resumir tudo 
        a esta frase. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Acredita-se que muito da religiosidade cristã teria 
        gênesis em cultos pagãos. Você concorda com esta colocação? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Sim. Uma religião é definida como pagã somente porque é politeísta ou 
        não possui o ritual do batizado. O cristianismo evoluiu do judaísmo que 
        foi influenciado pelo Zoroastrismo, este foi influenciado por religiões 
        politeístas. Dentro das tribos de Israel também havia religiões 
        politeístas que tiveram o mesmo gênesis do judaísmo. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Para você, qual tem sido o papel dos livros sagrados junto 
        aos seus seguidores, considerando a particularidade de cada culto? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Os livros “sagrados” são livros como quaisquer outros, servem como 
        registro. É comum ouvirmos que Deus disse tal coisa só porque está 
        escrito na Bíblia. Todos os livros são obras dos homens que os criaram 
        conforme o que acreditavam, sendo sempre uma evolução de outra crença 
        que também foi criada por um homem ou grupo de pessoas. Nenhuma religião 
        está certa, mas podemos aprender muito com elas independente qual seja, 
        dessa forma, abrimos nossa mente, se acreditarmos ou conhecermos somente 
        uma, fechamos a mente para tudo o que é diferente. Nestes livros 
        sagrados é comum a caracterização de rituais, sendo confundido por 
        muitos como fatores determinantes de recompensa por fazer ou punição por 
        não fazer, sendo que os rituais são lembretes dos ensinamentos passados. 
        Ou seja, tanto faz se comermos carne vermelha na Páscoa, é apenas um 
        lembrete de tal significado.  
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Temos ouvido muitas pessoas dizerem que nosso mundo 
        precisaria mais de ciência do que de religião. Como você vê esta 
        questão? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Concordo plenamente. As pessoas confundem religião com espiritualidade. 
        Se a religião deixar de existir, ainda haverá espiritualidade que deve 
        ser individual. Eu admiro muito o Budismo porque é mais uma filosofia do 
        que religião, incentivando seus seguidores a pensarem sobre o mundo a 
        sua volta em todos os instantes do dia não só quando está em meditação. 
        A ciência é muito parecida, só tenho o privilégio de redigir esse texto 
        nesse momento graças a ela, novamente Carl Sagan: “A ciência é muito 
        mais do que um corpo de conhecimentos. É uma maneira de pensar” tudo o 
        que vemos a nossa volta de criação humana, e como podemos nos manter 
        saudáveis e aumentar nossa expectativa de vida é graças a ciência. Se 
        podemos nos dar ao luxo de sonhar é graças a ciência. 
        
        
          
        
        
        
         Via Fanzine - Como seria um mundo sem religião? 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Sem a religião as pessoas seriam forçadas a pensar sobre o universo, a 
        natureza, as pessoas, Deus, entre outros, colocando em prática a luz da 
        razão e da empatia. Faz parte da nossa natureza buscar respostas para 
        aquilo que não sabemos, tornando-se melhores e, consequentemente, 
        criando um mundo formado por pessoas mais solidárias e humanas. 
        
        
          
        
        
        
        Via Fanzine - Agradecemos pela entrevista e pedimos para nos deixar suas 
        considerações finais. 
        
        
        
        L.S. Frenzel - 
        Os temas que eu mais gosto de estudar e pensar são aqueles que dão a 
        famosa dor de cabeça, porque somente assim evoluímos. Esta é uma 
        indireta as novas gerações a qual estou incluído, atualmente são comuns 
        a valorização de pessoas ou ideologias que fazem estagnar a nossa 
        evolução, veja isso e pense que você está desperdiçando um potencial que 
        Deus lhe deu, a capacidade de fazer um mundo melhor. 
        
        
          
        
        
        
        Livro: Um mundo sem religião – L.S. Frenzel 
        
        
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        * Pepe Chaves 
        é editor do diário digital
        Via 
        Fanzine e da 
        ZINESFERA. 
          
        
        - Imagens: 
        Arquivo L.S. Frenzel/Divulgação.  
        
          
        
        
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