Trajetória
alvinegra:
Ronaldinho e a sua
volta por cima
Se o 7 é
considerado pela numerologia como o "número da perfeição"
é bom lembrar que 7
vezes 7 é igual a 49.
Por Pepe Chaves*
De Belo
Horizonte-MG
Para
Via Fanzine
10/09/2012

O técnico Cuca foi um
dos responsáveis para que Ronaldinho fosse contratado pelo Atlético.
Leia também:
Atlético é vice: vitória
de 3 a 0 sobre o Palmeiras
Cruzeiro
é derrotado de virada em Recife pelo Sport
O fim do perdão: campanha carioca de
desmoralização
Parece que foi há
mais tempo, mas faz menos de quatro meses
Via Fanzine
foi um dos primeiros veículos do mundo a publicar a informação que
Ronaldinho Gaúcho iria atuar pelo Atlético e já treinava na Cidade do
Galo, em Vespasiano, na Grande BH.
A notícia pegou de
surpresa o mundo da bola, pois naquela ocasião, o atleta, juntamente com
o seu irmão e procurador, Assis, brigavam com o Flamengo por salários e
outros repasses não recebidos do clube. Numa sexta-feira de junho, a
imprensa noticiou o desligamento de Ronaldinho do ninho rubronegro,
informando que o atleta acionava a sua direção na Justiça do Trabalho,
para receber valores milionários atrasados.
A partir daí, com
certa interseção do treinador Cuca e ação efetiva do presidente
atleticano Alexandre Kalil, tudo se resolveu apenas naquele final de
semana. E, na segunda-feira seguinte, surpreendentemente, Ronaldinho já
aparecia pela primeira vez com a camisa de treino do Atlético, entre os
demais atletas na Cidade do Galo. De acordo com as informações da
diretoria do Clube Atlético Mineiro, Ronaldinho permanecerá no clube, pelo menos, até 31 de dezembro de 2012.
Retaliações
sofridas
Ronaldinho saiu
defecado por urubu do Rio e sua transferência para o Atlético, gerou um
turbilhão de descontentamento rubronegro que, inclusive, por aquela
ocasião, se fez replicar insistentemente na grande mídia nacional, tendo
como carro chefe desses veículos, a Rede Globo de Televisão. Ao anunciar
sua transferência para Minas, o jogador virou alvo de piadas para
muitos, sobretudo, pelo fato de BH ser considerada “a capital dos
bares”, além de ser famosa também por suas casas noturnas, frequentadas
por muitas “personalidades” de todo o país.
Enquanto se
transferia para Belo Horizonte, o departamento de Jornalismo da Rede
Globo, fez veicular e replicar um vídeo de Ronaldinho em uma sala vazia,
alegando que estaria ali esperando uma mulher, durante uma concentração
do Flamengo. Vale destacar aqui o comportamento do Departamento de
Jornalismo da Rede Globo: vídeo esse que, então, já se encontrava em poder
da emissora carioca enquanto o atleta atuava pelo Flamengo, mas somente
depois de sua saída do clube é que o tal vídeo foi tornado público.
Outros “motivos”
foram surgindo e o jogador foi humilhado por grande parte dos cariocas
contrários à sua saída do Flamengo - também danosa a vários setores,
sobretudo, dos desportos e publicidades no Rio. Além disso, o atleta foi
vilipendiado também por torcedores de outros clubes do Brasil,
destacadamente, pelos gremistas, que alegavam motivos para criticá-lo, tendo
alguns destes, posteriormente, insultado publicamente até a mãe do jogador.
Na ocasião de sua
saída, o vice-presidente do Flamengo, chegou a dizer em público que
Ronaldinho não tinha sangue nas veias, “mas cachaça”. Depois de fazer
brilhantes apresentações para o Flamengo, colaborando para algumas da
poucas “glórias” então obtidas pelo clube na desastrosa administração de
Patrícia Amorim, Ronaldinho saiu execrado de lá. Recebeu diversos
ataques de cunhos moral e pessoal, através de todos os meios de
comunicação possíveis,
além do extraoficial selo de “persona non grata” para os
rubronegros.
Posteriormente à
avalanche de insultos, a assessoria do jogador informou que ele
ingressara com outra ação na Justiça contra o Flamengo, então, por danos
morais.
Ronaldinho em Minas Gerais
Por outro lado,
sua chegada em Belo Horizonte comoveu a comunidade atleticana e o
carinho recebido pelo atleta retocava sua imagem maculada pelos
torcedores contrários ao seu sucesso. Ele agradeceu a recepção, disse
que estaria empenhado em prol do clube e assegurou que daria “a volta
por cima”.
No Atlético,
Ronaldinho adotou a camisa 49, segundo ele, em homenagem ao ano em que
sua mãe nasceu.
Por toda Minas
Gerais, muitos torcedores pareciam não acreditar que o melhor jogador do
mundo por duas edições, o imortal do Barcelona e ex-campeão mundial pelo
Brasil iria atuar pelo Galo. Aqueles foram dias memoráveis para a massa
alvinegra, quando, da noite para o dia, Belo Horizonte se tornara a
capital do futebol mundial, por pelo menos uma semana.
Os holofotes
pairavam sobre ele, enquanto muita gente seguia gorando; torcendo para
dar errado. Piadinhas e cobranças vibravam à sua órbita, bem antes de
ele mostrar serviço no Galo. E assim, apresentadores, comentaristas
esportivos e ex-atletas, sobretudo, do eixo Rio-São Paulo, engrossaram o
coro de que a entrada de Ronaldinho para o Atlético significava o “fim
de sua carreira” ou um retrocesso. Somando-se a isso, alguns destes críticos,
também previam, através das suas bolas de cristais futebolísticas – sem se inteirar
da realidade do futebol mineiro - um Atlético decadente e pouco
competitivo, que lutaria contra o rebaixamento em 2012.
Por estas e
outras, ele precisava mostrar trabalho, num tempo em que até o lobo
Zagallo saiu da toca para declarar que “Ronaldinho jamais voltará à
Seleção Brasileira”.

Ao lado do também
Gaúcho Jô, Ronaldinho foi um dos responsáveis pela arrancada do Galo.
Leia também:
Atlético é vice: vitória
de 3 a 0 sobre o Palmeiras
Cruzeiro
é derrotado de virada em Recife pelo Sport
O fim do perdão: campanha carioca de
desmoralização
Primeiro gol
pelo Galo
Eu estava lá, no
estádio Independência, quando Ronaldinho se apresentou pela primeira vez
vestindo a camisa do Atlético em Belo Horizonte. Vindo de sua estreia
vitoriosa sobre o Palmeiras, em São Paulo, aquela goleada de 5 a 1 sobre
o Náutico, foi memorável e nela, ele assinalou o seu primeiro gol
alvinegro, numa cobrança de pênalti.
Pude sentir ali,
momentos de uma emoção única da massa alvinegra. Destacadamente, quando
Ronaldinho cobrou o pênalti, a bola entrou, o estádio inteiro vibrou e,
após o gol, num salto, ele socou o ar... Estava ali, naquele gesto, a
primeira resposta aos seus críticos e detratores.
Como jornalista,
confesso que aquele foi um momento “intergaláctico”, de arrebatamento
total das milhares de almas que estavam ali postadas à minha frente,
além de outros milhões, espalhadas pelo Estado, Brasil e mundo. Já
como torcedor, diria que aquele momento foi algo indescritível... Após o gol, encarou os quatro cantos do estádio, reverenciou a torcida e
depois afirmou que era "só o começo". Naquele dia, os torcedores
atleticanos deixaram o estádio Independência em estado de graça e
cantando o hino do Galo.
É verdade que o
Atlético já liderara o Brasileirão por uma rodada e começava a se
despontar como possível favorito ao título, mesmo antes de Ronaldinho
aportar nas Alterosas. Na verdade, tudo já estava dando certo para Cuca,
após a conquista invicta do campeonato mineiro com um aproveitamento
invejável, além da chegada dos outros reforços, através de outras acertadas
contratações.
Mas, ao
desembarcar em Belo Horizonte, novas possibilidades foram aventadas e
experimentadas, fazendo com que a qualidade do futebol do grupo
atleticano fosse se amplificando. Isso se daria, a princípio, puramente
pela influência da sua presença junto ao clube, mas, evidentemente, pelo
seu futebol de alta qualidade.
Ronaldinho seguiu
progredindo à medida que vinha se adaptando em todos os aspectos, seja
em Belo Horizonte, seja no Atlético. Em campo, seu entrosamento com
Bernard se tornou uma marca viva do poder ofensivo do Galo atual. Essa
simbiose também ocorreu com Jô, Escudero, Pierre, Guilherme e outros
atletas de ligação direta em campo. Se sua idade avança, ele esbanja
saúde, pois joga ininterruptamente desde que começou a treinar pelo
clube mineiro, sem qualquer problema de contusão ou outro que o
retirasse de treinamentos ou partidas. Depois que chegou ao Atlético,
Ronaldinho disputou 17 partidas seguidas e só parou em uma rodada, por
conta de uma suspensão por três cartões.
Belo Horizonte foi
um bálsamo para Ronaldinho que, ao deixar o Rio, criticou os complexos
do Ninho do Urubu, dizendo “não ter comparação” com a estrutura da
Cidade do Galo. Recentemente, ele declarou que leva uma vida caseira,
“com seus bichos” e que a capital mineira o remete à lembrança de Porto
Alegre.
Depois de
assinalar um gol de placa no empate de 2 a 2 com o arquirrival Cruzeiro,
pela 19ª rodada do Brasileirão, ele novamente foi destaque em jornais
europeus e sul-americanos. Suas atuações têm se destacado, senão pela
quantidade de seus gols, pelas inúmeras jogadas genialmente criadas,
cuja grande parte das assistências prestadas se converteu em gols.

Bernard e Ronaldinho:
jovialidade e experiência que faz acontecer grande parte dos gols do
Galo.
Leia também:
Atlético é vice: vitória
de 3 a 0 sobre o Palmeiras
Cruzeiro
é derrotado de virada em Recife pelo Sport
O fim do perdão: campanha carioca de
desmoralização
Se aos 35 anos Ronaldinho não é mais
aquele gênio precoce do Grêmio ou o destacado artilheiro do Barcelona,
agora como R49 no Galo, ele se adapta a outras condições. Jogando mais
recuado e armando mais jogadas do que fazendo os gols de sua juventude,
ele se tornou uma peça fundamental no esquema tático do Atlético nesta
temporada.
Ronaldinho tem se especializado nas bolas
paradas, apurando sua precisão para cobranças de pênaltis, faltas e
escanteios. Além disso, não há como negar que ele tem investido em suas
distribuições que, por vezes, deixaram seus companheiros na cara do gol.
E, se
é que há mesmo uma “volta por cima” a ser dada na carreira desse
vitorioso atleta, decerto, esta pode estar completando-a durante suas
últimas e excelentes atuações pelo Atlético. Calando críticos e
gozadores, R49 segue, correndo, driblando, e colocando a bola onde os
goleiros jamais querem vê-la. Se o 7 é considerado pela numerologia como
o "número da perfeição" é bom lembrar que 7 vezes 7 é igual a 49.
Segundo
informações vazadas no Rio de Janeiro e veiculadas pela imprensa mineira
neste último domingo (09/09), Ronaldinho (juntamente com Bernard),
deverá ser convocado por Mano Menezes para disputar o Clássico das
Américas, o já tradicional confronto entre Brasil e Argentina -
contrariando assim, informações da Bola de Cristal do agora servidor da
CBF, Mário Lobo Zagallo.
* Pepe Chaves é editor
do diário digital
Via Fanzine e da
Rede VF.
- Fotos: Bruno Cantini
/ Clube Atlético Mineiro.
Leia também:
Atlético é vice: vitória
de 3 a 0 sobre o Palmeiras
Cruzeiro
é derrotado de virada em Recife pelo Sport
O fim do perdão: campanha carioca de
desmoralização
|