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Reagan: O presidente e o invasor invisível Ronald Reagan, os OVNIs e a fantasia cósmica que nunca foi embora. Um presidente que parecia desconectado dos fatos do mundo, mas profundamente conectado a um outro, oculto, silencioso, talvez orbitando acima de nós.
Por José Ildefonso* De Taubaté-SP Para Via Fanzine 1º/07/2025
Poucos líderes modernos combinaram tão perfeitamente o carisma da ficção com o poder do real quanto Ronald Reagan. Leia também: Outros destaques em Via Fanzine
Entre breves acenos ao Armagedom, sussurros presidenciais sobre discos voadores e uma defesa espacial que talvez não fosse contra mísseis soviéticos, a Era Reagan guarda mais do que a retórica de um grande comunicador.
Poucos líderes modernos combinaram tão perfeitamente o carisma da ficção com o poder do real quanto Ronald Reagan. Seu governo, descrito por muitos como uma presidência teatral, foi conduzido com mais foco na narrativa do que na gestão. Mas entre os scripts bem ensaiados e os bastidores fortemente controlados, uma obsessão incomum se insinuava, a presença constante dos extraterrestres em seus discursos, suas conversas e, talvez, em seus temores mais íntimos.
Embora evitasse briefings de inteligência e raramente demonstrasse interesse pelos meandros do poder, Reagan falava com frequência, e com certa gravidade, sobre uma ameaça alienígena capaz de unir a humanidade. Em discursos improvisados, em cúpulas diplomáticas e até diante das Nações Unidas, o presidente evocava um cenário em que forças de outro mundo obrigariam a Terra a pôr de lado suas diferenças. “E ainda pergunto”, disse ele em 1987, “não há uma força alienígena já entre nós?”
Esse padrão de referências não era um mero capricho retórico. Reagan afirmou ter presenciado pessoalmente dois OVNIs, um em Hollywood e outro enquanto era governador da Califórnia, a bordo de um avião. Seus comentários sobre o assunto, embora muitas vezes suavizados ou suprimidos por seus assessores, ou abafados pelo ruído de um helicóptero presidencial acionado para evitar perguntas, são numerosos e persistentes.
Ao mesmo tempo em que seus discursos passavam por um processo minucioso de revisão, com dezenas de pessoas e departamentos envolvidos, Reagan conservava o direito de improvisar. E era nesses momentos, com frequência desconcertante, que surgia o alienígena.
A relação com o programa “Star Wars” (SDI), proposto oficialmente como um escudo antimíssil, é especialmente reveladora. Para parte da comunidade ufológica, e até para certos militares, tratava-se, na prática, de uma defesa velada contra ameaças do espaço exterior.
Uma carta enviada à Casa Branca por um entusiasta dos OVNIs, mencionando uma “força intergaláctica” 49 vezes, recebeu resposta oficial afirmando que “o presidente está bem ciente da ameaça”. O autor da resposta foi logo afastado do cargo, e o episódio sepultado sob explicações pouco convincentes.
Mais simbólico ainda foi o episódio da exibição privada de E.T.: O Extraterrestre na Casa Branca. Após o filme, Reagan voltou-se para Steven Spielberg e afirmou, “Você sabe, não há seis pessoas nesta sala que sabem o quão verdadeiro isso realmente é.” No dia seguinte, ele participou de um briefing ultrassecreto sobre o programa espacial, sem presença da NASA, um fato sem precedentes. Coincidência, talvez, ou não.
É difícil não ver, no conjunto desses eventos, um padrão cuidadosamente encoberto por gestos públicos cuidadosamente encenados. Entre um sorriso e uma citação bíblica, Reagan inseria suas “fantasias”, como ele mesmo as chamava, com uma naturalidade inquietante, como se testasse os limites daquilo que poderia dizer sem realmente dizer.
A inquietação permanece, até que ponto suas palavras foram apenas alegorias, e quando se tornaram acenos discretos a algo mais concreto, mais sombrio, mais verdadeiro? Seria a retórica alienígena de Reagan um reflexo de sua imaginação cinematográfica, ou uma forma velada de preparar a opinião pública para o indizível?
Seja como for, o paradoxo Reagan persiste. Um presidente que parecia desconectado dos fatos do mundo, mas profundamente conectado a um outro, oculto, silencioso, talvez orbitando acima de nós.
E, talvez, o mais intrigante seja isso, apesar de todas as pistas deixadas ao longo do caminho, o mistério continua intacto. Como se as palavras, por mais ousadas que fossem, ainda fossem insuficientes para tocar na verdade que pulsa sob a superfície de sua presidência.
* José Ildefonso é articulista, cronista e colaborador de Via Fanzine.
- Imagem: Criação do autor, utilizando IA.
- Fonte: Adaptado da notícia do Jornal da Unicamp (27/06/2025), Projeto investigará assimetria entre matéria e antimatéria.
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- Produção: Pepe Chaves |
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