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Internacional

 

Nicarágua:

OEA se reúne pela 3ª vez para discutir violência*

Cerca de 300 pessoas já morreram em protestos contra governo.

 

“Existe uma ação combinada das forças estatais da segurança, junto com grupos de terceiros armados, que no Brasil seria compatível com às milícias, para retomar o controle da país, por meio da força, ignorando o diálogo”, disse Paulo Abrão.

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A Organização dos Estados Americanos (OEA) se reúne nesta quarta-feira (18) pela terceira vez em duas semanas, para discutir a escalada da violência na Nicarágua. Cerca de 300 pessoas morreram em três meses de protestos contra o governo: nos últimos dias, as forças de segurança e grupos paramilitares, simpatizantes do presidente Daniel Ortega, realizaram “operações de limpeza”, para recuperar universidades ocupadas por estudantes e derrubar barricadas, erguidas em várias cidades do país. A última delas, na terça-feira (17), na cidade de Massaya, resultou na morte de pelo menos três civis e um policial.

 

O chefe da polícia de Massaya, Ramón Avellán, disse que estava cumprindo a ordem (de limpeza) do presidente e de sua mulher, Rosario Murillo, que também é vice-presidente. “Vamos cumpri-la, custe o que custar”, afirmou.

 

“Existe uma ação combinada das forças estatais da segurança, junto com grupos de terceiros armados, que no Brasil seria compatível com às milícias, para retomar o controle da país, por meio da força, ignorando o diálogo”, disse, em entrevista à Agencia Brasil, o secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Paulo Abrão. Com base em depoimentos das vítimas, imagens de enfrentamentos e analises balísticas, os investigadores da CIDH acusaram o governo nicaraguense de mandar “atirar para matar” os manifestantes. As vítimas – muitas delas jovens estudantes – foram baleadas na cabeça, no pescoço ou nas costas.

 

Ofensiva

 

O último enfrentamento foi na terça-feira (17). Desde cedo, carros policiais, seguidos por caminhonetes com homens encapuzados e armados, cercaram Morimbó – um bairro indígena de Massaya, símbolo da resistência à ditadura de Anastasio Somoza.

 

Somoza acabou sendo derrubado, em 1979  pela Revolução Sandinista, liderada por Ortega. Passados 39 anos, o ex-guerrilheiro de esquerda está sendo de querer instalar uma dinastia política tão corrupta como aquela que ele combateu. Em 2016, ele conquistou seu terceiro mandato presidencial consecutivo – numa votação, sem a presença de observadores internacionais, cujos resultados têm sido questionados pela oposição e também por antigos aliados.

 

Os protestos foram desencadeados por uma reforma da previdência, anunciada em meados de abril, que o governo acabou revogando. Mas as manifestações continuaram – desta vez contra a violenta repressão dos primeiros dias. Ortega aceitou dialogar com representantes da sociedade civil – estudantes, agricultores, empresários e organizações de Direitos Humanos – com a mediação da Igreja Católica, para buscar uma solução pacifica para a crise sem precedentes, desde o fim da guerra civil em 1990.

 

Mas o diálogo foi suspendido, depois que Ortega rejeitou a proposta de antecipar as eleições. Ele acusou a oposição de “golpista” e os manifestantes de “terroristas” e prometeu cumprir seu mandato até o fim, em 2021. Ha três semanas, endureceu seu discurso e lançou uma ofensiva contra os manifestantes, para retomar a Universidade Nacional Autônoma de Managua e o bairro de Morimbó, em Massaya.

 

Segundo Abrão, o governo quer retomar o controle do país essa semana. No dia 19 de abril, a Nicarágua festeja o aniversário da Revolução Sandinista. “Talvez o governo queria anunciar, nesta data, a vitória contra uma tentativa de golpe dos terroristas para derruba o governo”, disse. “E uma linguagem que usa para justificar a violência”.

 

Terrorismo

 

A Nicarágua tem sido alvo de críticas cada vez mais frequentes da comunidade internacional. Pelo menos treze dos 34 países membros da OEA querem aprovar uma resolução nesta quarta-feira, condenando o governo de Ortega. Já o governo nicaraguense tem outra proposta de resolução, condenado “grupos internacionais do crime organizado e terroristas” de querer desestabilizar o país e afirmando que os nicaraguenses têm o direito de reestabelecer a paz, sem “ingerência externa”.

 

Na segunda-feira (16), o Parlamento nicaraguense (de maioria governista) aprovou uma lei contra a lavagem de dinheiro e a proliferação de armas de destruição massiva, que caracteriza o delito de terrorismo e estabelece penas de até 20 anos. “A legislação foi escrita de tal forma, que permite enquadrar na categoria de terrorista os civis que participam de protestos pacíficos”, disse a Agencia Brasil, Carlos Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Chamorro (1990-1997) e diretor do site de notícias “Confidencial”.

 

Segundo Chamorro, hoje o governo perdeu o apoio da grande maioria e se sustenta apenas “na base da força e da intimidação”.  Mas a queda do regime vai depender de muito mais do que a condena internacional. “Hoje existe uma aliança entre o povo e empresários, que antes apoiavam Ortega. A esperança da oposição é manter essa frente unida e abrir fissuras na polícia”, disse. O grande problema são os grupos paramilitares “que Ortega não vai desmantelar, porque são chefiados por ele”.

  

* Informações de  Monica Yanakiew/Agencia Brasil.

    18/07/2018

 

- Foto: Divulgação.

 

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