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 Ficção  científica

 

Uma outra Terra distante:

Quando o homem deixar o planeta

Enquanto a Nasa anuncia a descoberta de um planeta semelhante à Terra,

em sua obra  "As Canções da Terra Distante", o escritor Arthur C. Clarke descrevia a partida dos últimos remanescentes terrestres rumo a um planeta similar. 

 

Por Pepe Chaves*

De Belo Horizonte-MG

Para ASTROvia

ATUALIZADO EM

19/04/2014

 

Concepção artística apresentada pela Nasa do planeta Kepler 16f, localizado há 500 anos luz.

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Na vida e na ficção: a busca pela Terra distante

 

Enquanto aqui na Terra, o único mundo habitável que conhecemos, a violência e a intolerância surpreendem povos de todos os continentes, a Nasa faz um anúncio arrebatador neste mês de abril, de 2014: a descoberta de um planeta bastante semelhante à Terra descoberto até o momento.

 

Trata-se de Kepler 186f, um planeta cuja órbita se localiza a uma distância ideal de seu sol, possibilitando a existência de água em estado líquido, o que permitiria o desenvolvimento de vida como a conhecemos. A assinatura do planeta entusiasmou os cientistas da Nasa e pode indicar um mundo bem parecido com o nosso, incluindo a possibilidade de haver vida animal ou vegetal.

 

Descobertas de mais de 1.700 exoplanetas (que estão fora do sistema solar) já foram anunciadas nos últimos anos. Mas, em se tratando de semelhanças com a Terra, sempre havia contrariedades, como temperaturas altas ou baixas demais, atmosferas nocivas, gravidade e elementos básicos adversos. Inconstâncias estas, causadas, sobretudo, por conta das posições a que se situam determinados planetas ante à uma estrela mãe. Agora, um mundo realmente semelhante à Terra, considerando inúmeros quesitos acaba de ser encontrado, situado a quase 500 anos-luz da terra, ou aproximadamente 4,7 quatrilhões de quilômetros.

 

Entretanto, apesar do ânimo levantado pela descoberta, ainda há algumas diferenciações entre Terra e Kepler 186f que devem ser destacadas. Enquanto uma órbita da Terra em torno de sua estrela mãe (o sol) demora um ano, Kepler 186f  gasta apenas 130 dias, uma vez que está localizado mais próximo ao seu sol. Além disso, a sua estrela mãe é significantemente menor do que o nosso sol.

 

Segundo a Nasa, Kepler 186f  recebe de sua estrela apenas um terço da energia em relação a que Terra recebe do sol. Assim, a superfície do distante planeta seria bem mais escura que a da Terra durante a luz do dia. A Nasa ainda não divulgou informações sobre a composição e massa do planeta. A agência também não confirmou se há evidências de haver em Kepler 186f  uma atmosfera que seja capaz de abrigar a vida nos moldes conhecidos.

 

Mesmo estando a uma distância inatingível para o homem atual, a descoberta de Kepler 186f é vista com otimismo pela comunidade científica. Remonta um antigo anseio que o homem traz durante os últimos séculos: um dia o nosso mundo vai se esgotar como um astro vital, assim como o seu sol, e se o homem não descobrir um mundo similar ao seu para poder migrar estará fadado à extinção.

 

Em seu romance “As Canções da Terra Distante” (The Songs of the Distant Earth) Arthur C. Clarke navega por estes mares siderais, em um futuro distante de nós, onde as caravelas espaciais saem em busca de outros mundos alternativos e essenciais à sua própria existência. O autor oferece uma, entre tantas alternativas, de um dia o homem deixar a Terra - que pelas leis da física, inevitavelmente, se esgotará como um planeta estável dentro de alguns milhares de anos.

 

Clarke considera a possibilidade de um dia os últimos seres humanos deixarem o seu moribundo planeta Terra, em busca da sobrevivência enquanto espécie cósmica. E assim, preparados para enfrentar o futuro duvidoso e tendo o seu mundo reduzido à uma enorme “arca sideral”, os últimos homens terrestres seguirão rumo a um destino certo: um planeta similar à Terra.

 

O autor descreve toda esta jornada derradeira, pouco antes de a Terra ser consumida pelas chamas solares, enquanto sua estrela mãe entra em convulsão final. Mas, o plano de deixar o planeta se iniciou muito antes da partida humana, remontando tempos em que antigos cientistas terrestres buscavam para o futuro uma alternativa à viabilidade humana. E o resultado foi o esperado, pois a retirada humana obteve sucesso, graças aos incansáveis projetos científicos, calculados e desenvolvidos desde séculos antecedentes.

 

Semeando o homem pelo espaço

 

E nessa saga - enquanto nos dias de hoje temos o robô Curiosity (Nasa) a caminhar pela superfície de Marte, além de outras sondas espaciais a nos enviar sinais da órbita de astros localizados dentro do nosso sistema solar - desenvolvida por Clarke em meados da década de 1950, ele descreve um planeta Terra que, por volta do ano 2550, lançaria ao espaço, diversas astronaves “semeadoras”. Estas complexas máquinas não tripuladas carregariam semens de vida humana e partiriam rumo a centenas de planetas semelhantes à Terra, então descobertos pelos cientistas do futuro, buscando assim, florescer a vida humana nestes orbes.

 

Tais semeadoras seriam astronaves autônomas e com funções de avançadíssimos robôs que carregam um conteúdo nobre: material genético humano para povoar mundos semelhantes ao nosso. A deter uma tecnologia ainda inimaginável para os nossos dias, estas máquinas seriam capazes de produzir toda uma civilização a partir dos materiais que carregam. Estes aparatos se portavam como verdadeiras “estufas de vida”, desde que atinjam um planeta com as características da Terra e condições para fazer “florescer” uma civilização, a partir da tecnologia contida nesse inimaginável robô terrestre.

 

Conta Clarke que, desde que foram lançadas, as tais semeadoras não enviaram respostas satisfatórias que confirmassem o sucesso da experiência, apesar de haver grande possibilidade de a vida ter “vingado” e florescido em alguns dos planetas que receberam as “cápsulas da vida” - ainda que tais seres não pudessem se manifestar, anos mais tarde, através do envio de esperados sinais.

 

Contudo, séculos depois dos primeiros lançamentos de semeadoras ao espaço, já por volta do ano de 3.600, o Sol se transformaria em uma nova, de dimensão suficiente para engolir a Terra com suas chamas alongadas. Antes disso, a humanidade já teria que ter deixado o ameaçado planeta há alguns anos antes, buscando a sua sobrevivência.

 

Imagem comparativa da Nasa mostra o planeta Terra ao lado de Kepler 16f.

 

Da Terra para Thalassa

 

No futuro visionado por Clarke, para deixar o seu mundo natal, os homens construíram uma imensa astronave denominada “Magalhães”. Esta verdadeira arca de Noé sideral atravessaria muitos anos-luz pelo vácuo congelado, levando em seu ventre, os últimos remanescentes vivos da Terra, em busca de um planeta capaz de abrigá-los. Desta maneira, mais de um milhão de seres humanos em estado de hibernação embarcaram na astronave Magalhães e se encontravam à espera de uma chegada feliz a um mundo similar ao seu - que deixaria de existir alguns anos depois de sua partida.

 

Descreve o autor que, ao longo da extensa viagem pelo frio sideral, a imensa espaçonave adquiriu uma crosta de gelo ao seu redor, dando-lhe a aparência de um reluzente cristal cósmico. Magalhães tinha um destino certo depois que deixasse a Terra: fora programada para chegar à Thalassa, um dos planetas semelhantes à Terra que recebera os semeadoras terrestres e onde a vida vingou com sucesso. Thalassa era um mundo que possuía atmosfera similar a terrestre, quase todo coberto por mares e em sua órbita havia duas luas.

 

Aquela terra distante abrigava uma civilização nascida a partir do envio de material genético terrestre, a qual conseguiu florescer, mantendo consciência total de suas raízes terrenas, apesar de não manter contatos. Clarke mostra que, se geneticamente os lasseanos e os terrestres trariam muitas características em comum, em termos de caráter e comportamento, o povo dessa terra distante herdou alguns aspectos acentuadamente distintos dos terrestres – reservadas inevitáveis similaridades.

 

Com a notável chegada de Magalhães à sua órbita planetária, os nativos lasseanos estariam inseridos, então, na temível condição de possível ameaça alienígena. Eles estariam a receber em seu mundo, diversos seres “sem lar”, verdadeiros invasores vindos do espaço longínquo. Tal encontro entre distintas civilizações cósmicas poderia causar guerras, além de choques culturais, psíquicos e sociais, de maneira irreversível e sem precedentes, sobretudo, aos receptores.

 

A história proposta por Clarke, sobre o encontro de seres humanos com uma civilização plantada por estes, num futuro distante, demonstra, sobretudo, o encontro de criaturas, antagonicamente, muito parecidas e ao mesmo tempo muito diferentes entre si.

 

Na introdução de “As Canções da Terra Distante” Clarke descreve o novo mundo com “apenas algumas ilhas espalhadas num selvagem planeta oceânico, Thalassa era um verdadeiro paraíso. Feliz e tranquilo, o povo de Thalassa deleitava-se em viver bem no seu belo e abastado mundo. Envolvidos pelos encantos e recursos do planeta, aqueles colonos não suspeitavam do colossal evento que repentinamente tomaria lugar sobre seus mares. O idílio de Thalassa seria rompido em breve com o aparecimento de Magalhães em sita órbita”.

 

Ainda da introdução do livro, uma incógnita fica no ar aos lasseanos: “A chegada de Magalhães a Thalassa fatalmente abalaria a calma e segurança dos nativos: a astronave estaria só fazendo uma escala em sua jornada para uma estrela mais distante, como alegou a tripulação, ou a intenção era ficar e estabelecer os passageiros naquele cenário divino?”.

 

Nesta última década e mesmo pouco depois da morte Clarke, ocorrida em 2008, diversos cientistas já anunciavam a descoberta dos planetas extrasolares (exoplanetas), alguns dos quais, podem ser  semelhantes à Terra sob diversos aspectos. A descoberta de Kepler 186f, pode significar, possivelmente, apenas o primeiro de uma extensa lista de planetas similares que ainda está por vir nos próximos anos.

 

'A questão só pode ser decidida com provas concretas

e não pela lógica, por mais plausível que seja'.

Arthur Clarke, sobre a vida extraterrestre.

 

Invasores humanos

  

Ao longo de mais de cinco décadas, a ficção científica apresentou consagrados enredos onde criaturas vindas de outros planetas figuram como invasoras da Terra ou buscavam o nosso planeta por questão de sobrevivência. No entanto, em pouquíssimas oportunidades, os seres humanos foram enfocados a partir da perspectiva ofensiva. Sempre soou incomum à nossa espécie figurar como invasora espacial, ainda que tivéssemos boas razões para tanto. E na citada obra de Clarke, temos justamente a oportunidade de refletir sobre isso; de o homem se tornar o invasor do espaço alheio, embora motivado pela sua própria sobrevivência.

 

Inevitavelmente, um dia o planeta Terra falecerá como ambiente catalisador da vida, como foi durante as longas noites dos inúmeros milênios passados. E Clarke sugere que, apesar disso, se estiver atentamente programado desde séculos antes, o homem poderá triunfar ao tomar rumo inevitável em busca de seu novo destino no espaço. Queiram ou não, em questão de tempo, surgirá a hora certa de abandonar seu doce planeta para se submeter à opressora condição em que tanto nossa humanidade descreveu em suas obras ficcionistas: a de temíveis invasores alienígenas, sempre dispostos a deturpar a cultura, a perturbar a rotina, usurpar a tranquilidade e a retirar a paz de povos que, também em processo de evolução, já lutam à própria sorte contra as suas intempéries sociais ou naturais.

 

Em “As Canções da Terra Distante”, além de nos levar a refletir sobre nossa condição esgotável aqui na Terra, Clarke também nos coloca como invasores planetários, sugerindo ainda a existência de vida inteligente em local muito distante das cercanias da Terra - ainda que esta tenha sido "plantada" pelo próprio homem.

 

“As Canções da Terra Distante” é o primeiro romance publicado por Arthur C. Clarke depois de “2010: uma odisséia no espaço II” e, posteriormente, nomeou um brilhante álbum musical (The Songs of the Distant Earth) do estilo "Space Rock", composto pelo instrumentista britânico Mike Oldfield.

 

Além de um contista nato, daqueles que descreve com mestria detalhes de ambientes, bem como de seres humanos e suas diversificadas situações, Clarke como pesquisador da modernidade faz questão de pontuar seu trabalho com as mais recentes descobertas físicas e tecnológicas a que sempre teve acesso. Lido por cientistas de todo o mundo, a sua obra de ficção, para a qual transpôs a sua privilegiada imaginação “previu” e inspirou a efetivação de eventos como viagens espaciais tripuladas, envio de sondas planetárias e robôs a outros mundos, como também a criação e utilização dos satélites artificiais, nos moldes atuais, além de inúmeros aparatos espaciais (entre os que ainda estão por vir, como o ainda teórico “elevador espacial”), alguns dos quais, sugeridos por ele próprio à Nasa.

 

Nesta obra, o autor não remonta somente uma fantasiosa possibilidade de um dia o homem deixar seu planeta moribundo, mas fortalece esta ideia utilizando diretrizes tecnológicas que hoje já estão em curso, mas então inexistentes bem antes da publicação dessa obra. Apesar disso, Arthur Clarke deixa claro que cerca de 30 anos antes de vir a ser publicada, a ideia de conceber esta temática de uma futurista "terra distante" já começa a ser desenvolvida por ele.

  

As canções da Terra Distante

 NOTA DO AUTOR

 

As canções da Terra Distante

Editora Nova Fronteira - Brasil.

       

Este romance baseia-se numa ideia que desenvolvi há quase trinta anos, num conto do mesmo nome (agora incluído na coletânea O outro lado do céu). Entretanto, a presente versão foi direta - e negativamente - inspirada pelo recente surto de space-operas nas telas de televisão e do cinema. (Pergunta: qual é o oposto de inspiração - expiração?).

 

Por favor, não me interpretem mal: apreciei enormemente o melhor da série “Jornada nas Estrelas” e dos épicos de Spielberg/Lucas, para mencionar apenas os exemplos mais famosos do gênero. Entretanto, estes são trabalhos de fantasia, não de ficção científica no sentido estrito do termo. Atualmente, é quase certo que no universo real nunca venhamos a ultrapassar a velocidade da luz. Assim, mesmo os sistemas estelares mais próximos estarão sempre a décadas ou séculos de distância. Nenhuma Dobra Fator Seis poderá levar-nos de um episódio a outro a tempo do capítulo da próxima semana. O grande Produtor no céu não estruturou a sua programação desse modo.

 

Na última década aconteceu também uma mudança significativa e um tanto surpreendente na atitude dos cientistas com relação ao problema da Inteligência Extraterrestre. O assunto só se tornou sério (exceto entre personagens duvidosos, como autores de ficção científica) a partir da década de 60: a publicação de A vida inteligente no universo de Shklovskiy e Sagan (1966) foi um marco.

 

Mas agora houve um recuo: o fracasso da tentativa de encontrar algum vestígio de vida neste Sistema Solar, ou de captar os sinais de rádio interestelares que nossas grandes antenas deveriam detectar facilmente, levou alguns cientistas a argumentarem que "talvez estejamos sozinhos no Universo...". O Dr. Frank Tipler, o mais conhecido defensor desse ponto de vista, irritou (propositadamente, sem dúvida) os saganitas, dando a um de seus trabalhos o título provocador de "Não existem extraterrestres inteligentes". Carl Sagan e outros (e eu concordo com eles) argumentam, por seu lado, que ainda é muito cedo para se chegar a conclusões tão amplas.

 

Enquanto isso, a controvérsia se intensifica, costuma-se dizer que qualquer uma das respostas será espantosa. A questão só pode ser decidida com provas concretas e não pela lógica, por mais plausível que seja. Eu preferiria ver esse debate tolerantemente esquecido por uma década ou duas, enquanto os radioastrônomos, como garimpeiros bateando na beira de um riacho, peneiram com calma as torrentes de ruído que se derramam do céu.

 

Este romance é, entre outras coisas, minha tentativa de criar uma obra de ficção inteiramente realista sobre o tema interestelar. Exatamente como em “Prelúdio para o espaço” (1951), eu usava a tecnologia conhecida ou previsível para descrever a primeira viagem da humanidade além da Terra. Não há nada neste livro que desafie ou negue os princípios conhecidos, a única extrapolação realmente extravagante é a "propulsão quântica" e mesmo esta tem uma origem bastante respeitável. Se ela se revelar uma ideia impraticável, existem várias alternativas possíveis. E se nós, os primitivos do século XX podemos imaginar isso, então a ciência do futuro descobrirá, sem dúvida, alguma coisa muito melhor.

 

Arthur C. Clarke - Colombo, Sri Lanka,

03 de julho de 1985.

 

* Pepe Chaves é editor do diário digital Via Fanzine e da ZINESFERA.

- Com informações da Nasa e trechos de “As Canções da Terra Distante” (The Songs of the Distant Earth).

   Editora Nova Fronteira, tradução de Jorge Luiz Calife.

 

- Imagens: Nasa /Divulgação.

 

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