UFOVIA - ANO 5 

   Via Fanzine   

 

 

 Fenômeno

 

 

UFO-seitas:

O fenômeno nega a si próprio

Ele emite declarações e demonstra princípios onde uma parte

da informação trazida é verdadeira e alguma dela é falsa. 1

 

Por Jacques Vallée*

Com Tradução e comentários de

Alberto Francisco do Carmo**

 

Jacques Vallée: 'Um ponto de vista amedrontador,

que no futuro tomará novas formas e engolfará mais pessoas. '

 

Talvez você já tenha tido a oportunidade de ver um show de mágica, feito por um excelente mestre daquela notável profissão. Ele produz ante você, sob condições impossíveis, um fenômeno que é claramente inexplicável. Mas depois ele parece perceber quão desapontado o público ficou. De fato, cada um se sente quase insultado pelo absurdo de sua apresentação. Deve haver alguma explicação simples, um truque óbvio! Você não o descobre... Mas em seguida o mágico explica tudo: o tampo da mesa era oco, a vara era feita de pequenos pedaços deslizantes que ele podia encolher num tamanho diferente. Então você entendeu tudo, ri de si próprio por não ter percebido uma solução tão simples. Você sai da sala com um cálido sentimento de gratidão e uma certa porção de orgulho. Sim, orgulho! “Eu não sou tão bobo assim. Este ‘artistinha’ não me enganou tanto!”.

 

Assim que você chega em casa as dúvidas começam a rastejar para dentro de sua mente. Você pega todos os objetos necessários para fazer o mesmo truque pelo método simples tão gentilmente desvendado diante de você, apenas uma hora atrás: e aí você percebe que a explicação em si própria é impossível, que o mágico nunca lhe contou sua verdadeira técnica!

 

O fenômeno UFO  goza do mesmo recurso de  insolubilidade. Deixa indícios atrás, mas eles parecem ser ainda mais loucamente desnorteantes que os relatos das testemunhas. O fenômeno nega a si próprio. Ele emite declarações e demonstra princípios onde uma parte da informação trazida é verdadeira e alguma dela é falsa. Determinar qual metade seria a verdadeira é deixado como exercício para o investigador, mas a lógica é tal que se é tentado a colocá-la  completamente além  do império da razão: uma tentação perigosa!

 

'De repente um homem se aproximou do grupo, e ao vê-lo,

todos os presentes sentiram uma sensação sinistra ante sua aparição'

 

Em alguns casos, todos os três fatores2 estão em torno de uma mesma pessoa e aí, a complexidade da pesquisa se torna realmente fantástica. Uri Geller, claro, é um desses casos.

 

Em outro caso relevante, a testemunha foi enganada por sociólogos; os crentes foram enganados por supostos homens do espaço que se intitulavam “Os Guardiões”; o público foi enganado pelos crentes; e os sociólogos foram enganados pelo próprio fenômeno.

 

O contato com um grupo chamado “Os Guardiões” começou quando uma senhora do meio-oeste referida como Mrs. Keech acordou numa manhã de inverno com um formigamento ou dormência no seu braço:

 

“Meu braço inteiro parecia quente até o ombro... Tive a sensação de que alguém estava tentando chamar minha atenção. Sem saber por que, peguei um lápis e um bloco que estava sobre a mesa. Minha mão começou a escrever com outra caligrafia”.

 

Pelas mensagens que ela obteve, esta mulher foi gradualmente introduzida em algo que ela tomou como coisas que estavam além da vida, até que um dia ela recebeu uma mensagem de conforto de um “Irmão Mais Velho” ( Elder Brother):

 

“Estou sempre com você. As preocupações do dia não podem tocar você. Ensinaremos a ele aquela busca e estão prontos para seguir a luz. Cuidarei dos detalhes. Acredite em nós. Seja paciente e aprenda, porque estamos lá preparando o trabalho para você como connoiter (tradução aproximada: canal ou médium). Isto será um dever de ligação terrestre antes que eu venha. Isto será em breve”3.

 

Mrs. Keech Acabou pensando que isto era um genuíno contato com entidades superiores e começou a falar disto com pessoas em volta dela, que um novo conhecimento estava chegando. Logo uma pequena seita se formou na cidade do Meio Oeste onde ela vivia. Um  dos líderes da seita era um tal “Dr. Armstrong”, homem que se envolveria depois com o caso Uri Geller.

 

“Os Guardiões” deram conselhos e ensinamentos ao grupo. Também predisseram eventos futuros como aterrissagens de discos voadores e visitas de seres do espaço. Uma dessas predições foi da descida de uma espaçonave perto de um campo de aviação militar próximo. O pequeno grupo se dirigiu para um ponto do qual poderiam ver as pistas e observaram o cenário e o céu em vão, mas de repente um homem se aproximou do grupo, e ao vê-lo, todos os presentes sentiram uma sensação sinistra ante sua aparição. Ninguém o vira aproximar-se. Ofereceram-lhe algo para beber e ele não quis. Andava com jeito curiosamente duro. Um momento depois, ele havia se ido, mas ninguém o viu afastar-se!

 

Como tais histórias começaram a circular, o sistema de crenças da pequena seita ficou melhor firmado. Acumulou seu próprio folclore e até criou um jargão - palavras especiais com significados especiais.

 

A essas alturas, Mrs. Keech chegava a escrever quatorze horas por dia; os ensinamentos se tornaram cada vez mais concernentes a assuntos religiosos, cosmologia e discos-voadores. Finalmente, um dia, a grande mensagem veio. Previa um desastre, terremoto e uma inundação e também a salvação dos crentes (da seita) pelos Irmãos do Espaço.

 

“(...) a região do Canadá, Grandes Lagos e Missisipi, até o Golfo do México e entrando pela América Central, seria mudada.  A grande dobra de terra dos Estados Unidos para o Leste jogaria as montanhas sobre os estados centrais”.

 

O grupo sentiu então uma responsabilidade especial para contar ao mundo tais eventos momentosos. Emitiram notas à imprensa, algumas das quais foram apanhadas por jornais locais. Isso, por sua vez, atraiu a atenção de uma equipe de sociólogos da Universidade de Minnesota, que estavam investigando o comportamento de indivíduos em movimentos sociais baseados em profecias específicas. Obtiveram da Fundação Ford  o patrocínio para estudar o grupo de Mrs. Keech e receberam apoio logístico do Laboratório para Pesquisas de Relações Sociais da referida universidade. Começaram a se infiltrar na seita, fingindo ser convertidos sinceros e assistiam encontros para monitorar a evolução das crenças do grupo enquanto o tempo para o cumprimento da profecia se aproximava.

 

Embora o uso de tais métodos enganadores por cientistas esteja agora muito questionado, o livro When Prophecy Fails (Quando a Profecia Falha), escrito pelos sociólogos com base em suas investigações, é essencial para qualquer um que tente entender a natureza complexa da crença em UFOs. O livro detalha os esforços feitos pelos membros da seita para alertar a humanidade  da destruição iminente e descreve as crenças da seita: aqueles que seriam afogados renasceriam espiritualmente em outros planetas4 apropriados para seu desenvolvimento espiritual, mas que os discos voadores desceriam do céu a tempo para salvar os crentes (da seita) da inundação.

 

'O caso de Mrs. Keech é importante para todos os cientistas que se interessam pelo fenômeno UFO,

porque fornece um protótipo para um crescente número de grupos que

se estabelecem em torno de sistemas de crença semelhantes'

 

Os eventos preditos, como o leitor deve saber, não vieram a acontecer. O Meio Oeste dos Estados Unidos não foi engolfado pelo oceano e muitos países escaparam da destruição e estão ainda acima do nível no mar.

 

O que isto significou para a seita? Simplesmente serviu para reforçar sua convicção, porque tomaram a si o crédito pelo evitar da destruição! Alguns terremotos realmente aconteceram em áreas desertas mais ou menos na data aprazada e se tivessem atingido áreas populosas o dano teria sido considerável. Consequentemente podia ser que a luz trazida pelo pequeno grupo tinha poupado o país da catástrofe, especularam. Alguns membros da seita também teorizaram que tinha sido outro teste quanto à sua capacidade de aceitar cegamente, de seguir sem discussão as ordens recebidas dos Guardiões e também encarar o ridículo sem medo.5

 

Porque trazer à luz a história de Mrs. Keech para discussão de um estudo científico de UFOs? Muitos sociólogos argumentariam que o caso dela é típico de muitas seitas e pequenos cultos e que teorias adequadas existem agora para explicar seu comportamento. Em grande parte, isto é verdade, mas não estou convencido de que o mecanismo que deu origem à fundação de tais movimentos está totalmente entendido, e não acredito que seu impacto potencial na sociedade tenha sido completamente explicitado.

 

O caso de Mrs. Keech é importante para todos os cientistas que se interessam pelo fenômeno UFO, porque fornece um protótipo para um crescente número de grupos que se estabelecem em torno de sistemas de crença semelhantes. Um dos mais divulgados grupos nos últimos anos é a rede de devotos de Uri Geller6, que teve êxito em levantar o interesse de vários físicos importantes. No caso de Geller, como no de Mrs. Keech há vários fenômenos inexplicáveis que provêm uma base para as crenças do grupo7. Em ambos os casos, também, somos aconselhados a esperar conhecimento “superior” dos UFOs8. E, em ambos, há um impacto na consciência coletiva.

 

E o que dizer do elemento profético? Mrs. Keech predisse uma inundação e salvação vinda lá de cima. Geller e Puharich predisseram aterrissagens maciças de discos voadores. Muitas pessoas pelo país (a quem o autor John Keel apropriadamente denominou “contatados silenciosos”) guardam para eles o que eles consideram revelações também feitas a eles por entidades alienígenas. Talvez fossem puramente religiosos, consequentemente particulares, em tempos passados9, e só a relativa aceitação dos avistamentos modernos de UFOs por um segmento da mídia e alguns cientistas curiosos tem encorajado a abertura de alguns dos contatos. Qualquer que possa ser o caso, tendemos a descontar facilmente demais o fato de que os fenômenos contêm elementos absurdos. Esta é a terceira ocultação.

 

É tentador colocar Mrs.Keech e todas as pessoas como ela dentro de uma categoria rotulada de modo limpinho em termos sociológicos, como “crentes no Juízo Final” e “dissonância cognitiva”, de preferência com a palavra “comportamento” pregada neles.

 

Entretanto, ao examinarmos os detalhes da história de Mrs. Keech deveríamos ser mais cautelosos um pouco. Há, por exemplo, o caso do homem estranho que ela encontrou na sua primeira instância profética. Os investigadores se sentiram tão fortes em seu campo teórico que negligenciaram  verificar  se a  aparição do misterioso cara de pernas duras podia ser confirmada por outros. Esta falha de acompanhamento deve ser explorada.

 

'Os crentes que haviam confiado em todos os sinais e na sinceridade óbvia da médium deles ou 'canal'

a deixariam completamente isolada - depois de perder ou se demitir de seus empregos'

 

Em duas outras ocasiões, Mrs. Keech foi visitada por sujeitos estranhos. O primeiro incidente se seguiu ao anúncio de inundação pelos jornais locais. Dois homens bateram à sua porta e pediram para falar com ela; um deles era perfeitamente um homem comum, mas o outro companheiro era muito estranho e não disse uma só palavra durante a visita. Ela perguntou quem eles eram e o primeiro homem  respondeu:

 

“Eu sou deste planeta, mas ele, não”.

 

O assunto principal da discussão, que durou mais de meia hora, foi de que ela não deveria divulgar sua informação além do que ela já havia feito. “Não é hora ainda”, disse o homem antes de ir embora com seu companheiro. Este encontro foi mortalmente sério. Como resultado Mrs. Keech desistiu de seus planos de publicar um livro sobre suas experiências.

 

Houve outra visita, meses depois, dessa vez por cinco jovens visitantes que gastaram duas horas tentando convencer Mrs. Keech e um cientista, membro do grupo dela, que suas informações estavam incorretas, que tudo que elas estavam prevendo estava errado10.

 

De novo os investigadores (infiltrados da universidade) não fizeram nenhum esforço para identificar esses visitantes, o que, em minha opinião, foi uma séria omissão: “Como esses moços vieram a casa, qual era seu propósito, e quem eles eram, são coisas que não sabemos: podiam ser gozadores, ou podiam ter um propósito sério”. Na sua discussão com esses últimos visitantes, Mrs. Keech disse chocada e chorando, que:

 

“Ficaram me forçando a desmentir as coisas. Ele ficou me pressionando a dizer que não eram verdadeiras. Ficaram me dizendo que tudo que eu dissera era falso e confuso. Eles me disseram que estavam em contato com o espaço exterior também e todos os escritos que eu tinha estavam errados e tudo que eu estava predizendo era errado”.

 

Agora o anel de absurdos em torno de Mrs. Keech estava completo. Ela estava vivenciando a terceira ocultação. A Inundação não aconteceria. Os crentes que haviam confiado em todos os sinais e na sinceridade óbvia da médium deles ou “canal” a deixariam completamente isolada - depois de perder ou se demitir de seus empregos, em alguns casos, tinham vendido todas suas posses terrestres, comprometidos com uma realidade que só eles puderam perceber; e seriam para sempre incapazes de contar a história toda. O homem mais culto do grupo, um professor universitário local, comentaria:

 

“Percorri um longo caminho. Desisti de tudo. Cortei todos os laços. Queimei todas as pontes. Dei minhas costas ao mundo, nem posso duvidar. Eu tenho de acreditar. E não há nenhuma outra verdade... Vocês estão tendo seu período de dúvida agora, mas fique firme, rapaz, fique firme. Este é um tempo duro, mas sabemos que os caras lá em cima estão cuidando de nós”11.

 

Um ponto de vista amedrontador, que no futuro tomará novas formas e engolfará mais pessoas. Este é o resultado da terceira ocultação.

 

Alberto do Carmo: 'assombração sabe para quem aparece'.

 

- Referências, notas e comentários complementares do tradutor:

 

  1. "O Fenômeno nega a si próprio" - Vallée, Jacques, The Invisible College (The Psychic Solution), Frogmore St.Albans (UK), 1977, Panther Books, p.67- 73 (originalmente lançado nos EUA em 1975 pela EP Dutton & Co.Inc).

 

  1. Os três fatores mencionados são o que Vallée chama de “triple-cover-up” tripla ocultação:

 

a)      A pressão sobre a testemunha para não contar a história;

b)      Se a testemunha falar, alguma “explicação” é fabricada;

c)      Um mecanismo de silenciamento que está inserido dentro do próprio fenômeno (op.cit.1, p.65).

 

Recomendamos ainda a leitura do artigo de Húlvio Brant Aleixo, “Discos Voadores: Comunicação e Censura”, comunicação ao Congresso Nacional de Ufologia de 1971 em São Paulo e publicado pela Revista Ufológica de Belo Horizonte-MG, 1987.

 

3.   Festinger Leon, Riecken  Henry, Schachter Stanley - When Prophecy Fails, New Yor, Harper’s Row, 1964.

 

4. Maes, Hercílio - Conexão de Profecias, 1949, folheto impresso que circulou no meio kardecista, supostamente ditado pelo espírito Râmatis. No Brasil, pioneiro quanto a profecias psicografadas (finalmente não realizadas) quanto a modificações e “verticalização” do eixo da Terra. Mas é interessante notar que consta dele esta mesma idéia, de que os mortos na catástrofe seriam reencarnados em planetas próprios para eles. Mito que se mantêm na expectativa do planeta Hercóbulus.

 

5.      Aqui um ponto recorrente nas relações contatado/contatador (alienígena): a relação sempre autoritária (nunca democrática) e até um certo orgulho em aceitá-la cegamente, da parte do contatado ou ufo-cultista.

 

6.   Ufo-cultos brasileiros, como os promovidos por General Uchoa, Hermínio e Bianca, o finado Projeto Alvorada (reavivado atualmente como “Projeto Aurora”) de Luiz Gonzaga Scortecci de Paula e o Projeto Portal de Urandir de Oliveira, entre outros, se encaixam nesses moldes. Curiosamente, tais cultos só proliferaram no país depois do golpe militar de 1964, elemento favorecedor para a aceitação de relações autoritárias. Nos EUA, é preciso lembrar, estudos de Adorno mostram que a “democracia” estadunidense é de fato, fortemente autoritária, ainda que disfarçadamente. Então, que não se estranhe à proliferação de contatados ou ufo-cultos por lá. O etnocentrismo e a admiração por figuras fortes (do cow-boy a Schwarzenegger) é sintoma disto.

 

7.    Em todo ufo-culto é preciso uma grande dose de espírito crítico para não se deixar fascinar por tais episódios ímpares. Informo que durante a investigação do caso Hermínio e Bianca e outros dos quais participei, às vezes me foi difícil, converter o fascínio por certos desses detalhes, em espírito crítico; espírito este  que reforçaria minha convicção de presenciar uma manipulação pouco ética do grupo pelo fenômeno em si. E daí, minha preocupação e mesmo angústia.  

 

8.      Aqui, de início, a melhor figura para tratarmos da questão é a história do Demônio tentando Jesus Cristo: “tudo isto será teu, se prostrado me adorares”. Como professor, técnico em Educação e com mais de 50 anos de Ufologia, é preciso lembrar o seguinte:

 

a)      Tanto entre contatados como no meio ufológico, notamos a proliferação de um tipo autoritário que Adorno denomina “crank” (biruta, excêntrico). São pessoas que sofreram frustrações durante a infância e adolescência, mas também continuaram a sofrê-las na vida adulta. A realidade objetiva, a “dura realidade”, enfim, lhes parece insuportável. Para evitá-la, eles procuram outras pessoas de igual perfil, para que confirmem uns aos outros a sua visão fantasiosa de mundo. Os resultados são grupos fechados, etnocêntricos (portanto aberta ou declaradamente fascistas) que tomam aspecto de seitas fanáticas, ou quase. O ufo-culto tal como descrito por Stupple e Mac Niece  (Contactees Cults and Culture-MUFON) é profundamente etnocêntrico. E o grupo de Mrs Keech e os demais não fugiram e  nem fogem à regra.

 

b)      Como ajuntar a fome e a vontade de comer, é que os supostos alienígenas que contatariam tais pessoas, possivelmente, também detectariam nelas uma característica neurótica de desenvolvimento (vide Karen Horney, “Neurose e Desenvolvimento Humano”) chamada “aversão a esforços continuados”. Melhor que “ralar” nos estudos, aguentar professores chatos, ameaças de reprovação, nada como apelar para algum mágico saber que baixe – feito um download na internet -  sem esforço algum sobre suas cabeças. Isto também tem algo com a figura do “auxiliar mágico”, tal como descrito por Erich Fromm em “Medo à Liberdade”. Em suma: assombração sabe para quem aparece.

        

9.    Esta afirmação é extremamente séria, porque as três religiões que maiores problemas geraram e geram no mundo são a judaica, a cristã e a islâmica. Todas iniciadas por processos visionários, onde a “inspiração divina” pode não ser tão divina assim. Para não nos alongarmos demais, recomendamos a leitura atenta e crítica dos livros do Êxodo, Josué e até uma passagem de Juízes, onde uma aparição de um “anjo” (a Gedeão), que desintegra com uma vara a comida que mandara que Gedeão preparasse, é altamente suspeita, de ação, na verdade, alienígena. Afora a reocupação da Terra de Canaã, com prática extensa de genocídio cruel, limpeza étnica mesmo, praticada seja a mando de Deus, ou quem se fez passar por “Ele”... As três religiões citadas são profundamente etnocêntricas, como qualquer ufo-culto. O contato oficial com alienígenas poderá ser um golpe mortal nas religiões em geral. O anátema ou “interdito” (extermínio de todo ser vivo), as Cruzadas, a Inquisição e o Jihad são muito semelhantes nas suas filosofias de origem... Origem que tem a ver com provas de obediência cega a ordens “superiores”, tal como ocorrido com Mrs. Keech e seu grupo, em escala mais “light”, é claro.

 

10. É interessante este fato, porque parece que o objetivo é confundir a pessoa sobre o que fazer, ou testa-la para ver se ela está convicta ou não. Curiosamente, um caso que investiguei se encaixa nesse clichê: uma contatada em semi-transe me passou (a pedido meu) informações sobre o planeta dos seres que supostamente a contatavam mentalmente e a atormentavam. Pois bem: na noite seguinte, ela teve sonhos nos quais “eles” a repreenderam por ter dito o que me disse, alegando que ela tinha passado coisas erradas para mim.

 

11. Esta observação tem muito a ver com o descarte final do contatado, depois de usado à vontade, levando-o ao ridículo ou ruína. Na área religiosa, o final de Joseph Smith (fundador dos Mórmons) por linchamento e o ridículo que se abateu sobre o  fundador dos Adventistas do 7° Dia, que previu um fim de mundo que não houve, com gente também vendendo tudo, perdendo tudo, já poderiam ser sinais de mais manipulação alienígena. Veja-se agora este trecho do livrode John  Keel,  “UFOS- Operation Trojan Horse”, sobre o fim de Howard Menger, que com George Adamski, pensou ter sido contatado por “venusianos”:

 

“Howard Menger ficou rico com tudo isto? Ao contrário. Perdeu seu negócio de pintor de placas e sua reputação. No fim teve de se mudar de estado, onde ele está mal começando a viver da sua antiga profissão” (UFOS - Operation Trojan-NY-Putnan, p.208).

 

* Jaques Vallée (francês) é pesquisador e autor.

* Alberto Francisco do Carmo (brasileiro) é técnico educacional e licenciado em física. É colaborador para Via Fanzine e UFOVIA.

 

- Imagens: Divulgação.

 

- Produção: Pepe Chaves.

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