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DOCUMENTÁRIO
TV FANZINE: Documentário Coração Guarani será exibido em Frankfurt Museu da Cultura Popular de Frankfurt, na Alemanha estará exibindo o documentário Coração Guarani, produzido por Pepe Chaves para a TV Fanzine em 2012. As exibições acontecem em 2018.
Equipe TV FANZINE Belo Horizonte-MG 05/03/2017
Sandra Baptista e Wilner Forini estiveram na aldeia guarani de Rio Silveiras onde retrataram um pouco do modo de vida local. Leia também: Últimos destaques em Via Fanzine
Em 2018, "Coração Guarani", o documentário produzido por mineiros e paulistas terá exibições no Museu da Cultura Popular, da cidade de Frankfurt, na Alemanha. Em breve Via Fanzine trará mais detalhes sobre a programação e as datas do evento, além de abordar sobre o interesse dos alemães pelos indígenas brasileiros.
Os direitos autorais para a exibição foram concedidos pelos produtores ao Museu, bem como para fazer os anúncios do evento e sua tradução na íntegra ao alemão.
Este trabalho que mostra a mescla cultural de indígenas guarani da Aldeia Rio Silveiras no Estado de São Paulo foi produzido por Pepe Chaves e co-escrito por ele e Sandra Baptista, com imagens desta e Wilner Forini e trilha sonora original, composta por músicos de São Paulo e Minas Gerais.
O documentário com uma hora de duração apresenta entrevistas e relatos com os indígenas da aldeia, mostrando um pouco do modo de vida dessa tribo, situada aos pés da Serra do Mar.
Em 2012, após concluir o documentário, o produtor Pepe Chaves concedeu uma entrevista ao blog "Pela dignidade humana", abordando a produção de Coração Guarani, que envolveu dezenas de pessoas. Via Fanzine reproduz a seguir esta entrevista.
Entrevista com Pepe Chaves
Pepe Chaves produziu e dirigiu Coração Guarani.
O jornalista e produtor cultural Pepe Chaves, nasceu em 1964, na cidade de Itaúna-MG e atualmente reside em Belo Horizonte-MG. Trabalha como editor e redator para o diário digital Via Fanzine e dos portais associados da ZINESFERA por mais de 20 anos. É artista gráfico, escritor, músico, compositor e produtor para a TV Fanzine, para a qual atua também dirigiu vários documentários. Escreveu juntamente com Sandra Baptista, o documentário em vídeo Coração Guarani que também produziu e dirigiu. Esse documentário, apresentando imagens e trilha sonora originais, aborda alguns aspectos do cotidiano da aldeia indígena guarani na Reserva Rio Silveiras, localizada em São Sebastião, litoral Norte do Estado de São Paulo.
DH: Qual é a proposta da TV Fanzine ao produzir um documentário destacando a cultura de uma sociedade indígena? Pepe Chaves: Primeiramente, para se registrar o que se passa na atualidade nessa aldeia, que é uma das muitas pelo país que vêm sofrendo descaracterizações, sobretudo, pelo contato e as fortes influências da cultura branca. Também, pelo desejo puro de tornarmos público os costumes, a bela ritualística guarani e seus cânticos, realçando a necessidade de preservação destes valores culturais nativos. Também, porque a TV Fanzine tem por premissa, investir em produções de baixo custo – até porque, não temos recursos, vez que não contamos com nenhum apoio ou patrocinador -, mas, em contraponto, sempre envolvendo temáticas inéditas ou pouco tratadas (como é o caso aqui). Ou seja, a nossa própria falta de recursos de ordem tecnológica e orçamentária dentro da TV Fanzine, nos força a apresentar, trabalhos modestos, mas, cada vez mais, trazendo o novo, o inédito, o exclusivo. Assim, a excelência do conteúdo de nossos documentários procura compensar as deficiências técnicas. E tudo isso pode ser constatado nas produções de denodado valor histórico e ou cultural, independente da temática tratada, que temos trazido à luz neste último ano.
DH: Como surgiu a ideia de se produzir o documentário “Coração Guarani”? PC: Bom, para mim tudo se iniciou quando vi algumas fotos que a Sandra Baptista e o Wilner Forini fizeram na aldeia da Reserva Rio Silveiras, em São Sebastião-SP, no final de 2011. Estas fotos mostrando as pessoas da aldeia foram postadas por um nosso amigo em comum no Facebook, o Marcus Elísio Silva, de Itaúna-MG, e quando as vi, achei maravilhosas. A meu pedido, o Marcus me colocou em contato com a Sandra Baptista, que aceitou prontamente à minha proposta para registrarmos as suas imagens (vídeos e fotos) no formato de um documentário musical.
DH: O que você espera de resposta do público acerca do conteúdo apresentado nesse trabalho? PC: Olha, do público em geral não esperamos resposta alguma. As pessoas estão mais preocupadas com outras coisas, como novelas, intrigas da vida real ou fofocas sobre celebridades, do que com qualquer documentário que possa lhes acrescentar doses culturais que possam ser úteis agora ou em um dia. Às vezes, me espanta o desinteresse popular pela história, os costumes e as culturas, dando lugar ao apego pelo fútil e ininteligível. Todo o nosso rico arsenal cultural brasileiro está se desfazendo rapidamente e de maneira acentuada nestas últimas décadas. É um castelo de areia sob o sol quente. E, se esse canibalismo cultural, permeado pelas investidas medíocres do merchandising capitalista da mídia, das grandes produtoras e fabricantes de entretenimento e diversão já é capaz de devorar o que há de mais precioso nas culturas brancas, o que dirá com relação às culturas indígenas? Então, sabemos que poucas pessoas valorizam esse tipo de conteúdo não fictício – já obtivemos boas respostas destas -, mas esperamos que no futuro isso possa ser revertido através da Educação, até porque, o que mostramos hoje, em futuro breve, não deverá existir mais.
DH: O que chamou sua atenção para a produção desse documentário sobre a Reserva Indígena Rio Silveiras? PC: A necessidade de se mostrar o que se passa com as pessoas do lugar. E de se perguntar o que pode ser feito para reter, estancar ou diminuir o rápido derrame dessa cultura milenar, que está escorrendo por entre os nossos dedos nesse momento. Vi que poucas pessoas sabem da existência dessa aldeia, situada praticamente aos pés da maior metrópole da América Latina. É provável que daqui a poucas décadas ou anos, essa aldeia guarani já esteja conectada de todas as maneiras possíveis e em sintonia com as demais localidades do mundo. É provável que daqui a 30 anos, os curumins que teremos em Rio Silveiras (assim como qualquer outra criança, de qualquer parte do mundo), vão querer saber é de computador, games, celulares e outros aparatos tecnológicos da época. Não mais de tacape ou arco e flecha. Aliás, temos visto que isso já ocorre atualmente: índio não quer apito; quer é computador. E isso é natural, desde que o progresso dê as caras. Então, logo, muito do que se vê registrado agora pelas nossas lentes já terá cedido o seu lugar na aldeia, para “benesses comuns”, como, eletrônica, telefonia, informática e outros recursos tecnológicos de massa. E, a sedução geral por esses aparatos já vêm deglutindo muitos aspectos dessa e de outras culturas milenares espalhadas pelo globo e de uma maneira bem acentuada nestas últimas décadas.
DH: Você já havia tido contato com tribos indígenas? PC: Infelizmente, ainda não mantive contato diretamente em aldeias. Mas pretendo, assim que for possível, fazer uma visita à reserva Rio Silveiras. No entanto, particularmente, sempre tive uma forte ligação com a natureza e, em especial, com as matas e águas doces. Não consigo ficar por muito tempo longe desses locais, sinto certa necessidade. Sempre que posso, aqui em Minas Gerais, me refugio em locais ermos, às vezes, sozinho, e de preferência, com uma límpida cachoeira por perto. Ademais, sinto uma forte atração pelas culturas e o modo de vida dos povos aborígenes da Terra. Inclusive, já “me falaram” que fui índio xamã em outra vida...
DH: Esse contato com a cultura indígena modificou sua ótica a respeito deles? PC: Não diria que modificou, pois já tinha certa consciência da situação enfocada, mas digo que realçou a visão que eu tinha desse “choque cultural”, onde o elemento mais forte sempre devora o menor. Até porque, acompanho já por algum tempo, embora superficialmente, o lento urbanizar das nossas aldeias indígenas. Inclusive, soubemos recentemente que há no Estado do Mato Grosso, algumas localidades que sofrem com isso, por conta do assédio de determinados pastores evangélicos contra povos indígenas. De acordo com reportagens locais, estes pastores, sem o menor respeito à cultura nativa, têm perseguido e taxado de “satânicos” os objetos e rituais dos povos indígenas, objetivando cooptá-los à religião. Nesse caso, ultrapassou a falta de respeito e virou aliciamento religioso mesmo; verdadeiro caso de polícia.
DH: Percebemos que seu cuidado foi muito grande na produção, apresentando uma trilha sonora inédita. Como foi essa escolha? PC: A escolha foi muito natural e fiquei muito feliz com o resultado final da trilha sonora original. Também muito me alegrou o fato de fecharmos o documentário com uma música de minha co-autoria, “Índios Urbanos”, composta no longínquo ano de 1989, quando integrávamos a banda autoral Elfos, em Itaúna. E, embora tenha sido composta faz 23 anos, como se pode ver e ouvir, esta canção caiu uma luva para a temática indígena abordada nestes tempos atuais.
DH: Como surgiu a ideia de se misturar na trilha sonora de “Coração Guarani”, estilos tão distintos, como, MPB, New Age e cânticos indígenas? PC: Olha, a ideia de se misturar música popular, com new age e cânticos indígenas ao longo desse documentário foi se fazendo e combinando por si. Tudo foi se identificando e tomando o seu lugar, se acomodando durante a edição e a montagem. E confesso que apreciei muito o resultado final, que ficou além das minhas primeiras expectativas. Foi uma bela mescla musical, que transpira exatamente àquilo o que desejamos estampar como pano de fundo às imagens e situações apresentadas. Além disso, ao longo do documentário, há várias mixagens entre estes estilos musicais, às vezes, fundindo uma música com outra nas passagens, dando ares muito particulares a este trabalho.
DH: Você pode nos falar um pouco dos trabalhos autorais da trilha sonora? PC: A princípio, eu pensava em usar na trilha sonora a música “Ribombo” de autoria e interpretação da cantora mineira Daniela Starling e uma música de minha autoria, em parceria com Fernando Chaves e Adilson Rodrigues, chamada “Índios Urbanos”, gravada recentemente por Fernando Chaves e Noca Tourino. Mas logo depois que acertamos a produção do documentário, a Sandra Baptista me apresentou o músico e compositor paulista Fúlvio Perini (F.C. Perini) e sugeriu a inclusão de algumas músicas dele. Assim que ouvi suas músicas, a sugestão foi aceita e a entrada de Perini no projeto veio a calhar. Perini compôs com exclusividade, a belíssima música tema “Coração Guarani” que abre o documentário e que também é “salpicada” ao longo de sua extensão. Além disso, duas outras belas canções instrumentais de temática indígena, compostas e interpretadas por F.C. Perini também foram inclusas na trilha, são “Wind Voice” e “Dakota Spirit”. Depois, Fernando Chaves me apresentou o som da banda Diróki, de Belo Horizonte, que traz músicas e motivos indígenas no seu CD. Então, dessa banda utilizamos um trecho da canção “Nus” (autoria de Thelma Rosa) para compor uma vinheta que criamos, através de uma mixagem da banda Diróki com um coral de curumins, cujo resultado considero excepcional. E, por fim, me veio a ideia de incluir na abertura da parte final, a música “Crepúsculo Lunar”, do extinto grupo musical autoral Mágicos de Nós, de Itaúna, cuja letra fala de uma “ordeira aldeia lunar”. Esta canção também foi gravada recentemente pelos músicos Fernando Chaves e Noca Tourino, sendo de autoria dos compositores itaunenses, nossos queridos amigos, Maurício Lima, Anatoli Lôra e Abelardo Matos, que autorizaram a sua inclusão na trilha sonora de Coração Guarani.
DH: Fale um pouco sobre a produção desse trabalho. PC: São 60 minutos de muitas imagens, músicas, cânticos, entrevistas e relatos. Para cada minuto produzido foram gastas algumas boas horas, que não sei estimar uma média correta. O documentário foi montado e concluído ao longo de 10 meses, apresentando duas partes, cada qual com 30 minutos de duração. Focamos detalhes acerca do modo de vida na aldeia e as particularidades daquele povo guarani, como a cultura, a arte, a educação, os rituais, entre outros. Uma preocupação da produção foi colocar tudo da maneira mais natural possível, procurando colocar o expectador dentro da realidade da aldeia.
DH: Você pretende dar continuidade a esse projeto? PC: Com certeza, pretendemos produzir outros trabalhos similares. Há muitos valores para se mostrar sobre os povos da nossa imensa nação brasileira, mas que, por influências de ordem comercial ou por pura ignorância, são assuntos que acabam ficando de fora das pautas da grande mídia. A reserva Rio Silveiras se encaixa aí e, assim como esta, já soubemos de outras reservas indígenas em situações similares. Pretendemos, oportunamente, abordar também o que se passa nestas aldeias. Também é possível voltarmos a documentar sobre outros aspectos da própria reserva Rio Silveiras, talvez, dentro de um futuro relativamente breve.
DH: Por favor, nos deixe suas considerações finais. PC: Gostaria de agradecer ao blog Pela Dignidade Humana por nos conceder essa oportunidade para falar desse nosso modesto trabalho que, por sinal, marca um ano de fundação da TV Fanzine (www.viafanzine.jor.br/tvf.htm), completo no dia 16/09/2012. E por fim, quero agradecer de coração a todo o povo da aldeia Rio Silveiras e também aos nossos amigos e parceiros que fizeram as reportagens, os músicos e compositores já citados aqui e demais pessoas que ajudaram a tornar possível este histórico empreendimento. E por fim, gostaria de convidar todos para assistir o documentário “Coração Guarani”, partes 1 e 2, que podem ser vistas clicando aqui.
- Imagens: Wilner Forini/Arquivo TV FANZINE.
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Produção: Pepe Chaves © Copyright 2004-2017, Pepe Arte Viva Ltda.
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