JORNAL SÃO TOMÉ online

ARQUEOLOVIA

ASTROVIA

DORNAS

ITAÚNA

J.A. FONSECA

SÃO TOMÉ

UFOVIA

VIA FANZINE

Cosmopolita

Estrangeiros em STL:

Egidijus Kiveris

O construtor lituano Egidijus Kiveris é pioneiro em casas ecológicas feitas de cânhamo e adotou nossa cidade para residir, após prestar serviço militar em um porta-aviões.

Por Rafael Vidal de Tomy*

Para Jornal São Tomé Online

09/08/2023

Kiveris cresceu em uma fazenda na Lituânia e viveu sob a ocupação soviética durante sua infância e adolescência.

Outros destaques em Via Fanzine

O construtor e azulejista lituano Egidijus Kiveris, de 51 anos, é residente em São Tomé das Letras e um pioneiro em casas ecológicas construídas com materiais naturais e renováveis, como o cânhamo.

Ele descobriu o cânhamo como material de construção em 2008, quando estava procurando alternativas mais sustentáveis para a construção. O cânhamo tem excelentes propriedades térmicas, acústicas e é antisséptico natural, evitando mofos e colônias bacterianas, o que o torna perfeito para hospitais.

Em 2009, Kiveris participou da primeira conferência da International Hemp Building Association organizada por Steve Allin, na Irlanda.

Kiveris cresceu em uma fazenda na Lituânia e viveu sob a ocupação soviética durante sua infância e adolescência. Ele se alistou no serviço militar aos 20 anos e serviu no segundo maior porta-aviões do bloco até que a Lituânia se tornou independente. Kiveris teve a opção de continuar a carreira militar, mas preferiu buscar o que acreditava ser sua vocação.

Ele se candidatou a estudar em um mosteiro para se tornar padre, mas percebeu que estudaria negócios e se afastou, tornando-se azulejista. Kiveris trabalhou na fábrica de cerâmica e abriu seu próprio negócio como comerciante antes de descobrir sua paixão pela construção ecológica.

Ao viajar pelo mundo, Kiveris se surpreendeu com as diferenças culturais e linguísticas. Ele foi para o Brasil e ficou chocado ao ouvir a palavra "caralho" amplamente utilizada no país. Em lituano, "karalhus" significa "rei", mas no Brasil, a palavra tem uma conotação negativa.

Não é mera coincidência, a língua lituana influenciou a formação de diversas palavras no idioma falado no Brasil. O mastro maior do navio era chamado de "mastro do rei" em lituano, e nos portos brasileiros deram essa nova interpretação à palavra. Outros termos como "sucuri" e "anaconda" também têm sua origem no lituano, respectivamente significam "redemoinho" e "ela morde".

Kiveris também contou sobre sua infância e como os desenhos que assistia sempre continham uma mensagem de união e trabalho coletivo, em contraste com os desenhos modernos que glorificam as trapaças.

A história de Kiveris mostra como as diferenças culturais e linguísticas podem levar a mal-entendidos e como é importante avaliar os tipos de ensinamentos que estamos passando às nossas crianças e construindo nossa relação coletiva como sociedade.

* Rafael Vidal de Tomy é membro do Movimento Todos Pela Água / STL-MG e diretor do Jornal São Tomé Online.

- Foto: Facebook/Divulgação.