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 Cultura   Malucada 

 

 

Patrimônio Imaterial e a Luta pela Reconhecimento da Cultura da Malucada de Estrada

Entrevista com Sintique Bárria

 

Por Redação

Jornal São Tomé Online

2023-05-16

 

A cultura irredentista, sempre pulsante no Brasil, reflete a resistência e a busca por autonomia ao longo da história do país.

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No último feriado de 1° de maio, confrontos em São Tomé entre artesãos itinerantes, conhecidos como "Malucada de Estrada", e o poder público levantaram questões urgentes. Conversei com Sintique Bárria para entender mais sobre essa cultura única e o processo de reconhecimento como patrimônio imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

 

O movimento "Malucada de Estrada", também conhecido como "Malucos de BR" ou "hippies", emergiu na década de 1960 influenciada pela geração Beat e o "hippismo".

 

Bárria esclareceu que o ato de 1° de maio ocorre em todo o Brasil, iniciado durante a pandemia devido à desarticulação política. A cultura da Malucada de Estrada é rica, sendo objeto de teses de mestrado, doutorado e inúmeros TCCs, além de ser retratada em filmes e documentários do coletivo Beleza da Margem. Bárria explicou que apenas bens materiais são tombados pelo IPHAN, no caso da Malucada, o objetivo é o reconhecimento cultural como patrimônio imaterial brasileiro.

 

Bárria destacou o irredentismo como uma característica fundamental da cultura da Malucada de Estrada, uma expressão forte da identidade brasileira que torna ineficientes quaisquer investidas policiais contra esse grupo. Segundo ela, esses agentes culturais persistem em seus locais tradicionais com sua organização original, reafirmando a identidade e diversidade brasileira indígena, negra, além da incorporação de culturas externas.

 

O irredentismo é uma faceta intrínseca da identidade brasileira, manifesta desde as cartas coloniais enviadas do Brasil a Portugal. Reflete uma população intransigente, que rejeita a dominação e a conformidade. Para o irredento ocupar espaços não é apenas um ato físico, mas também um símbolo poderoso de resistência e reivindicação de autonomia cultural e política.

 

Sobre os desafios para o reconhecimento oficial, Bárria salientou a dificuldade de comunicação com os próprios Malucos para entender como todo o processo funciona. Acredita que a solução está na união e no interesse de todos na luta pela contemplação de todas as formas de expressão da cultura da Malucada.

 

Sobre a essência dessa cultura, Bárria admitiu a complexidade de definir o que faz um "maluco de estrada", devido à diversidade expressa nessa cultura. Apesar de muitos estudos e pesquisas, Bárria apontou que o irredentismo parece ser a característica mais persistente, atraindo os mais diversos tipos de brasileiros a se autodenominarem malucos de estrada. Além disso, destacou a existência de códigos e dialetos próprios, demonstrando a individualidade deste grupo único, bem como diferentes gerações desde sua formação, que refletem os contextos históricos de sua época.

 

Por fim, Bárria, que não apenas se identifica como Maluca de Estrada, mas também como pesquisadora e aluna da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), espera que essa conversa ajude a lançar luz sobre a cultura da Malucada de Estrada e contribua para a luta pelo reconhecimento dessa cultura em nível nacional.

 

  

 

 

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