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EDUCAÇÃO

 

 

Violência às escolas:

Como debater o tema sem alarmismo

Não podemos nos silenciar diante dos fatos que estamos assistindo em nosso país, bem como ao debater não podemos incorrer em fomento do alarmismo, que já permeia as escolas, as famílias e a sociedade.

 

Por Silvana Soares de Assis*

Para Jornal São Tomé Online

19/04/2023

 

Cobrar vigilância dos pais é necessário, mas insuficiente, visto que muitos têm que trabalhar para garantir o sustento de sua família. O principal papel é do Poder Público.

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Sou professora, desde que saí da adolescência, antes estava na escola como aluna, ou seja, quase toda a minha vida passei dentro de um aparato educacional, sou mãe e sei das alegrias e agruras desta tarefa.

 

Portanto, este é meu lugar de fala e, penso, tenho alguma autoridade para debater o tema. Inicio afirmando que a escola sempre foi um lugar em que me senti protegida, de aluna à professora, mesmo com os reais casos de violência interior, amplificados pela mídia.

 

Não podemos nos silenciar diante dos fatos que estamos assistindo em nosso país, bem como ao debater não podemos incorrer em fomento do alarmismo, que já permeia as escolas, as famílias e a sociedade.

 

O fenômeno que assistimos tem uma origem endógena (de dentro das escolas) e uma exógena (externa às escolas). Ou seja, a escola sempre foi um espaço de violências cotidianas aos estudantes considerados diferentes do padrão (o gordinho(a), o homoafetivo(a), o negro(a) etc), atualmente categorizadas como bullyng, um nome estiloso para o velho e dolorido, para quem sofre, preconceito.

 

Muito embora tais preconceitos sejam uma realidade nas escolas, estes expressam a realidade de nosso país, que carrega, ainda, as chagas do racismo, do machismo, da homofobia, da transfobia, do etarismo, da gordofobia dentre outras manifestações execráveis.

 

Junta-se a estas mazelas endógenas, aquelas exteriores, exógenas, ou seja, uma ampliação, à enésima potência, pelas descontroladas redes sociais que, diuturnamente, propagam discursos de ódio e de destruição do que consideram fora da norma.

 

Ademais, cabe registrar quem construiu a tal norma. Aqueles que invadiram os territórios dos povos originários e que fizeram lucros estupendos com o sangue e a morte dos diferentes povos africanos que foram por eles escravizados: os brancos europeus.  Seguimos nesta trilha de ódio e massacres, ampliados nos últimos anos por um governo genocida que os incentivou – desnecessário dizer o nome deste ser.

 

Todavia, tal ser deixou atrás de si e à sua frente, rastros e sombras de ódio. As escolas militarizadas, os clubes de tiro (inclusive para crianças, como denunciado em Goiás), a ampliação das armas em posse de civis ensandecidos, a eleição do parlamento mais conservador das últimas décadas, a desregulamentação das redes sociais, a exploração das notícias falsas (fake news) e dos discursos de ódio etc, são algumas expressões de seu odioso legado político. Este ser trouxe, a galope para o país, o que há de pior no país que idolatra o império estadunidense.

 

Diante deste bombardeiro, os mais atingidos, crianças e jovens, já fragilizados por uma sociedade, uma escola e famílias que, por vezes, disseminam o discurso da naturalidade da desigualdade (de classe, étnica, de raça, de gênero etc), são os que saem em busca de uma suposta vingança de seu vazio existencial, de seu lugar no mundo. 

 

Onde estão em nosso país, estados, municípios os espaços de sociabilidade de nossas crianças e jovens? Onde se encontram os clubes de leitura, cinemas, teatros, centros culturais e de esportes, os espaços do lazer saudáveis construídos e mantidos pelo Poder Público? Na ausência destes aparelhos, passam o dia inteiro pendurados em seus celulares.

 

Cobrar vigilância dos pais é necessário, mas insuficiente, visto que muitos têm que trabalhar para garantir o sustento de sua família. O principal papel é do Poder Público.

 

Todavia, não basta analisar o fenômeno, faz-se necessário pensar saídas para enfrenta-lo.

 

Como medida urgente, entendo que o Poder Público precisa intervir na regularização das Plataformas Digitais. A Portaria do Ministério da Justiça, anunciada no dia 12 de abril para combater a violência nas escolas é uma medida necessária e importante, mas é preciso ampliar. O discurso de cerceamento da liberdade de expressão não tem lugar quando vidas estão sendo ceifadas com tamanha violência, inclusive em tenra idade, como no caso da creche em Santa Catarina. Situações drásticas precisam de medidas drásticas.

 

Faz-se necessário o aumento imediato de  profissionais nas escolas, responsáveis pelo controle do acesso para garantir a segurança dos alunos e profissionais; a contratação de psicólogos preparados para lidar com as sequelas advindas do pânico produzido por esta horda de irresponsáveis doentes  do mundo  podre das redes sociais; a preparação de cursos aos profissionais que atuam no magistério para que conheçam historicamente e saibam lidar com o fenômeno do nazi-fascismo e suas táticas; reuniões com os pais e profissionais para debater, coletivamente e de forma sensível, tais fenômenos; debater com a segurança pública como, em aliança com a educação, garantir a segurança das escolas. Outras medidas advirão desta unidade.

 

Eu, como mãe e professora, sempre tive os meus filhos (ambos sempre estudaram em escola pública) e alunos como os meus bens mais preciosos e sei o quanto as mães e pais, bem como os profissionais das escolas estão se sentindo: tensos, nervosos, preocupados, amedrontados diante do fenômeno. No entanto, não podemos ser tomados pelo medo, pois é isto o que esta horda de doentes digitais quer parar a educação neste país, haja vista que, apesar de seus problemas, a escola ainda é um espaço com capacidade para iluminar as trevas da ignorância em nossa sociedade.

 

Em nossa cidade, este fenômeno já se fez presente, envolvendo inclusive a exposição de um menor que teria participado de um grupo digital e que, supostamente, teria a intenção de fomentar alguma ação violenta em escola – felizmente teria desistido e a ação debelada. Protejamos esta criança, e as demais, e que possamos oferecer a assistência emocional necessária para que possa superar este episódio. A nossa cidade é pequena e tenho certeza que tem profissionais competentes, pais e alunos corajosos e muito amor, (combustível necessário à atuação sensível) para enfrentar o fenômeno que terá, por aqui, e quiçá no Brasil, passagem breve.

 

Em defesa de nossas crianças, nossos jovens, professores(as) e demais profissionais da educação: Unidade de São Thomé em defesa da educação, de nossas vidas e de um mundo melhor!

 
* Silvana Soares de Assis é professora de História aposentada, 
membro do Conselho Municipal de Saúde de São Thomé (gestão 
2022 a 2024) e colaboradora do Jornal São Tomé Online. 
 
- Imagem: Divulgação.
 
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