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Voo AF449: Quando o sensor falha Duas hipóteses simples para a causa do acidente do Airbus A330.
Por Alberto F. do Carmo* De Brasília-DF Para Via Fanzine
Airbus A330/200 da companhia Air France.
Nos últimos noticiários, tem-se falado muito do "Tubo de Pitot" e uma falha nele como possível causa do acidente do voo 447 da Air France. Mas ninguém explica de forma simples, como é que um dispositivo defeituoso desses pode falhar. Sobretudo, num avião altamente controlado por computadores que, por causa desse defeito poderia jogá-lo no chão, devido à uma informação incorreta vinda de um sensor, no caso, esse famigerado Tubo de Pitot (pronuncia-se pitô).
Se por acaso algo obstruir o tubo, por exemplo, quando o aquecedor dele não consegue derreter o gelo que penetra ou se forma no mesmo, o sensor começa a indicar decréscimo de velocidade e "ordena" aos computadores e piloto que aumentem a velocidade. Para isto aumenta-se o empuxo dos motores e baixa-se o nariz da aeronave.
Entretanto, o tubo de Pitot obstruído continua causando a impressão de baixa de velocidade e o avião abaixa mais o nariz e os motores aumentam mais o empuxo. Assim, o avião se inclina demais para baixo, perturbando os fluxos sobre as asas, que causam a sustentação e, de repente, o avião se desintegrando aos poucos, entra em picada fulminante para o solo.
Esta é uma das possibilidades mais concretas para a causa do acidente do Airbus. Mas a coisa pode ter sido deflagrada por alguma pane no sistema elétrico, que pode ter danificado o aquecedor do tubo de Pitot, por exemplo. Portanto, um possível efeito em cascata. Estas informações foram obtidas de fonte altamente qualificada de São José dos Campos.
Todavia, segundo nosso amigo e aficionado - como nós em Aviação - Fábio Betinassi, de Araxá-MG, cita outra peça problemática nos aviões atuais, o static ports. São sensores localizados embaixo da asa, que medem a altitude.
Segundo ele, chegou ao seu conhecimento, o caso de um grande jato de passageiros, que acabou caindo no mar à noite, porque um membro da manutenção de terra lavou o avião com uma substância anticongelante.
Mas antes, cobriu o static port com fita adesiva para não estragar o sensor. Todavia esqueceu-se de remover a fita. No ar, o avião entrou numa pane geral, acabando por cair no mar.
Bettinassi que é autor do artigo “Aviação: o destino preso por um parafuso”, abordando a segurança dos voos, observa que “cada vez mais nossas vidas estão dependentes de máquinas e gente incompetente lidando com elas. Não sei qual é o pior. Talvez, ambos operando em conjunto”. Concordamos.
Já o aeronauta aposentado e também expert em aviação, o carioca Vitório Peret, acompanha o caso do acidente da Air France, com muita atenção. Ele acredita que o tubo pitot tenha realmente contribuído para o agravamento da situação que já estava em andamento a partir da pane elétrica conforme o sinal eletrônico enviado. Se o sistema não estava totalmente operacional, uma ramificação dele pode ter deixado de fornecer justamente o aquecimento dos sensores.
“O modelo de tubo de Pitot instalados nos aviões A-330 da Air France é um dos mais antigos fabricados pela francesa Thales e a própria Airbus já havia aconselhado a substituição (por saber da deficiência em baixas temperaturas) o que não foi providenciado porque a Airbus apenas aconselhou a troca, ao invés de enviar memorando frisando a necessidade da troca”, informou Peret.
A empresa Emirates que possui talvez a maior frota de A-330 em operação, utiliza em suas aeronaves um tubo de pitot desenvolvido recentemente por um outro fabricante que é a Goodrich, que oferece total garantia de não sofrer influência em temperaturas abaixo de zero.
“No caso do vôo 447, eles enfrentaram temperatura de – 83º C. No caso do acidente citado por Fábio Betinassi, realmente foi um absurdo, e eu o conheço bem porque na época meu pai trabalhava na manutenção. E a Varig planejava retirar grande parte da pintura dos aviões (economia) e polir o alumínio. Nessa operação algumas partes dos aviões tinham que ser previamente protegidas para que não penetrassem partículas que poderiam causar entupimento”, afirma Peret.
Ele também afirma que, “Uma outra coisa bastante curiosa e que não vejo ninguém mencionar é que os tubos Pitot estão sujeitos a falhas por outros motivos ex; entupimento por partículas vulcânicas presentes na atmosfera ou até mesmo obstrução por insetos, presentes em grandes quantidades naqueles gramados entre as pistas. Isso é fato real e são inúmeros os registros de acidentes causados por esses motivos”.
* Alberto Francisco do Carmo é licenciado em Física, ex-articulista para Aeronáutica do jornal Estado de Minas (BH) e ex-correspondente da revista Aviation (França) no Brasil.
- Foto: divulgação. - Colaboraram: Fábio Bettinassi e Vitório Peret. - Produção: Pepe Chaves. © Copyright 2004-2009, Pepe Arte Viva Ltda.
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