Festival de Desert Trip:

Waters diz que Trump é um porco

Assim como o seu compatriota John Lennon, o músico Roger Waters também tem opinado

corajosamente nos meandros das políticas interna e externa dos Estados Unidos.

Por Pepe Chaves*

De Belo HorizonteMG

Para Via Fanzine

12/10/2016

O porco inflável de Waters trouxe a imagem de Trump com os dizeres: “Ignorante,

mentiroso, racista, sexista”. Também foi grafada a frase "Foda-se Trump e seu muro".

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Roger Waters tem sido o músico mais politizado no cenário global, desde a morte de John Lennon em 1980. O músico que se tornou famoso após compor, tocar contrabaixo e cantar na banda britânica Pink Floyd, tem feito do Rock’n Roll o seu estilo de vida.

Ferrenho lutador contra o Estado de Israel, em prol da causa palestina, Waters coordena um boicote de shows artísticos ao país judeu. Ele não admite que pessoas que estavam tranquilamente em suas terras sejam retiradas dali, e pior: vilipendiadas, roubadas e mortas por uma política e um Estado criados pelas Nações Unidas.

Assim como o seu compatriota John Lennon, o músico Roger Waters também tem opinado corajosamente nos meandros das políticas interna e externa dos Estados Unidos. Embora para alguns haja fortes indícios de envolvimento da Defesa dos EUA no misterioso assassinato de John Lennon em 1980, parece que Waters não se assusta com a intimidadora potência e continua opinando publicamente sobre o que considera desvarios americanos.

Desta vez, sob o seu alvo estava Donald Trump, candidato republicano ao governo dos EUA. Durante sua recente apresentação no festival Desert Trip, em Indio, na Califórnia, Roger Waters apresentou canções consagradas do Pink Floyd e sua carreira solo, mas também manifestou sua ira tecendo duros comentários contra a figura pública de Trump.

Durante a música “Mother” (que teve versos adaptados a Trump), um enorme porco inflável pairou sobre a plateia. Waters chamou Trump de misógino e palhaço. Também reproduziu áudio de algumas falas vulgares de Trump em 2005.

O porco inflável sobrevoou as pessoas tendo em seu lombo a reprodução do rosto de Trump ao lado de uma caveira, trazendo as palavras: “Ignorante, mentiroso, racista, sexista”. Também foi grafada a frase "Foda-se Trump e seu muro". O porco inflável foi aplaudido por grande parte da plateia. Até o momento não há informações se Trump reagirá às declarações de Waters.

Músicos como Lennon e Waters mostram que o comportamento Rock’n Roll não se restringe somente a um estilo musical, mas a um estilo de vida. A contestação, a sensatez e o senso comum têm sido uma diretriz para que personalidades globais interfiram de alguma maneira no atabalhoado mundo político dos tempos atuais.

Contudo, é preciso muita coragem, certeza e urgência para que alguém venha a se expor de tal maneira, diante de figuras tão poderosas e belicistas. No caso de Waters ele se expõe sem temor algum, diante de um dos homens mais poderosos do mundo, que poderá vir a ser presidente dos EUA.

"Faça amor, não faça guerra"

Durante a década de 1970, o músico John Lennon – então morando em Nova Iorque - financiou do próprio bolso diversos outdoors que foram instalados em cidades norte-americanas, pedindo o fim da Guerra do Vietnã, empreitada militarista levada a cabo pelo Governo dos EUA que matou muitos milhares de vietnamitas e americanos.

Os outdoors de Lennon pedia paz, em vez de guerra, alguns deles trazendo a frase: “Faça amor, não faça guerra”. Os desafios de John Lennon ao governo americano eram vistos como um acinte pelos políticos mais radicais do país. Afinal, aquele era um cidadão inglês que estava ali opinando na política de Estado da nação mais desenvolvida do mundo, o que para muitos era um ato de intrusão.

No dia 08 de dezembro de 1980, ao entrar no Edifício Dakota, prédio em que morava em Nova Iorque, John Lennon recebeu um tiro a queima-roupa e faleceu. A motivação de sua morte continua uma mistério até hoje.

* Com informações das agências internacionais e tradução do autor.

- Foto: Divulgação.