AEROVIA ARQUEOLOVIA ASTROVIA DORNAS DIGITAL ITAÚNA FANZINE J.A. FONSECA UFOVIA VIA FANZINE

          

Acidente submarino

 

ARA San Juan:

Momentos finais a bordo de um submarino

Relatório sugere os dramáticos momentos finais vivenciados pela tripulação do submarino argentino ARA San Juan, que permaneceu um ano perdido.

 

Por Dante Villarruel*

De Florianópolis-SC

Para Via Fanzine

19/11/2018

 

Após uma sucessão de falhas mecânicas, os 44 tripulantes enfrentaram muita agonia e desespero, até que a embarcação, finalmente, viesse a implodir no fundo do mar.

 Leia também:

Outros destaques em Via Fanzine

 

Embarcação encontrada

 

Neste sábado dia 17/11/2018, após um ano, a Marinha argentina anunciou oficialmente que o submarino ARA San Juan foi finalmente encontrado. A embarcação foi localizada em uma região de cânions (espécie de rios submarinos), a 907 metros de profundidade, e a 600 km da cidade de Comodoro Rivadavia, onde se tinha montado o centro de operações durante a busca.

 

O local é o mesmo onde, há um ano, foi identificada uma "anomalia hidroacústica" semelhante a uma explosão. A pressão feita pelas famílias, que juntaram recursos e acamparam durante 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa americana Ocean Infinity para retomar o rastreamento.

 

A Ocean Infinity zarpou em 7 de setembro deste ano com quatro familiares a bordo. Inicialmente, não teve resultados e, nesta semana, tinha anunciado a suspensão da operação até fevereiro.

 

Porém a juíza encarregada da ação, Martha Yáñez, de Caleta Olivia, ordenou que, antes do regresso à terra, fosse inspecionada uma zona mais longínqua. Isso porque um navio rastreador havia captado ruídos que poderiam ser compatíveis com pancadas de um casco.

 

A Companhia deve receber US$ 7,5 milhões como recompensa pelo achado. Como informamos no ano passado, vamos expor novamente os momentos finais do submarino.

 

Drama para sobreviver

 

O final não foi algo instantâneo, mas uma agonia de horas como antecipamos há um ano. Esta conclusão foi alcançada há algum tempo pela Comissão Investigadora criada pelo Ministério da Defesa, que entregou um relatório ao Ministro da Defesa argentino Oscar Aguad. Durante a noite de 14/11 e nas primeiras horas de 15/11, o ARA San Juan partiu de volta para Mar del Plata no meio de uma tempestade, mas houve uma explosão, causada pela entrada de água do mar através do sistema de ventilação.

 

A tripulação conseguiu, no meio da tempestade, controlar o fogo e então o submarino submergiu novamente. Mais tarde o fogo foi reiniciado, com o submarino já submerso. Agora a explosão foi causada pelo hidrogênio acumulado no tanque da bateria. Segundo os especialistas, isso poderia afetar o sistema de controle. O ARA San Juan começou a sair do controle. Às 10h51, duas estações hidroacústicas da CTBTO detectavam uma explosão, que de acordo com a comissão oficial de inquérito, citado pelo La Nación, era uma implosão (colapso do submarino).

 

Para os especialistas, há um fator que contribui para as falhas técnicas: o desgaste físico e psicológico da tripulação por ter passado a noite inteira controlando incêndios e falhas. Na última comunicação, relatada em 8h52 de 15 de novembro, isso não foi relatado, mas a fadiga estaria presente nesses últimos momentos.

 

Mas, nesses terríveis últimos momentos, as estações hidroacústicas HA10 (da Ilha de Ascensão) e HA04 (ilhas Crozet) detectaram um sinal (explosivo) próximo à última posição conhecida, sgundo a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (Otpcen).

 

A explosão explicaria a ausência da ativação da baliza de emergência e a interrupção completa das comunicações do submarino. O comandante do submarino, capitão de fragata Pedro Martín Fernández, informou à base um problema nas baterias. Em uma comunicação posterior, comunicou que seguia para a base naval de Mar del Plata, onde deveria chegar no dia 19 ou 20.

 

Detalhe do submarino ARA San Juan, cujo acidente vitimou os seus 44 tripulantes na região do Cone Sul.

 

Vazamento do ácido da bateria

 

Um submarino deste tipo está geralmente equipado com quatro baterias de 50 toneladas cada uma, que contêm chumbo e ácido sulfúrico. Em caso de problemas, as baterias podem produzir gases instáveis e até explosão. Desta forma, os 44 tripulantes do submarino morreram de uma forma completamente horrível e desumana. Além de presenciarem companheiros simplesmente derretendo e lutando pela vida tiveram que enfrentar o medo, a agonia e o pânico de saberem que, em minutos, seriam os próximos a passarem pelo o mesmo. Provavelmente, procuraram esconderem-se em locais menos afetados do submarino apenas para atrasar por momentos a chegada do improvável.

 

Os primeiros logo começaram a sentir na pele e no corpo o ácido sulfúrico das baterias entrar pelo organismo. Altamente corrosivo, logo começaram a perder a pele e os membros mais atingidos, dependendo da quantidade de ácido que vazou no local. Ao inalar começaram a sentir irritação no trato respiratório e mucosas das membranas. Forte irritação do nariz e garganta e a terrível fadiga respiratória. Muitos puderam ter edema pulmonar. Além da dor da despedida deste mundo e pensamentos e sensações da despedida dos seus entes queridos, com certeza, ainda muitos tiveram tempo de pedir ajuda por telefone via satélite ou a escrever cartas de despedida para seus entes queridos como em outros acidentes anteriores com submarinos.

 

Logo começaram a sentir severas queimaduras na boca, garganta e estômago, dor de garganta, vomito, diarreia, colapso circulatório, pulsação fraca e rápida, baixa respiração e pouca urina naqueles em que o ácido pode até ter sido ingerido. Por fim, o choque circulatório causando a morte.

 

Como o contato com a pele foi inevitável, a vermelhidão na pele, a dor e severas queimaduras ocorreram em muitos. Pode ser que muitos também sentiram pulsação fraca e rápida, baixa respiração e pouca urina naqueles em que o ácido foi posto em contato - o que não é inevitável, estando trancado em uma lata velha a léguas abaixo do mar pressurizado.

 

Quando o ácido entrou em contato com os olhos muitos sentiram turvar a visão, veio a vermelhidão, dor e severas queimaduras. E o pior: podem ter ficado até cegos antes da morte, enquanto sentiam o corpo ser corroído. O que não é de se esperar é que, com tudo, isso muitos podem ter cometido suicídio.

 

Como pode ter havido incêndio, no fogo, o chumbo concentrado é um forte agente desidratante. Reage com materiais orgânicos causando incêndio. O contato com a maioria dos metais, provoca liberação de hidrogênio que é altamente inflamável.  Pó químico, espuma ou dióxido de carbono pode ter sido usado nos primeiros momentos para a extinção do fogo. Não se usa água.

 

Existem duas vias pelas quais o chumbo pode adentrar o organismo. A respiratória: mais comum em ambientes de trabalho, onde os empregados ficam expostos a vapores de óxido de chumbo. E a digestiva: via mais comum.

 

Também há a possibilidade de contaminação pela pele; todavia, somente os seus componentes orgânicos são capazes de penetrar a pele, como é o caso do chumbo tetraetila. Aqueles que estavam menos alimentados puderam sentir a absorção de chumbo mais rapidamente

 

Após ocorrida a absorção do mineral em questão, ele alcançou a corrente sanguínea, sendo, então, distribuído primeiramente para os tecidos moles, especialmente no epitélio dos túbulos renais e fígado, com parte sendo excretada juntamente com a bile; uma segunda foi armazenada, enquanto uma terceira penetrou na circulação na forma de fosfato de chumbo.

 

Posteriormente, este último foi redistribuído para o organismo, sofrendo deposição nos ossos, dentes e cabelos. E pasmem, como se não bastasse o horror do ácido sulfúrico, a ingestão e absolvição do chumbo - juntamente - provocou tudo isso.

 

Pânico e loucura

 

E o mais esquisito vem agora: a mudança de personalidade. Muitos simplesmente começaram a delirar e ou começaram a sentir que eram outras pessoas ou que estaria em outro local. Junto a tudo isso, a presença de dores de cabeça, sabor metálico na boca, perda de apetite e incômodos abdominais que culminam em vômitos e prisão de ventre. 

 

Em geral, o cérebro pode suportar até 3-6 minutos sem oxigénio, antes de o dano cerebral ocorrer, mas este pode variar de pessoa para pessoa. Se o cérebro está sem oxigênio, mais do que isso, danos graves e, muitas vezes irreversíveis, provavelmente podem ocorrer. Depois de 10 minutos, o dano neurológico grave geralmente tem ocorrido.

 

Na maioria dos casos, o dano cerebral é irreversível quando ocorre, devido à privação de oxigênio a longo prazo. A morte geralmente é declarada quando o cérebro passou mais de 15 minutos sem oxigênio.

 

Quando o cérebro não está recebendo oxigênio suficiente, a frequência cardíaca aumenta, na tentativa de entregar mais oxigênio. Se a hipóxia é grave o suficiente, o coração não será capaz de manter-se com a demanda e pode eventualmente falhar, causando um ataque cardíaco.

 

* Dante Villarruel é articulista e colaborador de Via Fanzine e UFOVIA. É editor do portal Oráculo - REDE INTERLIGADA MUNDIAL.

 

- Fotos: AP.

 

- Produção: Pepe Chaves

© Copyright 2004-2018, Pepe Arte Viva Ltda. Brasil.

 

*  *  *

 

Ir para a página principal

AEROVIA ARQUEOLOVIA ASTROVIA DORNAS DIGITAL ITAÚNA FANZINE J.A. FONSECA UFOVIA VIA FANZINE

          

© Copyright, Pepe Arte Viva Ltda.

Motigo Webstats - Free web site statistics Personal homepage website counter