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 entrevistas - Itaúna 

 

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www.viafanzine.jor.br/itauna.htm

 

 

 

Entrevista exclusiva:

Lincoln Moreira de Faria

Médico e provedor do Hospital Manoel Gonçalves de Souza Moreira - Itaúna-MG

 

Por Pepe Chaves*

de Itaúna-MG

Para  Via Fanzine

 

O médico itaunense Lincoln Moreira de Faria é o atual provedor do Hospital Manoel Gonçalves de Souza Moreira (HMGSM) em Itaúna. Esta instituição de saúde tem enfrentado diversos problemas ocasionados pela Prefeitura de Itaúna, conforme afirma a administração do hospital. Entre estas questões que tocam diretamente os usuários dos serviços de saúde em Itaúna, está a dispensa de profissionais da saúde, por parte da prefeitura e a retenção dos repasses de recursos do SUS destinado ao HMGSM. Nesta entrevista, o doutor Lincoln Moreira de Faria nos fala um pouco sobre a situação enfrentada pela direção do hospital e das consequências desagradáveis causadas pelo impasse criado entre a prefeitura e aquela casa de saúde.

 

Via Fanzine: Doutor Lincoln, nos explique de forma sintética, como e por que se deu este impasse entre o Hospital Manoel Gonçalves de Souza (HMGSM) e a Prefeitura de Itaúna, culminando na suspensão de recursos do hospital e causando um caos sem precedentes na saúde local.

Dr. Lincoln: O Hospital Manoel Gonçalves de Sousa Moreira (HMGSM) e Prefeitura de Itaúna sempre tiveram um relacionamento cordial, saudável, buscando sempre proporcionar um bom atendimento ao usuário, principalmente do SUS. Infelizmente, após a posse do atual secretário de saúde, senhor José Oscar Júnior, a prefeitura e principalmente a Secretaria Municipal de Saúde vêm tomando medidas absurdas, prejudicando seriamente o hospital e indiretamente toda a população da cidade. Atrasos sistemáticos e injustificáveis nos repasses do SUS (já confirmados em auditoria do Estado de Minas e de posse do Ministério Público), interrupção sem comunicação prévia do convênio para manutenção do plantão 24 horas, não repasse de aumentos da tabela do SUS para o hospital (desde 2007), não pagamento de atendimentos de pacientes internados e ambulatoriais acima do teto do SUS, etc. Ultimamente, a única forma de “diálogo” com a Secretaria de Saúde e Prefeitura tem acontecido através da Justiça.

 

VF: Recentemente o HMGSM resolveu tornar públicos os diversos empecilhos que tem enfrentado em sua conturbada relação com a administração pública municipal. Assim uma campanha foi criada, apresentando em sua publicidade, uma pessoa com nariz de palhaço. Qual é o intuito dessa campanha e como tem sido sua recepção por parte da população?

Dr. Lincoln: Esta campanha foi toda elaborada por iniciativa do Corpo Clínico do HMGSM, sem nenhuma interferência da administração do hospital. O objetivo desta campanha é conscientizar a população e autoridades competentes do verdadeiro caos que se instalou na cidade na área da saúde. A receptividade tem sido amplamente favorável e tem alcançado seus objetivos.

 

VF: Fomos informados de um incidente que se tornou público, envolvendo um médico do HMGSM que teria retirado das dependências da casa, sem autorização, um baner da dita campanha. O que o senhor pode nos dizer sobre este episódio e os seus desfechos?

Dr. Lincoln: Na verdade, o médico em questão, (Dr. Bruno Cauzim), não faz parte do Corpo Clínico do HMGSM. Ele é plantonista do Pronto Socorro Municipal e é contratado pela Secretaria Municipal de Saúde. Após esse episódio, foi lavrado um boletim de ocorrência policial e o médico já foi denunciado no Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais.

 

'Infelizmente, a Prefeitura/Secretaria de Saúde de Itaúna não vêm

respeitando sequer decisões judiciais, numa verdadeira afronta a ordem constituída'

 

VF: Os médicos do HMGSM denunciam irregularidades cometidas pela prefeitura, como a demissão de anestesistas, ginecologista, obstetra e outros profissionais do Pronto Socorro. Se a prefeitura não está mais pagando pelos serviços dos mesmos, como estariam sendo administrados tais recursos, previamente destinados ao pagamento desses profissionais?

Dr. Lincoln: No contrato assinado pelo hospital e prefeitura em fevereiro de 2008, para manter o funcionamento do Pronto Socorro Municipal 24 horas nas dependências do hospital, a responsabilidade pela contratação e manutenção da equipe médica é da prefeitura. A maioria dos profissionais foi demitida, sem comunicado prévio ao hospital, em janeiro de 2009, desmantelando assim a estrutura de atendimento do Pronto Socorro, gerando insegurança à população. Não sabemos hoje - como ninguém sabe ao certo -, qual é a situação financeira do município.

 

VF: A Prefeitura alega que não há dinheiro para o pagamento dos médicos que atuam no Pronto Socorro. O senhor como profissional da Saúde poderia nos explicar como se dá o funcionamento de um hospital público sem o emprego dos devidos profissionais da medicina?

Dr. Lincoln: Não existe a menor possibilidade de funcionamento de um pronto socorro e/ou hospital sem a participação dos profissionais médicos, que sem dúvida, sem desmerecer as outras áreas, são os principais atores numa instituição de saúde.

 

VF: A Secretaria Municipal de Saúde apresentou alguma alternativa para solucionar este problema?

Dr. Lincoln: Infelizmente nem a Secretaria de Saúde, nem o senhor prefeito apresentaram propostas para solucionar este grave problema. O Hospital, em reunião na Câmara Municipal, deixou claro que quer dialogar e negociar com as pessoas/autoridades responsáveis pela saúde do município.

 

VF: Quais foram as providências tomadas pela direção do HMGSM no sentido de garantir o retorno dos recursos, retidos pela Prefeitura de Itaúna?

Dr. Lincoln: Somente após fracassadas todas as possibilidades de entendimento com a Prefeitura de Itaúna/Secretaria de Saúde é que o HMGSM procurou o Ministério Público, Câmara de Vereadores, Imprensa, Governo Estadual para denunciar o descaso e irresponsabilidade do Poder Municipal para com a instituição.

 

'Achamos que todo cargo público deveria

ser ocupado através de concurso público'

 

VF: Em recente sessão ordinária os representantes do governo na Câmara, vereadores Delmo Barbosa (DEM) e Márcio José Bernardes (PT), defenderam que o serviço do SAMU não se desse mais através da contratação por concurso público. A proposta foi derrotada, mas, como o senhor vê esta questão?

Dr. Lincoln: Achamos que todo cargo público deveria ser ocupado através de concurso público. Existem algumas exceções como cargo de confiança, etc., excepcionalmente. Às vezes, há necessidade de contratação emergencial e na área da saúde isso pode acontecer (exemplo: contratações para combate a dengue, etc).

 

VF: De que forma tem se dado o uso do SAMU pelo atual governo? E ainda, as unidades do SAMU suprem a falta de um Pronto Socorro?

Dr. Lincoln: O SAMU tem prestado um bom serviço à população, a exemplo do Corpo de Bombeiros. Pelo que sabemos, foi implantado sem aprovação prévia da Câmara Municipal e sua função é apenas fazer o primeiro atendimento em emergências/urgências médicas, estabilizando o paciente e, após isso, levá-lo ao Pronto Socorro Municipal. Não substitui de forma alguma o Pronto Socorro.

 

VF: O Conselho Regional de Medicina se manifestou contra a postura da administração Eugênio Pinto diante o hospital local. A direção do hospital tem recebido também outros apoios da classe médica?

Dr. Lincoln: A administração do hospital tem recebido apoio não só da classe médica (Associação Médica de Itaúna, Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais), como também de todos os segmentos da sociedade civil organizada de Itaúna.

 

VF: A Prefeitura de Itaúna, até o momento, continua desobedecendo a liminar judicial que determina a recomposição imediata dos especialistas do Plantão 24 horas. Quais as medidas que podem ser tomadas para que se cumpra esta liminar?

Dr. Lincoln: Infelizmente, a Prefeitura/Secretaria de Saúde de Itaúna não vêm respeitando sequer decisões judiciais, numa verdadeira afronta a ordem constituída. Nossa esperança ainda é que o Judiciário consiga reverter esta situação que vem incomodando toda a sociedade.

 

VF: O secretário municipal de Saúde anunciou que vai instalar o Plantão 24 horas em outro local, fora das dependências do hospital. Como o senhor prevê os impactos dessa mudança junto aos usuários destes serviços públicos?

Dr. Lincoln: Por determinação da Constituição Federal, do Conselho Federal de Medicina, da Lei Orgânica do Município, o Pronto Socorro é obrigação da prefeitura. Já passamos por situação semelhante antes de 1996, quando o Pronto Socorro se encontrava fora do hospital. A experiência não foi das mais agradáveis.

 

'A Câmara de Vereadores recém empossada parece-nos estar realmente

interessada em participar de todas as discussões que envolvam a saúde pública'

 

VF: Não vimos até o momento, uma única ação eficaz do Poder Legislativo em Itaúna, em prol da saúde e da população local. O que se discute lá, parece restringir somente a discursos políticos. No seu entender, o que poderia ser feito de forma efetiva pelo Poder Legislativo, no sentido de sanar o caos da saúde no município de Itaúna?

Dr. Lincoln: Realmente a última legislatura deixou muito a desejar neste aspecto. A Câmara de Vereadores recém empossada parece-nos estar realmente interessada em participar de todas as discussões que envolvam a saúde pública. É uma boa oportunidade para que os vereadores recém eleitos mostrem para a população que lutarão para melhorar os serviços de saúde, influindo decisivamente no destino de verbas, projetos, contratos, etc.

 

VF: Qual sua avaliação da audiência que o senhor participou, representando o hospital, no plenário da Câmara Municipal de Itaúna?

Dr. Lincoln: Já participamos de três a quatro audiências publicas sobre a saúde de Itaúna na Câmara Municipal. Infelizmente, sempre os resultados foram pífios. Discute-se muito, fala-se demais, mas resultados práticos não aparecem.

 

VF: Para o senhor, qual a solução imediata e eficaz para a superação dos notórios problemas que envolvem a saúde em Itaúna?

Dr. Lincoln: O ideal seria uma parceria saudável, sadia, sem imposição de nenhuma das partes, entre Hospital Manoel Gonçalves, Prefeitura Municipal e Universidade de Itaúna. São três instituições com objetivos e funções diferentes, mas que se complementam. As três instituições teriam muito a ganhar com isso, mas sem dúvida, seria a população que seria a maior beneficiada.

 

VF: Agradecemos pela entrevista e pedimos para nos deixar suas considerações finais.

Dr. Lincoln: Queremos agradecer a oportunidade de ocupar espaço no Via Fanzine, e dizer que o Hospital Manoel Gonçalves está aberto para críticas, sugestões, enfim, para tudo aquilo que for para beneficiar o usuário, ou seja, o paciente.

 

* Pepe Chaves é editor de Via Fanzine

- Foto: Arquivo Via Fanzine.

 

*  *  *

 

Entrevista exclusiva:

Edno José de Oliveira

Vereador

Por Pepe Chaves*

de Itaúna-MG

Para  Via Fanzine

 

Câmara Municipal de Itaúna

 

Edno José de Oliveira é contabilista, vereador e presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara. Tomou posse em meados de 2008, em substituição à vereadora Dagmar Barbosa que, segundo o TSE, estaria inelegível e desempenha um mandato Legislativo pela terceira vez. O experiente Edno de Oliveira tem mostrado um efetivo trabalho junto à Câmara Municipal, pesquisando, investigando e denunciando diversos atos passíveis de irregularidade por parte do Poder Executivo, alguns dos quais, já devidamente encaminhados ao Ministério Público em Itaúna. Nesta entrevista, focada na temática da suposta cassação do prefeito Eugênio Pinto, Oliveira se mostra bastante cauteloso em suas declarações e chega a alegar, que ainda é cedo para considerar a possibilidade de uma possível cassação do mandato Executivo local.

 

Via Fanzine: Como Presidente da Comissão Processante, que apura supostas irregularidades por parte do Executivo Municipal, quais são as avaliações do Senhor acerca dos trabalhos dessa comissão legislativa?

Edno Oliveira: As Comissões no Legislativo funcionam como um plenário consultor, importante elo de informação entre o Legislador, a análise da matéria em apreciação e a sua admissibilidade e juridicidade até sua apreciação final. A Comissão Processante funciona como um “Ministério Público Legislativo”, ou seja, somente funciona a partir de uma provocação. Esta provocação acontece a partir de um ato praticado que acaba culminando com uma denúncia. Existindo o fato determinado, ele é apurado em cima da peça inicial da denúncia. Neste caso específico, a Comissão nomeada através de Portaria expedida pelo Presidente da Casa, recebeu as denúncias e imediatamente iniciou seus trabalhos o que vem sendo feito rigorosamente dentro das normas regimentais e constitucionais.

 

VF: Como o Senhor tem visto o fato de o prefeito parecer se esquivar de ser notificado pela Comissão Processante?

Edno Oliveira: O nosso trabalho se fundamenta por seguir com rigor os mandamentos legais. Neste caso vertente, sabemos que o Senhor prefeito pelo exercício de sua função tem muitos compromissos e muitas vezes compromissos inadiáveis. Assim a Legislação nos permite notificá-lo por edital, e foi isso que fizemos, o que não causou nenhum transtorno ou contratempo para os andamentos dos trabalhos.

 

VF: O que representa para Itaúna este Processo, que é o primeiro a cassar o mandato de um prefeito na cidade?

Edno Oliveira: Veja bem: Na realidade o Poder Legislativo tem uma prerrogativa prioritária, qual seja: a de fiscalizar. E neste liame a Câmara de Itaúna tem atuado muito bem, haja vista, os inúmeros encaminhamentos realizados por este Poder para o Ministério Público da Comarca local. São muitos contratos e licitações analisadas, com indícios de vícios e irregularidades insanáveis, que após detida análise desta Casa foram encaminhadas para as providências cabíveis pela Justiça. Da mesma forma é este processo em tela, após a análise se confirmados os fatos as providencias cabíveis serão tomadas.

 

VF: Qual é a previsão para a votação da cassação do mandato do Executivo?

Edno Oliveira: A votação do processo somente acontecerá se a Comissão Processante chegar a um entendimento e julgar procedentes as denúncias apresentadas.

 

VF: Caso o prefeito seja cassado, qual seria o destino desse cargo público em Itaúna?

Edno Oliveira: O momento existe prudência. Cabe à Câmara apurar os fatos. Se por ventura culminar com um relatório pela cassação, e isto vier a se confirmar em Plenário, a partir daí caberá à Justiça, apoiada na legislação vigente, tomar as medidas cabíveis quanto ao desiderato final.

 

VF: Como o Senhor vê as atitudes de determinados vereadores que têm se omitido de participar deste processo de cassação?

Edno Oliveira: Não tenho conhecimento com relação a este fato, até mesmo porque a Comissão está trabalhando diuturnamente com muita seriedade e o Legislativo como um todo, somente se pronunciará se houver votação em plenário.

 

VF: Algumas pessoas defendem que a possível cassação de Eugênio Pinto não passa de uma questão política. Outros acreditam que há razões bem mais fortes em seu governo, além das apresentadas para se efetivar sua cassação. Qual é a sua opinião à respeito?

Edno Oliveira: Nós não podemos falar aqui de cassação, mas sim de um Procedimento onde ocorreu uma denúncia e como já disse antes, a Comissão após receber a denúncia tem como dever apurar os fatos. Somente depois de uma detida análise e da elaboração de um relatório circunstanciado é que a Câmara fará ou não um julgamento, podendo a partir daí, culminar com a cassação.

 

VF: Quais foram as denúncias e supostas irregularidades praticadas por esta gestão do Executivo, que o senhor destacaria como possíveis irregularidades ou indícios de improbidade administrativa?

Edno Oliveira: Muitas foram as ações promovidas por este Legislativo no sentido de atender sua principal missão que é a de fiscalizar. Destas algumas se encontram em tramitação na Justiça local e somente à Justiça cabe agora se pronunciar.  E a nós, fica a missão de darmos continuidade, até mesmo como cidadãos, a este processo de acompanhamento na execução e na aplicação dos recursos públicos pelo Poder Executivo.    

 

VF: Recentemente o Senhor denunciou uma dívida da atual Administração municipal, que gira em torno de R$25 milhões. O que o Senhor pode nos dizer sobre esta cifra recordista em déficit na Administração pública de Itaúna e sobre o acerto das contas públicas do atual Prefeito?

Edno Oliveira: Não só como vereador, mas também como presidente da Comissão de Finanças e Orçamento, nós estamos atentos com relação ao fechamento das contas da Administração Municipal, uma vez que a Lei de Responsabilidade Fiscal dispõe em seu texto, algumas determinações que deverão ser atendidas de forma rigorosa pelos setores competentes do Executivo. Cabe ao Senhor prefeito atender as determinações legais sob pena de infringir Normas Constitucionais e incorrer em crime de improbidade administrativa. 

 

VF: O Senhor também denunciou possíveis irregularidades do Executivo no que se refere a contrações de Oscips. O que o senhor poderia nos dizer sobre isso?

Edno Oliveira: Os gastos do Município com Oscips foram muito altos. É preciso verificar a quantidade, a qualidade e os resultados dos serviços prestados à cidade por estas organizações. Os documentos como contratos e objetos dos mesmos, já se encontram em poder e conseqüentemente, em análise pela Promotoria Pública da Comarca para verificação da legalidade dos procedimentos. Estamos tão somente cobrando, como vereadores, dos andamentos de tal processo.

 

VF: Como o Senhor tem visto de modo geral, a reação da população itaunense, diante à possibilidade de cassação do mandato do prefeito municipal?

Edno Oliveira: A mídia tem uma função muito importante em todo processo, que é o de prestar com imparcialidade a informação. Hoje temos a internet que trás as notícias em tempo real. Neste sentido as pessoas ficam cientes do que está acontecendo no mesmo momento em que os fatos ocorrem. E é assim que acontece. No entanto existem muitas especulações, e as pessoas devem saber apurar e filtrar as informações que chegam para tirar suas conclusões. Mas é fato concreto que o povo brasileiro hoje está atento a tudo, e não aceita mais a corrupção de forma inerte. Isto é fato.

 

* Pepe Chaves é editor de Via Fanzine

- Foto: Arquivo Via Fanzine.

 

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Entrevista exclusiva:

José Júnior Capanema

Ator e coordenador do Movimento em Prol do Teatro Sílvio de Matos

Por Pepe Chaves*

de Itaúna-MG

Para  Via Fanzine

José Alves Capanema Júnior, mais conhecido como Júnior Capanema, nasceu e reside em Itaúna-MG. É formado em Psicologia e atua como professor particular de inglês e tradutor. Foi professor de inglês no Instituto Educacional Libertas (Mateus Leme), na escola CCAA-Itaúna e estagiário de Psicologia Clínica Hospitalar do Bento Meni e Santa Lúcia (Divinópolis), pronto-socorro do Manoel Gonçalves (Itaúna), Psicologia Forence no Fórum da Comarca de Itaúna, entre outros. Capanema Júnior é também ator amador e um dos coordenadores do Movimento em Prol da Abertura do Teatro Sílvio de Matos, fechado por mais de três anos durante o mandato do prefeito Eugênio Pinto (PT). Através do Movimento, ele vem mostrando à comunidade o desleixo dos administradores municipais para com a cultura e o patrimônio público itaunense. Panfletando ruas e avenidas de Itaúna, Capanema Júnior denuncia o absurdo fechamento do único teatro municipal da cidade. Nesta entrevista, ele aborda exclusivamente esta questão, afirmando também, que anda recebendo ameaças - de pessoas supostamente ligadas ao prefeito – por levar às ruas e tornar pública esta causa exclusiva da cultura local.

 

VF: Como você vê o fato de um prefeito fechar um teatro público, praticamente, durante todo o seu mandato?

José Capanema Júnior: Vejo como mais uma prova que o PT não possui condições técnica, morais e outras, para administrar absolutamente nada. E a cultura é apenas a ponta de um “iceberg” de incompetências e irregularidades.

 

VF: O que o levou a manifestar publicamente contra o descaso e a irresponsabilidade do prefeito para com um espaço público da grandeza do teatro Sílvio de Matos?

JCJ: A maior motivação que nos levou a manifestar foi o fato do atual (des)governo ter sempre respondido aos inúmeros questionamentos não só de artistas (amadores e profissionais), mas como as do publico de teatro em geral, como a seguinte frase “ o teatro vai ser reaberto, é só aguardar”, “ a culpa é dos bombeiros”, etc. Gostaria de reiterar meus mais sinceros respeitos aos profissionais do Corpo de Bombeiros que sempre trabalharam de forma honesta e responsável a favor da população e aos funcionários públicos do Espaço Cultural. Quem foi legitimamente eleito para administrar o município não foi o Corpo de Bombeiros, e sim, o prefeito. Ele nem sequer respondeu um oficio que o encaminhamos, onde pedíamos que nos fosse respondido por escrito, quanto às datas, tanto da reforma, quanto da reinauguração do teatro. Até a presente data, não obtivemos resposta alguma.

 

VF: Você tem feito panfletagens pelas ruas de Itaúna, conscientizando a população sobre a situação inativa deste patrimônio público da cultura local. Como você tem sentido a reação das pessoas, diante de sua manifestação?

JCJ: Fico encantado, cada vez que eu recebo um sorriso amigo, quando nos dão os parabéns etc. Tenho o entendimento de que o povo de Itaúna é ligado à cultura sim, pois nossa cidade é composta por uma população culturalmente privilegiada em relação ao restante do país e, por isso, por onde passamos recebemos o apoio e a compreensão do povo.

 

VF: Soubemos também que algumas pessoas têm feito retaliações contrárias e até mesmo ameaças a você, pelo fato de você tornar pública a questão do fechamento do teatro Sílvio de Matos. Pode nos falar sobre isso?

JCJ: Essas pessoas nem devem chegar a 0,01% da população que atingimos com nossa panfletagem. Houve um caso muito engraçado, de uma pessoa que chegou para um dos membros da manifestação e disse que iria me processar, porque a manifestação é contra a lei, que eu queria ser eleito às custas do teatro, que eu estava manipulando as pessoas, que não poderíamos usar o nome dos artistas etc. Eu nem me dei ao trabalho de dizer a essa pessoa, que a própria presidenta do Sindicato dos Artistas manifestou total apoio desde o início e por escrito, dentro outros. O curioso é que todas as pouquíssimas vezes que essas pessoas tentaram desqualificar nosso trabalho, na verdade, fizeram isso sem nem ao menos realizar uma pesquisa anteriormente. Por exemplo, eu não sou filiado a nenhum partido, não sou candidato e até hoje eu morro de rir, quando um ou outro, talvez ligado ao atual (des)governo, pergunta quando meu santinho vai ficar pronto, etc. Basta ir ao cartório eleitoral e comprovar que não sou candidato a nada... 

 

'Ela me ameaçou de processo por eu estar “caluniando” o Eugênio Pinto,

vez que eu afirmo que é de responsabilidade dele o fechamento do teatro.

Afinal de contas quem é o prefeito de Itaúna?'

 

VF: Também fomos informados que você já prestou queixa contra as ameaças e intimidações que recebidas de populares, ao se manifestar publicamente contra o prefeito de Itaúna. O que foi feito?

JCJ: Infelizmente, na segunda feira (28/07/2008), eu tive que prestar queixa na Delegacia de Policia Civil de Itaúna e, em seguida, levei o registro do B.O. pessoalmente ao Promotor Eleitoral, Dr. Rodrigo Bragança e a Promotora Dra. Fernanda Rodrigues. Ambos  e a escrivã Cristiane da Policia Civil foram extremamente gentis ao me atender. Creio que sejam excelentes profissionais que trabalham em defesa de uma Itaúna melhor. Eles compreendem que nossa luta é legítima, não é política; é única e exclusivamente em prol da cultura.

 

VF: Você acha que o prefeito Eugênio Pinto possa estar insuflando ou influenciando algumas pessoas a tomarem partido contra a sua atitude de tornar pública a situação de sucateamento do único teatro municipal de Itaúna?

JCJ: Eu não poderia acusá-lo sem ter comprovação disso, mas, por outro lado, não somente eu, mas alguns dos outros membros da manifestação temem por represálias vindas da atual Administração Municipal. Um pouco de medo dá mesmo, às vezes, volto pra casa à noite, depois de uma festa e sinto medo de ser abordado ou agredido fisicamente por alguém que não quer o teatro reaberto. Fico apreensivo, porque a primeira ameaça foi patente e a segunda, assumida por uma pessoa que disse ser irmã do prefeito. E, como já vimos, tantos problemas relacionados com pessoas do PT pelo Brasil afora, é claro que fico temeroso. E, que fique absolutamente claro: não estou acusando ninguém em específico.

 

VF: Segundo você comentou comigo, uma senhora desconhecida teria dito a você enquanto panfletava, que se você não parasse de culpar o prefeito pelo fechamento do teatro, ela iria processá-lo. Existiria outro culpado para o fechamento do teatro que não fosse o prefeito?

JCJ: Inclusive, essa senhora foi quem disse ser irmã do prefeito. Ela me ameaçou de processo por eu estar “caluniando” o Eugênio Pinto, vez que eu afirmo que é de responsabilidade dele o fechamento do teatro. Afinal de contas quem é o prefeito de Itaúna? Não tenho nada pessoal contra o prefeito ou a família dele, até respeito muito a única irmã dele que eu conheço, a Sra. Marisa Pinto, a qual eu agradeço muito pelos conhecimentos que obtive quando ela foi minha professora da matéria “Moral e Cívica” na 7º série da Escola Estadual de Itaúna. Essa disciplina e os bons ensinamentos de Marisa Pinto ajudaram-me em muito na minha formação, podemos dizer de “extrema-esquerda”. Por outro lado, quando ocorreu esse incidente, em momento algum eu revidei ou pronunciei palavras de baixo calão etc. Eu tive a oportunidade de aprender desde o berço, que as pessoas merecem respeito e eu jamais iria descer ao nível daquela senhora que me atacou verbalmente numa via pública. Eu nem mesmo sei se a afirmação dela, de que era irmã do prefeito, é verdadeira. Vou procurar conhecer as irmãs do prefeito para identificar se a citada é realmente irmã do prefeito, pois me lembro perfeitamente de sua fisionomia.

 

'Lógico e evidente que estaremos cobrando do próximo prefeito uma atenção

para a cultura tão desleixada atualmente, pois a mesma

é um instrumento de libertação e informação social'

 

VF: Quais têm sido as perdas para a arte e cultura da cidade, após o fechamento indiscriminado do teatro municipal por mais de três anos?

JCJ: Montar um espetáculo não fica barato, infelizmente nem de longe o dinheiro da bilheteria paga os custos do mesmo e quando o teatro possui menor número de cadeiras, a arrecadação ainda é pior. A classe artista como um todo - exceto os globais -, não dispõe de dinheiro nem para o básico. Conheço muita gente que está suando a camisa para levar cultura à população itaunense, sem apoio de ninguém. E para piorar ainda mais, o teatro permanece fechado por quase três anos. É um absurdo mesmo. Perde a classe artística, perde a população, perde uma cidade inteira.

 

VF: Até quando você pretende estar nas ruas denunciando este desgoverno cultural, promovido pelo atual prefeito de Itaúna?

JCJ: Não há uma data específica, mas eu creio que a luta por cultura não pode e nem deve morrer conosco. Daqui alguns anos ou talvez, ano que vem mesmo, eu não estarei mais aqui em Itaúna (para a alegria do PT principalmente) e creio que outros guerreiros continuaram a lutar por cultura.

 

VF: Baseado em tudo o que você viu na área cultural itaunense neste sombrio mandato de Eugênio Pinto, o que você teria a dizer ao próximo prefeito eleito em Itaúna?

JCJ: Para inicio de conversa eu diria uma frase “Aprenda com o PT como NÃO fazer cultura”. Lógico e evidente que estaremos cobrando do próximo prefeito uma atenção para a cultura tão desleixada atualmente, pois a mesma é um instrumento de libertação e informação social. Um povo que tem um bom acesso às bibliotecas, a bons espetáculos teatrais, torna-se um povo cada vez menos refém de políticos corruptos. O simples fato do teatro sofrer reforma e ser entregue ao povo não significa que passaremos a ter uma cultura 100% perfeita. Muita coisa deve ser feita, inclusive, a ressurreição do calendário cultural de Itaúna, extinto pelo atual prefeito.

 

VF: Agradecemos pela entrevista e pedimos que nos deixe suas considerações finais.

JCJ: Somos nós quem agradecemos a esse importante espaço que nos foi mais uma vez cedido. Gostaria de dar meus parabéns pela coragem e bravura de Via Fanzine, ao pronunciar diretamente ao atual (des)governo, as verdades que o PT merece escutar. Para finalizar, gostaria de manifestar aos leitores e autoridades municipais de Itaúna, que eu temo por perseguição política ao meu pai, que é um exemplar funcionário da Prefeitura de Itaúna por mais de 40 anos. E por minha mãe, que está fazendo hemodiálise e sempre necessita de transporte da Secretaria de Saúde e também por meu irmão que é recém formado em Fisioterapia. Que fique registrado perante os leitores deste importantíssimo jornal eletrônico, o meu alerta frente as medíocres tentativas de calarem a minha voz.

 

* Pepe Chaves é editor de Via Fanzine.

- Foto: Arquivo Via Fanzine.

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- DO ARQUIVO 2006 -

 

Entrevista exclusiva:

Gláucia Santiago

Vereadora

Por Pepe Chaves*

de Itaúna-MG

Para  Via Fanzine

 

 

Gláucia Santiago (PDS) foi a vereadora mais votada em Itaúna nas últimas eleições municipais. Filha do ex-prefeito Hidelbrando Canabrava Rodrigues, cumpre o seu segundo mandato ao Legislativo municipal e é tida como vereadora oposicionista ao atual governo municipal. Mostrando tratar-se de uma das poucas figuras políticas de legítima personalidade, Gláucia tem enfrentado dificuldades em se tornar oposição às últimas iniciativas do governo municipal, entre as quais, algumas suspeitas de irregularidades diversas. Gláucia e mais quatro vereadores tiveram negado o pedido de informações sobre gastos municipais por parte do Executivo, através de um mandado de segurança impetrado contra os vereadores. Recentemente, a vereadora recebeu uma ameaça telefônica, onde uma voz masculina dizia para “deixar o prefeito de lado”. Na pacata política itaunense ameaças não são comuns. Indignada, a vereadora, juntamente com sua advogada, Dra. Maria Helena Pereira tomou as providências cabíveis e busca agora chegar ao autor da ameaça. Nesta entrevista, ela nos conta deste triste episódio que, segundo ela, não será obstáculo para que continue reivindicando as informações pedidas e negadas via Justiça pelo Executivo, acerca de contratos, contratações e gastos com festas particulares, por parte da Prefeitura de Itaúna.

 

VF: Gláucia, primeiramente, gostaríamos de saber, o que lhe levou a configurar-se como “oposição”, ao governo do PT em Itaúna, dentro do Legislativo municipal?

GS: Ser oposição ou ser governo para o verdadeiro político representa muito pouca diferença, isto porque em qualquer um desses posicionamentos você deve ter consciência, discernimento e convicção, que o seu voto em um projeto deve atender em primeiro lugar os anseios da comunidade que o elegeu. O meu apoio ou não a determinado assunto não pode ser dirigido a um interesse pessoal e sim, ao bem da coletividade. Neste sentido, analiso a matéria e voto com consciência. Todos os projetos que forem de interesse de nossa cidade, terão sempre o meu apoio.

 

VF: E de que forma a senhora tem exercido o seu trabalho como oposição? Pode nos citar algum exemplo?

GS: Procurando exercer verdadeiramente a função de vereadora, que tem como objetivo primordial, o exercício da fiscalização, o acompanhamento da execução orçamentária e a aplicação dos recursos públicos: onde se aplica; como se aplica; isso deve ser para o legislativo a pauta de cada dia. Posso citar como exemplo, o episódio da coleta do  lixo. Na administração pública só se pode fazer o que a lei permite e, não como na administração privada que se pode fazer o que a Lei não proíbe. Assim, no caso envolvendo a licitação da coleta do lixo, que a princípio foi prorrogada por várias vezes, em seguida foi contratada uma empresa com dispensa de licitação, também de forma incompreensível e agora se pretende abrir um processo licitatório, onde os valores apresentados como parâmetro, para as empresas que vão participar do processo, estão muito acima daqueles praticados no mercado. Acionamos a Justiça e estamos acompanhando de perto todo e qualquer andamento deste caso. Isto é exercer com dignidade o mandato que nos foi confiado.

 

VF: Como a senhora analisa o fato de o prefeito de Itaúna recorrer à Justiça, com o propósito de omitir informações referentes a gastos públicos, requisitadas pelo Legislativo?

GS: O Prefeito tem a sua equipe, por certo ele foi orientado a agir desta forma. Apesar dos últimos acontecimentos no país, acredito firmemente na Justiça e não seria  correto, prudente e legal o Poder Judiciário cassar um direito constitucional do Legislativo que é pedir as informações dos atos praticados pelo Poder Executivo. Com certeza, estaria na contra-mão da direção. É preciso ressaltar que  os profissionais do Poder Judiciário de nossa comarca, sempre agiram dentro do Princípio da Legalidade.

 

VF: Por favor, nos fale da medida tomada pelos vereadores requisitantes com relação à retaliação do prefeito em vetar informações públicas. O que está sendo feito por parte de vocês, vez que tiveram negados seus pedidos de informação? E afinal, que tipo de informações foram pedidas ao Executivo?

GS: Assim que o Prefeito ingressou na Justiça com um mandado de segurança, encaminhamos um relatório contendo várias informações daqueles pedidos solicitados durante o ano, fazendo uma análise dos pontos polêmicos e questionando aspectos que consideramos como atos praticados de forma irregular, ou que, pelo menos pairam dúvidas quanto a legalidade, como por exemplo, a contratação do show do cantor Leonardo por R$ 150.000,00, quando à época, pesquisamos em cidades vizinhas em que o cantor se apresentou pelo custo aproximado de R$ 80.000,00; outro exemplo: a administração municipal contava em janeiro de 2006 com 440 contratos administrativos por tempo determinado e a Constituição Federal em seu artigo 37, inciso IX, estabelece que o contrato administrativo por tempo determinado é tão somente por excepcional interesse público. O meio correto de se ingressar no serviço público é através de concurso público. Estes são alguns casos dentre outros que encaminhamos para análise da Promotoria Pública.

 

VF: Do ponto de vista de cidadã (e não de membro da política local), como a senhora analisa o atual governo do PT em Itaúna?

GS: Como cidadã e contribuinte de impostos como todos nós somos, espero e acredito que possa melhorar. A atual administração de Itaúna, até agora deixa muito a desejar. Não chegou  nenhuma nova empresa, não se tem notícia de nenhuma obra, apenas as de rotina, não houve melhoria em nenhuma prestação de serviço. A fila na saúde continua, o esporte está adoecendo, os trilhos continuam lá e a cidade está fora deles.

 

VF: Gláucia, Itaúna sempre foi pacata na política local. Raramente aconteceram desentendimentos físicos entre políticos e não consta na história, nenhum caso de agressão ou assassinato por motivos políticos. Porém, fato é que há poucos dias a senhora recebeu uma ameaça anônima. Como ocorreu a ameaça?

GS: Recebemos um telefonema,  e quem o atendeu foi meu pai. A pessoa não se identificou.

 

VF: E o que foi dito a ele pelo telefone?

GS: Disse a meu pai que se eu não deixasse o prefeito de lado que nós pagaríamos por isso.

 

VF: Como a senhora se sentiu com esta ameaça?

GS: Este tipo de ameaça não nos fará calar. Nossa missão é trabalhar por Itaúna e por nosso povo e nossa bandeira é a moral, a ética e a seriedade com a coisa pública. Por isto enquanto estiverem querendo nos calar, é porque estamos no caminho certo. Eles é que têm com o que se preocupar.

 

VF: Quais foram as providências tomadas pela senhora?

GS: Meu pai dirigiu-se até a Delegacia de Polícia e acompanhado de uma advogada lavrou ocorrência, prestou depoimento e solicitou o apoio da equipe da Polícia Civil de Itaúna, no sentido de identificar o autor do telefonema, o que está sendo investigado.

 

VF: A senhora acredita que poderá se chegar aos autores?

GS: Tenho esperança que isso aconteça. Estou tendo ajuda, além da Polícia, de várias outras pessoas e  departamentos do Estado.

 

VF: O que a senhora espera do Judiciário local, com relação ao impasse causado pelo pedido de informações dos vereadores ao Executivo?

GS: Que a Justiça prevaleça. Que julguem com imparcialidade e se faça cumprir o direito constitucional, que ampara e assegura ao Poder Legislativo o direito de obter as informações, principalmente quando se tem denúncias e elas procedem.

 

VF: Agradecemos e pedimos para nos deixar suas considerações finais.

GS: Agradeço a comunidade itaunense pela solidariedade que venho recebendo. Agradeço também, a vereadora Vanda, a vereadora Dagmar, aos vereadores Rosse e Donizete que compõem o nosso grupo no Legislativo. Juntos estamos trabalhando, analisando os projetos, acompanhando a aplicação do dinheiro público, cumprindo a missão que nos foi confiada pela comunidade itaunense. Estamos a serviço de uma cidade cada dia melhor.

 

* Pepe Chaves é editor de Via Fanzine

- Foto: Arquivo Via Fanzine.

 

*  *  *

 

Elina Dirce

Professora de Teatro e atriz  

Por Pepe CHAVES*

para Via Fanzine

www.viafanzine.jor.br

 

 

Elina Dirce de Oliveira Bernardes é natural de Itaúna-MG, é professora e atriz de Teatro, com atuação também em Literatura. Dentre os espetáculos e trabalhos de destaque em sua carreira, estão: “Flor de Maio”, “A Borboleta Que Não Pode voar”, “A vida A dois, A Três”, “Fala Baixo Senão Eu Grito” e “Os Inimigos Não Mandam Flores”. Têm destacada participação nos saraus de poesia realizados pelo Grupo de Sarau Maria Esther Matos. Elina Dirce dirige ao lado de sua filha Elina Maria, a SIA – Sede Itaunense de Artes, uma escola de dança para formação teatral na cidade de Itaúna. Uma das mais ativas atrizes da cena teatral local, Elina Dirce pode ser considerada como a “primeira dama” do teatro itaunense, não somente por seu trabalho como atriz, mas, sobretudo, pelo incentivo aos seus alunos, à iniciação e prática teatral. Nesta entrevista Elina Dirce nos fala um pouco de seu trabalho e da história do Teatro local.

 

Via Fanzine: Dona Elina, como e quando a senhora começou a se interessar pelas artes cênicas?

Elina Dirce: Quando assisti, pela primeira vez, a um espetáculo circense, em companhia de meu pai e minha irmã. Eu tinha quase sete anos de idade. O espetáculo, além dos números circenses, apresentava, no final, uma peça intitulada “E o Céu Uniu Dois Corações”. Foi essa peça que me despertou o desejo de ser atriz.

 

Via Fanzine: Como professora, a senhora estimulou seus alunos ao teatro? Como?

Elina Dirce: Desde que iniciei a carreira de educadora comecei a perceber que, através do teatro, podia chegar mais perto dos alunos, despertar melhor sua sensibilidade, seu gosto pela leitura, sua espontaneidade para falar a um público. Enfim, pelas artes cênicas, em especial o Teatro, podia educar melhor para a vida. Por isso, sempre escrevi e encenei pequenas peças com todas as turmas com que trabalhei. E preparava-as de maneira a incluir todos os alunos. No Colégio Sant’Ana criei o projeto “Brincando de Fazer Teatro” que ainda persiste hoje, sob a coordenação da Professora Marleide. Como eu, ela acredita que o objetivo maior da educação é formar artistas da vida, o que não se faz sem ajuda do teatro.

 

Via Fanzine: E como a senhora vê o teatro na história de Itaúna, sobretudo, os grandes espetáculos apresentados a partir de inícios do século passado?

Elina Dirce: Nossa cidade é abençoada no setor das Artes. É celeiro de grandes artistas em todas as áreas. E o nosso teatro tem dado artistas maravilhosos. Não só atores, mas também diretores, cenógrafos, figurinistas. Grandes espetáculos foram montados por grupos genuinamente nossos. Grandes nomes se destacaram. Escuso-me de citar nomes, para não incorrer na indelicadeza de deixar alguém esquecido. Porém, o teatro é a Arte do Ator/da Atriz. Portanto, sempre há um nome.  Quero homenagear todos os atores e atrizes que fizeram e insistem em fazer bom teatro em Itaúna, citando aquele que considero o maior destaque na arte de interpretar de nossa terra: Elimar Alves, com quem venho tendo a honra de dividir o palco desde o ano 2000.

 

Via Fanzine: Itaúna sempre teve grandes autores teatrais, além de atrizes e atores. Por que não são mais produzidos grandes espetáculos em Itaúna?

Elina Dirce: A produção teatral é trabalhosa e custa caro. Quem assiste a um espetáculo de uma hora e meia, gostando ou não dele, nem de longe imagina o tempo dispendido na preparação daqueles noventa minutos! O dinheiro gasto com cenário, figurino, iluminação, gravações, efeitos, etc. Não há apoio do poder público. Há uma dificuldade muito grande de estabelecer parceria com empresas que assumam investir em produções de espetáculos. Mesmo quando o grupo consegue aprovar projeto na Lei de Incentivo à Cultura, não é fácil arranjar patrocinadores, porque os empresários preferem atender os artistas que já têm fama, que já têm Ibope certo. Nosso Projeto com a peça “Os Inimigos Não Mandam Flores”, de Pedro Bloch, foi aprovado pelo Ministério da Cultura. Estamos em busca de patrocinadores que terão o direito de deduzir seu patrocínio do Imposto de Renda e ainda de usufruir do marketing em todas as cidades a que levarmos esse trabalho.

 

Via Fanzine: E a quantas anda a cena teatral contemporânea? Quais são os principais grupos e atores em atividade, na sua opinião?

Elina Dirce: Apesar das dificuldades, nós, artistas itaunenses, não desistimos. Arcamos com os custos, com os prejuízos e continuamos produzindo. Há que pagar não só as produções, como também locação de teatros, direitos autorais, material de publicidade... Porém, bons espetáculos têm sido mostrados: sem falsa modéstia, “Os Inimigos Não Mandam Flores” é um trabalho maravilhoso, a começar pela peça que é de Pedro Bloch, considerado o dramaturgo do cotidiano; passando pelo cenário e figurino de Marisa Avelar; considerando a direção segura e criativa de Elina Maria que conta a história em duas linguagens interligadas – a do teatro e a da dança: a do teatro, tendo Elimar Alves e eu vivendo os personagens de uma maneira memorável; a da dança, em coreografias divinas de Elina Maria, executadas magistralmente por ela e pelo bailarino Charlles Oliveira, de Belo Horizonte. Também o Grupo Corpo e Alma tem apresentado excelentes artistas em espetáculos que deixam satisfeita a platéia. E a Ilma Nogueira, a eterna Emengarda, sempre buscando algo novo para oferecer ao seu fiel público. O Marcelo também é incansável no seu empenho de promover seu grupo e suas crianças. Para citar mais alguns... Há que destacar ainda o esforço dos educadores nas escolas, para realizarem atividades teatrais.

 

'O Poder Público deveria destinar, no seu orçamento, verbas para apoiar as produções locais, sem restrições políticas; oferecer o teatro gratuitamente aos artistas locais; demonstrar seu interesse'

 

VF: Qual a sua opinião sobre esta reforma que paralisará o Espaço Cultural de Itaúna (teatro e galeria de artes) por quase um ano?

ED: Se tudo sair como foi anunciado, nosso teatro receberá melhoramentos dignos de nota, o que já não era sem tempo, visto que é uma reivindicação antiga dos artistas, do público e da direção anterior do Departamento de Cultura. Só esperamos que, feitos os melhoramentos ambientais e técnicos, venham também os melhoramentos na relação com os artistas, no sentido de dar preferência na cessão das instalações para as  produções artísticas  locais, sem onerá-las além de sua capacidade. Que os eventos, principalmente de formaturas escolares, estejam em segundo lugar.

  

Via Fanzine: De que forma prática o Poder Público, a nível municipal, poderia estimular a prática das artes cênicas?

Elina Dirce: Considerando o seu valor na formação do cidadão, acredito que Artes Cênicas deveriam ser parte do currículo escolar em todos os níveis. Começar pela Escola é sempre um bom começo. Porém, com suporte! Não basta colocar mais um item no currículo e sobrecarregar os professores já por demais sacrificados. É necessário destinar recursos para isso e pessoal não só qualificado pelos diplomas que conquistou na área, mas também pela comprovação de sua experiência e de seu trabalho. Além disso, o Poder Público deveria destinar, no seu orçamento, verbas para apoiar as produções locais, sem restrições políticas; oferecer o teatro gratuitamente aos artistas locais; demonstrar seu interesse, marcando presença nas apresentações de nossas produções. Oferecer oportunidade de cursos, oficinas com os grandes diretores e professores de Minas; realizando festivais dos quais nossos grupos pudessem participar.

 

Via Fanzine: E o que poderia ser feito neste sentido, a nível Federal?

Elina Dirce: O que disse acima e muito mais, visto que a arrecadação federal é exorbitante, como a mídia tem divulgado. Mas ainda é pequena para a ganância de poucos. Como disse, Maitê Proença, em entrevista ao Estado de Minas: “Não há interesse em promover a cultura nesse país. O reflexo disso vai ser visto daqui a alguns anos.” Creio que já estamos vendo esse reflexo hoje, com as absurdas “pérolas” colhidas dos exames vestibulares e Enéns; com o estresse coletivo dominando crianças, jovens, adultos e velhos; com a depressão tomando conta de tanta gente em qualquer idade ou classe social; com a falta de espírito crítico, iniciativa, expectativa... Não sei o que podemos esperar do Governo Federal...

 

'Acham muito caro pagar dez reais para assistir a uma peça de teatro,

mas não acham caro gastar o dobro com bebidas no barzinho'

 

Via Fanzine: Nos fale de seu trabalho professora na Sede Itaunense de Artes (SAI), escola que a senhora dirige juntamente com sua filha Elina Maria.

Elina Dirce: Obrigada por nos proporcionar essa oportunidade, porque sabemos como é grande o número de leitores do seu jornal e todos estarão tomando conhecimento dessa nova escola em Itaúna. A SIA – Sede Itaunense de Artes é o nome da escola que minha filha, Elina Maria,  bailarina, coreógrafa, diretora de teatro e professora de ballet clássico licenciada pela Royal Academy de Londres, fundou, juntamente comigo. Fica situada à rua Antônio Macedo, número 96, esquina com Rua Santana. Pontos de referência: Escola Maria de Castro, na Rua Santana, e Chevel, pela Jove Soares. O telefone é (37) 3241-8447. Oferecemos, de início, curso de Ballet Clássico, a partir dos 4 anos de idade, e curso de Teatro, a partir dos 7 anos. O lema da SIA é “Através da Arte, Educar Para a Vida”, isto é, mesmo que você não seja um artista do palco, pode ser um artista da própria vida.

 

Via Fanzine: O itaunense se interessa por teatro?

Elina Dirce: Está começando a se interessar. Porém, ainda estamos engatinhando. Não estamos promovendo cultura entre nossa gente. Infelizmente, a maioria ainda prefere o barzinho. Acham muito caro pagar dez reais para assistir a uma peça de teatro, mas não acham caro gastar o dobro com bebidas no barzinho. Com a boa intenção de formar público, o Teatro Vânia Campos oferece boa quantidade de espetáculos gratuitos, patrocinados pelas leis de incentivo à cultura. O ponto negativo é que se forma a seguinte mentalidade: “Se é de graça, eu vou. Se tenho que pagar, não vou”. Mas o artista é também gente que tem impostos para pagar, despesas pessoais a cobrir e o espetáculo que apresenta teve um orçamento que deve ser resgatado. Acredito que, com um trabalho bem feito da mídia local, mostrando à população a verdade sobre a produção artística, como estamos fazendo agora pelo seu jornal, o valor de nossos artistas e suas dificuldades para exercer sua arte, a necessidade do apoio de nossos concidadãos, para que o nome de Itaúna seja reconhecido como celeiro de grandes nomes das artes, em breve a consciência de cidadania também nessa área se fará sentir. E teremos um público receptivo e caloroso lotando nossos teatros e incentivando-nos, porque o artista não vive sem público e a Arte inexiste sem o artista e o apreciador dela.

 

VF: Mas, por outro lado, geralmente, quando um espetáculo é produzido por itaunenses, raramente enche as casas, mas se traz à cidade uma estrela "global", os ingressos esgotam-se imediatamente. Como a senhora vê a concorrência teatral entre produtores do interior e grupos e atores consagrados que visitam tais cidades?

ED: A televisão é uma máquina de fazer fama. E a fama atrai. É claro que ver  no palco, a poucos metros de nós, uma estrela que admiramos da telinha é muito agradável. Eu fui ver o Paulo Autran no Teatro Sesiminas em BH e foi maravilhoso! Mas também vou ao teatro ver e aplaudir os artistas de minha terra. Porém, o que você disse é verdade: nós da terra não conseguimos lotar o teatro cobrando ingresso barato. Aconteceu comigo mesma um fato que comprova que o itaunense ainda não conhece, nem valoriza o que é nosso. Foi isto: eu estava no Espaço cultural, numa tarde de domingo, vendendo os ingressos antecipadamente para minha peça "Fala baixo senão eu grito". O telefone tocou e era uma pessoa que eu conheço bem, de certa cultura e de bom gosto. Perguntou-me se ia haver espetáculo no teatro naquela noite. Ao receber resposta afirmativa, comentou: "Mas é com gente daqui mesmo, não é?". Quando eu disse que era eu ao telefone e o espetáculo era feito por mim e pelo Elimar, ela mudou o jeito de falar e, à noite, estava lá. Após o espetáculo, foi ter comigo, comentar a conversa da tarde e elogiar o que acabara de ver. Volto a insistir no pedido de que toda a mídia itaunense seja parceira efetiva de nossos artistas, para que, por influência desta, os itaunenses comecem a valorizar mais o que é nosso.

 

VF: Agradecemos pela entrevista e pedimos para nos deixar suas considerações finais:

ED: Gostaria de enviar uma carinhosa mensagem aos itaunenses em geral: Itaúna, como eu disse no início da entrevista, é um celeiro de excelentes artistas. Tem três teatros excelentes: o Sílvio de Matos, o Vânia Campos e o grande teatro da Universidade de Itaúna. Portanto, o nome de nossa cidade pode tornar-se referência nacional em Artes Cênicas. Depende de nós, itaunenses, apoiar as produções locais, marcando presença nelas, aplaudindo e incentivando nossos artistas. Fazendo as necessárias críticas; aprendendo a distinguir o bom teatro, feito com qualidade, daquele estritamente comercial; adquirindo o bom hábito de investir um pouco na cultura, através de um divertimento e meio de aprendizagem tão agradável como é o teatro e as Artes em geral. Nós, os artistas desta querida terra de Itaúna, contamos com vocês e, desde já, agradecemos.

  

* Pepe Chaves é editor de Via Fanzine.

 

- Fotos: Divulgação.

 

Contato: SIA - Sede Itaunense de Artes

Rua Antônio Macedo, 96 - 35680-337 - Itaúna - MG

Tel. - (37) 3241-0032

E-mail: siasedeitaunensedeartes@zipmail.com.br

 

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