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 Antônio Siqueira

 

 

Erros sucessivos:

Assassinato em Massa

Bolsonaro até anunciou comitê anti-Covid-19, mas insiste em ‘tratamento precoce’. Pior que ignorância é a insistência na ignorância. Ignorância ou maldade, não importa; os portões do inferno estão abertos.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

27/03/2021

 

 Bolsonaro deveria seguir o exemplo de outros verdadeiros líderes mundo afora que buscam minimizar diferenças e focar na proteção de suas populações, promovendo a coesão.

 

Depois de sambar em cima de 300.000 mortos, depois de tripudiar sobre o luto das famílias que perderam seus entes queridos, depois de estimular de todas as formas as aglomerações, o não uso de máscaras, passando por cima de todos os protocolos de segurança sanitária no que concerne à pandemia da Covid-19, de rejeitar três ofertas de reservas para compra de 70 Milhões de doses da vacina desenvolvida pelo laboratório Pfizer e de protagonizar diuturnamente uma série de barbaridades e absurdos; o Presidente Jair Messias Bolsonaro, propõe o diálogo e o entendimento entre os Três Poderes. Não é nem "tarde demais", simplesmente não há confiança nesta gestão. Não existe genocídio culposo, genocídio é hediondo, é assassinato em massa!

 

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) enviou nesta quarta-feira à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro seja denunciado por crimes na gestão da pandemia da Covid-19. A Suprema Corte Internacional, ou Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia na Holanda, aceitou e analisa denúncias de genocídio contra Bolsonaro. Pode acolher, devem abrir até inquérito, entretanto não dará em nada. Bolsonaro até anunciou comitê anti-Covid-19, mas insiste em ‘tratamento precoce’. Pior que ignorância é a insistência na ignorância. Ignorância ou maldade, não importa; os portões do inferno estão abertos.

 

Segundo a revista "Carta Capital", as vendas de cloroquina nas farmácias e drogarias saltaram de 963 mil unidades em 2019 para mais de 2 milhões no ano seguinte. O comércio da ivermectina, outro medicamento sem efeito comprovado, pulou de 8 milhões de unidades para 52,3 milhões no mesmo período. Medicamentos usados no desespero em UTIs e devidamente descartados, com a evolução de novas e mais eficazes opções de tratamento. Pior, o excesso de consumo do antiparasitário provocou uma onda de casos de hepatite pelo país.

 

E o maior dos absurdos: Houve distribuição até por meio de planos de saúde. Aguardamos até o fim desta década que o Tribunal Internacional, a Suprema-Corte sediada em Haia, na Holanda, acolha as centenas de denúncias e dossiês revelando este crime contra a humanidade. O resto são a marcha fúnebre contínua e inúmeras guerras ideológicas travadas por indigentes mentais, parasitas desocupados e sociopatas carniceiros. E quando começaremos a vacinar de fato nossa população para que possamos ter segurança para reconstruir este país e não engrossar a longa lista de óbitos? Até onde aceitarem este negacionismo demente, não haverá solução.

 

Em laboratório, o coronavírus já demonstrou o chamado escape imunológico: resistência às vacinas. Mas as mutações também podem deixá-lo mais vulnerável. Entretanto, que está longe de se encontrar vulnerável é a crueldade com que o governo trata esta crise sanitária. As vacinas são compradas a conta-gotas, o chefe do executivo virou duble de curandeiro, noutras horas se dedica a espalhar desinformação e absurdos, como o de que o uso de máscaras é prejudicial

 

Nas redes sociais as diferenças de opiniões geram combates sem fim. Conversas, no geral, já duram muito porque pessoas não sabem como terminá-las, temperadas com o ódio fomentado pelos polarizadores de plantão, as partes envolvidas perdem a mão. O resultado é uma enxurrada de infâmias, difamações e processos. Vamos em frente, porque o Brasil é maior do que o abismo que essas autoridades tentam cavar diante de nós.

 

Por sua vez, Bolsonaro deveria seguir o exemplo de outros verdadeiros líderes mundo afora que buscam minimizar diferenças e focar na proteção de suas populações, promovendo a coesão. Mas, por aqui, o mandatário mente, defende ações para expor a população ou faz discursos em tom de ameaça para aumentar ainda mais o clima de pavor. O genocídio se pratica de diversas formas, não dá para prever o que vem pela frente. Não será bonito de se ver.

 

Confusões com o Supremo, com o Senado e ameaça a gestores de Estados e municípios

 

Depois de passar os dois primeiros anos de gestão fazendo ameaças de golpe e se arvorando de estar no comando das Forças Armadas, o presidente Jair Bolsonaro conseguiu criar nova institucional, ao proclamar que poderia baixar “medidas duras” contra governadores e prefeitos que impuserem medidas restritivas. Estas ameaças de “medidas duras” contra governadores e prefeitos fizeram o ministro Fux enquadrar Bolsonaro.  O inesperado telefonema de Fux pode até ter levado Bolsonaro o entender o recado de que não apenas ele, mas também os presidente do Supremo e do Congresso podem pedir intervenção militar, nos termos do famoso art. 142, ao definir que “as Forças Armadas destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

 

Ou seja, se Bolsonaro continuar com sua costumeira fanfarronice, tanto Fux quanto o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), juntos ou separadamente, podem requisitar a ação dos militares. É claro que Fux, hábil e educado, não tocou no assunto. Apenas indagou a Bolsonaro qual é o seu real objetivo com essas palavras, ou seja, cobrou explicações. E Bolsonaro teve de se explicar, fato que constituiu uma humilhação para o presidente da República, sem a menor dúvida.

 

Depois de tantos exercícios infundados, empunhando a caneta esferográfica e tudo o mais, é impressionante que este senhor limítrofe ainda não tenha percebido que não é ele quem comanda as Forças Armadas. Quem o faz é inquilino do Planalto, seja quem for, mas apenas no exercício de suas funções, e só pode exercer esse comando em nome do interesse público e jamais em nome do interesse pessoal, sobretudo quando se trata de um político sem equilíbrio emocional e que circunstancialmente conseguiu chegar à chefia do governo, num fenômeno de catástrofe cultural jamais visto.

 

A questão da vacina já está sacramentada. Bolsonaro não comprou as vacinas da Pfizer por que não quis. Ontem prometeu 500 milhões de doses. O discurso de 2 horas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após ter seus direitos políticos restituídos pelo Supremo Tribunal Federal, teve efeito imediato no Brancaleone. Até máscara Bolsonaro usou, mas abriu a boca e aí, é suicídio certo.

 

Parece piada de humor negro: o exército do presidente Brancaleone com a turba ignara de arrogantes serviçais, os irmãos Metralha e ele próprio, passaram a usar máscara. Autêntico teatro de negacionistas dissimulados. Precisou Lula voltar das trevas usando máscara e incentivando a vacinação, para despertar as almas insensíveis de plantão no Palácio do Planalto.

 

Antes, o deplorável ministro das Relações Exteriores e patética comitiva, que incluiu Eduardo Bolsonaro, passaram vexame em Israel. Foram obrigados a usar máscaras. Uma vergonha que só não deprime os apoiadores do cercadinho do planalto. Durante um ano os negacionistas repugnantes debocharam das normas sanitárias e da importância do uso da máscara. A vacina é escassa, tornou-se artigo de luxo. O imaculado filho senador aproveitou a deixa, tirou 6 milhões da poupança e comprou uma suntuosa casinha no Lago Sul.

 

O Beócio Sacripantas e seu novo ministro da doença

 

Desde sempre, o mito de barro desdenhou da pandemia, chegando ao cúmulo de chamar a covid-19 de “gripezinha”. Depois, colecionou pilhérias ridículas, como “quem vacinar, “vira jacaré”.

 

Grosseiro, boca suja, sem educação, um dos filhinhos do Brancaleone mandou enfiar a máscara naquele lugar. Todo esse oceano de parlapatices e sandices por obra e graça daqueles que têm obrigação de oferecer bons exemplos e respeito ao próximo, enquanto centenas de milhares de famílias brasileiras são massacradas e infelicitadas pela covid-19. Causa chaga aos ouvidos e aos olhos. Augusto dos Anjos não retrataria tão bem!

 

É mais do que óbvio que sem lockdowns, será difícil interromper o contágio e, na prática, muita gente ainda vai morrer de covid-19 no País. Se continuarmos nessa política de vacinação, vamos ficar contando mortos, afirmam os epidemiologistas e infectologistas. O calendário de vacinação perdeu a credibilidade. O ideal era o País estar vacinando 2 milhões de pessoas por dia até outubro.

 

Considerando que tudo dê certo, possivelmente haverá imunidade de rebanho em dezembro. Na outra ponta, se confirmadas as previsões de média diária de 3 mil mortos por dia, a carnificina baterá números ainda mais macabros até o fim do ano. Queira ou não queira, se continuar seguindo as ordens de Bolsonaro, o ministro Queiroga vai se arrebentar mais do que o general-logístico Eduardo Pazuello. Queiroga é médico, é cardiologista e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Mas também é bolsonarista, negacionista e oportunista.

 

A importante cidade de Uberlândia, em Minas Gerais, seguiu a política de Bolsonaro, com cloroquina, tratamento precoce e frouxidão no isolamento e agora viu as mortes se multiplicarem. Queira ou não queira, o médico Queiroga passou a ser responsável pela política nacional de saúde e não é mudando o sistema de estatística da pandemia que irá resolver a realidade de 300 Mil mortos. Absurda e criminosa realidade!

 

Amigos na Chuva

 

Para que Eduardo Pazuello não perca o foro privilegiado, Bolsonaro precisa arrumar alguma nova função para o ex-ministro da doença. É do temperamento do presidente não deixar amigo na chuva.  Sugeriram a Bolsonaro a presidência do Banco Central ou da Petrobrás. O presidente recusou, alegando que o coitado do ex-ministro anda estressado. Trabalhou duro no ministério da Saúde. Precisa descansar o esqueleto. Pegar um batente mais leve. Nessa linha, o chefe da nação tem recebido pencas de sugestões. Analisa todas elas. Com carinho, zelo e espírito público.

 

Só que o dúbio em geral flerta profunda e matrimonialmente com a esquizofrenia. Depois de todo o discurso à luz sobre trevas da semana após a ascensão de Lula, o Brancaleone em transmissão ao vivo na quinta-feira passada, chamou governadores e prefeitos que decretam medidas restritivas de “projetos de ditadores” que teriam, pelos atos, poder de “usurpar” a Constituição.

 

Bolsonaro é burro, mas não é louco. É um ser rancoroso, cheio de ódio de tudo e de todos, inclusive dele mesmo, dado o complexo de inferioridade notório em sua personalidade pífia e descartável. O seu governo sobrevive graças à usina de crises que ele, Jair Bolsonaro, patrocina. Típico da liderança fascista de Benito Mussolini, mal comparando. De 1922 a 1943, Mussolini improvisou toda sorte de elementos sórdidos nos seus 21 anos de ditadura como Primeiro Ministro da Itália. A diferença era a erudição de Mussolini comparada à criatura profundamente limítrofe que é Jair Bolsonaro.

 

Mussolini educou-se na Escola Real Secular de Homens Carducci em Forlimpopoli, ingressou no Partido socialista Italiano estrategicamente, como trampolim para fugir do serviço militar fugindo para a Suiça. Na Suíça, adquiriu um conhecimento prático de francês e alemão. Durante este tempo, estudou as ideias do filósofo Friedrich Nietzsche, o sociólogo Vilfredo Pareto, e o sindicalista Georges Sorel. Sobre Sorel, Mussolini declarou: "O que eu sou, eu devo à Sorel".

 

Mussolini lutou no front na Primeira Grande Guerra e foi no front que iniciou seu discurso improvisado que pregava o fim do Estado Elitizado (um mero deboche). Em 1919, Mussolini fundou os "Fasci di Combatimento", em Milão, o primeiro grupo do "Partido Fascista" que pregava a abolição do Senado, a instalação de uma nova constituinte e o controle das fábricas por operários e técnicos, não sem antes perseguir minorias de todos os segmentos, perseguiu sobretudo os anarquistas, os comunistas (estes que o ajudaram muito a remodelar seu intelecto), perseguiu as igrejas, perseguiu judeus, colaborou com Hitler que o tinha como um ídolo, matou mais 90.000 opositores e levou a Itália à lama na Segunda Guerra Mundial integrando o Eixo. O fim dessa história é o que todos conhecem.

 

Bolsonaro é um ex-parlamentar que nada fez de útil ou inútil, a não ser pregar o ódio, roubar descaradamente o dinheiro público comendo-o pelas beiradas e aproveitar uma chance na mídia de popularizar a vulgarização da cultura e das  tradições políticas, trazendo um discurso chinfrim de moral e bons costumes aliados a deus, ao obscurantismo, às teorias mais infectadas de insanidades diversas e outras crenças acéfalas mais. Sobre o lombo de um povo carente de tudo que é básico em termos de educação, cultura e acuidade de sentidos. Um povo que está sendo dizimado num assassinato em massa. Quando o Brasil resolver se livrar de Jair Bolsonaro, pode ser tarde demais!

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Imagem: Thiago Recchia.

 

- Colaborou: Marcia Cristina

 

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Força-tarefa:

Lava Jato em Curitiba chega ao fim

A Lava-Jato também gerou a formação de outras forças-tarefa ao redor do país, com destaque para a do Rio de Janeiro. A Lava-Jato começou com a investigação de um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

08/02/2021

 

Até 2018, os processos foram conduzidos pelo juiz Sergio Moro. Ele deixou a Justiça Federal no fim daquele ano para assumir o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro.

 

A força-tarefa da Lava-Jato no Paraná anunciou nesta quarta-feira que oficialmente deixou de existir e que, a partir de agora, a maioria de seus integrantes passará a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná. A decisão coloca fim na trajetória de quase sete anos do grupo responsável pela maior operação de combate à corrupção na história do país.

 

A Lava-Jato também gerou a formação de outras forças-tarefa ao redor do país, com destaque para a do Rio de Janeiro. A Lava-Jato começou com a investigação de um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Youssef. Entre os locais utilizados por ele para essa prática estava um posto de gasolina em Brasília, o que deu origem ao nome da operação. Com as investigações, a operação descobriu a participação de uma série de políticos e, eventualmente, de um sistema generalizado de corrupção na Petrobras.

 

Até 2018, os processos foram conduzidos pelo juiz Sergio Moro. Ele deixou a Justiça Federal no fim daquele ano para assumir o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro, claro que já deixou após alegar interferência do presidente na Polícia Federal. Moro também é alvo de um pedido de anulação dos casos do ex-presidente Lula na Lava-Jato.

 

O petista, com base em troca de mensagens entre Moro e Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa, alega que o juiz não era imparcial para julgar o seu caso. O processo corre no Supremo Tribunal Federal e deve ser julgado ainda este ano.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: divulgação.

 

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Tempos atuais:

Um mundo de robôs eternos

Desde a Antiguidade, sempre houve esses robôs humanoides, que obedeciam cegamente a dogmas de ideologias imperiais e religiosas, sem racionalizá-las em autocríticas. Até hoje, com impressionante tenacidade, esses indivíduos replicantes perseguem uma falsa perfeição e consideram inimigo quem não estiver curvado aos dogmas.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

14/12/2020

 

No início da carreira, o jornalista Paulo Francis perseguia a perfeição. Em plena era da datilografia, se ele cometesse algum erro não rabiscava nem usava a borracha (na época, não havia corretivos). Simplesmente batia o texto de novo.

 

Sim, a internet surgiu no mundo no começo da década de 1970 no Hemisfério Norte, mas se espalhou pelo mundo e globalizou a informação de fato, nos primórdios do Terceiro Milênio. O século XXI foi parido com a internet como irmã siamesa caótica, cheia de conspirações e gente imbecil conectada com o net work determinando o que é pior: determinando o que é a lei, o que é a verdade.

 

Desde a Antiguidade, sempre houve esses robôs humanoides, que obedeciam cegamente a dogmas de ideologias imperiais e religiosas, sem racionalizá-las em autocríticas. Até hoje, com impressionante tenacidade, esses indivíduos replicantes perseguem uma falsa perfeição e consideram inimigo quem não estiver curvado aos dogmas.

 

Não importa se pertencem à mesma família ou círculo de amizade, os dissidentes são execrados ou até executados pelos robôs, como procede o atualíssimo Estado Islâmico, que está aí mesmo para não nos deixar mentir.

 

Nesse sentido da informação propriamente, torna-se uma obviedade dizer que a vida é um eterno aprendizado, pois não há dúvida de que todo dia a gente aprende alguma coisa.

 

No início da carreira, o jornalista Paulo Francis perseguia a perfeição. Em plena era da datilografia, se ele cometesse algum erro não rabiscava nem usava a borracha (na época, não havia corretivos). Simplesmente batia o texto de novo.

 

Depois, quando foi morar em Nova York e redigia os artigos para a “Tribuna da Imprensa” em telex, teve de abandonar a busca da perfeição, porque precisava digitar o mais rápido possível, para diminuir os custos da transmissão.

 

Em pleno Século XXI, esses androides radicais vivem uma farsa na vida real, porque já faz tempo que os artistas e poetas conseguiram desmoralizar a perfeição pregada pelas ideologias e pelas religiões. O genial Fernando Pessoa, por exemplo, dizia que “adoramos a perfeição porque não a podemos ter, e certamente a repugnaríamos se a tivéssemos”, acrescentando que “o perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito”.

 

Mineiramente, Carlos Drummond de Andrade concordava com Pessoa, ao proclamar que “a ideia da perfeição constitui uma imperfeição humana”. Mesmo assim, os robôs que infestam e infectam a internet insistem em tentar nos subjugar intelectualmente, para impor suas vontades, suas verdades e suas insanidades. O que é um inútil desperdício de energia. Por aqui, há resistência. E como diria o tal herói: "Posso Fazer Isso O Dia Inteiro!"

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: divulgação.

 

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Simbolismo:

Estátuas e monumentos perpetuam o bem e o mal

A exaltação do mito dos bandeirantes é relativamente recente e está muito ligada com a construção da identidade paulista. A contestação do mito do herói que temos nos materiais didáticos ainda é branca e acadêmica.

 

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

05/07/2020

 

A pergunta que ninguém faz em todo o mundo é se esses monumentos em homenagem a personagens polêmicos da história devem permanecer em local público e/ou como eles devem ser representados nos dias de hoje.

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Em meio às polêmicas envolvendo as estátuas de célebres escravagistas que desenvolveram fortunas e entraram para a história como benfeitores e até ídolos na posteridade, uma estátua do poeta, dramaturgo e ator jamaicano Alfred Fagon, foi vandalizada com uma substância semelhante à água sanitária. Localizada no subúrbio de St. Pauls, na cidade de Bristol, foi erguido em 1987, no primeiro aniversário de sua morte. Inclusive, esta foi a primeira pessoa negra a ter uma estátua erguida em sua homenagem na cidade. Nas redes sociais, usuários viram o ato como um episódio de racismo, após manifestantes antirracismo terem danificado ou derrubado estátuas de figuras históricas polêmicas. Alguns destacaram ainda o fato de que o busto de Fagon ter sido depredado com uma substância semelhante à água sanitária, com o intuito de "embranquecê-lo". A onda de manifestações tomou a Europa. Há algumas semanas, na Bélgica, a estátua do rei Leopoldo 2º, responsável pela morte de 10 milhões de pessoas no Congo Belga, antiga colônia de propriedade pessoal do monarca, também caiu pela mão de manifestantes.

 

O professor Jurandir Augusto Martim se disse impressionado, quando viu pela primeira vez em Santo Amaro SP a estátua de Boba Gato [1649-1718], um homem responsável por mortes, estupros e incêndios em aldeias indígenas. Os sertanistas que a partir do século XVI exploravam o interior do país à caça de indígenas para escravização, riquezas minerais e destruição de quilombos, eram apresentados como os nobres heróis nacionais, os desbravadores, responsáveis por levar a civilização aos rincões do Brasil e delimitar suas fronteiras. Ensinamentos muito diferentes daqueles que Martim aprendeu em casa por meio da tradição oral indígena. Contrassenso sim, mas sobretudo é importante que estes "monumentos" se mantenham de pé. Sempre haverá alguém devidamente informado que atualize os fatos e para que fique gravado na memória de gerações futuras, as atrocidades que alguns homens e mulheres foram capazes de promover. “Essa é a parte mais difícil do ensino de história: explicar para crianças por que homens que foram responsáveis por massacres e escravidão de indígenas ainda serem homenageados em todas as partes”, afirma Martim em entrevista ao jornal El País.

 

Quando se trata dos símbolos brasileiros, a discussão sobre a permanência de monumentos em homenagens a personagens polêmicos da história ainda passa ao largo das discussões internacionais. Nos Estados Unidos, os planos de removerem de uma praça a estátua do general confederado Robert E. Lee, em Charlottesville (Virginia)  (símbolo dos Estados escravistas do sul na Guerra Civil Americana 1861-1865) fez aprofundar feridas históricas quando grupos nazistas, supremacistas brancos e alt-right (nova direita radical), munidos de tochas e armas, decidiram exigir o direito de ter o símbolo do passado racista preservado. Desde o Governo Obama, vários Estados vêm adotando a política de retirar de áreas públicas símbolos confederados e racistas. Em maio, por exemplo, uma estátua do general Lee perdeu seu lugar de honra como monumento em Nova Orleans. Deveriam permanecer onde estão e com placas de bronze revelando a realidade dos fatos passados. Inclusive, na França, honrarias ao passado colonial ainda podem ser encontradas em Paris, onde a permanência de uma estátua de Jacques François Dugommier (1738-1794), proprietário de escravos da ilha de Guadalupe e “escravista fervoroso, jamais arrependido” – segundo o historiador Marcel Dorigny, co-autor do Atlas de las esclavitudes, desde la Antigüedad a nuestros días – gera controvérsia entre os moradores. Na Espanha, por sua vez, desde 2007, a lei da memória histórica determina a retirada de símbolos e monumentos públicos que tenham como objetivo exaltação de símbolos militares, da Guerra Civil, ou da repressão da ditadura franquista.

 

A Nação dos Bandeirantes Genocidas

 

A exaltação do mito dos bandeirantes é relativamente recente e está muito ligada com a construção da identidade paulista. A contestação do mito do herói que temos nos materiais didáticos ainda é branca e acadêmica. Entretanto, no Brasil de hoje, o problema hoje não são as estátuas, mas sim o fato de as pessoas não saberem do que se trata. Até para contestar, é preciso conhecer primeiro. E textos ridículos se amontoam nas redes sociais, depoimentos e notícias falsas de natureza torpe, o negacionismo e o assassinato da história são um risco diário.

 

A pergunta que ninguém faz em todo o mundo é se esses monumentos em homenagem a personagens polêmicos da história devem permanecer em local público e/ou como eles devem ser representados nos dias de hoje. Inaugurada em 1963, em comemoração ao IV Centenário do Bairro Santo Amaro, em São Paulo, a estátua de Borba Gato, do escultor Júlio Guerra, e seus 10 metros de altura revestidos de pedras coloridas, basalto, mármore e muita polêmica sobre sua qualidade estética, é só um dos muitos símbolos bandeirantes que sobreviveram ao tempo e à crítica no país. Mas a história precisa ser contada e o monumento precisa estar lá, para não apagar da memória coletiva, o mal outrora feito.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: divulgação.

 

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Democracia:

A solução ideal

O grande enigma político do Brasil é justamente a necessidade de se raciocinar sobre coisas óbvias na pauta política. Se ainda estivesse entre nós, Nelson Rodrigues poderia nos ajudar nessa busca ao óbvio ululante.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

11/06/2020

 

Com toda certeza, a culpa não é da oposição, até porque no Brasil ela nem existe. A última eleição teve a característica de liquidar a oposição, que nem possui um líder para chamar de seu.

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Chega a ser comovente o esforço de determinados eleitores de Jair Bolsonaro que defendem uma trégua política, para permitir que o país possa se reorganizar e seguir em frente, em meio a recessão mundial que vai nos atingir em cheio. Bem, sonhar não é proibido. Qualquer pessoa com um mínimo de senso crítico sabe que isso seria o ideal, na base do velho ditado de que é melhor um mau acordo do que uma boa briga.

 

Mas esse sonho de um acordo logo se desfaz, porque não está ocorrendo uma crise convencional, como costuma acontecer em outros países, onde a oposição às vezes é tão intensa e aguerrida que consegue impedir a ação do governo. Aqui no Brasil a situação, infelizmente, mostra-se muito diferente, porque não é provocada pela oposição.

 

O grande enigma político do Brasil é justamente a necessidade de se raciocinar sobre coisas óbvias na pauta política. Se ainda estivesse entre nós, Nelson Rodrigues poderia nos ajudar nessa busca ao óbvio ululante, que existe, mas ninguém consegue ver ou localizar.

 

Com toda certeza, a culpa não é da oposição, até porque no Brasil ela nem existe. A última eleição teve a característica de liquidar a oposição, que nem possui um líder para chamar de seu, pois Lula da Silva está descartado, a Lei da Ficha Limpa acabou com suas possibilidades eleitorais e o PT não tem sucessor.

 

Pense nisso. Os partidos que se dizem de oposição, como PT, PCdoB, PDT, PSB, Podemos etc., nenhum deles apresenta um líder que ameace o governo. Ciro Gomes seria o mais bem preparado e intelectualmente mais lúcido para entrar nesta batalha, mas esbarra na ignominiosa frente Lulopetista, uma barreira irracional a ele e à oposição como um todo!

Bem, como não há oposição para atrapalhar, deveria ficar mais fácil conduzir o governo, mas no Brasil não é assim. O presidente se atrapalha sozinho, nem precisa existir oposição. Sua atuação é tão desastrosa que chega a ser inacreditável, pois está conseguindo até desgastar a imagem de confiabilidade das Forças Armadas, vejam a que ponto chegamos.

 

O presidente, o vice, os ministros do núcleo duro do Planalto, todos são militares – um capitão, quatro generais e um major, e no palácio ainda tem um outro general de penduricalho, como porta-voz invisível. Na Esplanada, há mais quatro oficiais superiores como ministros e foram contratados quase 3 mil militares das mais diversas patentes para cargos comissionados.

 

É risível e diverte; Que militares são esses que não conseguem levar adiante um governo minimamente produtivo e confiável? O que realmente está impedindo esse governo de deslanchar? Até os sites de fake news e pornografia bancados pelos generosos anúncios do governo sabem que o culpado dessa bagunça toda chama-se Jair Messias Bolsonaro.

 

Por isso, não adianta uma trégua ou um grande acordo nacional, como foi conseguido pelo presidente Itamar Franco em sua brilhante gestão. É o atual governante que não quer trégua, não aceita acordo e se comporta como se estivesse sendo perseguido pelo Supremo e pelo Congresso. Por isso, faz o possível e o impossível para ser “nomeado” ditador e salvar o Brasil.

 

Portanto, a melhor solução seria o presidente pedir uma licença, se afastar e deixar o país em paz.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: divulgação.

 

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Política:

O Asno e a Toga

Messias tinha um discurso pronto para rebater didaticamente as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Preferiu ignorar tudo e partir para o improviso, apostando em um tom emocional.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

29/04/2020

       

E tudo isso em plena a maior crise de saúde das histórias do Brasil e do mundo conhecido.

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Na sexta-feira, 24/04, com um discurso desconexo, contraditório e improvisado, o ainda presidente, Jair Messias Bolsonaro não convenceu nem os apoiadores. Messias tinha um discurso pronto para rebater didaticamente as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Preferiu ignorar tudo e partir para o improviso, apostando em um tom emocional. O resultado foi patético: se perdeu nos fatos, disse frases desconexas e acabou agravando a crise política. Além da vergonha alheia de alguns membros da equipe de governo. O objetivo era mostrar que Bolsonaro nunca interviu na Polícia Federal, como disse Moro, e, ainda, que o ex-ministro havia sido desleal.

 

O presidente, no entanto, acabou divagando sobre questões que não tinham qualquer relação com o momento político. Deve ter dado um nó em sua assessoria de cabelos em pé, haja vista que um ou outro membro da equipe deste desgoverno, têm cognição diferenciada aos patamares da razoabilidade. Ao se apresentar como vítima do sistema, ele citou, por exemplo, até mesmo um processo enfrentado por sua sogra por alteração de documento, a passagem de uma avó da primeira-dama Michelle pela prisão, por tráfico de drogas, e as aventuras de Renan Jair, seu filho 04. É o que temos, é o que o povo queria e foi democraticamente.

 

Depois vieram as farpas de natureza púbere pelas redes sociais. É sui generis assistir à guerrilha de vaidades entre um presidente da República e um juiz, ex-ministro da justiça, dois homens adultos, como dois efebos engomados. O primeiro a se manifestar foi Bolsonaro, com um tuíte que parece ter a intenção de passar a imagem de Moro como um traidor ou que, ao menos, agiu de maneira ingrata. Na mensagem, o presidente postou uma foto em que aparece caminhando ao lado de Moro, com a mão no ombro do então ministro. A imagem é acompanhada do seguinte texto: “A VazaJato começou em junho de 2019. Foram vazamentos sistemáticos de conversas de Sergio Moro com membros do MPF. Buscavam anular processos e acabar com a reputação do ex-juiz. Em julho, PT e PDT pediram prisão dele. Em setembro, cobravam o STF. Bolsonaro no desfile do dia 7 fez isso”.  Quase passional, não é verdade?

 

A Vaza Jato foi uma série de matérias publicadas pelo site The Intercept e, mais tarde, vários outros veículos, sobre trocas de mensagens entre Moro e procuradores que colocaram sob suspeita a imparcialidade de Moro ao julgar os processos relacionados à Vaza-Jato, que acabaram, entre outras consequências, levando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à prisão e o impedindo de concorrer nas eleições de 2018. Depois da postagem de Bolsonaro, Moro respondeu, usando a mesma rede social. “Sobre reclamação na rede social do Sr. Presidente quanto à suposta ingratidão: também apoiei o PR quando ele foi injustamente atacado.

 

Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de Direito, e não de relacionamento pessoal”, afirmou Moro. A impressão que passa é que estes senhores têm a certeza absoluta que o povo que elegeu Messias como "O Mito" (e, consequentemente, levou o juiz da 13ª Vara de Curitiba ao Ministério da Justiça em circunstâncias bastante estranhas) é como o grande gado de seus pastoreios. Gado Eleitoral é um termo antigo que define a ignorância das massas elegendo sempre mesmos párias para cargos de políticas públicas.

 

É claro que houve muitos outros motivos para transformar Jair Bolsonaro em “lame duck” (pato manco), expressão que os americanos usam para definir um presidente em final de mandato, que não manda mais nada e perdeu prematuramente a chance de reeleição. A meu ver, a razão principal foi a paranoia da família, cujos membros cultivam a mania de perseguição, identificam inimigos por todos os lados, aceitam teorias conspiratórias sem fundamento e são capazes de se deixarem guiar por um guru terraplanista, não é preciso dizer mais nada. E tudo isso em plena a maior crise de saúde das histórias do Brasil e do mundo conhecido.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

 

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Análise contemporânea:

A morte do pensamento

Analisando o comportamento coletivo brasileiro em situações recentes, é evidente que boa parte das pessoas parece ter abandonado a criatividade como cultura do pensar.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

17/11/2019

 

O mapa mundi se povoou de ultradireitistas. De Le Pen e Salvini na Europa, passando por Duterte, nas Filipinas, até Bolsonaro, no Brasil.

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O raciocínio lógico e o pensamento crítico parecem estar em extinção. Teorias conspiratórias alucinadas, notícias falsas em lotes gigantescos, um mundo obscuro onde até o ato de vacinar uma criança, livrando-a de doenças da primeira infância, muitas delas fatais, passou a ser demonizado.

 

Analisando o comportamento coletivo brasileiro em situações recentes, é evidente que boa parte das pessoas parece ter abandonado a criatividade como cultura do pensar. Talvez pela ausência de uma educação de base incentivadora do hábito do questionamento, certo é que é raro haver um espírito crítico sério nos debates e diálogos, principalmente nos ocorridos na internet. Um vácuo de conexão entre as pessoas que é campo fértil para a desinformação, e explica, inclusive, o porquê da consolidação de notícias falsas. O que habita atualmente o senado, o congresso nacional e, fatalmente, o poder executivo, são produto desta tragédia psicossocial.

 

Os semelhantes convergem em tudo e os diferentes são completamente ignorados. Não há construção; pessoas se apegam às ideias mais sedutoras ao seu ego e as defendem sem nenhum escrúpulo, isso quando não se utilizam do argumento alheio como verdade universal em assuntos sobre os quais não têm o mínimo conhecimento. Teorias como a “terraplanista” e a do “nazismo de esquerda” encontram porto seguro nos dias atuais. Pseudo Filósofos, associados à extrema direita radical que prolifera na Europa e ameaça a América do Sul. Estes jogos de loucura têm na ignorância o comburente necessário para uma existência prolongada. O foco é idiotizar-se por diversão.

 

Guillermo Fernández Vázquez, pesquisador madrilenho e historiador, disse claramente: “A direita radical europeia está muito interessada em derrubar este Papa". O que ocorre no Brasil é a extensão de um presente distópico aterrorizante. Suécia, Holanda, Dinamarca, França e Alemanha estão entre as nações mais prósperas do planeta e garantem a seus habitantes os padrões de vida mais altos. No entanto, em todas elas estão em alta populistas que se alimentam do ressentimento e promovem discursos de ódio. Causas de um fenômeno de alcances e consequências imprevisíveis. Os neonazistas sentem-se no paraíso. Neste cenário, o mapa mundi se povoou de ultradireitistas. De Le Pen e Salvini na Europa, passando por Duterte, nas Filipinas, até Bolsonaro, no Brasil. Populistas de extrema-direita deixaram de ser uma área restrita de espectadores nostálgicos para se tornarem uma cruzada mundial. Fascistas e neonazistas, xenófobos, fundamentalistas religiosos, soberanistas, regionalistas, autoritários ou movimentos pós-ideológicos como o italiano Cinco Estrelas formam uma nova cartografia planetária da oferta política. O sucesso eleitoral os tem acompanhado de forma ascendente desde quando, a partir de meados dos anos 80, a extrema direita francesa da Frente Nacional (hoje Reagrupamento Nacional) rompeu o cerco onde vivia confinada com apenas 2% dos votos.

 

A terra de conquista mais vulnerável continua a ser a Europa. É a partir do Velho Continente, onde os populistas cinzentos estão construindo o que eles mesmos chamam de “uma internacional populista”. Steve Bannon, o ex-conselheiro de Donald Trump, mudou-se para Bruxelas, onde fundou O Movimento com o objetivo de reunir todos os partidos nacionalistas e de extrema direita e tomar de assalto o Parlamento Europeu nas eleições europeias de maio de 2021. Para ele, a Europa “é o centro do levante populista e nacionalista” que levará esses movimentos “à vitória e a governar”, disse Bannon em agosto do ano passado quando chegou a Bruxelas.

 

Na capital belga, Steve Bannon instalou seu quartel general em uma luxuosa residência de 1.200 metros quadrados com parque e piscina. Seu proprietário é Mischaël Modrikamen, empresário, advogado e líder do partido político liberal-conservador de extrema direita Partido Popular (6% das intenções de voto). O projeto da internacional populista tem uma extensão na Itália através do mosteiro medieval de Trisulti onde, com o apoio de dois outros personagens, Benjamin Harnwell e o cardeal conservador Raymond Leo Burke, espera abrir ali uma academia, isto é, uma escola de capacitação de populistas e nacionalistas. Benjamin Harnwell é o fundador do think tank Dignitatis Humanae Institute (Instituto para a Dignidade Humana), enquanto o cardeal Burke é um adversário ferrenho do Papa Francisco. E é aí que o maior perigo habita. A desconstrução do raciocínio lógico e do que refuta a ciência são a agenda permanente destes senhores. Como diria Paulo Leminsk, "O Poder é o Sexo dos Velhos".

 

Bannon que elegeu, também, Jair Messias Bolsonaro no Brasil, preside o cenáculo daquilo que o pensador italiano Antonio Gramsci chamou de “monstros”. Estes chegaram a perturbar o confronto esquerda-direita, em vigor desde o início do século XX.

 

Uma das frases mais citadas pelos analistas ocidentais pertence a Gramsci. Até parece que a escreveu hoje: “o velho mundo morre e o novo mundo tarda em despontar. Nesse claro-escuro aparecem os monstros”. Por enquanto, andam separados.

 

Na realidade, vivemos num tempo em que qualquer idiota pode ser o pastor encantado de um gado feliz, que passará pano para todo e qualquer discurso por ele propagado, por mais abjeto que seja. Basta, para isso, ser altissonante, confiante e convincente. Quanto mais absurdo, mais bem aceito. É um nocaute certeiro e sem volta no pensamento crítico contemporâneo.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

 

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Brasilidade:

O jeitinho brasileiro de ser imbecil

O brasileiro tem jeitinho para tudo. O “jeitinho brasileiro” é o gameta que conduz o espermatozoide que fecunda a corrupção robusta e permite que sua genealogia se espalhe para outras gerações.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

26/03/2019

 

Quem acompanha os noticiários não pode negar a quantidade de pessoas enquadráveis no perfil “homem de bem” praticando violências, crimes e agressões contra o próximo.

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As redes sociais são o resultado óbvio de toda a masturbação existencial que nos torna animais cibernéticos obedientes aos ditames das mesmas e nada mais, além disso. Foi através destas redes sociais que um capitão paraquedista banido do exército brasileiro, alcançou a presidência da República Federativa do Brasil. Com uma colaboração imensa, que seja bem frisado, dos quatro governos, do ponto de vista moral e ético, desastrosos do PT de Lula, Dirceu, Dilma, Falcão e grande elenco de cretinos.

 

O Partido dos Trabalhadores lutou por longos 30 anos para implantar uma filosofia social democrática que relegou ao povo algumas migalhas e muitos problemas. Foi neste trampolim surreal que surgiu a extrema direita, capitaneada pelos grandes banqueiros, por militares de carreira amparados na figura de um João bobo energuminzado por suas próprias declarações execráveis. Trazendo na bagagem uma família de acéfalos, o capitão foi muito bem direcionado pelo mago do Neo Fascismo, Steve Bannon; o homem que vem há 40 anos, idealizando o domínio total e sistêmico das nações ocidentais, desenvolvidas ou não. E quem tem um interlocutor e conselheiro como Olavo de Carvalho, pode dispensar o diabo e deixar o jumento de plantão.

 

Não ocorre somente no Brasil e sim no mundo ocidental inteiro. A Política é o grande problema para o Desenvolvimento Humano. Os Políticos não são homens sábios e eu daria se pudesse toda a riqueza do mundo para aquele que provasse ser um sábio. As populações também não são sábias, principalmente nos países em desenvolvimento. No Brasil, perdeu-se a capacidade de raciocinar com o mínimo de acuidade lógica há algumas décadas e os anos negros da ditadura militar que se estenderam de 1964 a 1985, determinaram o início do planejamento de emburrecimento coletivo.

 

A receita que faz de qualquer indivíduo, uma peça poderosa neste Ramo Social, é a antiga e infalível Demagogia. Atualmente, além da boa e velha falácia demagógica, a Política dos políticos direcionada à ignorância popular. Com o advento da Web e seus recursos formidáveis de comunicação, as notícias falsas ou Fake News para os modernosos perdidos, dão o compasso da desgraça anunciada pelos tambores da corrupção. Twitter, Facebook e o famigerado Whattsap são o púlpito dos ignorantes que atraem, obviamente, mais ignorantes para seu teatro de cretinices.

 

O brasileiro tem jeitinho para tudo. O “jeitinho brasileiro” é o gameta que conduz o espermatozoide que fecunda a corrupção robusta e permite que sua genealogia se espalhe para outras gerações. O brasileiro também tem um jeitinho muito próprio de ser imbecil. Ele não vê o político que o espolia com revolta ou descontentamento, ele o vê como Mito.

 

Os Presidentes, Senadores, Ministros, Deputados, Vereadores e Prefeitos, incluindo os Secretários, Subsecretários e demais apoiadores, são belas convenções para a feiura da Corrupção genética entranhada em um Estado ser despercebida pela população de um país muitas vezes.

 

O Povo acredita-se representado pelo primeiro Demagogo que lhe parece simpático, inovador, renovador, evolucionário e revolucionário. O Demagogo e o seu Partido, o qual é sempre uma turba de meros interesseiros de ambos os sexos unidos por um pano de chão que eles chamam de bandeira (colorida de diversas maneiras conforme as orientações ideológicas de seus seguidores), hipocritamente adota como seus os pobres, os miseráveis, os discriminados e, como nunca esquece, os ricos que sustentam-lhes nas campanhas ou quando já exercem os seus respectivos Cargos Políticos. Para isso valem as mais variadas trapaças, desde "Caçadores de Marajás" a Combatentes das "vergonhas sociais", como os movimentos de minorias, as cotas raciais, a educação liberal e os avanços científicos, o socialismo, o assistencialismo e a liberação do porte de armas para "Cidadãos de Bem" (Cuidado com a Pessoa de Bem: ela pode te dar um tiro). Criou-se a última, e perigosa, ilusão que tem feito eco em mentes hipócritas: a chamada Pessoa de Bem.

 

Contra nossas falsas ilusões, a realidade tem sido chocante. Quem acompanha os noticiários não pode negar a quantidade de pessoas enquadráveis no perfil “homem de bem” praticando violências, crimes e agressões contra o próximo. Maridos de classe média socando as esposas, garotões fitness batendo nas namoradas ou apelando, quando não dando tiros, no trânsito, por causa de nada. Tudo isso para nos provar que o mal é inato em todas as pessoas e não convém estimular um faroeste. As redes sociais são largamente usadas para enaltecer a "pessoa de bem" e armá-la até os dentes contra o mal. Mas o que se vê no dia a dia são famílias e grupos sociais se exterminando. Portanto, menos credulidade com os sorrisos estampados nos perfis. O racismo agora é transparente, a aversão à comunidades LGBTs, as favelas cada dia mais massacradas...enfim, tudo em nome do "cidadão de bem" e do demônio comunista.

 

Se não é de direita, é comunista

 

Por falar no comunismo, que por ventura fechou o parágrafo anterior, se o indivíduo não concorda com as "caneladas" do governo vigente é "comunista - esquerdopata". E os beócios obcecados pelo capitão cavernoso, ainda citam a miserável Venezuela como exemplo deplorável. Só que a Venezuela nunca foi uma preocupação de cunho humanitário deste governo, agora alinhadíssimo com a Casa Branca de Donald Trump.

 

Bom, petróleo e derivados respondem por 96% das exportações da Venezuela (no Brasil, por exemplo, são só 9%). O boom na cotação do barril, na década passada, sob o governo Chavez, fez ingressar na Venezuela mais de US$ 750 bilhões. Com controle total sobre a maior fonte de riqueza do país e achaques a empresários, Chavez aproveitou a bonança para expandir ainda mais a presença do Estado na economia. Um em cada seis venezuelanos terá deixado seu país até o fim de 2019. Um êxodo de 5,3 milhões de pessoas.

 

Comprou da iniciativa privada o controle de siderúrgicas, bancos, indústrias de alimentos, fábricas de todo tipo. Entre 2008 e 2015, o setor privado recuou de 70% para 20% do total de bens de consumo providos no país. A queima de dinheiro colocou lá em cima o déficit público (ou seja, o tanto que o governo gasta a mais do que arrecada). O Brasil, que precisa de reformas para não quebrar, tem hoje um déficit de 7,5% do PIB. O da Venezuela chegou rapidamente a 16%.

 

Com os recursos públicos quase todos destinados a cobrir o déficit, começou a faltar dinheiro na joia da coroa, a PDVSA ( a “Petrobrás” venezuelana). A produção de petróleo implodiu, saindo de 3,2 milhões para 1,5 milhão de barris diários (menos que a Petrobras, que tira 2 milhões de barris/dia). Para piorar, a cotação do barril de petróleo saiu de US$ 103 em 2014 para US$ 35,7 em 2017. Com menos dólares entrando, o país empobreceu severamente: em 2012, eles importavam US$ 62 bilhões. Em 2018, foram só US$ 9,2 bilhões (o Brasil, para dar uma referência, importou US$ 180 bilhões no ano passado, com dólar em alta e tudo o mais).

 

Para ter como pagar os salários dos funcionários públicos, o governo recorreu à mais imbecil das soluções: ligar as impressoras de dinheiro. Com mais moeda em circulação do que coisas para comprar, não deu outra: os preços inflaram. Em 2019, a inflação venezuelana deve passar dos 10 milhões por cento, segundo o FMI. Em meio a esse caos, a retração do PIB chegou a 13,7% em 2017; mais 15,4% em 2018. Hoje, nove em cada dez venezuelanos estão abaixo da linha da pobreza. Nisso, o governo Maduro entrou em colapso. Sua última eleição foi declarada.

 

Mas falta combinar com os russos. A declaração de Guaidó não vale nada dentro da Venezuela, porque Maduro tem costas quentes. Com uma força militar e paramilitar bem armada, o ditador tem instrumentos para intimidar quem lhe faça oposição. Em 2008, Hugo Chávez distribuiu 100 mil fuzis para sua milícia. Em 2017, foi a vez de Maduro armar outros 500 mil. A milícia, uma espécie de SS implementada pelo chavismo, tem sido responsável por boa parte da repressão, e segue fiel ao líder chavista.

 

Os militares venezuelanos, que dão suporte a Maduro no poder, controlam 14 dos 32 ministérios, além de gerir a PDVSA, responsável por basicamente todas as receitas em dólar do país e, sem surpresa, de onde sai boa parte dos desvios de recursos públicos  – de acordo com uma delação do banqueiro suíço Matthias Krull, só a família de Maduro desviou US$ 1,2 bilhão. Além dos militares, Maduro possui ampla condescendência do Judiciário, o qual tratou de aparelhar ao longo de seu mandato. Ainda que enfrente oposição na Assembléia, como a do presidente da casa, há pouco ou nada que o Legislativo possa fazer tendo as mãos atadas pelos juízes. Mantido o poder, Maduro enfrentaria novas eleições apenas em 2025, quando a Revolução Chavista completaria 27 anos. Se ainda estiver por lá, não restam dúvidas de que a Venezuela terá ensinado lições valiosas sobre como arruinar um país, independente de qual sistema estivesse vigente por lá.

 

O quão é preocupante esta salada indigesta de ignomínias que vivenciamos quem raciocina com o mínimo de lógica e prima belo bom senso, tem plena consciência. O que nos aguarda mais adiante, talvez não importe muito, quando providências presentes são o que a atual situação necessita. O povo brasileiro recuou meio século no que assemelhar-se-ia às mudanças pura e tragicamente demagógicas.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

 

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Passado e história:

Não se combate a ignorância, se acaba com ela

O que aconteceu envergonharia D. João VI, o príncipe ilustrado que fundou o museu, uma das mais importantes instituições científicas, educacionais e culturais do hemisfério Sul.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

05/09/2018

 

Os empresários brasileiros inscritos na Lei Rouanet preferiram comprar a ideia de ampliar as multidões em shows pop-bregas pelo País a destinar o que podiam a uma causa nobre, porém nada popular por aqui.

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Muitos só tomaram conhecimento agora sobre o acervo que constituía o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que acaba de ser incinerado menos pelo fogo do que pela negligência. Uns dizem que era o passado. Mas “passado” não é aquilo que guardamos nos museus (isso é História viva). Passado é no que um museu se transforma quando pega fogo.

 

Ao contrário do que sugeriu o prefeito do Rio de Janeiro, pode-se reconstruir o prédio, mas não seu conteúdo de impressionantes 20 milhões de itens, peças únicas que se perderam para sempre. Imagem de um país que adora cultuar mitos de terceira categoria, as chamas da burrice se alastram e ferem de morte o que nos resta de civilização. Definitivamente, cumprimos bem o papel de povo inculto!

 

No que era o Museu Nacional, então residência da família imperial pelos idos de 1821, foi assinada, pela princesa regente Maria Leopoldina, em reunião com o Conselho de Estado, a Independência do Brasil. O documento livrou-nos de Portugal, mas não da burrice congênita dos nativos. O império austro-húngaro reivindicou diplomaticamente a coleção de peças e relíquias greco-romanas da Imperatriz Teresa Cristina depois da deposição da monarquia e da iminente morte da esposa de Pedro II. O governo republicano dos tiranossauros de farda que golpearam o imperador negou, ressaltando que a Europa já teria "pilhagens demais em seus tesouros históricos". Se estas raridades estivessem no Museu de História de Viena, estariam seguras.

 

O que aconteceu envergonharia D. João VI, o príncipe ilustrado que fundou o museu, uma das mais importantes instituições científicas, educacionais e culturais do hemisfério Sul. À qual a República atual, inimiga dos orçamentos públicos, deu uma banana. D. João VI a criou, quase se pode dizer que nossos governantes a destruíram.

 

Ironicamente instalado na Quinta da Boa Vista, o Museu Nacional já não faz boa figura ao país dos descalabros. De tanto fechar os olhos à instituição, por fim restou-nos cobrirmos a cara. Vexaminoso. Imperdoável. Lugar de museu é em Paris não é mesmo? Cada um investe seu tempo e seu dinheiro naquilo que dá valor. Os empresários brasileiros inscritos na Lei Rouanet preferiram comprar a ideia de ampliar as multidões em shows pop-bregas pelo País a destinar o que podiam a uma causa nobre, porém nada popular por aqui. Afinal, pra que museu no Brasil se eu posso ir no Louvre? Parece um questionamento irônico, mas é bom notar que apenas uma elite frequenta museus. E, então, é assustador saber que essa elite brasileira cultural e/ou econômica conseguiu a façanha de ter frequentado mais o Louvre do que o Museu Nacional.

 

Mas o fato é que o Museu Nacional e seus fósseis de milhões de anos; sua arte indígena de povos que já desapareceram sem deixar outros vestígios que não os que estavam lá; sua riquíssima coleção e única de botânica e zoologia; e com o crânio de Luzia, a mulher de 12 mil anos que mudou a história da ocupação humana no continente, tudo isso foi menos atraente aos financiadores do que shows de Cláudia Leitte e Jota Quest. A iniciativa privada brasileira deixou bem claro quais eram suas prioridades. Digno de nota é o caso de Luzia, o fóssil mais antigo das Américas, ali guardado, conseguiu sobreviver 12 mil anos, mas não sobreviveu ao Brasil contemporâneo e a seus políticos. Estaria a salvo, tanto ela quanto os fósseis de dinossauros, se continuassem enterrados.

 

Não há ameaça maior à cultura do que políticos imbecis, e ao que parece caminhamos para uma nova tragédia política. Parece que ao invés de evoluir gostamos de regredir. Os museus brasileiros que se cuidem. Mas, com a ignorância não se dialoga ou se entra em conflito; se acaba com ela.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: Tânia Rego/Agência Brasil.

 

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Vida contemporânea:

Felicidade é destruir o mundo

Segundo o "Living Planet Report" do Fundo Mundial para a Natureza (WWF)

“no final do anos de 1980, a humanidade passou a consumir recursos mais

rapidamente do que a Terra poderia regenerá-los.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

09/02/2018

 

Podemos fazer todas as lições da sustentabilidade e mesmo assim sermos exterminados pela patogenia de um vírus mutante, ou mesmo por uma pedrada sideral, como se acredita ter ocorrido com os dinossauros, há 65 milhões de anos.

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Nossas máquinas são poderosas e a tecnologia avança numa velocidade que até dá vertigem. O nosso jeito de ser civilizado, com o desenvolvimentismo a todo custo, nos conduziu a um momento na história da Terra em que temos nas mãos o poder de traçar o nosso próprio destino como espécie. É a Era Antropozoica, já reconhecida pelos estudiosos do assunto. Que fique claro que não se trata uma verdade absoluta. É mais ou menos como as doenças evitáveis. Uma pessoa pode optar por não ser fumante, acreditando que com isso vai evitar o enfisema e o câncer nas vias respiratórias. No entanto, por outras razões, artificiais ou naturais (genéticas, por exemplo) essa pessoa pode vir a desenvolver uma dessas doenças. Podemos fazer todas as lições da sustentabilidade e mesmo assim sermos exterminados pela patogenia de um vírus mutante, ou mesmo por uma pedrada sideral, como se acredita ter ocorrido com os dinossauros, há 65 milhões de anos.

 

Mas o fato é que o velho mandamento do Pentateuco “Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a” foi cumprido da forma mais bruta e cabal. A manada humana atingiu um número assustador de indivíduos e nossa civilização chegou a uma concepção de vida em que viver consiste em ser feliz. E felicidade é consumir. E consumir implica em emitir gás estufa, consumir o planeta com a mesma voracidade com que as lagartas consomem as folhas de jasmim. Nossa felicidade é poluidora, daí que adotar um novo estilo de vida, que seja ambientalmente sustentável, nos causaria imensa dor. O que queremos é ser felizes. Ainda que com isso estejamos comprometendo a nossa própria continuidade. Trocar o nosso conceito de felicidade, ou mesmo abrir mão da felicidade no conceito atual parece estar fora de cogitação. Este motivo vem se juntar aos demais que já listamos em outros artigos das razões pelas quais é muito difícil tomarmos uma atitude efetiva, no particular e no coletivo, que implique em maior sustentabilidade dos recursos naturais.

 

Já existe um descompasso entre o consumo e a regeneração ambiental. Segundo o "Living Planet Report" do Fundo Mundial para a Natureza (WWF) “no final do anos de 1980, a humanidade passou a consumir recursos mais rapidamente do que a Terra poderia regenerá-los, e essa lacuna está aumentando a cada ano. Os impactos planetários dos estilos de vida altamente consumistas praticados no mundo industrializados não podem ser generalizados: o fato é que o planeta simplesmente não é capaz de arcar com muitas pessoas que consumam como os norte-americanos”. Segundo um estudo que pode ser visto em aqui, se todo mundo vivesse da mesma maneira que um norte-americano médio, simplesmente precisaríamos de 5,3 planetas com recursos semelhantes aos da Terra. E até agora os poderosos olhos do Hubble não vislumbrou nem 0,3 planeta com essas características na imensidão dos anos-luz do firmamento em que seu olhar perscruta infatigavelmente.

 

E, para preocupação geral do dos terráqueos, essa disparidade de consumo entre um cidadão de país rico e outro de país pobre, antes de gerar a necessidade de se buscar maior parcimônia e equilíbrio no consumo dos bens, gera mesmo é a sensação de injustiça. Primeiro a pergunta fatal: por que eles consomem tanto e nós consumimos tão pouco? Ou seja, por que eles são tão felizes e nós tão fracassados? Os grandes consumidores não perguntam nada. Num segundo momento, essa sensação de injustiça vai se agigantar, quando vierem as intempéries do clima (elevação dos mares, secas, dilúvios, calor horrível, desertificações, declínio da fertilidade do solo), as doenças e a escassez de todo tipo e os pobres do mundo saberem que o seu terror é consequência direta da felicidade auferida por outros que acabaram por brocar o planeta antes que os pobres tivessem acesso à felicidade.

 

Quanto se trata de poupar a natureza e, por consequência, a vida, o mundo está cheio de Pilatos. A china, por exemplo, que já vem alçando-se à condição de o maior emissor de gás de efeito estufa em razão de ter se tornado o chão de fábrica do mundo, já avisou: “Precisamos de um novo modelo de desenvolvimento que signifique altos padrões de vida com emissões mais baixas per capta. Se alguém encontrar esse modelo, a China o seguirá.”

 

Enquanto ninguém assume uma posição moral e efetiva de defender a plataforma que nos sustém, os indicadores econômicos, ao estilo norte-americano, continuam sendo o talismã da civilização. Ou seja: é mais importante o registro de crescimento e lucro no balanço do fim do ano do que assegurar a existência da vida no final do século.

 

Fontes:

 

"Um mundo sem gelo" Henry Pollack

https://www.estantevirtual.com.br/livros/henry-pollack/um-mundo-sem-gelo/1109427243

 

"A questão ambiental" Sandra Baptista da Cunha | Antonio Jose Teixeira Guerra

https://www.travessa.com.br/a-questao-ambiental-diferentes-abordagens/artigo/e1bd252c-8f3f-41a9-b498-af752e261c88?pcd=041&gclid=CjwKCAiA5OrTBRBlEiwAXXhT6I--YiybLlrNaWSpRo_62WYZaZRTU1sGFUQrHMoy3ACyzlGQinSWSRoCld0QAvD_BwE

 

"Cidades e soluções" André Trigueiro

https://www.travessa.com.br/cidades-e-solucoes-como-construir-uma-sociedade-sustentavel/artigo/18b640f0-c405-47e9-8c75-de50d1c0a290

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

- Foto: Divulgação/ newskarnataka.com.

 

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Brasil atual:

Nossa cleptocracia é uma tragédia sem precedentes

Faz mais de trinta anos que o governo brasileiro não segue qualquer religião

ou método político, econômico e social, apenas a cleptocracia, implantada sorrateiramente,

culminando neste caos e crise atuais sem precedentes.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

13/06/2017

 

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Em princípio, a célebre frase “a religião é o ópio do povo” se reveste de credibilidade quando as tragédias acontecem e suas vítimas proferem que “Deus quis assim”, demonstrando resignarem-se à própria sorte, situação que dificilmente este Deus, na sua infinita bondade, concordaria. Contra esta aceitação de males ocasionados pela natureza ou pelo ser humano, eu igualmente concordaria com Marx, pois refugiar-se na religião retira do homem sua necessária resistência, deixando-o sem reação contra o que lhe afronta a vida, o seu destino.

 

Este governo é composto por ladrões, que dividiram a nação entre aliados e cúmplices, e se locupletam roubando o erário e povo. Faz mais de trinta anos que o governo brasileiro não segue qualquer religião ou método político, econômico e social, apenas a cleptocracia, implantada sorrateiramente, culminando neste caos e crise atuais sem precedentes.

 

Esta realidade malévola e contrária à população e ao país tem chancela oficial, defendida até mesmo em tribunais superiores, inclusive o Supremo, que resiste em combate esse modo de “administrar” o Brasil, à base de assaltos às estatais, fundos de pensão, empréstimos consignados, recessão econômica, desemprego e inadimplência, com ética e moral deletadas das condutas dos poderes. É o que se conclui diante da postura do TSE, que rejeitou as provas apresentadas sobre o comportamento criminoso deste governo, alegando que precisamos de “estabilidade política”, mesmo que obtida mediante roubos e propinas.

 

Marx e Engels, Buda e Cristo, nenhum deles jamais imaginaria um governo como o nosso, cujo único objetivo é a corrupção, a desonestidade e a mentira, com chancela das mais altas cortes, que não reconhecem a necessidade de limpar as instituições e retirá-las da podridão que se encontram, impedindo que o Brasil tenha a esperança de amenizar pelo menos a doença que o leva para o leito de morte inexoravelmente – a corrupção.

 

Lamento que os importantes argumentos abordados em diversos discursos e artigos pela ministra Carmem Lucia, não possam seguir adiante, em face das características absolutamente inatas desta terra, deste território, deste modo de governar, que nos destrói a cada ano, e nos esmaga contra uma realidade brutal de falta de segurança, saúde e educação, inversamente proporcionais à riqueza dos ladrões do povo, das falsas autoridades, e da gente da pior espécie que está encastelada nos poderes constituídos, mantida e protegida por uma “justiça” bizarra, igualmente deletéria e abjeta.

 

Marx e Engels jamais imaginaram um país como o nosso, e Buda e Cristo nunca pensaram que um povo seria tão submetido às humilhações e desrespeito, tais como somos tratados, caso contrário teriam sido mais contundentes nas suas pregações e bem menos condescendentes.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

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Escândalo da Presidência:

No Brasil, a Lei de Talião da política é impiedosa

O filme apresenta até a numeração das notas dos pacotes de dinheiro utilizados na sequência dos obscuros entendimentos com a participação do Palácio do Planalto. Nos pacotes foram colocados chips para assegurar a exibição dos conteúdos.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

18/05/2017

  

Temer emporcalha definitivamente a sua imagem. Deve renunciar.

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Seja qual for o desfecho da delação praticada pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS e da Friboi, uma coisa é certa: o governo Michel Temer explodiu e o presidente da República flutua no espaço vazio. Foi uma bomba no cenário político do país porque revelou – reportagem de Lauro Jardim e Guilherme Amado na edição de O Globo online – a existência de filme e gravação mostrando a concordância de Temer com operação de suborno para assegurar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha quanto ao envolvimento do presidente da República no esquema desvendado pela Operação Lava-Jato.

 

O filme apresenta até a numeração das notas dos pacotes de dinheiro utilizados na sequência dos obscuros entendimentos com a participação do Palácio do Planalto. Nos pacotes foram colocados chips para assegurar a exibição dos conteúdos. A posição do presidente Michel Temer, ao aceitar a realização da Operação Eduardo Cunha, tornou-se automaticamente insustentável. Perdeu as condições de permanecer presidindo o país.

 

Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.

 

Além de Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) também foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

 

A repercussão do furo jornalístico de Lauro Jardim e Guilherme Amado foi imediata na Câmara e no Senado. Os deputados da Oposição se apressaram em pedir o impeachment de Michel Temer. O presidente Rodrigo Maia se esforçava, mas não conseguia conter os ânimos, até porque não tem carisma e não merece respeito. Apressou-se em dar a volta na Praça de carro para se dirigir ao Palácio do Planalto e pedir instruções a Temer, que estava quase tendo um enfarte e não sabia o que fazer. Os  ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) estavam tão abalados quanto Temer, porque sabem que o presidente será inevitavelmente afastado e eles perderão o foro privilegiado. E assim as reformas da Previdência e das leis trabalhistas foram literalmente para a cucuia.

 

A política é algo imprevisível. E como dizia o historiador Hélio Silva, a história não espera o amanhecer. O Brasil acordou na quarta-feira com um panorama de rotina.  Vai acordar nesta quinta-feira com uma outra realidade, dentro de uma sequência extremamente crítica. Assim se descreve os imprevistos do acontecer. Piada de humor negro – Mantega agora não pode dizer que a mulher está sendo operada, porque no caso das propinas ele próprio era o operador.

 

Vergonha, a palavra de um momento delicado, incauto, sem sentido...O Brasil sangra. Se Temer ainda tiver um mínimo de juízo, tem de renunciar logo ao mandato e se livrar do sofrimento de um inevitável processo de impeachment, que levará entre quatro e seis meses. Aos 76 anos, já deu o que tinha de dar, precisa voltar para casa, educar o filho pequeno, para que se torne um homem de bem e não repita seus erros, e ser consolado pela esposa, que é recatada e do lar. É mais prudente que Temer se recolha à sua insignificância pelo resto de seus dias. Os brutos também amam e assim caminha a humanidade. 

 

Joesley Batista entregou à Procuradoria-Geral da República uma gravação que piora de forma descomunal a tempestade que já cai sobre a cabeça de Aécio Neves (PSDB-MG). No áudio, o presidente do PSDB surge pedindo nada menos que R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato. O diálogo gravado durou cerca de 30 minutos. Aécio e Joesley se encontraram no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves. Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não era o verdadeiro objetivo de Aécio. O estranho pedido de ajuda foi aceito. O empresário quis saber, então, quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o seguinte diálogo, chocante pela desfaçatez com que Aécio trata o tema:

 

— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propôs Joesley.

 

— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio.

 

O presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística. Aécio, que já nasceu rico, joga na lama a memória de seu avô Tancredo Neves e de seu pai, o ex-deputado Aécio Cunha, dois homens ricos e simples, que jamais se mostraram adoradores do deus Dinheiro. Aécio recebeu o legado dos votos, mas não herdou a dignidade da família Neves. Sua mãe, Inês Maria Neves Faria, ficou viúva do banqueiro Gilberto Faria, é uma das mulheres mais ricas do país. Mas é Aécio é como seu contraparente Sérgio Cabral, que se casou com Susana Neves e entrou para a política sob as benções da família de Tancredo. Aécio e Cabral são dois grandes amigos e agora têm um encontro marcado na cadeia. E o pior é que se comprova a ligação com a famiglia Perrela, envolvida no estranho caso do helicóptero carregado de cocaína, que não deu em nada, apenas o piloto foi processado. Ainda há quem acuse a Lava Jato de só incriminar/perseguir os petistas… O fato concreto é que a fila está andando, já entrou na esfera estadual e o Judiciário não perde por esperar. Diante dessa barbaridade, que deixa o verdadeiro Temer desnudado em público, se o TSE evitar a cassação dele, separando as contas das chapas, é melhor fechar para balanço.

 

Pode até não sofrer impeachment, embora seja este o seu caso, vista sua participação seja pelo ângulo político seja pelo ângulo jurídico. Pode escapar do impedimento, mas não escapará de si mesmo. Já nem é caso de impeachment, terá mesmo de renunciar. Não pode mais permanecer na presidência do país. Perdeu as condições básicas para isso. Tornou-se réu perante a opinião pública de um processo de corrupção no qual deixou nítida sua participação. Basta lembrar que o ex-deputado Eduardo Cunha encontra-se na carceragem de Curitiba, condenado pela Operação Lava-Jato e com a cassação de seu mandato confirmada por 90% dos integrantes da Câmara. Votaram a favor de sua cassação 450 deputados federais.

 

Quem com ferro fere...No Brasil A Lei de Talião da Política é impiedosa.

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

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Biografias não autorizadas:

Ninho de Serpentes

O sucesso da música popular brasileira fez com que artistas passassem

a enxergar a vida e o mundo pela perspectiva da caixa registradora.

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

18/12/2013

  

Todo brasileiro acaba pagando o preço da glória de seus presidentes ou de seus ídolos.

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Essa gente que foi censurada no passado topa agora vestir a carapuça de censores. É esse o preço que pretendem pagar por alguns tostões a mais na conta bancária no final do mês? Claro! Quem acredita nos singelos versos de um musico poeta, acredita em Papai Noel e Mula sem Cabeça. Não só os políticos emporcalham a história deste país, mas os artistas deste país, também! Por dinheiro destroem suas próprias famílias, roubam parceiros, sangram suas relações, negam paternidades biológicas e, agora, combatem o próprio povo. Aqueles que sustentam suas satisfações parasitárias. É preciso parar e refletir um pouco sobre o que é bom ou péssimo para nós.

 

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan, João Gilberto e o "engessado" e sem ritmo, Roberto Carlos. Este último, já não esconde seu interesse puramente financeiro. Como se publicar livros no Brasil fosse um negócio da China! Talvez se essas biogramerdas fossem agir no inconsciente coletivo como essas imundices de auto-ajuda que invadem as prateleiras das livrarias todos os dias, quem sabe?! Mas chega ser risível, beirando ao ridículo. Principalmente a biografia "Roberto Carlos em Detalhes" de um tal de Araújo, que me aventurei a ler por pura curiosidade mórbida, pois tenho lá meus "bodes". Tacanha; tanto minha decisão de ler aquele lixo, quanto a própria publicação. E o lixo ainda tem lá suas vantagens, se este for reciclado com tecnologia e boas intenções.

 

Por isso espanta e dói ver essa "gente", que podia e devia ser a "gente do bem (apesar de não ver talento algum em um deles)", transformar-se em “gente” do mal, o grupo da censura. Estão agora mais disfarçados, envergonhados, mas sempre gulosos e insaciáveis. Continuam cercando o Congresso Nacional, tentando garantir em lei a censura às biografias, seja em livros, filmes, televisões, revistas, jornais. Ainda bem que na semana passada o STJ (Superior Tribunal de Justiça) derrotou uma ação de João Gilberto, que tentava tirar das livrarias, confiscar, queimar uma singela biografia dele. Biografias, diga-se de passagem, ridículas, sem nenhum cunho cultural-histórico ou coisa parecida. E que representam, mal e parcamente, no máximo 3% do mercado editorial do país. Porquê não processam os autores, caso se sinto aviltados? Não! VAMOS CENSURAR! Mas se nos derem uma participação financeira, aceita-se o estupro. Estamos feitos!

 

Em outubro, a Folha de São Paulo publicou um Editorial assinado pelo "Procure Saber". Não parece ter sido redigido por Paula Lavigne, semi-alfabetizada que é, mas era asquerosamente autoritário.

 

Todo brasileiro acaba pagando o preço da glória de seus presidentes ou de seus ídolos. E se você for contar nos dedos das mãos os ídolos nacionais (Tiradentes, Getulio, Juscelino, Pelé...), não há como deixar de incluir a trinca Roberto Carlos, João Gilberto, Gilberto Gil. O sucesso da música popular brasileira fez com que esses artistas passassem a enxergar a vida e o mundo pela perspectiva da caixa registradora. O contrassenso se mostra no fato de que a maioria desses artistas sempre foi de esquerda, e na década de 1960 não estava lutando pela democracia coisa alguma, e sim por um regime ditatorial comunista. A censura, portanto, faz parte de sua visão de mundo desde sempre. Não mudaram nesse aspecto.

 

Até quando iremos pagar tão caro para que estes ídolos nos salvem? Digo "iremos" de um modo geral, é claro. A expressão idolatria não faz parte do meu dicionário, idolatria é o cacete!

 

Neste espaço, será cada vez mais rara a menção da MPB Moderna. Talvez alguns “uns e outros” em início de carreira, amigos que, como eu, empunho e toco alguns instrumentos. Amigos ou não... Que tenham talento somente. Mas que são loucos o bastante para tentar a sorte neste ninho de serpentes que é o nosso showbiz.

 

"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las."

(Santo Agostinho)

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

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Rio de Janeiro:

Caos e displicência para enfrentar tempestade

Pela manhã, Eduardo Paes aparecia na televisão e dizia, “O Rio não está preparado para nada disso. De zero a dez, a nota do Rio é zero”. E o que ele faz para melhorar essa nota vergonhosa?

 

Por Antônio Siqueira*

Do Rio de Janeiro.

Para Via Fanzine

12/12/2013

 

 

No mesmo julgamento, o TRE-RN manteve o afastamento da prefeita

de Mossoró, Cláudia Regina, e do vice-prefeito, Wellington Filho. 

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Há muito não se via nada igual nesta cidade maravilhosa. Começou a chover forte a partir de 5 horas da tarde da segunda-feira, 09/12, daí em diante, tudo se agravou. Nenhuma providência. Ocorreram 16 mortes até o momento e o Rio continua intransitável, exceto os trabalhos da Polícia Militar, nenhuma providência foi tomada. Muitos perguntam onde está a Rio Águas e seus engenheiros, geógrafos e Topógrafos que recebem salários de até R$ 15 mil.

 

Pela primeira vez nos últimos 50 anos, vimos a Lagoa Rodrigo de Freitas transbordar, em todos os seus 7,4 mil metros de extensão. O Rio Maracanã inundou mais uma vez, mas isso é rotina de sempre, sem solução.

 

As Linhas, Amarela e Vermelha estão cobertas de água e há vários veículos parados ali por horas. Os ônibus desapareceram, um pouco por impossibilidade de trafegar e por ordem da Fetranspor, o órgão mais poderoso da cidade.

 

Como consequência, milhares de pessoas durante horas foram se acumulando nas ruas. Não havia como chegar em casa e, lógico, agora, como ir ao trabalho. Enquanto isso, o prefeito confortavelmente acomodado em casa, parecia não querer saber de nada. Quando foi para casa, a cidade já era um caos, assim mesmo foi para o seu refúgio e não mais saiu.

 

“Recorram à Defesa Civil”, recomendou o prefeito. Mas talvez ele queria dizer, “não me telefonem mais, não posso fazer nada”. Lembrando que um dos prefeitos mais populares de Nova Iorque, (La Guardia, eleito e reeleito) saía de casa tarde da noite para tomar providências sobre um grave acidente de trânsito e incêndio. Seus auxiliares recomendavam, “Pode ir para casa, nós resolveremos”. E La Guardia, convicto, “Tenho que ficar aqui, ninguém me pediu para ser prefeito, eu é que me apresentei, tenho que enfrentar os problemas”.

 

Exatamente o contrário ocorre com Paes e Cabral. Em compensação, Michael Bloomberg, último alcaide da maior metrópole do mundo, indica Eduardo Paes para presidente do Grupo C40 das Grandes Cidades para a Liderança Climática, grupo dos prefeitos das 40 maiores cidades do planeta. Onde anda a coerência destes homens? E se um fenômeno idêntico ocorrer durante a Copa do Mundo ou nas Olimpíadas de 2016? Não é raro chover por aqui em junho ou julho.

 

Pela manhã, Eduardo Paes aparecia na televisão e dizia: “O Rio não está preparado para nada disso. De zero a dez, a nota do Rio é zero”. E o que ele faz para melhorar essa nota vergonhosa? Vai continuar chovendo e o prefeito continuará refugiado no seu conforto, que é o desconforto de toda a população. Provavelmente, o número de mortos deve aumentar. As aulas em todo o Rio foram suspensas, rios e ribeirões continuam inundando.

 

Contudo, o prefeito do Rio não está sozinho no descaso e desinteresse. O governador Cabral também não saiu de casa, apesar do temporal ter atingido regiões que não são apenas da capital, pertencem ao Estado, como toda a Baixada e Niterói.


Descuidado e displicência de Eduardo Paes

 

Durante toda a manhã, o prefeito Paes ficou falando na televisão, sendo repetitivo e afirmando bobagens. Perguntado sobre a Praça da Bandeira, “que sempre inunda e fica intransitável com qualquer chuva”, respondeu: “Esse é um problema crônico, não há o que fazer”. Um prefeito afirmar que “problemas não têm soluções” deveria apresentar o seu pedido de renúncia.

 

E repete inúmeras vezes: “O problema se agravou por causa da maré alta”. É um primário, as mais diversas regiões não têm nada a ver com a maré alta. O prefeito insistiu no “apelo”, para que “as pessoas não saiam de casa, fiquem em casa, para diminuírem as dificuldades”. Isso seria possível se as pessoas tivessem opções de conforto e facilidade como Sua Excelência.

 

Em relação ao “apelo” para não sair de casa, o prefeito poderia distribuir o livro de Bob Hope, grande sucesso de uma época: “Eu nunca saí de casa”. Bestial, prefeito.

 

Sujeito sem categoria, o nosso “Dudu Malvadeza”!

 

* Antônio Siqueira é cronista, articulista e correspondente de Via Fanzine no Rio de Janeiro. É editor do portal Política&Afins.

 

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