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 MOTOVIA ADVENTURE - Diamantina 2015

 

Bahia:

Partindo para Rio de Contas

Somos chamados de loucos por alguns, de corajosos por outros. Talvez uma mistura dos dois.

Sei apenas que se aventurar por aí sobre uma moto é algo que fica para sempre na memória.

Sentir o vento assobiando ao redor traz uma sensação de estar voando.

 

Por Al Cruz*

De Vitória da Conquista-BA

Para Via Fanzine

11/04/2016

 

 

Al Cruz percorreu parte da Chapada Diamantina em sua Suzuky Intruder 125.

Motovia Adventure -Diamantina-MG: assista ao documentário na íntegra

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MOTOVIA ADVENTURE - Diamantina 2015

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Mais uma vez lá estava eu, rodando em direção a outra aventura, cruzando com animais estirados pelos cantos da pista. Infelizmente uma dura e triste realidade. Devido ao espaço cada vez mais reduzido das matas, os animais aventuram-se pelas pistas de rodagem. Muitas vezes acabam sendo atropelados. O barulho dos automóveis deixa-os confusos. Na maioria o resultado é fatal.

 

A viagem continua sossegada para a cidade mais antiga da Chapada Diamantina, Rio de Contas.  Raramente um caminhão é avistado no retrovisor. Ainda é possível cruzar com um grupo de ciclistas pelo caminho.

 

A pequena Rio de Contas é uma das entradas na parte sul da Chapada Diamantina.

 

Segundo informações históricas a cidade começou a ser povoada por volta de 1687 por escravos fugitivos da costa baiana.

 

Distante 581 km da capital Salvador pela BR 242 e a 217 km de Vitória da Conquista pela BA 262, Rio de Contas possui as características de quase todas as cidades localizadas na Chapada Diamantina, com trilhas ecológicas e casarios antigos ao estilo colonial.

 

Uma das principais atrações na cidade é a belíssima Igreja de Santana, construída no século XIX pelos escravos. A obra não chegou a ser concluída devido ao fim da escravatura.

 

Depois de um tempo pilotando desde as 6h da manhã, horário da partida de Vitória da Conquista, mais uma pausa para descansar, após tomar um delicioso e refrescante caldo de cana. Ao fundo uma bela lagoa para completar a paisagem.

 

Logo na chegada em Livramento de Nossa Senhora, cidade que fica a 12 km de Rio de Contas, é possível visualizar a Cachoeira Véu da Noiva, despencando entre as montanhas a cerca de 5 km do centro da cidade. Não parei para fotografar e segui adiante.

 

Os doze quilômetros seguintes até Rio de Contas são de serra, com mata de ambos os lados. É preciso ficar bem atento nas curvas e subidas perigosas. No caminho percebi uma placa onde estava escrito “Acampamento Sá Zabé”. Foi o local onde havia ligado no dia anterior para informações. Dei a volta na moto, pegando um pequeno trecho de terra até a entrada do acampamento.

 

 “Acampamento Sá Zabé” em Rio de Contas.

 

Acampamento – Cachoeira do Fraga

 

À primeira vista parecia ser um bom lugar. Passados alguns minutos fui atendido por um rapaz que mostrou o local onde pudesse acampar. Depois de conhecer os aposentos, montei a barraca.

 

O lugar é agradável, com luz elétrica no pátio, bastante água e um belíssimo mirante, de onde é possível visualizar a cidade de Livramento. Infelizmente o proprietário informou que não teria alimento naquele dia, sexta-feira 25 de abril e nem no final de semana seguinte. Então fui almoçar na cidade.

 

Depois do almoço, já ansioso para conhecer alguma cachoeira ou trilha, peguei informações com o dono do restaurante sobre os locais onde poderia ir naquele horário. Ele me falou da Cachoeira do Fraga. Como o tempo era curto, pretendia conhecer o maior número de lugares possível em apenas dois dias, sendo que o primeiro dia foi quando cheguei a Rio de Contas.

 

Antes de pegar a estrada para a Cachoeira do Fraga fui dar uma volta pela cidade. Fotografei alguns casarios, a Igreja de Santana e uma escultura em alto relevo, representando um bandeirante, de ambos os lados. Procurei saber de quem se tratava, mas ninguém soube informar o nome. Provavelmente trata-se de Raposo Tavares, de acordo com minhas pesquisas.

 

 Capela católica de Santana, em Rio de Contas.

 

Peguei a moto que havia deixado embaixo de uma árvore e segui para a Cachoeira do Fraga, passando por um trecho de terra com aproximadamente 3 km. O local é de fácil acesso, proporcionando ao visitante seguir através de qualquer meio de transporte.

 

No ambiente, várias pessoas já estavam se refrescando na cachoeira, comendo e bebendo às margens do rio. Deixei minhas coisas sob a sombra de uma árvore, enquanto tirava fotos e filmava o belo cenário. Em seguida não resisti ao convite daquela água que despencava de uma altura de 7 a 10 metros no poço, não muito profundo, lá embaixo.

 

Alguns minutos de um revigorante banho foram suficientes para matar a minha ansiedade e amenizar um pouco os efeitos do sol escaldante. Infelizmente como na maioria dos lugares com frequência maciça de pessoas, há sempre aqueles que deixam restos de sujeira para trás, apagando um pouco o brilho da paisagem.

 

De volta ao acampamento, ainda estava disposto a conhecer mais algum lugar. O proprietário me falou da Cachoeira do Raposo, pegando uma trilha estreita, passando por uma cerca de arame, não muito distante de onde estava. Sem perder tempo, fui lá conferir. Apesar das tentativas não consegui localizar o caminho indicado. Como já estava cansado e o dia estava chegando ao fim, retornei ao acampamento. Resolvi deixar para o dia seguinte.

 

 Detalhes da Cachoeira do Fraga.

 

Cachoeira do Raposo – Estrada Real

 

Logo pela manhã, após um café com requeijão, novamente desci em busca da Cachoeira do Raposo. Dessa vez não errei o caminho, seguindo a pequena trilha por dentro de um chalé até sair na Estrada Real, conforme o proprietário do acampamento havia dito.

 

A Cachoeira do Raposo fica dentro de uma pequena mata. Não é tão volumosa quanto à Cachoeira do Fraga, mas a água que desce lá de cima proporciona um banho e uma massagem nas costas sem igual.

 

Ao chegar não havia ninguém. Talvez pelo fato de o acesso ser um pouco mais irregular e pela falta de um poço, essa cachoeira seja menos frequentada. Também aparentava ser mais limpa, sem rastros de sujeiras deixados para trás.

 

Alguns instantes depois, mais quatro pessoas chegavam ao local, um casal de idosos e outro casal mais jovem que estavam hospedados em uma pousada vizinha. Eu já estava me preparando para tomar um banho, os outros ficaram com um pouco de receio, mas não resistiram ao chamado da natureza. Fizemos amizade ali mesmo.

 

 Cachoeira do Raposo: uma boa ducha para revigorar.

 

Deixamos o casal mais idoso na cachoeira, enquanto descíamos pela Estrada Real, um trecho de 4 km de pedras lisas da região e belíssimas paisagens.  Num certo trecho da Estrada é preciso passar por um pequeno curso de água até retomar o caminho de pedras. A descida foi bem desgastante, pois o impacto das passadas sobrecarrega o joelho.

 

À medida que se caminha pela Estrada Real é possível visualizar a cidade de Livramento lá embaixo, montanhas rochosas, mata, muito verde e um muro de pedras com cerca de 1 metro de altura. 

 

A finalidade desse muro não ficou bem clara, ninguém soube explicar e não encontrei registros que o descrevessem. O muro é bem semelhante ao encontrado por Pepe Chaves, na cidade de Itaúna, cidade natal dele, amigo aventureiro que mora atualmente em Belo Horizonte.

 

 Trechos da Estrada Real baiana, mostrando detalhe de um antigo muro de pedras.

 

Consta nos registros históricos que a Estrada Real de Rio de Contas foi construída por volta de 1726 pelos escravos. A finalidade era o transporte de ouro e suprimentos da região.

 

Finalizado o percurso, sugeri que fôssemos até a Cachoeira Véu da Noiva ou Cachoeira do Rio Brumado, como alguns costumam chamar, mas os ânimos não eram dos melhores. O pessoal já estava fatigado com a longa caminhada. Decidimos voltar pelo mesmo caminho.

 

A subida foi ainda mais árdua devido ao cansaço, exigindo mais energia do corpo do que força muscular. Foi preciso paradas mais abreviadas para repousar e recuperar o fôlego. O sol ardente contribuiu consideravelmente para o desgaste.

 

Ao chegarmos no alto da Estrada Real passamos novamente na Cachoeira do Raposo para recompensar o esforço da subida e revigorar os ânimos. Eu ainda pretendia seguir para outro local naquele mesmo dia, sábado, 26 de abril. O outro casal também estava com horário marcado para outras finalidades, por isto não demoramos muito na cachoeira.

 

 O Mirante de onde pode se avistar toda a região.

 

Ponte do Coronel – Açude do Rio Brumado

 

Eles retornaram à pousada e eu para o acampamento. Em seguida fui à cidade almoçar. Dali fui de moto para um lugar chamado Ponte do Coronel que, segundo informações, era bem interessante. Para chegar ao local é preciso pegar uma estrada de terra com 14 km. Não é uma estrada ruim, mas é preciso ter cuidado nos trechos onde existe muito pó solto, pois a moto dá umas derrapadas podendo jogá-lo no chão. As pedras e as lombadas naturais são outros obstáculos. Apesar de tudo é possível ir numa velocidade até considerável para motos não adequadas a estradas de terra.

 

Logo no começo da estrada, um belo e imenso açude enfeita a paisagem, o Açude do Rio Brumado. De acordo com informações, a água do açude é usada para irrigação. A região é bem rica no cultivo das mangas.  As inúmeras estradas de terra existentes me deixaram confuso até acertar o caminho correto com indicações de moradores das redondezas.

 

Ponte do Coronel, onde havia várias pessoas acampadas no local.

 

Na Ponte do Coronel havia bastante pessoas acampadas, muito barulho de som automotivo, lixo deixado pelos visitantes e excrementos de animais. O lugar é até bonito, com pequenos lagos onde as pessoas podem se banhar e um curso de água descendo das pedras. Mas a agitação e a sujeira próxima me deixaram desanimado. Tomei apenas uma “gelada” num barzinho próximo, tirei uma foto, pegando o caminho de volta pouco depois.

 

Açude do Rio Brumado.

 

Arrependi-me por ter deixado de conhecer o Pico das Almas em troca da Ponte do Coronel. Já era tarde e não dava mais para recuperar o tempo perdido. O jeito foi deixar para outra oportunidade. De qualquer forma é sempre bom estar em contato com a natureza seja onde for. No domingo, dia 27 de abril, data do meu retorno à Vitória da Conquista, ainda dei mais um pulo na Cachoeira do Fraga, pela manhã. Minha intenção era filmar e tirar mais fotos da parte de baixo da cachoeira.

 

De volta ao acampamento para arrumar a bagagem, durante o desarme da barraca, percebi um salto de um animal de cima da árvore onde eu estava acampado. Peguei a máquina rapidamente para registrar. Não era um, mas uns 5 ou 6 saguis que saíram correndo pelo acampamento para em seguida pularem nas árvores e sumirem no mato. O sagui é uma espécie de macaco com cerca de 30 centímetros da cauda ao corpo. Foi uma ótima despedida.

 

* Al Cruz é articulista e colaborador dos portais UFOVIA e Via Fanzine.

 

- Fotos: Al Cruz /Motovia Adventure.

 

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- Produção: Pepe Chaves.

 

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